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Por Amor à Criança
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E-book107 páginas1 hora

Por Amor à Criança

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Sobre este e-book

Por Amor à Criança

Uma garota desesperada presa em um Lar para Mães e Bebês na Inglaterra dos anos 60 luta para manter sua criança.

Uma idosa ouve uma música tocar na rádio e se lembra da traição de seu feto.

Uma menina desaparece em outro mundo e sua família faz de tudo para encontrá-la.

Uma mãe presencia seu filho navegar para a morte certa e jura vingança.

Um jovem volta para a Espanha devastada pela guerra para salvar sua amada e a filha que ela lutou para proteger.

Há várias formas de amor materno.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento19 de jan. de 2020
ISBN9781071528365
Por Amor à Criança

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    Por Amor à Criança - Jenny Twist

    Nós que contamos histórias sabemos que ganhamos a vida mentindo. Mas algumas boas mentiras dizem verdades, e devemos aos nossos leitores construí-las do melhor jeito que podermos. Porque em algum lugar lá fora há alguém que precisa dessa história. Alguém que crescerá com um panorama diferente, que sem essas histórias, será uma pessoa diferente. E nessa história encontrará esperança, ou sabedoria, ou bondade, ou consolo. E é por isso que escrevemos 

     Neil Gaiman, O Livro do Cemitério

    As filhas da Esperança

    Eles vieram buscar o bebê de Hilary no domingo de manhã.

    Ginny e as outras assistiram da janela do segundo andar quando o carro estacionou e um casal saiu de dentro. Eles tinham meia-idade − quase a mesma idade dos próprios pais de Ginny −  e estavam bem vestidos, a mulher vestia um traje azul com um sobretudo combinando. Ela parecia nervosa e arrumou suas roupas, puxando a bainha da saia e dando batidinhas de leve no chapéu; então se virou para seu marido e ajeitou superficialmente sua vestimenta. Ele sorriu para ela e pegou seu braço, entrelaçando-o com o dele, em seguida, subiram os degraus.

    A gritaria começou alguns momentos depois — Hilary lutando por seu bebê. Pôde-se ouvir barulho de briga. Ela deveria estar chutando, talvez acertando a mobília Talvez acertando alguém da equipe. Isso seria bom.

    As garotas se entreolharam e uma corrente de medo passou entre elas. Logo, se viraram uma de cada vez, e olharam para a pequena Susie Wilson. Ela estava chorando silenciosamente, lágrimas despercebidas escorrendo por sua bochecha enquanto balançava seu bebê. Duas das garotas se aproximaram dela e a abraçaram. A próxima seria Susie. Seu bebê tinha quase cinco semanas de vida. Eles os levavam quando completavam seis semanas.

    Pobre pequena Susie. Tinha apenas onze anos. Qual chance tinha de manter seu bebê? Ela mal conseguia trabalhar e sustentá-lo. E o que a esperava quando chegava a casa? Sua péssima mãe, que deveria saber o que estava acontecendo, mas fazia vista grossa. Susie disse que aconteceu por anos, desde que o namorado de sua mãe foi morar com elas. Quando ficou óbvio que estava grávida, sua mãe a culpou, dizendo que ela o seduziu. Pobre pequena Susie. Todos pensavam nela assim, não apenas Susie, sempre pobre pequena Susie.

    A equipe a tratava com o mesmo desdém que tratava as outras, embora não fosse sua culpa o fato que seu padrasto tirou vantagem dela. Era assim que se referiam ao acontecido  − tirou vantagem dela − não estuprou, o que seria uma descrição mais honesta. Eles iam buscar seu bebê na próxima semana porque ela não tinha para onde ir e ninguém para defendê-la. O que aconteceria se voltasse para a casa com sua mãe a culpando por seduzir seu namorado? Bem, pelo menos ela não seria mais abusada por ele. Não em um futuro próximo. Ele estava preso. Sua mãe a culpava por isso também.

    O coração de Ginny doía pela pobre pequena Susie.

    Mas eu posso fazer algo, pensou Ginny, apertando sua própria barriga inchada, Eu sou jovem, forte e esperta. Eu vou sair daqui e levar meu bebê comigo.

    Ela já pensava sobre esse problema há meses. Sua experiência em casa foi ruim o suficiente. Os ataques de nervo de sua mãe quando não pôde mais esconder a gravidez. O desgosto de seu pai. Mas esse lugar! Esse lugar era o inferno na terra! As garotas eram tratadas como criminosas. Tinham que realizar tarefas humilhantes e desnecessárias. Tinham que deixar os bebês em seus carrinhos no lado de fora por um longo período de tempo porque pensavam que o ar fresco era bom pra eles, ou, como Ginny pensava, era bom para fazer as mães sofrerem, não as deixando ficarem com seus bebês quando já tinham pouco tempo juntos. Não eu!" pensou ela, cruzando os braços de modo protetor sobre sua barriga e se balançando, Eu não voltarei para esse lugar depois que meu bebê nascer.

    O barulho no andar debaixo cessou, os gritos viraram choro. Um pavoroso lamento de desespero. Inferno na terra! pensou Ginny. Se esse não é o som de uma alma no inferno, eu não sei o que é.

    Do lado de fora, o casal ressurgiu e desceu os degraus. A mulher segurando o bebê de Hilary, indiferente aos gritos dilacerantes da mãe.

    Desgraçados! — disse Verônica, e as garotas se viraram para ela, chocadas pelo uso da palavra. Verônica, impenitente, segurou seu bebê perto de si. Eles não levarão o meu.

    Susie olhou para ela com uma pequena esperança em seus olhos. Como você vai pará-los?

    Não sei, disse Verônica. Mas vou pensar em alguma coisa.

    Susie abaixou a cabeça e voltou a chorar silenciosamente.

    Ginny havia pensado bastante sobre o assunto. Mesmo se ela tivesse algum lugar para ir, o que não tinha, escapar seria muito difícil. Esse lugar era como uma prisão, com muros altos e um portão trancado. Impossível sair quando se está nas últimas fases da gestação.

    E para onde ir? Seus pais tinham deixado claro que ela não era bem-vinda na casa deles. Eles nem chegaram a visitá-la desde que ela chegou ali. Ela suspeita que seja por causa do pai. Sua mãe provavelmente ficaria mais compreensível à situação assim que superasse o terror de enfrentar os vizinhos. Mas seu pai? Não, ele nunca a perdoaria pela vergonha que trouxe a ele. Sua queria filha — nada além de uma vadia.

    Ela teria que fazer isso sozinha. Ela tinha dinheiro guardado. Muito dinheiro, na verdade. Ela sempre foi econômica, guardando todo dinheiro que ganhava de presente, e quando começou a trabalhar, guardou quase todo seu salário por um ano. Ela trabalhou como assistente administrativa na fábrica de asbestos, ganhando quatro libras e dez xelins por semana, o que era um bom salário para alguém que abandonou a escola. Ela dava duas libras por semana para sua mãe, separava dez xelins para pagar a passagem de ônibus e aplicava na poupança o valor restante.

    Ela não tocou no dinheiro, exceto para comprar algumas coisas para o feriado do ano passado — um lindo vestido verde escuro com uma saia curta ousada e um biquíni rosa ainda mais ousado. Ela sorriu com a lembrança. Júlia a ajudou a escolher as roupas. Foram suas primeiras roupas que não vieram da cooperativa. Sua mãe normalmente gasta seu dividendo da cooperativa em roupas para ela e para Ginny. Ela quase nunca ganhava roupas novas de outra forma. Seus pais não eram afortunados.

    Ela suspirou. Onde estava Júlia agora, quando ela realmente precisava dela?

    Júlia era sua melhor amiga na escola. Elas naturalmente se aproximaram porque eram as mais espertas. Ginny não fez amizades no ensino fundamental, a não ser que considere os professores. Ninguém gosta de uma menina esperta. Mas, sem seu conhecimento, Sra. Dobson havia conseguido um programa de bolsa para ela em Winston Grange. Sua mãe ficou muito animada e orgulhosa quando lhe foi concedida uma subvenção, mas seu pai ficou furioso. Olhe! dizia ele, balançando o pedaço de papel. Uma túnica, um blazer, uma gravata, um chapéu, três blusas brancas, duas blusas de ginástica de algodão, dois shorts azul-marinho, cinco calças azul-marinho, cinco pares de meias brancas, um- Ele interrompeu. Só Deus sabe quanto isso vai custar!

    Sua mãe tirou o papel da mão dele. Deixe comigo. disse ela. "Eu

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