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Devires de um Corpo-Experiência
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Devires de um Corpo-Experiência
E-book191 páginas2 horas

Devires de um Corpo-Experiência

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Sobre este e-book

Devires de um corpo-experiência é uma cartografia de intensidades que entrelaça arte e vida numa combinação de imagens, conceitos e proposições artísticas. Articulando o pensamento de Gilles Deleuze, Felix Guattari e Michel Foucault com o feminismo pós-estruturalista e com as discussões sobre arte contemporânea, o presente livro apresenta-se como um texto que é também imagem e poesia. A partir de uma escrita leve, a densidade das questões aqui abordadas ganha materialidades diversas e provoca nos leitores aberturas para outros modos de pensar e sentir. Cartografar afetos que colocam o corpo em devir-outro e experimentar o pensamento sobre outras medidas são algumas pistas que este livro nos dá para pensar modos inventivos de subjetivação e afirmar a vida em sua potência.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de set. de 2019
ISBN9788547328054
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    Devires de um Corpo-Experiência - Roberta Stubs

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

    Dedico este livro à memória de minha mãe, Doralice,

    cuja presença sempre prevaleceu sobre sua falta.

    Agradecimentos

    Agradeço ao meu companheiro, Ademir Kimura, pela parceria, amizade e amor.

    Agradeço à minha família, pelo afeto incondicional.

    Agradeço ao professor Fernando Silva Teixeira Filho, pela amizade e orientação no processo de doutoramento do qual deriva este livro.

    Agradeço também às amigas e aos amigos que iluminam minha vida, aos bons encontros que tive e ainda terei, aos alunos e aos leitores possíveis deste texto que se configura como uma cartografia sensível de intensidades e afetos.

    Yo prefiero ficcionalizar mis teorías, teorizar mis ficciones y practicar la filosofia como una forma de creatividad conceptual.

    Rosi Braidotti

    Prefácio

    Da arte e da escrita como potências da vida

    Segura e entusiasmada, Roberta Stubs convida-nos, neste belo estudo artístico e intelectual, a realizar experimentações que se conectem com o múltiplo, com as diferenças e com o devir, como ela mesma afirma, logo nas primeiras linhas, sem medo do caos, do imprevisível ou da novidade. Afirma e pratica, já que a sua própria escrita constitui um movimento de dessubjetivação, de desindividualização e de conexão com outras paisagens. A autora manifesta, assim, sua adesão incondicional ou sua enorme simpatia pela abundância de vida¹, no desejo de escapar deleuzianamente, isto é, de abrir brechas, linhas de fuga, canais que possam oferecer resistências e liberar a potência da imaginação criativa, num mundo comprimido e oprimido pelas tecnologias biopolíticas que nos produzem.

    Inventar novos modos de existência, outras figuras da subjetividade e criar relações suaves com o mundo, na contramão do nosso tempo, marcado pela ascensão das forças reativas e negativas, é, portanto, um dos objetivos desta primorosa obra, que une arte, filosofia e política. Psicóloga, a artista vale-se de múltiplas linguagens para nos oferecer aqui uma performance de si mesma enquanto mapa afetivo do corpo imerso em ricas experiências, ao mesmo tempo que nos apresenta uma série de artistas feministas que, como ela mesma, subvertem e arruínam o insuportável.

    Mas o que singulariza este estudo, em que se mesclam tantos desafios, desejos, propostas, críticas, enunciações e, em determinados momentos, revelações fortuitas da vida cotidiana? O que pretende a autora com esta irreverente escrita de si / escrita do outro? Arrisco respostas.

    Num primeiro momento, destaco a transversalidade. No conteúdo e na forma, o leitor depara-se com o inesperado na composição fluida deste estudo denso, como convite a abrir-se para uma experiência pouco usual, imprevisível, como uma aventura, nas palavras da autora, ao referir-se aos seus próprios movimentos textuais e imagéticos, corporais e afetivos. A transversalidade, então, está posta em todos os momentos desta viagem heterotópica, expressando um profundo desejo de questionamento e subversão da suposta ordem natural das coisas, de desconstrução e transformação do instituído, de deslegitimação do presente, para que novos possíveis possam aflorar. Aproximando filósofos pós-estruturalistas e teóricas feministas, transitando entre a ciência e a arte, entre palavras e imagens, entre fotografias pessoais e expressões artísticas de autorias diversas, por meio das quais explora recordações cotidianas ou registra encontros intensos, as experiências vividas são dotadas de novos sentidos, que permitem enriquecer o olhar e os encontros, potencializando a existência.

    Também se poderia dizer que se trata fundamentalmente da construção de uma poética do olhar ou da experiência, pois o conjunto heterogêneo que nos é apresentado em todos os momentos respira o mesmo oxigênio da criação obcecada com novos modos de existir, com outras figurações da subjetividade, com a implosão dos confinamentos identitários, com a possibilidade de construção de laços relacionais não hierárquicos, enfim, com a amizade como modo de vida, para evocar Michel Foucault.

    Alegre e exuberante, este livro amoroso ainda poderia ser lido como um combate feroz lançado contra os micropoderes, como uma luta aguerrida contra os fascismos cotidianos que, muitas vezes, afetam-nos e constituem de maneira imperceptível, como alerta o filósofo-amigo, em seu famoso prefácio do livro O anti-Édipo, Capitalismo e esquizofrenia, de G. Deleuze² e F. Guattari. Nesse caso, a autora-artista nos oferece um remédio preventivo contra o perigo das doenças contagiosas, trazidas pelo ar poluído dos micropoderes reacionários, ou então, contra a chatice do mundo, contrabalançada, por exemplo, com a poesia visual E disse isso a ela com carinho, que ela produz, ao entrar num banco.

    Trata-se, portanto, de uma proposta estético-política de busca por sentidos éticos, libertários, sensíveis, feministas e ecológicos de viver. Não é a toa que as mulheres compareceram como as principais personagens das fotografias, das performances e das imagens aqui reunidas, expressando sua suavidade ingênua, como no olhar da velha japonesa³ sentada no degrau de uma escada, ou da postura debochada na fotografia de Fernanda Magalhães, em sua contundente crítica aos ideais de beleza por meio da exposição de sua própria obesidade, ou nos autorretratos da própria Roberta Stubs, envolvida pelas flores do campo ou pelos fios da eletricidade urbana.

    Muitos encontros se tornam possíveis neste delicioso passeio que a escritora-artista nos oferece, como momentos de ruptura de cotidianos mornos ou do isolamento indesejado. Nada melhor, então, do que nos deixar envolver pelas sensações emanadas em cada página deste livro, tão bem expressas pela autora quando diz: Em cada lugar, um tempo diferente passa; em cada localidade, uma luz, um vento, uma história vibra e faz vibrar minha pele⁴.

    São Paulo, 23 de abril de 2018

    Margareth Rago

    Historiadora e professora titular colaboradora do Departamento de História da Unicamp

    APRESENTAÇÃO

    Este livro ganhou forma a partir de um desejo intenso de escapar e criar saídas às forças de poder que segregam a vida e capturam-nos por todos os lados, subjetivando-nos por dentro e por fora⁵. Assim como Pelbart, acredito que vivemos, na atualidade, um estrangulamento biopolítico que pede brechas, por minúsculas que sejam, para reativar nossa imaginação política, teórica, afetiva, corporal, territorial, existencial.⁶. É por acreditar na força inventiva e de resistência que habita as brechas, que este livro se materializou, dando vazão a visualidades, afetos, corporalidades e figurações mais conectadas ao múltiplo, às diferenças e ao devir. Foi entre-brechas que tentei explorar algumas fendas e espaços mais livres à experimentação, capazes de produzir linhas de subjetivação dispostas ao sim, donas de uma força que afirme a vida sem restrição de classes, gêneros, etnias, medidas, formas ou volumes.

    É nesse campo de intensidades, fluxos e devires que podemos pensar num território de lutas micropolíticas⁷ que não se deixa atravessar pelas forças que impedem a expansão da vida. Neste plano molecular, vivem as brechas e frestas que tanto me interessam, justamente por definirem a sociedade à medida que desafiam e ultrapassam suas proibições⁸. Sempre vaza, escapa ou foge alguma coisa, e são a essas forças que iremos no deter aqui.

    Tenho um gosto por transbordamentos, e minha atração por brechas, fendas e entre-lugares é antiga, tem a ver com uma simpatia pela abundância de vida que existe para além das coisas a que costumamos dar nome, definir. O que me encanta é saber que, nesses entre-lugares minoritários, as margens se encontram e fazem festa, as diferenças se combinam em heterogênese e as dissidências ganham voz e passagem sem a sombra da negação que julga e exclui. Acrescento ainda que esses espaços, ainda sem nome, colocam em movimento e ação nossa capacidade imaginativa, fazendo funcionar uma força inventiva que não teme o novo nem a desorganização própria de um processo criativo.

    Numa combinação entre ciência, arte e filosofia, visei a criar intercessores fictícios ou reais para gerar cortes e rupturas em nossos modos de pensar, intervir e experimentar o pensamento. Intercessores que se materializaram em diferentes linguagens artísticas como fotografia, vídeo, instalações, proposições participativas e uma tímida aventura por uma escrita por vezes literária. No encontro entre arte e vida, quis dar passagem para outros fluxos intensivos, gerando aberturas para o plano das singularidades, para novas sensibilidades, encontros e acontecimentos. Fluxos que corram em sentidos outros das ficções políticas que se passam por verdades imutáveis. Como diz o filósofo Jacques Rancière⁹, o real precisa ser ficcionado para ser pensado, movimento que revela outros regimes de sensibilidade, que evoca outras visualidades, modos de ser, de viver e de experimentar o mundo. Nesse jogo entre realidade e ficção, o meu convite é para uma aventura inventiva que se define no próprio processo de fazer-se, uma aventura de criação de si e do mundo.

    A criação de intercessores em vizinhança, principalmente com a arte contemporânea, perfila-se

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