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Linderium Tesarien Racem: Linderium Tesarien Racem, #2
Linderium Tesarien Racem: Linderium Tesarien Racem, #2
Linderium Tesarien Racem: Linderium Tesarien Racem, #2
E-book462 páginas6 horas

Linderium Tesarien Racem: Linderium Tesarien Racem, #2

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Sobre este e-book

Voltam os sombrios, regressa o Mago Branco, retornam os elfos… mas nada é o que parece. Mazorik também reaparecerá?

Depois de acabar com o Mago Obscuro, Marlen e Fariel se estabelecem em Belvichú, onde nasce sua filha. Mas o elfo nota uma presença estranha em seu interior que pode representar uma grande ameaça para sua família e para toda Frienia.
Enquanto uma terrível maldição tortura sua descendência, Fariel luta desesperadamente para que o espírito que o possui não o domine.
Ele conseguirá?
Depois da vitória da aliança sobre os sombrios, as perspectivas são de uma época de paz e prosperidade em Frienia.
Mas o regresso do Mago Branco com um exército de elfos amistosos obscurecem o futuro próximo. Syriel suspeita que eles não são o que aparentam ser.
O que há por trás de Fariel, o Mago Branco?
Mais aventuras, romances, fantasia, magia, intrigas, emoções para você mergulhar em outra maravilhosa história.

Segunda parte da saga “Linderium Tesarien Racem” Se você gostou de “A invasão dos sombrios”, não pode deixar de curtir esta apaixonante continuação que o manterá curioso até o final.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de mar. de 2020
ISBN9781393470908
Linderium Tesarien Racem: Linderium Tesarien Racem, #2

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    Pré-visualização do livro

    Linderium Tesarien Racem - Jordi Villalobos

    Nota do autor:

    Foi acrescentado ao final do livro um apêndice com a lista de personagens, para que possa servir de ajuda àqueles que desejem mais informações além das apresentadas na narrativa do romance.

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    Para minha esposa e meus filhos, a quem eu mais amo.

    Em memória de Mercedes, minha mãe, que quase não chegou a conhecer

    esta minha louca aventura de escrever.

    Agradecimentos

    Os primeiros e mais carinhosos agradecimentos a minha esposa, por seu apoio e ideias, e sua colaboração, paciência, mas acima de tudo, por estar sempre presente, aconteça o que acontecer. Também a meus dois filhos por seu incentivo, por seu carinho e por sua companhia, que me inspiram e me dão forças para continuar, custe o que custar.

    Em segundo lugar, quero mostrar minha maior gratidão a Sarima, por ter criado uma nova obra de arte para a capa com suas maravilhosas ilustrações.

    Em seguida, quero agradecer a María García Bol e a Victor Javier Sanz, por todo seu trabalho de correção, sugestões e ensinamentos sobre gramática, que me ajudaram muitíssimo a crescer como escritor e a conferir a esta obra maior qualidade. Milhares de agradecimentos também a meus leitores beta: Oriol Faura Villalobos (meu sobrinho) e José Manuel Carmona, que, com sua ajuda, conselhos, revisões e propostas, colaboraram para a melhoria do texto e da narrativa deste romance.

    E um agradecimento infinito e todo meu amor e carinho à leitora beta mais dura, mas também a mais especial: minha esposa, Conchi, que participou de forma muito ativa e acertada na revisão e correção do texto e propondo melhorias na linha narrativa e no argumento.

    Também não posso deixar de agradecer, de novo, ao povo de Olmedilla de Alarcón seu apoio, seu carinho e a oportunidade que me deram de viver uma das minhas experiências mais emocionantes, nomeando-me porta-voz de suas festas patronais em agosto de 2016.

    Agradeço também de todo coração ao bairro de Bellvitge e à cidade de L'Hospitalet de Llobregat, por todo o apoio recebido, tanto por parte dos vizinhos e amigos, como da prefeitura e das bibliotecas da cidade. Acrescento um agradecimento muito especial a Gemma Isern, por todo seu apoio.

    Não pode faltar meu agradecimento a todos os membros da família da Ediciones Proust, com os quais este árduo caminho não apenas fica mais leve, mas se transforma em uma experiência enriquecedora e gratificante. Mas um agradecimento muito especial a nossa presidente, Lusa Guerrero, que é a alma e o coração do projeto Proust e que, sem ela, com certeza ele não existiria mais.

    Não poderia deixar de agradecer a todos os leitores que, por um motivo ou outro, decidiram entrar nesta aventura de fantasia, e muito especialmente a todos aqueles que, nas feiras onde ofereço meu livro, decidem comprá-lo, e um reconhecimento muito carinhoso a todos os que o adquirem ao descobrirem minha condição de autor emergente.

    E, por último, queria agradecer a todos os amigos e familiares que não deixaram de me apoiar e me incentivar para continuar nesta dura, mas também maravilhosa, aventura de escrever.

    Espero de coração que, se continuar lendo até o final, você possa se divertir tanto quanto eu me diverti escrevendo.

    Sumário

    Nota del autor:

    Agradecimientos

    Contenido

    Recordatorio

    Preludio: La muerte del Mago Blanco

    Prólogo

    Parte 1: El Mago Oscuro

    La boda

    Marlen y Fariel

    El regreso de Mazorik

    Aniel

    La búsqueda

    La maldición de Mazorik

    Rescate

    Traicionado

    Invasión silenciosa

    El trato con Mazorik

    La Dama Gris

    Arien

    La verdadera cara del Mago Blanco

    Clariel

    Lucha a muerte

    Parte 2:  El retorno de los elfos

    Garinathiel

    Emperador Mazorik

    Reencuentro

    La resistencia

    Reto entre reinas

    Dragones amarillos y púrpuras

    Rebeldes

    El despertar de los muertos

    Sorpresa para Turgarok

    La piedra amarilla

    La piedra púrpura

    El dragón marrón

    Dorado

    Regreso hacia Frienia

    A través del desierto

    ¡Por Frienia!

    La batalla del Valle de las Árdenas

    El cazador cazado

    Apéndice 1: Catálogo de personajes

    Pode-se tirar de um general seu exército,

    mas não de um homem a sua vontade.

    (Confucio)

    O valor de um sentimento é medido pela quantidade

    de sacrifício que se está preparado para fazer por ele.

    (John Galsworthy)

    Como um mar, ao redor da ensolarada ilha da vida,

    a morte canta noite e dia sua canção sem fim.

    (Rabindranath Tagore)

    Nos últimos capítulos

    Bellamir, um ladino metadílio, é testemunha de um pacto de sangue e morte entre duas feiticeiras, a orc Lirieth e a sombria Elenir, mas não chega a descobrir sua finalidade.

    Seis anos depois, após uma guerra centenária entre humanos e orcs, ambos se veem forçados a criar uma aliança para se defender dos sombrios, uma raça descendente dos elfos, predominantemente malvada, que ameaça invadir e subjugar seus territórios. Para selar essa aliança, os herdeiros dos dois reinos, o príncipe humano Syriel e a princesa orc Lirieth, fazem um pacto de matrimônio e, contrariando todas as previsões, iniciam um romance de amor sincero.

    Os sombrios empreendem uma expedição, liderada pela princesa Elenir, às Terras Inóspitas, que estão repletas de criaturas perigosas, para captar dragões e, assim, criar uma vantagem sobre seus objetivos. A Aliança faz seu próprio esforço para evitar que isso aconteça e também conseguir alguns dragões para igualarem as forças, com Syriel e Lirieth comandando a missão. Por sua vez, o rei orc, Gulrath, pede a seu filho adotivo, Turgarok, que vigie e proteja o jovem casal. Este é um famoso feiticeiro, conhecido como Senhor das Aves, por possuir uma habilidade especial para dominá-las, transformando-as em suas amigas e aliadas. No transcurso da delicada missão, eles vencem um motim de seus vassalos anões, o ataque de uma gigantesca serpente chamada Kasariviel, emboscadas dos sombrios e assaltos de criaturas perigosas e estranhas.

    Syriel também precisa enfrentar a dolorosa suspeita de uma traição por parte de sua prometida, que parece ter feito um pacto com os invasores vários anos antes, pois o metadílio que presenciou o encontro se lembra e revela que viu as princesas consumando um estranho trato.

    Eles conhecem o elfo Fariel, como o Mago Branco, um dos sete discípulos de Mazorik, que revela a Syriel que ele é dono de dois dos objetos da terrível Armadura Dragão: um colar presenteado por Lirieth e sua espada Almafiel, herança de sua família. Ele também lhe entrega mais uma peça, que pertenceu a seu avô, Ronel: a Adaga da Justiça, um punhal que se esconde na alma de seu portador e que só pode ser invocado para defesa contra alguma ameaça. O Mago Branco pede ao príncipe que reúna os sete objetos mágicos que compõem a poderosa armadura, pois suspeita que alguém com intenções não muito boas também tem a intenção de fazê-lo. Além disso, eles contatam os gigantes, que aceitam se unir à Aliança em caso de guerra contra os sombrios.

    Após uma dolorosa batalha na Montanha dos Dragões, em que as tropas aliadas saem derrotadas, Lirieth é feita prisioneira e o Mago Branco cai no abismo com uma flecha cravada no peito. Syriel consegue escapar no lombo de um dragão e conhece Turgarok, que vinha lhe ajudando nas sombras. Juntos, eles conseguem resgatar Lirieth e retornam à Montanha dos Dragões para capturar vários deles. Syriel é atacado por uma avifa e seu mortífero veneno ameaça matá-lo, mas Lirieth consegue encontrar os unicórnios para obter seu sangue milagroso e, finalmente, pode curar o príncipe.

    Tanto as tropas dos sombrios quanto as da Aliança conseguem domar um grupo de dragões. A guerra já é inevitável: os sombrios iniciarão uma iminente invasão aos reinos dos orcs e dos humanos.

    Separador de parágrafos

    Cerca de dois mil anos antes, um perverso mago chamado Mazorik coloca em prática um dos piores feitiços de magia negra que já existiu. Com os sete corações de cada uma das raças de dragão, ele cria as sete joias de luz, que têm a propriedade de absorver a essência dos seres que as possuem durante sete anos. Para isso, ele recruta um discípulo de cada uma das espécies civilizadas que povoam Frienia: elfos, humanos, orcs, sombrios, anões, metadílios e gigantes, a quem engana com a falsa promessa de acabar com todas as guerras para sempre.

    Com as sete gemas impregnadas com as características das sete espécies, ele pretende engastá-las em sete objetos que formam a Armadura Dragão, que lhe conferirá um poder ilimitado, obtendo as inerências de cada raça, assim como sua total submissão. Seu objetivo é proclamar-se o imperador supremo de toda a terra conhecida. O que não sabe o malvado mago é que as pedras mágicas não lhe concederão apenas as virtudes das raças, mas também seus defeitos, aumentando ainda mais sua maldade e potencial tirania. Mas um de seus discípulos, Fariel, descobre seus desprezíveis planos e consegue arruiná-los, derrotando seu mestre após uma sangrenta luta, com ajuda de outra aluna, a humana Marlen.

    Separador de parágrafos

    Os sombrios iniciam a invasão de Teberion, o reino orc, onde a Aliança os enfrenta em uma primeira batalha, mas são forçados a recuar até o reino humano, onde está sendo reunido um grande exército de homens e anões.

    O inimigo invasor entra em Delfia, o feudo humano, com mais efetivos que o esperado, liderados por Elenir. A batalha é sangrenta, avançando tanto por terra, em luta corpo a corpo, como pelo ar, por parte dos dragões. As baixas de humanos, orcs e anões vão inevitavelmente aumentando.

    Quando as tropas aliadas estão a ponto de sucumbir, aparece o exército dos gigantes que, com grande rapidez, conseguem uma esmagadora vitória para o lado dos aliados.

    Elenir, furiosa com a contundente derrota, sequestra Lirieth e marca um encontro com Syriel em uma caverna das Montanhas Brancas. A sombria, que agia junto com a mãe, a rainha orc, Baldia, revela que o pacto de sangue e morte era para fazer um intercâmbio de almas entre a princesa orc e a princesa sombria, que na verdade são irmãs, e seus espíritos nasceram cada um no corpo da outra. A finalidade do trato era que voltassem ao corpo que lhe correspondia. O príncipe consegue libertar sua prometida, acabando com a vida de Elenir. Por sua vez, Baldia consegue escapar, roubando o colar de Syriel, um dos objetos da Armadura Dragão...

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    Prelúdio: A morte do Mago Branco

    Frienia, ano 1816 da segunda era

    Quando o Mago Branco estava montando a dragona dourada, uma flecha certeira foi cravada em seu peito, fazendo com que ele retrocedesse, até cair no abismo. Syriel, urrando de raiva, subiu pela escarpa e não conseguiu ver nem o rastro do mago, enquanto Gungaroth, já montado em Amanhecer, gritava para que ele subisse e que não tinha mais nada que pudesse ser feito pelo infeliz feiticeiro.

    Enquanto Fariel caia no vazio, moralmente ferido, ele se viu inundado de muitas lembranças que cruzaram sua mente, como estrelas fugazes em um céu noturno: o rosto de Marlen e o primeiro beijo dela; a alegria de ver o nascimento de sua filha, Aniel; a primeira vez que viu Mazorik; a desagradável sensação de tocar a pedra branca; a gargalhada do Mago Obscuro; a luta do dragão branco com o gigante Garrak; a dor intensa causada pelos raios que seu mestre lhe lançava para torturá-lo; o momento em que salvou Marlen de ser queimada; o terrível vazio que sentiu ao vestir a Armadura Dragão; a entrega da adaga mágica a Syriel; a promessa de todos os seus companheiros de entregar cada peça das pedras a seu respectivo soberano; a morte de Mazorik e seu espírito entrando nele; a luta interna que manteve durante anos até conseguir encerrá-lo no fundo de sua alma. E, então, não conseguiu se lembrar de mais nada. Seu pescoço se quebrou contra uma rocha antes de seu corpo cair na água.

    Mazorik sentiu como se as correntes inquebráveis que o mantinham imóvel há muitos anos desaparecessem por completo e se viu afundando na água ao pé da cascata. Não conseguia se mexer, não conseguia respirar, a água era forçada para dentro de seus pulmões, mas o corpo em que se encontrava preso não respondia a seus impulsos. Pensou no feitiço para gerar em torno de si uma bolha de ar. Teve que fazer um grande esforço, mas finalmente conseguiu: isso lhe daria algum tempo para saber o que estava acontecendo. Estava no corpo de Fariel, mas ele não respondia. Seu antigo aluno devia estar morto; isso o teria liberado, mas estava preso a um corpo sem vida. Tinha que ressuscitá-lo antes que fosse tarde demais. Pensou e recitou um feitiço antigo de magia negra e o pescoço quebrado se recompôs, o coração começou debilmente a bombear sangue de novo, a flecha foi arrancada do peito e suas pernas iniciaram um impulso para alcançar a superfície. Em poucos segundos, a alva cabeça do mago ressurgiu das águas, respirando com alívio uma lufada de ar.

    Ele não demorou para sair da água e tombar na margem sobre o gramado fresco e verde. Permaneceu estirado durante um tempo, enquanto sua alma se assentava e se acostumava ao novo corpo, e este se recompunha das feridas e do enorme esforço realizado. Mas logo descobriu que o cansaço desaparecia em grande velocidade e sentia uma torrente de energia por todos os membros como nunca antes havia sentido. Sorriu maliciosamente ao se lembrar que agora sua natureza era élfica de verdade. Captava sons que nunca antes tinha experimentado, assim como o movimento de insetos a uma distância considerável, que antes nem sequer era capaz de ver e agora podia distinguir perfeitamente. Os aromas que recebia por seu fino olfato eram múltiplos, muito intensos e não lhe custava nada identificar de onde vinham, mesmo sem jamais tê-los percebido até então.

    Seu primeiro impulso foi reincorporar-se à batalha, mas não sabia em que bando deveria fazer isso. Qual deles o beneficiaria mais? Talvez o melhor para seus planos fosse desaparecer por um tempo, até que a guerra fosse concluída, assim poderia ganhar a confiança do grupo ganhador sem gastar energias nas tediosas batalhas. Um período de descanso lhe cairia bem para se adaptar com perfeição ao seu novo organismo, fazer planos e organizar os preparativos necessários para seu regresso.

    Além disso, percebia que seu poder mágico, que já era muito elevado, tinha aumentado notavelmente quando ele conseguiu possuir o corpo do grande Mago Branco.

    Enquanto se levantava, seu novo sistema auditivo de orelhas pontiagudas fazia com que ainda pudesse escutar os estrondos da batalha que acontecia no alto da cascata. Isso o atraía muito pouco naquele momento, por isso, afastou-se, emitindo aquelas peculiares e terríveis gargalhadas que Fariel tanto odiava e temia. Mas este já não tinha consciência de que elas surgiam de sua própria boca.

    Separador de parágrafos

    Naquele mesmo instante, a uma enorme distância dali, na cidade mais importante dos elfos, a Dama Cinzenta, também chamada de Dama da Lua, a feiticeira elfa mais prestigiosa daquele tempo, oferecia seu conselho à rainha elfa, Irbis, na sala do trono.

    De repente, percebeu um grande vazio debaixo de seus pés: tudo girava e, de repente, sofreu um desmaio, algo muito estranho entre os elfos. Caiu ao chão como se a vida lhe tivesse abandonado, mesmo com todos os sinais vitais perfeitamente normais, como confirmou o curandeiro elfo que a atendeu minutos depois. Ficou terrivelmente pálida e a rainha Irbis temia pelo pior, mas, após alguns minutos, a feiticeira começou a recuperar a cor e a abrir os olhos muito lentamente.

    Ela se recobrou e disse que já estava bem, que não era nada demais. Mas ela sabia que era, sim, o pior que podia acontecer: estava absolutamente convencida de que ele tinha voltado, e isso era o mais terrível e nefasto que poderia acontecer.

    Prólogo

    Frienia, ano 1816 da segunda era

    Após a derrota dos sombrios e da morte de sua rainha, Elenir, a Aliança submeteu os habitantes de Barvian a sua vassalagem, a cargo de um governante orc.

    Apesar da inesperada vitória final, o rei Gulrath encontrava-se desolado com a manifesta traição de Baldia, mas longe de se abater, ele dirigiu com mão firme todas as situações, demonstrando justiça com sabedoria e benevolência, na medida em que lhe era possível.

    Os anões rebeldes que apoiaram a revolta de Ankar foram desonrados e desterrados das Terras Inóspitas. Essa decisão custou a Gulrath muitas horas de meditação sobre o que seria o mais correto. Uma execução massiva poderia colocá-lo contra os anões, mas também era muito perigoso deixá-los livres, pois eram um grupo muito numeroso que poderia lhe causar grandes problemas no futuro. Por fim, após consultar-se com Jorion e Syriel, decidiram pela expatriação. Não poderiam arriscar-se a ter que enfrentar uma rebelião.

    Muitos sombrios também fugiram para o outro lado das Montanhas Dobradas, e os que não  reconheceram os reis da Aliança como seus novos soberanos tiveram a mesma sorte que os anões.

    Também não houve execuções massivas de sombrios. A pena capital era aplicada apenas quando eram cometidos graves atos de violência e quando se previa um alto perigo de o sujeito conseguir escapar e organizar revoltas que só causariam mais morte e sofrimento.

    Esta mesma política era aplicada aos orcs que ousavam desobedecer a seu soberano, ignorando a ordem expressa de não saquear, maltratar ou violar os vizinhos sob nenhum aspecto. Alguns de seus súditos mais rebeldes perderam a cabeça por isso ou também foram expulsos do reino se a falta cometida não era suficientemente grave. Graças a isso, o rei orc começou a ganhar certo respeito entre a população sombria.

    Em um ato solene que terminou com um grande banquete em que se celebrou a grande vitória alcançada, os gigantes foram condecorados com as mais altas honrarias. Da mesma forma, eles foram nomeados aliados e amigos dos reinos livres de Frienia.

    As famílias de refugiados orcs iniciaram o regresso a seus lares depois de colaborar ativamente com a reconstrução da ponte da Esperança, que passou a se chamar ponte da Aliança.

    As baixas nas tropas aliadas foram muitas e dolorosas, castigando tanto a humanos quanto a orcs e anões. Somente os gigantes não tiveram que lamentar nenhuma baixa – quando muito, um ferido de certa gravidade.

    Sobreviveram apenas quatro dragões da Aliança, um dos quais Dourado, que se transformou em um dragão feroz e temido e a nova montaria de Turgarok, que chorou copiosamente a morte de seu querido amigo Bico Veloz.

    Em paralelo a todos esses acontecimentos, Lirieth e Syriel se encarregavam também de preparar a cerimônia e os festejos que fariam parte de seu laço matrimonial, em meados da estação das flores, que já se aproximava.

    A guerra com os sombrios tinha sido curta, mas muito amarga, mesmo terminando com a vitória das tropas aliadas. Por outro lado, olhando para o futuro, vislumbrava-se uma época de paz, em que orcs e humanos reuniriam esforços para iniciar uma nova era, caracterizada pela harmonia e o progresso. Mas havia alguém que tinha planos e poder suficiente para evitar que isso acontecesse e mergulhar toda Frienia em uma nova era de trevas e escravidão.

    Parte 1:

    O Mago Obscuro

    As bodas

    Frienia, ano 1816 da segunda era

    Já fazia algum tempo que o negro manto da noite tinha caído sobre a capital do reino sombrio: Angorian. Uma sombra encapuzada se aproximava do palácio de Argoth procurando não ser vista. Dirigiu-se ao lugar do muro do palácio onde estava mais escuro e explorou mentalmente a área, assegurando-se de que não havia ninguém nas redondezas. Desapareceu para voltar a aparecer do outro lado do muro e dirigiu-se até uma entrada secundária onde estaria mais próximo ao acesso aos porões. Tudo isso com o máximo sigilo para que as sentinelas postadas nas zonas altas não o descobrissem.

    Mazorik teve que se empenhar duramente para abrir a reforçada porta, tentando vários feitiços até que um funcionou e ele conseguiu penetrar na residência real. Não demorou para encontrar as escadas que levavam aos níveis inferiores e começou a descer. Em um trecho onde não podia se ocultar, cruzou com dois guarda e não teve outro remédio a não ser lançar-lhes um raio mortal para evitar que dessem o alarme. Tinha que se apressar.

    Por fim, alcançou o nível inferior, onde estavam as arcas reais, protegidas por uns vinte soldados. Laçou estrategicamente umas ampolas de barro que, ao cair no chão, soltaram um potente gás sonífero, que mergulhou os guardas em um sono profundo.

    Recolheu as chaves do capitão e abriu a porta das salas do tesouro real, que estavam repletas de joias, armas, armaduras, peças de ouro, de prata e de outros metais preciosos, gemas de uma infinidade de tipos e tamanhos, e uma grande quantidade de objetos de enorme valor. Mas nada disso interessava ao mago, que foi diretamente a um elmo forjado em reluzente prata e em cujo frontal havia engastada uma pedra negra. Tomou a celada e a envolveu em um pano, guardando-a em sua bolsa. Dentro do palácio não era possível usar feitiços de translação, portanto, saiu tão sigilosamente quanto entrou e, uma vez do lado de fora, desapareceu com um imperceptível estalo.

    Separador de parágrafos

    Amanheceu um dia radiante. Nenhuma nuvem interrompia a cor azul do céu. A única coisa que rompia o teto celeste era o majestoso e cálido sol que não fazia muito tinha surgido no horizonte.

    Era o tempo ideal para se apreciar uma celebração, e poucos acontecimentos podiam ser melhor festejados que o matrimônio de dois príncipes herdeiros de seus respectivos reinos.

    Pelas ruas de Urkaroth não paravam de passar orcs, humanos, anões e um ou outro gigante. A atividade era intensa, como se todos chegassem tarde para o acontecimento mais importante de suas vidas, apesar de ainda faltar muitas horas para o laço magno.

    A cidade inteira estava enfeitada com flores, guirlandas e bandeirolas de diferentes formatos e cores. Por diferentes ruas sentia-se aromas de flores, de lenha queimada, de pão recém-assado, de carnes assadas e de muitos tipos de guisados e bolos. Praticamente todo o povo, de uma maneira ou outra, tinha participado dos preparativos: nas vestimentas dos convidados; na infinidade de adornos decorativos; no suntuoso banquete dos sortudos que estavam presentes; até as tavernas e hospedarias da cidade receberam subvenções das arcas reais para que, gratuitamente, toda a população recebesse comida e bebida em honra dos príncipes.

    No palácio de Gárgaran, a atividade era ainda mais frenética, se era possível. Os provedores e servos iam e vinham sem parar, para que suas respectivas incumbências saíssem perfeitas e a tempo, sem deixar passar nem um só detalhe, por mais insignificante que fosse.

    O rei Gulrath recebeu em seus aposentos aquele que em poucas horas seria seu genro.

    — Príncipe Syriel, desejo novamente expressar minha admiração e agradecimento pela valentia e honra demonstrados na última batalha, e por ter salvado minha filha da morte pelas mãos de nossos inimigos — expressou o soberano, emocionado, evitando mencionar o nome de sua esposa Baldia.

    — Não fiz mais que cumprir com meu dever e meus mais fervorosos desejos de vencer na batalha e evitar qualquer mal à mulher que amo — respondeu o príncipe, agradecido.

    — Estive muitos dias meditando qual seria o presente de casamento ideal para você. Finalmente decidi que esta valiosa e antiga couraça seria o presente apropriado para quem está tentando reunir todas as peças da Armadura Dragão. Estou convencido de que ela não poderia estar em melhores mãos, desde que me prometa apenas que só a possuirá e que nunca a vestirá, em nenhuma circunstância — solicitou o orc com um semblante muito sério a um surpreso humano.

    — Não sei como sua majestade foi capaz de se inteirar sobre a armadura, mas não mentirei a meu rei e não negarei. E juro que eu jamais a vestirei, nem permitirei que ninguém o faça enquanto me reste um ápice de vida — assegurou Syriel com toda sinceridade.

    — Um rei tem que estar a par de tudo se quiser conservar seu trono e sua cabeça sobre os ombros — acrescentou Gulrath, com orgulho, enquanto entregava a couraça a seu futuro filho político.

    Syriel aceitou a peça com uma inclinação de cabeça. A couraça reluzia como se tivesse sido recém-forjada. Era muito leve, muito mais do que seu tamanho e dureza faziam imaginar. Tinha belos ornamentos e adornos muito semelhantes aos que apareciam gravados em sua espada, Almafiel. Mas o que mais chamava a atenção era a majestosa pedra verde encaixada no centro da peça. Por um momento, quando um furtivo raio de sol atravessou a joia, ela pareceu brilhar com luz própria, como se tivesse recobrado a vida depois de uma longa letargia.

    — Majestade, esse é o melhor presente que o senhor poderia me dar — agradeceu o príncipe.

    — Sei que estará em boas mãos. E não se esqueça que em meia hora devemos comparecer à recepção do rei Magallán ― concluiu Gulrath.

    — Não faltarei ao encontro — assegurou Syriel, antes de se retirar após uma inclinação de cabeça.

    Separador de parágrafos

    Lirieth estava radiante. Seu sorriso era luminoso e contagioso. Seu olhar alegre não perdia um detalhe do vestido e dos arranjos de suas donzelas, que ajustavam e embelezavam o traje que brilharia na cerimônia.

    De repente, veio-lhe à mente sua mãe: de alguma maneira, desejava que ela estivesse ali, mas logo afastou essa ideia com um vislumbre de tristeza. Não permitira que absolutamente nada atrapalhasse esse dia, nem sequer as dolorosas lembranças de sua mãe e de sua irmã.

    Mas não pôde evitar que uma inquietude a invadisse. Sentia como se uma presença ou perigo a estivesse ameaçando.

    Separador de parágrafos

    O rei Magallán, sua esposa Maryan e seu filho Sergiker entraram na sala do trono, ocupado por Gulrath com um sorriso sincero, ainda que com um notável olhar pesaroso, especialmente quando via vazio o trono correspondente à rainha.

    Syriel estava de pé à direita do rei, como determinavam os preceitos protocolares. Seu pai, o rei Jorion, permanecia também a seu lado, mas um pouco mais atrás.

    O príncipe gigante não podia dissimular sua agitação por ser convidado das bodas de seus amigos. Não tinha muitas oportunidades para assistir a esse tipo de celebração, portanto, quando seu olhar se cruzou com o do humano, não pôde evitar sorrir para ele.

    A rainha Maryan visitava pela primeira vez as terras aliadas. Era uma mulher majestosa, de não muita estatura para uma gigante, mas ainda assim superava Syriel com folga. Era robusta, atraente, e era senhora de um belo e bondoso rosto.

    O rei gigante, por sua vez, se aproximou de seus anfitriões com seu habitual porte sério e régio. Mesmo tentando não demonstrar nenhuma emoção, não conseguia dissimular a grande satisfação de poder visitar esse palácio com sua família para um acontecimento feliz e não para ter que encerrar uma batalha.

    Nesse instante, apareceu Lirieth, não com seu vestido cerimonial, mas com um mais informal, mas também muito elegante. Como pôde ficar ao lado de seu prometido logo antes da chegada de seus convidados ao pé do trono, não teve a necessidade de expressar suas desculpas.

    — Sejam bem-vindos, queridos amigos e aliados — saudou Gulrath.

    — É uma honra para nós — respondeu o monarca gigante, inclinando sua cabeça ao mesmo tempo que sua esposa e seu filho.

    Sergiker se adiantou até a princesa e lhe estendeu um cofre de prata delicadamente trabalhado.

    — Alteza, meus pais e eu desejamos presenteá-la com esta joia para desejar-lhes um feliz e duradouro enlace. Esperamos que seja de seu agrado — ofereceu o enorme príncipe com um largo sorriso.

    A princesa tomou o cofre e, sem poder esconder certo nervosismo, abriu-o, descobrindo um colar de sete rubis que iam aumentando de tamanho desde suas extremidades, até o central, que era o maior de todos. A corrente e os engastes das gemas eram de ouro reforçado com uma liga especial que a tornavam inquebrável e que nem sequer a passagem do tempo poderia estragar.

    Lirieth colocou a joia e Syriel a ajudou com o fecho. Com os olhos umedecidos, ela agradeceu o régio regalo.

    — É uma joia preciosa. Agradeço muito, de coração. Sempre a conservarei e cuidarei dela com um carinho especial — prometeu a princesa.

    O príncipe gigante inclinou a cabeça e sorriu, agradecido, enquanto retornava a seu lugar.

    Em seguida, foi Magallán que se adiantou, entregando a Syriel outro cofre belamente ornamentado, mas bem maior.

    — Príncipe Syriel, entrego a você este presente, que foi dado a um antepassado meu pelo rei humano há muito tempo como símbolo de amizade. É uma honra para mim encerrar este círculo devolvendo-o a seus antigos donos pela mesma razão, mas com maior intensidade, se é possível — disse o rei gigante ao noivo, com uma leve reverência.

    Syriel abriu o cofre e sua expressão de surpresa e emoção não poderia ser maior. Um belo escudo prateado, com uma ornamentação que já conhecia, reluzia aos generosos raios de sol que entravam pelos amplos vitrais. Mas o que brilhava de forma quase cegante era uma linda pedra cinzenta, que parecia viva, engastada no centro de uma das peças que formavam a Armadura Dragão.

    — Majestade, tenha a certeza de que não poderia ter escolhido um presente melhor. Sou eternamente grato por este regalo que, sem dúvida, selará para sempre nossa amizade — agradeceu o príncipe, muito emocionado.

    — E agora nos retiramos até a hora da cerimônia, para que possam seguir com os preparativos — acrescentou o gigante em modo de despedida.

    — Não esperava reunir duas peças da armadura em apenas um dia. Só me falta recuperar o colar, encontrar o elmo que, segundo o Mago Branco, poderia estar nas arcas dos sombrios, e o anel com a peça azul que se encontra em um paradeiro desconhecido — comentou Syriel ao rei quando a régia família de convidados já tinha deixado a sala.

    — Pois mandarei imediatamente nosso governador em Barvian, para que localize essa peça e a faça chegar a nós — prometeu Gulrath. — Mas tenho um pressentimento de que algo mau acontecerá com relação a essa armadura.

    — Majestade, se a armadura pudesse ser destruída, eu o faria agora mesmo. O melhor é saber que ela está em segurança conosco — respondeu Syriel.

    — Espero que nunca nos arrependamos disso. Disponha da câmara mais reforçada das arcas reais para guardá-la — concluiu o rei.

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    O rei Gulrath ficou sozinho na sala, pensando, com semblante preocupado. A ameaça da armadura junto à traição de Baldia ocuparam toda sua atividade mental. Até lhe parecia perceber o perfume de sua esposa traidora.

    De repente, ela apareceu diante dele. A princípio, ele pensou que fosse uma alucinação, mas quando ela começou a falar, pôde perceber que era totalmente real.

    — Você não esperava que eu fosse perder o casamento de minha filha, não é? — inquiriu a rainha orc, enquanto se aproximava do rei.

    Gulrath levantou-se como se empurrado por um impulso e ficou pálido com a surpresa. A última coisa que esperava era que reaparecesse a astuciosa e malvada mulher com quem tinha compartilhado tantas coisas e tantos anos de reinado, tudo sem nem sequer suspeitar da traição perpetrada por ela.

    Baldia, em cujo peito brilhava o colar com a joia vermelha que roubou de Syriel, foi aproximando-se do rei como se quisesse abraçá-lo. Mas quando estava próxima o suficiente, brandiu um punhal que escondia em suas vestes e o cravou em cheio no peito do rei, bem no coração. Gulrath quis gritar para alertar aos guardas, mas já não podia fazer nada. Quando caiu ao chão pesadamente, já fazia alguns minutos que estava morto.

    Separador de parágrafos

    Os príncipes e o monarca humano saíram da sala, deixando a sós um rei pensativo. Jorion desculpou-se para se retirar e deixar a sós o casal.

    Os prometidos deram-se as mãos e se encaminharam para as dependências da princesa.

    — Falta pouco mais de uma hora, minha princesa. O vestido já está pronto? — perguntou o príncipe, com um olhar amoroso.

    — As damas estão fazendo os últimos retoques — respondeu Lirieth, correspondendo ao olhar.

    Pararam à porta da alcova da princesa. Syriel tomou o rosto dela entre suas mãos e a beijou longa e suavemente.

    — Não me faça esperar — pediu

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