Sintomas: Breves ensaios sobre uma sociedade desorientada
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Sintomas - Alan Rangel Barbosa
assimilada.
AOS FUTUROS AMANTES
Everton Nery Carneiro1
Há muitas maneiras de prefaciar um livro e, seja qual for a maneira, o que se coloca em curso é um presentear que acontece em mão dupla, em reciprocidade. Algo da esfera em que o presenteado e o presenteador se encontram, entendendo que tanto um como o outro estão em cada um, inexistindo a possibilidade de tão somente um ser presenteador ou ser presenteado. Nessa perspectiva, quem presenteia também é presenteado. Generosidade e gratidão estão ocorrendo sem separação. Há o presente de oferecer, há também o presente em receber. A obra presente tem por título: Sintomas: breves ensaios sobre uma sociedade desorientada
.
Na dimensão de sintomas e ensaios, acontece aqui uma cerimônia, e esta é recheada de simplicidade e complexidade. A simplicidade de cada um dos envolvidos, a complexidade do envolvimento. A simplicidade daqueles que escrevem e também dos seus escritos, juntos as complexidades daqueles que escrevem e também dos seus escritos. Escritores e escritos que não estão em separado, tanto nas suas simplicidades como também nas suas complexidades, e tudo isso reunido num grande presentear.
Esse presentear é da esfera do mítico e Emanuel Carneiro Leão assim afirma:
Toda obra é mítica por ter a vida própria do pensamento, a vida da vida; por alcançar suficiente autonomia a ponto de desligar-se da biografia de indivíduos e da história de comunidades; por transcender para a universalidade da vida de todos os homens, para aquela vida, donde no momento oportuno ela mesma assomou a fim de concretizar-se numa história humana.
Assim nos remetemos à obra desses três autores: uma obra mítica na contemporaneidade, posto que toda obra é mítica e esse livro trata justamente da vida na vida. Faz isso ao abordar a entrada na academia, sendo esta um espaço crítico, reflexivo em que a doxa (opinião) é superada via a episteme (conhecimento). Este par não é trabalhado de forma isolada nos textos desta obra, mas articulados pelo caminho da superação dialética dessa construção. A psicanálise é convocada para essa aquerela e ela se faz presente, sendo que a crítica realizada pela psicanálise vai além da crítica parcial, direcionada ao que convém; ela vai além do fenômeno que se mostra, buscando problematizar não apenas o que incomoda, mas também uma crítica ligada ao que se ama, mesmo que essa crítica provoque alterações na dita normalidade.
O prefaciar é um convite a uma relação amorosa. Prefácio e texto são futuros amantes, desses que se deixam ocupar por inúmeros leitores, que, com seus escafandros, mergulham no texto sem qualquer pretexto. Vamos fazer um exercício livre no prefácio desse livro, em que livre-livro esteja em parceria com livro-livre. Presenteador e presenteado em um só, estando livres! Eis uma relação de amor, em que Eros se faz presente de forma intensa, num presentear de um texto que aponta para uma imagem construída do amor e que, segundo Thiago Pinho, ao citar Freud, tomao desejo colocado em oposição ao sexo, citando o exemplo das músicas de MPB e das novelas como construtoras do amor branco
e puro que repele o desejo desse amor, e dos filmes pornôs que repelem a questão amorosa do desejo. Seja como, segundo Espinoza: [...]
sémen expelido, o sangue menstrual, o desejo descontrolado e embaraçoso estão apontando o mundo como algo, um espaço onde não podemos negar a parte do mundo que não é conveniente a nós, de forma que conviver com as duas esferas, segundo o autor, não é fácil, mas o prudente. O mistério do mundo não nos cabe explicar, mas tão somente conviver. Então
Isso é o que você quer, mas o que você deseja? Thiago Pinhofaz essa aventura ao chamar atenção para as camadas implícitas na linguagem que, na psicanálise, vai além da função de descrição e comunicação, envolvendo o sujeito e seu mundo. Por trás do que se acredita ser uma frase inocente esconde-se duas categorias importantes: o que se
quer e o que se
deseja. Nosso autor descreve o que se
quer como uma categoria explícita, o que está escrito ou dito. Já o que se
deseja é voltado para o inconsciente, o não visto em um olhar superficial. Desta forma a linguagem, segundo o autor,
não é algo simples, linear, mas carrega um universo inteiro dentro de si, um pacote de afetos contraditórios, estranhos e inconvenientes."
Então, precisamos do divã, e o conservador para lá vai. Thiago Pinho faz aproximações entre elementos da psicanálise como forma de enxergar o conservadorismo (ético), propondo assim outras formas de luta que fujam do embate direto e que alimentam o ódio, acrescentando mais polarização e dualismo. Ele nos convida a sair da esfera em que o conservador (ético) é visto como uma pessoa com um problema de carácter, algum desvio, talvez até com algum traço de escolha, ou seja, um tipo de esforço consciente realizado por pessoas malvadas
e enxergar na perspectiva de uma análise da psicanálise onde pode ser visto também como um problema de circunstância, um deslize do corpo, uma atrofia, ou seja, um sintoma.
Esta atrofia é desenvolvida a partir de um momento de desespero e fortes crises. Esta estratégia acaba demandando uma escuta cuidadosa, tendo o silêncio como postura para a criação de novas estratégias e alternativas. Essa abordagem abriria um momento não de verdades prontas e concebidas de maneira dogmática, mas a possibilidade de encontrar suas falhas e deslizes para, a partir disso, perceber novas perspectivas, novos olhares ao seu redor. E é importante ressaltar que ao se abrir para novos olhares, para o olhar, se é simultaneamente olhado.
Esse olhar e ser olhado pode ser feito via um relacionamento sério com o celular? A autora Sarah Ferraz aborda o uso exacerbado do aparelho celular, trazendo dados que apontam que existem 7 bilhões de aparelhos no mundo, quase chegando aos 7,5 bilhões de habitantes do planeta. A partir desses dados ela ressalta que quase toda população mundial está conectada e, com essa nova geração (de dez anos para cá), existem aqueles que desconhecem a vida sem celular e assim vem a dependência desse aparelho. Essa dependência já tem alguns nomes, são eles: Nomofobia que "vem do inglês no mobile e faz referência à angústia, pra não dizer abstinência", ou seja, a sensação de utilização do celular se assemelha ao que um viciado em substâncias psicoativas sente quando as usa. As consequências vão de atrasos até a procrastinação de tarefas importantes. Outra fobia atrelada ao aparelho celular é o FoMO (Fearofmissing out), ou seja, medo de ficar por fora. Nesta fobia, o indivíduo usa como parâmetro para sua vida o que os seus amigos virtuais colocam em suas redes, causando assim a sensação de que a grama do vizinho seria mais verde. Essa perspectiva instaura uma nova forma de sofrimento
, causando uma baixa autoestima, ao ver que o outro transparece maior felicidade. Além desse fato, tudo isso pode progredir para níveis elevados de ansiedade e depressão.
O texto de Sarah Ferraz capta a identidade do sujeito contemporâneo. O convite que nos faz é do uso consciente deste aparelho, ou seja, um relacionamento sério com ele, em que nós somos o sujeito e ele, o objeto, reconhecendo que do outro lado da linha existe outro sujeito. Ele nos chama assim para um olhar em reciprocidade, responsabilidade e cumplicidade, ou seja, uma relação EU-TU, em que o outro jamais pode ser reificado.
Não estamos livres disso, pois Thiago Pinho chama atenção para um mundo paralelo criado no Facebook, um mundo que representa a minha imagem e semelhança, um mundo previsível, sem riscos ou surpresas. O Facebook torna-se um espaço conveniente, um lugar onde a minha narrativa é criada a partir do que eu quero, na medida do que eu escolho.
O algoritmo utilizado pelo Facebook atualmente não é algo novo, visto que desde sempre escolhemos os grupos ao qual queremos fazer parte e as notícias que queremos ter acesso, porém, no cotidiano, sempre surgem frustrações diante dessas escolhas, indo além do que queremos. No mundo do Facebook, mundo da opinião (doxa), mundo que possibilita a criação de verdades absolutas gestadas e vividas por nós mesmos, estamos longe do diálogo existente diante do acaso, das rupturas, das crises, nos negando assim a possibilidade de criar, de sair de um paraíso metafísico e fazer um encontro espinoziano
. É nesse encontro que reina a pergunta: Quem somos nós?
Esse nós