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Pelo sim, pelo não
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E-book135 páginas56 minutos

Pelo sim, pelo não

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Sobre este e-book

Luiz Eduardo é um poeta criterioso. Um poeta que conta ótimas histórias e sabe brincar com as palavras. Seu livro nos proporciona momentos variados de prazer. Às vezes, uma surpresa, outras, um enternecimento. De vez em quando, versos com rima rica; outras vezes, apenas uma definição. A habilidade do autor em captar situações que nos passam despercebidas provoca momentos de riso e de reflexão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de abr. de 2012
ISBN9788584880294
Pelo sim, pelo não

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    Pelo sim, pelo não - Luiz Eduardo de Castro Neves

    CRÉDITOS

    Copyright © 2011 by Luiz Eduardo de Castro Neves

    REVISÃO   Fabbio Cortez

    CAPA E PROJETO GRÁFICO  Elisa Janowitzer

    FOTO DO AUTOR Mirelle  Benchimol de Castro Neves

    PRODUÇÃO PARA EBOOK  Fábrica de Pixel

         CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

         N425P

         Neves, Luiz Eduardo de Castro

              Pelo sim, pelo não: poemas em prosa, contos em poesia / Luiz Eduardo de Castro Neves. - Rio de Janeiro: Outras Letras, 2011. – 150p.

         ISBN 978-85-88642-39-3

              1. Poesia brasileira. 2. Conto brasileiro. 3. Crônica brasileira. I. Título.

    Impresso no Brasil.

    [2011]

    Todos os direitos desta edição estão reservados à

    Outras Letras Editora Ltda.

    Rio de Janeiro | RJ

    Tel./Fax: 21 22676627

    outrasletras@outrasletras.com.br

    www.outrasletras.com.br

    Associada à Libre

    www.libre.org.br

    CIDADES

    CIDADES

    LOCALIZAÇÃO

    LOCALIZAÇÃO

    Em Santa Maria Madalena,

    como deveria ser em outras cidades,

    o cemitério fica localizado

    no final de um rua sem saída.

    ESTRELAS

    ESTRELAS

    Na cidade escurecida,

    vejo as estrelas,

    são tão belas.

    Formam teias,

    fazem telas.

    Quero tê-las,

    mas que ideia.

    Já me esqueço

    que as cidades,

    se aqui são favelas,

    iluminadas por candeias,

    respirando à luz de velas,

    se exibem para as estrelas,

    como estrelas que são elas.

    FIM DO MUNDO

    FIM DO MUNDO

    Por uma estrada desconhecida,

    em uma cidade do interior,

    resolvi chegar até o fim do mundo.

    Tudo o que consegui achar

    foi uma placa de propriedade privada.

    DEFINIÇÃO

    DEFINIÇÃO

    Cidade pequena é aquela que tem uma rua principal.

    PRAÇA PÚBLICA

    PRAÇA PÚBLICA

    Chega a uma praça pública. Finge sentar-se. Pega, com cuidado, um violão imaginário que retira de uma caixa inexistente. Aos poucos, as pessoas começam a se juntar a sua frente. Toca os primeiros acordes e canta sem que de sua boca saia qualquer som. O público se põe em silêncio para melhor apreciar o espetáculo. Começa o solo. Seus dedos deslizam com velocidade pelas cordas do violão e a plateia, enfim, se convence de seu talento.

    Mas, de repente, acontece o que ninguém podia imaginar: erra uma nota. Para os que não haviam percebido, seu rosto deixa transparecer a confirmação.

    Muitos vão embora reclamando, outros permanecem em silêncio. Ele reconhece o valor de seu público e dá o melhor de si.

    Compensa o erro, fazendo uma de suas melhores apresentações. No final, é ovacionado, dá um bis emocionante e corre o chapéu. As pessoas abrem suas carteiras vazias e, generosamente, contribuem com o dinheiro que não têm.

    ZOO (LÓGICO)

    ZOO (LÓGICO)

    A mãe teve dificuldade de explicar para o filho qual seria a diferença entre as jaulas dos animais e as portas com cadeados e janelas com grades que protegiam a casa onde moravam. Disse que, ao contrário dos animais, os homens é que ficavam com a chave da sua própria casa, de forma a trancar os demais homens do lado de fora.

    O garoto fingiu entender.

    MORCEGO CONSCIENTE

    MORCEGO CONSCIENTE

    Se os recursos usados por Bruce Wayne para brincar de super-herói fossem utilizados em programas sociais, seria desnecessária a existência de Batman em Gotham City.

    AUSÊNCIAS

    AUSÊNCIAS

    AUSÊNCIA DE JOÃO

    AUSÊNCIA DE JOÃO

    João partiu para não mais voltar:

    – Vou à feira, trago pão

    e leite, se o dinheiro der.

    Não deu.

    Ou se deu, nunca se soube:

    João partiu sem explicar.

    Deixou conta no açougue,

    cinco filhos, poucos bens

    e uma lembrança que não sai

    dos olhos de minha mãe,

    tão distantes quanto o pai.

    Mãe vivia no portão.

    Olho fixo no fim da estrada

    que levava a tanta coisa

    e que um dia, sem explicação,

    sem licenças ou desculpas,

    veio a levar João.

    – Por onde andará João,

    que não me leva com ele,

    que não me dá satisfação?

    E, como se ouvisse sua prece,

    João fechava a sua visão

    e com ela partia

    para as cidades que escondia

    para sua vida sem sertão.

    Ia mãe pelo mundo,

    acompanhando os passos do anfitrião.

    Perdia empregos mas não a ambição.

    E, em sua imaginação,

    conhecia as mulheres com quem ele se deitava,

    fazia filhos e ela se chateava,

    mas nem por um minuto se desligava

    de seu velho João.

    E, quando mais tarde,

    se via acordada

    pelo choro da fome,

    pelo toque da mão,

    tão logo estava

    de volta ao tanque,

    de frente ao fogão.

    Pois um dia a procurou um advogado

    dizendo que melhoraria sua situação.

    Que contaria ao juiz

    a ausência de João

    e conseguiria uma pensão.

    Começou o juiz:

    – É verdade que João Américo da Silva,

    sujeito trabalhador e honesto,

    partiu de sua vida

    há cerca de trinta anos,

    deixando filhos e pouca comida,

    sem que se possa saber ao certo

    onde se encontra esse cidadão?

    Já ia acenar, como combinado,

    mas, antes

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