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Saudade à queima- roupa
Saudade à queima- roupa
Saudade à queima- roupa
E-book93 páginas1 hora

Saudade à queima- roupa

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Sobre este e-book

'Todos nós queremos ama r e s e r ama d o s . Ent retanto, nem sempre podemos garantir que amamos por sermos naturalmente bons, posto que somos múltiplos em nossos julgamentos, em nossas manias, em nossas querências. Com o livro Saudade à queima-roupa, o autor fala, exclusivamente, desse ente que habita o universo íntimo de todos nós, sem exceção: o Amor sendo uma emoção integralmente humana, também carrega suas manias e esquisitices. O lado Eros do amor, por exemplo, é, basicamente, carnal, lascivo, como se pode ver no conto ''Um tímido à janela''. Já a face Philos significa o amor que existe entre irmãos, tal como é mostrado no texto ''Viagem''. O amor Ágape, o mais profundo e sublime de todos, é o que alicerça um casamento feliz, como em'' Combinando''. E assim vamos,nós, pobres humanos, vivendo e morrendo de amor; a descobrir, ad aeternum, outras eoutras facetas – simbólicas ou não, piegas ou não – do mais insondável e louco sentimentodo mundo.'
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de mar. de 2022
ISBN9788584880317
Saudade à queima- roupa

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    Saudade à queima- roupa - Fabbio Cortez

    Folha de Rosto

    Fabbio Cortez

    Saudade

    à queima-roupa

    logo.jpg

    Créditos

    Copyright © by Fabbio Cortez

    Capa

    Pedro Costa

    Imagem da capa

    Stockphoto

    Diagramação

    Alexandre Brum

    Revisão

    Graça Ramos

    CIP-Brasil. Catalogação na fonte

    Sindicato Nacional das Editoras de Livros, RJ

    C858s

    Cortez, Fabbio, 1969

        Saudade à queima-roupa: Fabbio Cortez. – Rio de Janeiro: Outras Letras, 2011. – 100p.

        ISBN 978-85-88642-34-8

        1. Conto brasileiro. I. Título.

    [2011]

    Todos os direitos desta edição estão reservados à

    Outras Letras Editora Ltda.

    Rio de Janeiro, RJ

    Tel./Fax: (21) 2267-6627

    outrasletras@outrasletras.com.br

    www.outrasletras.com.br

    Para minha mulher e filhos,

    Valéria,

    Marianna e Fabbio Gabriel

    E para minha mãe e amiga,

    Shirley

    Agradecimentos literários a

    Leila Míccolis,

    Mônica Banderas

    e Delmo Fonseca

    O tamanho de Deus

    De dentro de seus francos cinco anos, uma menina perguntou ao pai se Deus era maior do que o mar.

    – Sim, é claro que é – respondeu calmamente o homem, mas sem desgrudar os olhos do jornal que degustava à poltrona da sala.

    – É maior do que a Terra, papai?

    O cidadão, não podendo mais dividir o cérebro entre a economia do país e o amor pelo rebento, girou as lentes à criança:

    – É, meu amor, é sim, é maior do que todo o nosso planeta.

    – Sei... E do Universo, é maior do que o Universo?

    – Também, filhinha.

    – Então, afinal de contas, papai, que tamanho tem Deus?

    O pai largou a gazeta sobre a mesa de centro e, abrindo o mais que pôde seus braços, demonstrou:

    – Deus, minha boneca... É grande assim ó!

    – Ué! Só isso? – obtemperou a criança – mas o Universo é maior do que seus braços, papai... E Deus...

    A menina calou-se de súbito, pois acabara por notar a expressão frustrada do pai, sentira o tanto de amor que tinha por ela e a incapacidade dele em explicar-lhe o mistério.

    Aí, ela pensou, pensou. Depois, amando recíproca, decidiu desistir de desaprender:

    – Ah! Já entendi, papai: Deus... É maior do que o tamanho!

    Incompatibilidade

    Davam-se bem sob os lençóis da noite, mas, no cotidiano, as diferenças filosóficas do casal desencadeavam-lhes rixas terríveis:

    – Quer dizer que você realmente pensa ser tudo, é isso mesmo?

    – ela indagou.

    E daí?

    Não é muita presunção sua não, amigo?

    – Ora, pelo contrário. Tudo é só, e somente só, uma ilusão de nada, minha querida.

    – Como assim?

    – Note: o que é o nada de tudo?

    – Nada.

    – E o tudo de nada?

    – Tá... Também nada. E daí?

    – Viu? Dizer ser tudo é pensar-se modesto, humilde.

    – Mas, pelo que sei – acendeu palavra a mulher, a fim de corroborar ao oponente doméstico sua sapiência adquirida à custa de revistas científicas compradas em sebo –, pelo que sei, meu caro, tudo corresponde a todas as pessoas, animais, plantas, estrelas e planetas próximos e distantes, o que há nesses planetas, todas as atmosferas, todos os infinitos e todos os além-infinitos.

    Parou dois segundos a fim de reorganizar a respiração e – sabe como é mulher – deu sequência:

    – Já o nada, queridinho, nem espaço é, quer dizer, não é coisa nenhuma. Nem lugar vazio tem lá pra caber troço algum. Nada é a inexistência das leis físicas, e nenhuma coisa que existe no mundo a obedece, nem energia, nem mesmo o tempo. Nada pode estar no nada: o nada na verdade é um não lugar!

    – Tá certo... Você é cientista ou algo assim? – provocou o sujeito.

    – Não, filhinho – respondeu com um misto de orgulho e ironia –, não sou nada; mas, você sabe, leio muito.

    – Viu? Você mesma disse que é nada. E eu acho que sou tudo, ué! No fim é a mesma coisa.

    – O quê? Você é que na realidade é um baita de um nada, isso sim.

    – Como você é burra, hein? Confundiu tudo.

    – Ah, vá pra casa do caramba, canalha, você é que não sabe nada!

    – Vá você, se lá for bom me diga, ô palhaça!

    Quase saíram no tapa, partindo para o tudo ou nada.

    Tudo por causa de nada.

    Proposta de paz

    "Caro Emanuel,

    Embora nossa caminhada como amigos tenha perdido a força com o tempo, quero de coração parabenizá-lo por mais um ano de vida.

    Estive pensando com um mais apurado juízo, deixando de lado as falhas cometidas por mim (ou por você, não importa) e o endurecimento de meu espírito no que tange a sua pessoa. Definitivamente, odiaria que você celebrasse seu aniversário tendo inimizade contra mim.

    Emanuel, nosso contato sempre se balizou em cordialidade, peito aberto, da minha parte, acredite, e da sua, tenho certeza. Mas as coisas desandaram. Você sabe, tenho um chamado para ser um cara correto, e tento a todo custo limpar-me de pensamentos malévolos. Mas sou falho, e talvez tenha me deixado levar mais pelo lado humano do que pelo espiritual. Quiçá também tenha confundido sua maneira de ser, ou não me tenha sentido disposto a abarcar suas idiossincrasias; nem sei, a questão é: faltou em nós, como sujeitos-homens, um pouco mais de compreensão mútua.

    Mas bem sei, você é um sujeito bacana (pude enxergar como você é interiormente algumas vezes). E conheço-me também: não sou mau sujeito; ao menos tenho vontade de acertar, de ajudar, de manter certa dignidade. Há momentos, entretanto, em que a coisa complica e nos perdemos. É a vida.

    Não estou

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