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Viva a aposentadoria
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E-book139 páginas1 hora

Viva a aposentadoria

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Sobre este e-book

Aposentar é um momento de grande mudança nas nossas vidas. Pensamos sempre no lado material e na redução de renda associada, porém esta mudança tem muitos outros impactos profundos no nosso bem-estar. O autor relata, neste livro, as questões e desafios que ele enfrentou e como ainda tem lidado com eles. Apesar de não haver receita para garantir uma aposentadoria feliz, reconhecer os problemas e se antecipar a eles ajuda.
Já se disse "Problema bem identificado é meio resolvido".
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de dez. de 2019
ISBN9788530013486
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    Viva a aposentadoria - M. Mostafa

    www.eviseu.com

    Prefácio

    Há um ano e meio trabalhava como diretor de uma grande empresa. Como funcionário tinha todas as regalias e obrigações usuais; tanto as reguladas por lei quanto as estabelecidas por normas internas da empresa. Quando pensei em me aposentar, só pensava em mudar de vida. Queria me desligar da empresa, na qual passei longos anos, parar de enfrentar diariamente o trânsito da cidade grande, deixar de me relacionar com as pessoas apenas por interesse e, quem sabe, recuperar a minha paz interior.

    Alguns amigos achavam que era louco de largar um emprego tão bom. Outros, mais experientes, temiam pelas dificuldades que enfrentaria na nova vida, sem a estrutura e a disciplina impostas pelo emprego.

    Passado o primeiro ano, vi que subestimei a empreitada. Vi que a mudança na minha vida foi mais radical e em sentidos nunca antes imaginados.

    Mas, pensando bem, todas as grandes decisões da minha vida foram tomadas assim. Quando casei, subestimei a abrangência do contrato que assinava e as implicações de ter filhos. Aliás, não sei se estaria tão sorridente nas fotos de casamento se soubesse de tudo de antemão.

    Nesta nova fase, sem o jogo da empresa para me distrair, fui obrigado a enfrentar a minha existência e a refletir sobre muitas questões mal resolvidas da vida. Sem a desculpa do tempo, tive que buscar respostas a perguntas que, apesar de muito relevantes, eu me esquivava delas por longos anos.

    Não apenas a nova vida de aposentado tem apresentado tantos desafios, quanto as outras fases já vividas, mas a falta de apoio das pessoas e das estruturas da nossa sociedade nesta fase exige mais de nós mesmos para enfrentá-los.

    Espero que encontre neste livro algumas respostas das muitas indagações que tem ou terá em breve. No mínimo verá que os desafios que enfrenta ao ingressar nesta fase não são apenas seus.

    I- Introdução

    O período inicial de aposentadoria é um período de mudança com os conhecidos sofrimento ( stress ) e aprendizado que acompanham toda mudança. O impacto da descontinuidade dos papéis e relacionamentos mantidos no trabalho não deve ser subestimado. O problema mais sério e imediato que se enfrenta ao se aposentar é a baixa autoestima devido às usuais perdas de posição e de prestígio. Mas a percepção de nós mesmos, a semelhança de outras percepções, é produto tanto de fatos quanto ideias e conceitos aprendidos.

    Perceber envolve dois atos: observar e interpretar. Observar, além de se sujeitar aos limites dos nossos sensos, é seletivo. Observamos o que queremos e esperamos observar. Mas é na interpretação que as nossas ideias, convenções e crenças moldam a percepção. Tanto é que o provérbio ver para crer, deveria ser crer para ver. Baseado nesse fato é que testes de personalidade através da interpretação de misturas de figuras e cores foram desenvolvidos. Um exemplo da influência das convenções é o que percebemos como bonito. Há poucas dezenas de anos, o ideal do corpo feminino, por exemplo, era bem diferente da atual magreza.

    Mas voltando ao nosso pobre aposentado, muitos fatores contribuem para que ele se sinta diminuído. Apesar da maioria desses fatores serem produto de convenções e crenças equivocadas, eles não deixam de perturbar. Vamos ver alguns exemplos:

    • Ser ocupado é ser importante: Esse equívoco é tão aceito como verdade que muitas pessoas não atendem ao telefone de imediato para fazer os outros pensarem que estão ocupados. Afinal, presidente é mais ocupado que ministro e o ministro deve esperar para ser atendido. Por sua vez, o ministro é mais ocupado que o vice-ministro e este deve esperar etc., etc.

    • Ter sucesso é ganhar muito dinheiro: Mesmo para quem não aprecia pinturas, um pintor que vende um quadro por uma pechincha é um joão-ninguém. Todavia, ele se torna um gênio quando o mesmo quadro é vendido, anos depois, por uma fortuna.

    • Sentir prazer é pecado: A nossa atual cultura considera o trabalho honroso e o ócio uma degradação. Tentamos negar essa influência repetindo a frase trabalho para viver e não vivo para trabalhar. Mas, de tão acostumados a arcar com obrigações na escola, no trabalho e em casa, dedicar algum tempo a nós mesmos parece um roubo. Esse é o problema que costuma afligir pessoas muito ocupadas quando saem de férias.

    A lista de equívocos não termina aqui e o aposentado tem que empregar um aguçado senso crítico para abrir passagem rumo à recuperação da autoestima. O entendimento de si e da sociedade, o esporte e a espiritualidade serão seus aliados.

    A vida é muito complexa e, por isso, viver é tão interessante. Se a vida fosse uma coisa simples como, por exemplo, um jogo de computador, teríamos rapidamente compreendido e esgotado todas as suas possibilidades e opções. Mas tanto a natureza quanto a criação humana apresentam uma enorme complexidade que nem um homem sozinho seria capaz de observar e compreender. Quantas espécies de animais e plantas existem? Quantas culturas, literaturas, teoremas e tecnologias existem?

    Entretanto, a nossa vida individual é um subconjunto da vida, pois nascemos em algum país de uma certa cultura, escolhemos uma certa profissão, e assim por diante. De fato, observando bem, a nossa vida parece um túnel na grande vida. Desde pequenos, somos direcionadas para seguir a trilha. Nem paramos muito nos pontos de bifurcações para escolher. Parece que somos obrigados, por compromissos assumidos, a ir adiante.

    Com a aposentadoria, de repente estamos livres do principal compromisso: trabalhar. A vida, que tinha sido reduzida a um túnel, se abre em um instante para infinitas possibilidades. Passamos a viver uma nova fase, semelhante à infância ou à adolescência, em que muitos caminhos são apresentados e muitas perguntas são feitas. Mas a atual fase tem uma grande diferença. Nas fases anteriores aceitamos muitos conhecimentos e valores com pouco ou nenhum questionamento. Afinal nos sentimos pequenos perante as pessoas mais velhas e poderosas. Na escola, por exemplo, quem entendia a transformação da massa em energia? Ou por que, se os átomos têm tanto espaço entre os elétrons e o núcleo, a nossa mão não passa direto através dos objetos sólidos? Mais adiante, no trabalho, havia o chefe que sabia mais. Ele indicava o que fazer e como fazer. No que tange a valores, eram nossos pais que mostravam o que é considerado aceito e o que não é. Depois outras pessoas poderosas (chefes ou não) indicavam o bom comportamento.

    Chegada a aposentadoria, percebemos que nós nos tornamos os mais velhos e que o tempo que nos resta viver é limitado. Por isso as questões mal respondidas devem ser esclarecidas agora ou nunca mais. Para a maioria, talvez a mais importante destas seja a fé. A prova que a fé religiosa é aprendida sem conhecimento ou convencimento é que a maioria de nós tem a fé dos nossos pais. Se fôssemos pensar e pesquisar para escolher, este fato não teria tanta incidência, mesmo levando em conta o acesso mais fácil à religião dos pais.

    Esse ponto de conceitos e valores adquiridos em fases anteriores merece uma análise mais aprofundada. Na nossa vida, como humanos civilizados, raramente temos que responder a alguma pergunta ou resolver um problema por nós mesmos. Sempre houve alguém que enfrentou o mesmo problema ou pensou nas mesmas questões e documentou as suas conclusões. Assim, o nosso ponto de partida é o conhecimento acumulado pela humanidade e transmitido de forma escrita, ou oral pelos pais e mentores; ou ainda observada do comportamento de outros. Em contrapartida, há a evidente vantagem de encontrar rapidamente soluções prontas e poder aperfeiçoá-las. Esse fato tem contribuído para diminuir a nossa capacidade natural de improvisar e reduzir a nossa independência, como indivíduos, na medida em que aumenta a nossa confiança na humanidade como um todo. A desvantagem dessa herança reside na manutenção de soluções antigas e caducas quando novas condições recomendariam sua substituição.

    Estranhamente, nossa cultura deixa muitas lacunas e espaços vazios, além de tolerar inconsistências flagrantes, pois acumulamos aqueles conhecimentos que favorecem a continuidade e o crescimento da nossa sociedade, mesmo à custa da integridade e da imparcialidade desses conhecimentos. Nascem assim muitos equívocos e contradições com os quais aprendemos a conviver sem questionar. Dos mínimos detalhes das convenções sociais, aos maiores e mais estranhos preconceitos, formamos uma receita de vida que nos salva do perigo de ter que responder às muitas questões da vida por nós mesmos.

    Para ilustrar, vamos considerar alguns exemplos:

    Vivemos nesta terra para sempre? Todos sabemos que não. Mas o assunto é por nós evitado a qualquer preço. Essa falta de aceitação da morte, que é um aspecto tão natural quanto nascer, é característica da nossa atual cultura. Afinal, a consciência de que a vida termina pode reduzir a motivação de trabalhar e acumular mais riqueza para a sociedade. A ideia da morte pode interferir na construção da nossa torre de babel. Portanto, o capítulo reservado à morte no nosso livro de cultura tem pouquíssimas linhas escritas.

    Outro exemplo é a velhice. Até poucos anos atrás, a baixa expectativa de vida permitia que poucos chegassem a essa fase. Como força de trabalho, ou até como segmento de consumo, os idosos eram irrelevantes. Assim, pouco se fez para cuidar do bem-estar desse grupo. Com o recente aumento de seu número e poder econômico, essa categoria passou a despertar o interesse das instituições e a fase da terceira idade passou a ocupar o seu merecido lugar no ciclo da vida humana.

    Desses grandes lapsos de atenção nascem muitos equívocos comuns. A simples pergunta que fazemos quando somos informados da morte de alguém: morreu de quê? é como se necessariamente devesse haver uma causa responsável por um acontecimento tão natural. Analogamente, culpamos o médico pela morte de um parente, mesmo confessando a nossa crença de que a vida transcende ao nosso conhecimento e poder.

    A inconsistência ou conflito nas ideais por nós aceitas é ainda mais evidente na existência de exércitos e indústria bélica. Afinal, matar é ou não é um pecado? Um pouco de análise revelaria que o motivo real da existência de exércitos nunca foi a defesa da vida, mas a conquista e preservação

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