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Bola de sebo
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Bola de sebo

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Sobre este e-book

Durante a guerra franco-prussiana, dez moradores da cidade francesa de Rouen, ao fugir do exército invasor, são reunidos ao acaso dentro de uma diligência. Junto a estes fugitivos (que representam a sociedade: comerciantes, burgueses, nobres, as irmãs religiosas, o político) está a prostituta Élisabeth Rousset, apelidada Bola de Sebo. A personagem, que encarna a figura do herói neste texto de Guy de Maupassant, apesar de sua generosidade capaz de salvar a vida dos companheiros de viagem, quando deixa de lhes ser útil, volta a ser desprezada por eles.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de out. de 2017
ISBN9788574212043
Bola de sebo
Autor

Guy de Maupassant

Guy de Maupassant was a French writer and poet considered to be one of the pioneers of the modern short story whose best-known works include "Boule de Suif," "Mother Sauvage," and "The Necklace." De Maupassant was heavily influenced by his mother, a divorcée who raised her sons on her own, and whose own love of the written word inspired his passion for writing. While studying poetry in Rouen, de Maupassant made the acquaintance of Gustave Flaubert, who became a supporter and life-long influence for the author. De Maupassant died in 1893 after being committed to an asylum in Paris.

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    Bola de sebo - Guy de Maupassant

    Apresentação

    BOLA DE SEBO E SUA ÉPOCA

    Bola de Sebo é uma das narrativas de guerra de Guy de Maupassant. A guerra em questão é a franco-prussiana, declarada pela França à Prússia de Bismarck em 19 de julho de 1870. Porém, o exército francês está mal preparado, e os reveses acumulam-se.

    A guerra torna-se tema literário após o silêncio romântico. Entretanto, os textos que emergem no período não a idealizam, bem pelo contrário, denunciam o absurdo da guerra. O grupo naturalista de Émile Zola, célebre autor francês da época, critica a República, a burguesia, o clericalismo e evidencia as feridas sociais que lhe são contemporâneas.

    Na obra de Maupassant, o pessimismo não se relaciona a nenhuma esperança política e a ideia dominante é a de fatalidade, conduzindo as esperanças humanas para o abismo – o que a novela retrata com maestria.

    No mesmo período, observa-se uma clara mudança na posição social do escritor romântico para o escritor realista e, depois, o naturalista: ele deixa de habitar o mundo da idealização para se fazer presente no mundo social. Além disso, faz de sua atividade literária um ofício, uma produção que lhe seja fonte de renda. Em 1896, Zola escreve no jornal Le Figaro: A produção literária é uma propriedade, e o trabalho literário deve submeter-se às leis que regem atualmente a exploração do trabalho de qualquer natureza.

    Outro elemento pertinente ao cenário da época é a imprensa, que se constitui também como escola importante para a arte de escrever. Maupassant é um jornalista engajado contra a colonização francesa por exemplo. De certa forma, pode-se afirmar que a profissão de jornalista colabora com a formação do escritor realista, uma vez que desenvolve o sentido da documentação e o espírito crítico.

    Assim, Maupassant, jornalista e literato, buscará temas próximos à realidade em que vive. No entanto, a guerra de 1870 influencia os únicos textos de Maupassant que não falam exatamente do seu momento de produção.

    A complexidade e a diversidade da obra de Maupassant trazem alguns questionamentos referentes à corrente em que o autor se encontra: Realismo ou Naturalismo? Por um lado, há a escola de Flaubert, que objetiva um olhar fiel da realidade e um texto no qual pequenos detalhes precisos – que apagam o eu do texto – permitem alcançar a verdade das coisas. Por outro lado, o Naturalismo busca estudar a natureza, pintar a sociedade até nas classes mais baixas, rumo à compreensão analítica e científica do real. Encontramos em Maupassant características da escola de Flaubert, mas sem que a linguagem em si se torne objeto, e do Naturalismo de Zola nos temas abordados, tais como a importância do dinheiro e a crueza da pintura dos hábitos.

    Bola de Sebo

    BOLA DE SEBO

    Primeira publicação no volume

    coletivo As Noites de Médan, 1880

    Durante vários dias seguidos, farrapos de um exército derrotado haviam atravessado a cidade. Não eram tropas, mas hordas em debandada. Os homens tinham a barba longa e suja, uniformes em trapos, e avançavam com uma aparência mole, sem bandeira, sem regimento. Todos pareciam abatidos, esgotados, incapazes de um pensamento ou de uma resolução, marchavam por hábito, e caíam de cansaço assim que paravam. Viam-se sobretudo alistados, gente pacífica, donos de terras tranquilos, que se curvavam sob o peso do fuzil; pequenos milicianos alertas, fáceis de assustar e de entusiasmar, tão prontos para o ataque quanto para a fuga; e depois, no meio deles, algumas calças vermelhas, restos de uma divisão moldada em uma grande batalha; artilheiros sombrios alinhados com esses soldados diversos; e, por vezes, o capacete brilhante de um dragão de pé pesado, que acompanhava com dificuldade a marcha mais leve dos soldados de linha.

    Legiões de franco-atiradores com títulos heroicos: Os Vingadores da Derrota – Os Cidadãos do Túmulo – Os Companheiros da Morte – passavam por sua vez, com ares de bandidos.

    Seus chefes, antigos comerciantes de tecidos ou grãos, ex-mercadores de sebo ou de sabão, guerreiros de ocasião, nomeados oficiais por seu dinheiro ou pelo comprimento de seus bigodes, cobertos de armas, de flanela e de galões, falavam com uma voz retumbante, discutiam planos de campanha e pretendiam sustentar sozinhos a França agonizante sobre seus ombros de fanfarrões; mas temiam, às vezes, seus próprios soldados, gente de saco e de corda, com frequência audaciosos ao extremo, pilhadores e devassos.

    Os prussianos iam entrar em Rouen,

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