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A Cruz Ansata
A Cruz Ansata
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E-book215 páginas2 horas

A Cruz Ansata

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Sobre este e-book

Num mundo de vingança, a falsidade e a amargura ressuscitam naquilo que eles pensavam ser a salvação. Remanescentes do culto Rosacruz causaram uma tragédia maior a si mesmos e àqueles que possuíam a ansata lendária, quando o seu ritual antigo corre terrivelmente mal...

Conheça Claudia, uma encarnação perfeita de uma adolescente feliz, que se esconde nessa maldição há alguns anos. A fim de superar a maldição, ela terá de aprender a dor do sacrifício, a agonia da perda, a tristeza da vergonha e o pior deles, toda a tortura do perdão...

IdiomaPortuguês
EditoraAyce Dez
Data de lançamento2 de mar. de 2020
ISBN9781071527627
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    A Cruz Ansata - Ayce Dez

    A CRUZ ANSATA

    Ayce Dez

    Prólogo

    ― Temos de completar o ritual para obter a imortalidade ― disse o homem que segurava um círculo vermelho nas mãos.

    Diante dele encontrava-se uma cruz ansata, que havia sido colocada no altar. Era um objeto de ouro de tamanho médio.

    ― Leia as instruções ― ordenou o homem, enquanto um outro homem vestido com um manto e segurando um pergaminho se aproximou para o ler.

    Culto Rosacruz

    A IMORTALIDADE POR ANSATA DA VIDA

    *Pegai numa criança virgem de cerca de 12 anos

    * Decapitai-a e colocai o seu sangue no copo da verdade

    * Rasgai o peito dela usando a adaga sacrificial

    * Retirai-lhe o coração e colocai o rubi no seu lugar para simbolizar a pureza

    *Colocai o rubi no orifício da ansata

    *Tomai um gole do sangue

    *Colocai a ansata na cabeça

    * Recitai o poema da morte

    Caso este ritual não seja realizado corretamente pode resultar na morte do último sacrifício depois de a maldição ocorrer

    O homem que segurava o rubi assentiu e virou-se lentamente, observando a pequena e magra rapariga a ser arrastada para a frente com uma fita adesiva a cobrir-lhe a boca.

    A menina tinha as mãos amarradas com um nó apertado que estava a fazer com que a corda lhe retalhasse a pele das mãos. Ela soluçava e as lágrimas escorriam-lhe pelas faces. Uma mulher vestida com uma túnica bateu-lhe na parte de trás dos joelhos fazendo que ela se ajoelhasse. Em seguida, segurou-lhe os cabelos para mostrar claramente o pescoço. Arrancou a fita da boca da menina, permitindo que ela arfasse e tossisse depois de ter estado a engasgar-se com as próprias lágrimas.

    ― O que estás a fazer, mãezinha? ― perguntou a menina. As lágrimas oprimiram a mãe fazendo-a remover o capuz para revelar o seu rosto.

    ― Tu disseste que querias que a mãezinha vivesse para sempre. Não te preocupes, isto é rápido e a mãezinha nunca morrerá ― respondeu a mãe, enxugando as lágrimas da filha.

    O homem poisou o pergaminho no chão. Sacou imediatamente de uma espada e, lentamente, cravou a espada com força na parte de trás do pescoço da menina. Ela estremeceu de dor e imediatamente a mãe puxou-lhe o cabelo para evitar que ela afastasse a cabeça e começasse a gritar pela mãe.

    O homem que segurava o rubi colocou um pé em cima das costas dela para a impedir de se mover e, finalmente, a sala ficou em silêncio enquanto a espada a trespassava totalmente e a mãe continuava a segurar-lhe a cabeça. Outro druida vindo lá de trás aproximou-se com uma taça revestida a ouro com alguns diamantes claros e brilhantes. Ergueu o corpo, puxando-o pelo ombro, e deixou o sangue jorrar no copo e encheu-o pela metade.

    ― Para a minha irmandade, para a imortalidade, para o meu culto Rosacruz ― sussurrou o idoso.

    Em seguida, apunhalou o cadáver no peito e ficou a observar o sangue a escorrer do ferimento. Depois introduziu as mãos no peito da menina e abriu-o ao meio, quebrando algumas costelas. Pegou no coração e usou a adaga assimétrica para cortar as artérias e as veias e observou o sangue a jorrar abundantemente. Pôs-se de pé, segurando o coração com as duas mãos. O homem com o rubi cravou a parte afiada do rubi através do coração, trespassando-o por completo, e até o rubi sair pelo outro lado.

    Depois introduziu o rubi na ansata e segurou-a ao alto. A ansata reluzia. Sorveu um pouco do sangue e passou a taça aos outros. Todos os druidas se ajoelharam, enquanto o homem que segurava a ansata se dirigiu à cabeça que havia sido colocada no altar.

    Antes que ele a pudesse poisar, um homem do grupo dos druidas pegou na adaga, apunhalou-o no pescoço e agarrou na ansata. Imediatamente, a ansata parou de brilhar e todos ofegaram enquanto outros levavam as mãos à sua própria cabeça.

    ― Imbecil! Condenaste-nos a todos! ― bradou a mãe do cadáver.

    O homem ignorou-a e lançou a ansata pela janela. Tentou escapar do grupo, mas estava cercado.

    ― Eu não tinha outra escolha. Ninguém merece tal poder ― declarou ele.

    De repente, foi agarrado e atirado para dentro de um quarto, onde foi apunhalado no braço e no estômago com os canivetes dos druidas, até que finalmente o deixaram lá trancado.

    Ele bradou e implorou, esmurrando a porta de metal, quando as criaturas lentamente começaram a alimentar-se dele, mas ele tinha de pagar o preço da traição, e o preço era a morte.

    Em menos de nada, a cabeça do cadáver uniu-se ao corpo. De súbito, deu-se um apagão e a menina desapareceu. Os rosacruzes presentes na sala sabiam que o fim deles estava próximo.

    Para a minha mãe, que sempre me apoiou, e para a minha querida irmã

    Capítulo 1

    ― Acorda, Claudia, são horas de ires para a escola.

    A voz doce da mãe ecoou na sua mente durante o seu sono profundo. Ela gemeu e puxou os cobertores mais para si, virando a cabeça para o outro lado. A porta abriu-se com um rangido e a mãe entrou lentamente no quarto. Em bicos de pés, dirigiu-se à cama da filha, sentou-se e sorriu à filha desobediente.

    ― Vá lá, querida, vais chegar atrasada ― insistiu, poisando suavemente a mão sobre o corpo da filha.

    Claudia sentou-se e viu imediatamente os olhos cor de avelã da mãe. Saiu da cama e arrastou-se até ao espelho. Observou a pele macia do seu rosto cor de chocolate – ela era linda. Usava uma camisola interior e uns calções verdes largos. Sobre o toucador encontravam-se as chaves do Ferrari que usaria para ir para a escola.

    A partir do quarto podia sentir o aroma hipnótico do seu pequeno-almoço preferido – bacon e ovos.

    Pegou no smartphone que estava em cima da mesa e, como habitualmente, encontrou milhares de mensagens de texto de todas as suas páginas sociais. Depois olhou para o papel de parede que era uma fotografia dos seus sete amigos mais chegados e o namorado. O ecrã apagou-se no momento em que a mãe lhe dava um beijo na face e saía do quarto. Claudia sentiu que aquele ia ser um primeiro dia de escola igual aos outros.

    ***

    ― A ranhosinha ainda está a dormir? ― bradou uma voz grosseira e mal-humorada na casa de aspeto decadente.

    A pintura da casa estava desgastada e tinha vários buracos nas paredes e no teto.

    ― Arnold, não podias ao menos ser um pouco gentil com ela? ― implorou de longe uma voz feminina tímida.

    A mulher caminhou em direção ao quarto ao lado, onde a filha dormia. Encontrou-a sentada a olhar para a parede branca, sem piscar ou mexer os seus olhos azuis. Tinha uma pele branca e pálida e longos cabelos negros, cujas pontas lhe chegavam às costas.

    ― Chelsea, estás bem? É o teu pai que te está a perturbar? ― perguntou-lhe a mãe.

    Chelsea demorou um pouco antes de mostrar qualquer emoção. A mãe sentou-se ao lado dela, poisando a palma da mão no edredom.

    ― Sinto falta do meu pai e da minha mãe. Tu não és minha mãe e o homem na sala de estar nunca será meu pai ― respondeu Chelsea procurando conter as lágrimas.

    Recordou-se daquele dia fatídico que a transformara numa órfã...

    Nesse dia, havia chegado a casa tarde, depois de ter estado na festa de uns amigos. Quando entrou em casa, estava à espera que lhe fosse dado o sermão habitual, mas quando entrou, a sua primeira reação foi de surpresa ao descobrir que a casa escura estava a ser iluminada por velas numa formação estelar.

    Em seguida, escutou o som de choro proveniente da sua mãe deitada no chão. A vela não mostrava uma imagem clara de quem era, mas ela sabia que era a mãe.

    ― Tu assinaste um acordo, Madame Chelsea ― recordou-lhe um homem de capa passando-lhe uma faca para a mão.

    ― Nós devíamos ajudar-te a libertar-te dos rufias em troca da vida da pessoa que mais amas ― prosseguiu o homem à medida que as lágrimas corriam lentamente pela face dela.

    O coração de Chelsea batia com força, inundado de culpa, tristeza e medo. Agachou-se ao lado da mãe, que tentou alcançar a sua face, mas não conseguiu devido às cordas que lhe amarravam os braços.

    ― Por... por..... Porquê Chelsea? Eu e o teu pai sempre te amámos ― sussurrou a mãe.

    Ela permaneceu em silêncio enquanto colocava a cabeça da mãe no regaço e olhava para os seus olhos com pena, pois podia ver claramente a luz das velas refletida nos seus olhos. Depois inclinou-se para lhe dar um abraço. À medida que rodeava o pescoço da mãe com a mão esquerda, cravou-lhe rapidamente a faca no pescoço com a mão direita. O grito foi substituído por um som de asfixia à medida que o sangue jorrava pelo ferimento e os seus olhos empalideceram antes de finalmente pararem de se mover. O cabelo loiro da mãe e as roupas estavam encharcados de sangue vermelho vivo.

    As velas apagaram-se e ela saiu da sala de estar e trancou-se no quarto para chorar até dormir. No dia seguinte, quando o pai acordou, encontrou o cadáver no meio da sala de estar na carpete. Ele sabia que iria ser considerado culpado pela morte dela.

    Decidiu então pegar numa faca da cozinha antes que a filha acordasse. Mal picara o pulso com a ponta da faca e já o pigmento vermelho – o sangue –formava uma pequena bolha. Então fechou os olhos e, em seguida, introduziu a faca no pulso e arrastou-a, aproximando-a do bíceps. Sentiu a mão dormente durante algum tempo e, de repente, sentiu uma dor insuportável. Ajoelhou-se ao lado da esposa antes de finalmente conseguir o seu desejo – a morte.

    — Cuidado com a língua! ― preveniu a mãe adotiva, afastando-a dos seus pensamentos. ― E porque é que nunca mudas de roupa como as outras raparigas? Porque é que não és como as outras raparigas? Usas a mesma joia sobre uma camisola de gola alta e um colete. Depois usas as mesmas calças de ganga velhas que usavas na primeira vez que chegaste aqui. As raparigas trocam de roupa! — admoestou a mãe.

    A única razão pela qual ElizaBeatrice adotara Chelsea era porque era estéril e sempre quisera ter um filho. O marido odiava crianças, mas decidira ceder às exigências da sua esposa por um filho.

    — Eu não sou como as outras raparigas — murmurou Chelsea. — Eu sou especial.

    ElizaBeatrice aproximou-se dela com a mente repleta de vários pensamentos.

    — O que faz de ti especial? — perguntou ElizaBeatrice sem perder o sorriso.

    — Eu sou a portadora da Ansata dos Rosacruzes — declarou Chelsea, enquanto a sua ElizaBeatrice ainda sorria.

    — E o que é o Rosacruz? — perguntou ElizaBeatrice, mantendo o tom de voz o mais calmo possível.

    — É o culto a que eu pertenço — respondeu Chelsea.

    ElizaBeatrice levantou-se e olhou para a filha adotiva. — Chega aqui! — pediu.

    Chelsea afastou os cobertores das pernas e começou a segurar a ansata que trazia pendurada ao pescoço. De repente, sentiu formigamentos gelados de dor depois de receber uma bofetada, cujo impacto a lançou ao chão e a deixou com linhas vermelhas nas suas faces.

    — Tu és uma rapariga comum com um comportamento estranho! Agora prepara-te para ires para a tua nova escola, o verão acabou — sibilou ElizaBeatrice saindo do quarto.

    — Está bem, ElizaBeatrice — aquiesceu Chelsea a chorar, procurando recompor-se

    Mais uma vez foi lançada ao chão com um pontapé no ombro. Em seguida, ElizaBeatrice puxou-a pelos cabelos enquanto a arrastava e batia com a cabeça dela no chão várias vezes.

    — Eu já te disse muitas vezes que deves chamar-me mãe! — rosnou ElizaBeatrice cuspindo em cima de Chelsea. Em seguida, saiu do quarto batendo com a porta.

    Chelsea tirou um medalhão do bolso de trás e abriu-o para dar uma olhadela às pessoas que enganara e a fizeram viver para se arrepender disso (os seus pais).

    ***

    O Ferrari de Claudia rugiu quando ela entrou no estacionamento da escola.

    — Eu venho de bicicleta e tu vens num Ferrari, a vida é totalmente injusta — zombou o namorado.

    — Devo ignorar o Porsche preto estacionado atrás de ti? — perguntou ela, enquanto abraçava o namorado, Ron, que estava a rir timidamente.

    Nesse momento, juntaram-se a eles três raparigas e quatro rapazes.

    — Vocês pombinhos dão-me vómitos — disse um dos rapazes por entre risadinhas abafadas.

    — Vamos entrar, senti saudades desta prisão — disse uma das raparigas, tirando óculos de sol.

    Ela usava uma saia que mal lhe chegava aos joelhos e lhe expunha claramente as coxas. Também usava um top bem curtinho. Entraram na escola e, como de costume, todas as cabeças se viraram para os observar. Todos se reuniram para os receber e fizeram várias perguntas sobre como tinham sido as férias deles, para que pudessem conversar sobre isso o dia todo.

    Para eles, isto era normal. Afinal, eles eram os miúdos mais populares da escola.

    ***

    Ela encaminhou-se lentamente para a escola enquanto olhava para a mão fechada. Na mão, tinha 10 dólares, que era para comprar o almoço e para qualquer outra necessidade que tivesse durante aquela semana. Transportava uma mochila que continha um iogurte fora de prazo e uma sanduíche azeda. Também tinha um pergaminho e um livro, ambos antigos.

    Depois de uma caminhada de cerca de vinte minutos, finalmente chegou à escola. Olhou em volta, familiarizando-se com o novo ambiente. Entrou na escola e mal viu uma rapariga a conversar com muitas outras pessoas ao seu redor, desejou imediatamente algo dela: a sua amizade.

    Capítulo 2

    A campainha tocou e todos começaram a dispersar-se e a afastar-se de Claudia. Quando esta abriu o armário para retirar alguns livros, Chelsea viu a oportunidade de se apresentar e caminhou na direção dela.

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