Nguindu Za Nzenza - Lírica dos Desconhecidos: Lírica, #1
De J.M. Artur
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Sobre este e-book
O que esperar de um livro excepto a história? Nguindu za Nzenza – Lírica dos Desconhecidos é uma sinfonia de palavras e sentimentos que se misturam por intermédio de vários personagens que julgam ser os heróis de sua próprias estórias, mas que infelizmente não passam de vítimas do acaso, e das consequências acabam por transforma-los em figurantes de suas vidas. Se desejas surpreender-te sem prever o que te espera na próxima página, Leia o livro é divirta-se. Se achas que tua vida é cheia de azar, espere até conhecer os meus personagens.
"Nguindu Za Nzenza - Lírica dos Desconhecidos é uma misteriosa e fantástica aventura de ficção científica. Contada em vários pontos de vista, a obra de J.M. Artur incita curiosidade em cada capítulo com personagens enigmáticos, e um enredo que exige atenção redobrada aos detalhes porque está tudo interligado. A medida que a estória progride o universo expande e mais personagens — aparentemente aleatórios — aparecem, Nguindu Za Nzenza - Lírica dos Desconhecidos mostra de maneira bela que nem tudo é o que parece. Amantes de mistério, fantasia, e ficção científica vão engolir esse livro. Uma dica, prestem atenção nas datas."
— Hergy Tomatala
autor de Semente das Almas
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Nguindu Za Nzenza - Lírica dos Desconhecidos - J.M. Artur
SUMÁRIO
25 DE JANEIRO DE 2010
22 DE JUNHO DE 2055
5 DE FEVEREIRO DE 2010
5 DE FEVEREIRO DE 2010
5 DE MAIO DE 2015
5 DE MAIO DE 2019
15 DE NOVEMBRO DE 1987
4 DE ABRIL DE 2015
6 DE MAIO DE 2019
22 DE JUNHO DE 2055
1 DE ABRIL DE 2010
10 DE MAIO DE 2019
14 DE JULHO DE 2061
10 DE MAIO DE 2057
01 DE JUNHO DE 2060
10 DE MAIO DE 2019
25 DE AGOSTO DE 2020
11 DE MAIO DE 2019
02 DE JUNHO DE 2060
22 DE MAIO DE 2019
22 DE MAIO DE 2019
01 DE JULHO DE 2019
22 DE MAIO DE 2019
2019 À 2023
20 DE DEZEMBRO DE 2023
NOTA DO AUTOR
AGRADECIMENTOS
CONTACTE J.M. ARTUR
SOBRE O AUTOR
"O
simples facto de observarmos os acontecimentos durante o experimento acaba por alterar o resultado final." Estas foram as palavras de um estudioso e cientista muito famoso. Estas palavras sempre ressoaram em minha cabeça e talvez a minha inexperiência ou até a própria estupidez não me permitiam ver a veracidade nelas.
Ele falava ao aproximar-se da mesa do bar, enquanto os dois homens sentados com semblante sérios. Usava uma máscara tradicional africana vestido com roupas africanas feita com o pano da samacaca.
Ele tinha 1.80 metros de altura e segurava uma navalha em sua mão direita, o outro estava vestido com uma armadura tecnológica avançada parecia um guerreiro ninja futurista, enquanto o Sr. Moxico vestido de barman servia as bebida sorrindo, e com muito sangue em suas mãos.
O clima estava pesado.
— Atrasado como sempre Red Coelho — disse Sr. Musakidí.
— Só estávamos a tua espera pai — disse o imperador enquanto sorria.
Ele continuou a falar enquanto se aproximava da mesa do bar, e a partir das janelas enormes na fachada principal podia se ver o mundo em caos, pessoas a lutarem contra mutantes, soldados a dispararem em todas as partes, edifícios a serem destruídos, mulheres a serem violadas no meio da rua, crianças a chorarem, fogo em todo os lados, tiros, carros a baterem uns contra outros, e o céu todo vermelho.
Enquanto sorria, vestido com um fato luxuoso com bordas sujas com vermelho de sangue que logo de vista não era dele carregando uma cabeça em seu braço, e usando uma máscara de coelho em formato de capacete com luzes vermelhas a saírem dos olhos da máscara, ele sentou, e o barman serviu um copo de gin.
Ele tirou a máscara e suspirou.
Meu nome é Jack, Marcelo, Nzeto ou Kinda... sei lá, acho que no fim desta jornada, nomes são o que menos importam....Importava? Todavia, o tempo torna-se confuso quando se mexe com paradoxos.
Por onde devo começar a contar a minha história? Eu sei que neste momento não fazes a mínima ideia de quem sou, já te conto. Primeiro deixa-me terminar a minha bebida.
Angola, país onde nasci, quente como inferno, parte da África subsaariana. Por sorte fomos abençoados com riquezas inimagináveis, juntamente com uma estupidez de dar dó. Depois dos conflitos civis que ocorreram no meu país de 1961 à 1974, em Junho de 1995 a minha mãe deu a luz.
Ao contrário do anúncio do nascimento do rei na pedra do reino, o meu procedeu apenas de dor, sofrimento, e do azar de ter nascido em Luanda, palco do meu show.
Só para esclarecer, eu nunca vi a porra de um elefante! Não sei por quê as outras pessoas de outros continentes pensam que todo africano vive rodeado de animais selvagens — embora nós os africanos temos a tendência a agir como uns.
Épocas em 2005 depois surgiu o tempo do kwanza burro
, marcado pelo fim do conflito civil dentro do território nacional através de um tratado em 2001, mas por outro lado, aconteceu uma invasão de escolas privadas.
É como axioma devido a guerra, Luanda foi tomada pelo êxodo rural, e uma grande migração dos povos que provocou a criação de vários bairros informais, verdadeiros guetos e musseques.
Na comuna de Cacuaco, posteriormente transformada em município, a escola onde estudei naquela época ficava no meio de dois bairros com populações inimigas
, a Ecocampo e a Vila. E naquela altura, a minha escola era a mais cobiçada. Todos que tinham a possibilidade económica alta ou média matriculavam os seus filhos nela.
No princípio, eram mil maravilhas, e com muitos amigos, isso até a 5ª classe quando eventualmente os meus amigos e conhecidos abandonaram a escola e deixaram-me a mercê dos leões famintos. Por alguma razão todos nós criamos um sentimento de apropriação aos nossos bairros, e por isso inimigos do bairro eram meus inimigos também. No entanto, o meu azar é que eu era quase sempre o último a sobrar na escola para representar o bairro, e tu sabes o que isso significa. Sim, isso mesmo que pensaste, era a vítima favorita da escola inteira.
A minha autoestima era uma lástima.
Foi um ano depois quando entrei na minha nova turma que conheci o meu primeiro amor, ela era esplêndida, linda, cor de chocolate, com um belo sorriso, muito inteligente, popular, com mais ou menos 1.70m de altura, corpo mais esculpido que a Mwananpô. Eu amo chocolate, então só pensava em ficar com ela, comê-la todos os santos os dias, e apesar de fazê-lo com os olhos dia após dia até hoje consigo sentir o seu cheiro.
Mas visto que o destino aparenta possuir um sentido de humor muito negro, acabei por descobrir que ela tinha namorado, e como um clássico romance estudantil ele era o maior idiota e valentão da escola.
Fazia parte da malta que mais batia os alunos e era o líder. Para ser sincero não sei o que ela via naquele gajo, pois passava o dia a conversar sobre jogo, mulheres, batia no rabo das meninas, consumia álcool, e o pior de tudo, passava a tarde toda a dançar kuduro com o seu grupo, o que para ser justo não era nem um pouco atraente.
Anos se passaram e por sorte a rivalidade entre os bairros terminou. Acabei por me enturmar, apesar de sido um dos mais ridicularizados — sim, eu disse um dos
, — pois por alguma razão ainda existiam pessoas piores do que eu, porém, por possuir mais aptidão no desenho e conseguir manter-me na média das notas, comecei a andar com o grupo dos nerds.
Veio a primavera e a 8ª classe. Nela os desportistas e nerds dominavam na escola. Das duas uma facções, tinhas que ser forte o bastante para aguentar uma luta ou inteligente o bastante para ser um dos nerds e todos queriam estar contigo.
O meu grupo era equilibrado, tinha o Lútio e o Stevy, os mais inteligentes; o Lídio, o desportista que por sua vez andava com o Fábio; o Fábio que só estava ali por causa do Lídio; os irmãos Kilunda — os ricos, — e eu, o deprimido, meio esquisito que gostava de rock. Porém, era tímido.
No fim do último trimestre, o Lútio teve a brilhante ideia de fazer uma roda para falar das raparigas que cada um de nós gostava. Todos disseram as suas e eu como último revelei que a minha escolha era a Harisea. Eu — estúpido e inocente — sem saber que o Lídio era amigo dela e tinha pouca coisa dentro da cabeça espalharia que eu a amava. A partir daquela data havia me transformado no idiota da sala e tinha sido rejeitado sem ao menos ter tentado.
Trágico.
No nono e último ano do ensino fundamental ganhei coragem e confessei os meus sentimentos para a Harisea, recebendo como resposta é tarde, se ao menos tivesses dito mais cedo talvez as coisas seriam diferentes
e estas palavras destruíram o meu coração, principalmente devido calor do meio-dia.
No ensino médio, por alguma razão sobrenatural — ou puberdade descontrolada — ganhei um corpo totalmente atlético, e a minha nova escola era uma típica escola pública angolana, com professores autoritários, corrupção, diretores que passam mais tempos atrás dos alunos, uma verdadeira selva deixada a sobrevivência, e para terminar era isolada da civilização.
O acesso era quase impossível via transporte público, visto que a estrada não chegava até a escola. Era necessário fazer o resto do percurso a pé entre as estradas de terra batida até as grandes paredes de betão cinza.
Uma autêntica prisão de conhecimento.
25 DE JANEIRO DE 2010
Dia de inscrição na escola
S
ol escaldante, paragem de táxi cheia de pessoas, subi num típico táxi azul e branco que mais parecia uma van com lotação acima do permitido, com cobradores que mais pareciam mágicos — porque em assentos de 4 lugares conseguiam pôr seis pessoas com o seu famoso emagrece se não vais ter que descer
— e como se não bastasse, geralmente o ar-condicionado estava desligado, — isso se tivesse um — o que transformava aquilo numa sauna com cheiros desagradáveis.
Cheguei na escola, vi montes de jovens com caras de criminosos, e outros que mais pareciam adultos de 30 anos. Surgiu um segurança a anunciar o início do processo de inscrição.
Uma fila única é criada e todos os pertences ou coisas afiadas ficavam na porta; depois disso fui conduzido até uma janela para entregar os documentos assinados e para a minha sorte infeliz apareceu um velho que ofendeu a