Aqui jazem romances

De Eduardo Frota

Nem poesia, nem conto. Um livro de parágrafos. Histórias que poderiam dar em algum lugar, mas se encerram no limite que o primeiro parágrafo impõe. Lugares, impasses e personagens que poderiam se desenvolver e ganhar as páginas, mas deixam de existir em poucas linhas. O livro traz as atrocidades e a ousadia de Eduardo Frota, jornalista formado pela PUC-Rio que espera, um dia, quem sabe, acabar de escrever um romance.

• Idioma: Português
• Editora: Jaguatirica
• Data de lançamento: 31 de mar. de 2022
• ISBN: 9788556620613

Eduardo Frota

Desprazer! Meu nome é Eduardo Frota. Sou jornalista formado pela PUC-Rio, o que custou à família alguns trocados. Repeti a primeira série do segundo grau no Colégio Teresiano, instituição religiosa que detém o crédito por ter me tornado descrente. Fiz cursos de extensão em Marketing que nunca me acrescentaram nada profissionalmente. Como os antigos gregos, resolvi aproveitar o ócio para estudar Filosofia. Não deu certo e precisei trancar a matrícula. Trabalhei em diversos lugares, em diversas funções, diversas vezes. Desde o dia em que entendi a questão da náusea em Sartre, tento escrever um romance. Ainda não foi desta vez. Vocês entenderão ao ler o livro 'Aqui jazem romances'.

Pré-visualização do livro

Créditos

© Jaguatirica 2017

Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida

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prévia e por escrito da editora e do autor.

editora Paula Cajaty

capa 54

d

esign

imagem de capa Beto Roma

modelo Jeyce Valente

diagramação Nathalia Amaral

revisão Novinsky Guinsburg Serviços Editoriais

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Sindicato Nacional dos Editores de Livros,

rj

isbn

978-85-5662-061-3

Jaguatirica

rua da Quitanda, 86, 2º andar, Centro

20091-902 Rio de Janeiro

rj

tel. [21] 4141-5145

[e-mail]

editorajaguatirica.com.br

Dedicatória

Para minha querida filha, Duda, que um dia vai ficar mais velha e, finalmente, poderá ler todas

estas atrocidades que o pai dela escreveu.

Para minha querida esposa, Elaine, que sempre apoiou e esteve ao lado de um marido que escreveu

todas estas atrocidades.

Para minha querida família,

cujo amor transcende as atrocidades.

Agradecimentos

A publicação deste livro saiu do plano das ideias graças à generosidade e ao carinho de muitas pessoas que contribuíram espontaneamente, cada uma com o que foi possível – senão com quantias em dinheiro, com valorosos conselhos e palavras de apoio. Todos têm lugar cativo no meu coração, mas agora com escritura oficial. Muito obrigado, Andreia Leida, Derek Corrêa,Beto Roma, Camila Delamônica, Larissa Arantes, André Mizarela, Fernanda Jaguaribe, Pedro Moreira, Rafaella Leme, Felipe Jaguaribe, Monica Muylaert, Renata Barros, Bernardo Solon, Giovana Gigliozzi, Daniel Vidal, Bruno Siqueira, Angelina Regina, Márcio Silva, Guilherme Howat, Jananda Lima, Janaina Linhares, Luan Muniz, Vera Dodsworth, Silvio Jablonski, Patricia Dodsworth, Gisele Porto, Maria Bessa, Lilian Matos, L.C. Delamônica, Tania Almeida, Jaqueline Cunha, Cecilia Einsfeld, João Figueiredo, Clea da Frota Moreira, Manoel Pedro Moreira, Osni Freire, Maria Cunha, Sonia Frota, João Guilherme Guerra, Pedro Labandeira, David Obadia, Felipe Lyra, Daniel Gontijo, Marcela Prior, Nirley Calleia Fontes, Viviane Feijó, Barbara Andersen, Leonardo Muylaert, Ana Isabel Cunha, Silvia Borboleta, Mariana Queiroz, Patricia Vidal, Pacha Urbano e Jeyce Valente.

Epígrafe

Ouso abrir meu livro de parágrafos citando

um grande autor em apenas uma frase:

Um escritor é alguém que ensinou

a sua própria mente a se comportar mal.

– Oscar Wilde

Neisseria gonorrhoeae

Ela não queria me dar, de jeito nenhum. E aqui não tem metáfora, de jeito nenhum. Ela não queria me dar isso mesmo que você deve ter pensado quando leu a primeira frase do parágrafo: a boceta. Só deixava penetrar os dedos médio e indicador, juntos, untados com cuspe. Eu insistia, insistia, insistia. Nem uma chupadinha ela deixava, de jeito nenhum. Até que uma noite ela bebeu, sem saber, um sonífero. Foi tiro e queda: trinta minutos depois lá estava eu com o meu membro dentro dela, em movimentos rápidos de ida e volta. Um mês depois, acordei com sensação de queimação ao urinar, uma descamação amarelada no pênis e os testículos doloridos. Descobri que o que a filha da puta tinha não era pudor. Era gonorreia.

Catarina

Catarina trabalha no caixa de um banco. Suja as pontas dos dedos ao manusear dinheiro. Escuta os lamentos das pessoas que pagam impostos, contas, multas. Pessoas que fazem depósitos e transferências. Catarina, não parece, vai à praia. Tem uma fina marca de biquíni nos ombros, à mostra pela gola larga. Escuta impropérios, nomes feios, palavras de baixo calão. Por causa de fila, erros e desentendimentos, Catarina se estressa com o estresse dos outros. Porém, mantém o cabelo preso em um coque simples que deixa uma mecha cair sobre o flanco de um dos olhos castanhos escuros. Catarina, não parece, usa maquiagem quando sai à noite. E respira fundo, conta até 10, tenta organizar o atendimento. Catarina sorri amarelo de escárnio, vez em quando de sarcasmo. Catarina não sabe, mas poderia desarmar o rancor alheio. Catarina, não parece, ou parece não ter certeza, tem seu charme.

Miss you

A décima