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Pesquisa em Psicanálise: Algumas Produções
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E-book170 páginas2 horas

Pesquisa em Psicanálise: Algumas Produções

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Sobre este e-book

Pesquisa em psicanálise: algumas produções reúne trabalhos orientados ou realizados por Isalena Santos Carvalho e Valéria Maia Lameira, da Universidade Federal do Maranhão. Como docentes de graduação e pós-graduação em Psicologia e integrantes do grupo de pesquisa "Transmissão da clínica psicanalítica" (CNPq), a proposta do livro assenta-se na publicação de manuscritos inéditos decorrentes de monografias de conclusão do curso, dissertações e trabalhos finais de disciplinas. O intuito é fazer circular algumas produções em psicanálise desenvolvidas no Maranhão.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de abr. de 2020
ISBN9788547337216
Pesquisa em Psicanálise: Algumas Produções

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    Pesquisa em Psicanálise - Isalena Santos Carvalho

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSI

    Dedicamos a Caleb, a Ignácio e a Arthur, que nasceram durante

    o percurso de publicação desta obra.

    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos ao Departamento de Psicologia da UFMA, pelo empenho e dedicação de seus professores em prol um ensino público e de qualidade, e aos autores dos capítulos, por apostarem junto conosco na produção deste livro.

    Para começar, direi que não se trata de uma dificuldade intelectual, de algo que torne a psicanálise difícil de ser entendida pelo ouvinte ou pelo leitor, mas de uma dificuldade afetiva – alguma coisa que aliena os sentimentos daqueles que entram em contato com a psicanálise, de tal forma que os deixa menos inclinados a acreditar nela ou a interessar-se por ela. Conforme se poderá observar, os dois tipos de dificuldade, afinal, equivalem-se. Onde falta simpatia, a compreensão não virá facilmente.

    (FREUD, 1917/2006, em Uma dificuldade no caminho da Psicanálise)

    APRESENTAÇÃO

    Pesquisa em psicanálise: algumas produções reúne trabalhos por nós, Isalena Santos Carvalho e Valéria Maia Lameira, orientados ou realizados na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Como docentes da graduação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da citada universidade e integrantes do grupo de pesquisa Transmissão da clínica psicanalítica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a proposta do livro assenta-se na publicação de manuscritos inéditos decorrentes apresentações em eventos, de monografias de conclusão do curso, de dissertações e de trabalhos finais de disciplinas. Nosso intuito é fazer circular algumas produções em psicanálise desenvolvidas no Maranhão.

    Assim, cada capítulo reflete como, em psicanálise, a produção acadêmica não pode visar encerrar e generalizar respostas sobre o tema investigado de modo a produzir outras questões a partir das interrogações que geraram a construção dos trabalhos. Isso é o que se tenta apresentar com o Capítulo I, Pesquisa em psicanálise: trabalho que inclui o sujeito, de Isalena Santos Carvalho.

    O Capítulo II, O que o conceito de defesa contribui para o estudo da neurose obsessiva, de Adriana Nascimento Pereira e Valéria Maia Lameira, teve como propósito estudo teórico sobre o conceito de defesa. Tomou como base um estudo inicial de Freud, As neuropsicoses de defesa, no qual ele apresenta o termo defesa pela primeira vez, bem como o que chama de teoria da defesa. É abordado o problema das neuroses, com a apresentação da teoria da defesa e de suas consequências quando a operação defesa é posta em ação nas neuroses, especificamente na neurose obsessiva.

    O Capítulo III, (Des)confortos diante da morte: um estudo com profissionais-residentes no contexto hospitalar, de Larissa Horácio Barbosa-Silva e Isalena Santos Carvalho, discorre sobre a morte no contexto hospitalar, de modo a indicar que, embora ela seja inerente à vida e muito presente, há um silêncio que permeia o assunto justamente no hospital. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, que teve como sustentação o método psicanalítico, tendo sido entrevistadas oito profissionais-residentes de um hospital universitário. Como base para a discussão, foi utilizado o texto de Freud A nossa atitude perante a morte. O capítulo mostra como, apesar de uma aparente tentativa de não se pensar sobre a morte, há o constante confronto em seu cotidiano, o que suscita conflitos que repercutem no seu modo de perceber a vida e a morte e o seu fazer profissional.

    Das mesmas autoras é o Capítulo IV, O papel das relações no CAPS para o tratamento das psicoses. Nele, a partir das indicações clínicas de Freud e Lacan, é discutido como as relações estabelecidas entre os usuários e entre eles e a equipe contribuem para o tratamento do psicótico. Desenvolveu-se, por meio de roteiro semiestruturado de entrevista e observação participante, uma pesquisa em um CAPS da Ilha do Maranhão. As relações entre os usuários, por meio do partilhar de histórias, da possibilidade de se perceber pertencente a um grupo, do cuidado mútuo trazem ao psicótico suportes para sua tentativa de construção de um lugar de sujeito no mundo. Contudo, para os profissionais, parece ser a medicação a base do tratamento. As relações por eles estabelecidas com os pacientes não são suficientemente valorizadas como fundamentais para a qualidade e os desdobramentos da intervenção.

    Márcio Clayton da Silva Costa e Valéria Maia Lameira, no Capítulo V, Além do prazer na toxicomania, abordam como essa temática do gozo sem limites tem ocupado lugar de destaque na atualidade. Por meio de pesquisa teórica, o ponto de partida e o foco de interesse do trabalho não foram o de descrever sinais e sintomas, mas situar o que psiquicamente justifica a busca por uma condição de engajamento nas drogas. O trabalho foi elaborado a partir do retorno a Freud realizado por Lacan, em que se impôs a articulação do tema central com noções como princípio do prazer e de realidade, um além do princípio do prazer, repetição, entre outros. O que está em jogo no consumo e dependência das drogas não se restringe ao prazer proporcionado por suas propriedades farmacodinâmicas, mas que está intimamente relacionado a um além do prazer, a uma falta estrutural colocada para cada um.

    Vinícius de Aquino Braga, no Capítulo VI, A forclusão do sujeito e o funcionamento paranoico do ideal científico, discute como o progresso acelerado da ciência não significa necessariamente um progresso sequer comparável do ser humano. Com o auxílio do texto épico de Freud, o Mal-estar na cultura, o texto mostra como a ciência, que nos fascina tanto, também nos logra em prometer retirar-nos do desamparo que nos é constitutivo. Além de Freud e Lacan, o autor recorreu ao trabalho de um psicanalista contemporâneo, Bernard Vandermersch, para a abordagem daquilo que este descreve como forclusão do sujeito, como consequência do advento da ciência ao status de referência na nossa organização social atual. A busca por um discurso inequívoco e sem furos, decorrente do ideal paranoico desse saber, ameaça o estatuto de nossa subjetividade.

    As organizadoras

    Sumário

    CAPÍTULO I

    PESQUISA EM PSICANÁLISE: TRABALHO QUE INCLUI O SUJEITO 17

    Isalena Santos Carvalho

    CAPÍTULO II

    O QUE O CONCEITO DE DEFESA CONTRIBUI PARA O ESTUDO DA NEUROSE OBSESSIVA 23

    Adriana Nascimento Pereira

    Valéria Maia Lameira

    CAPÍTULO III

    (DES)CONFORTOS DIANTE DA MORTE: UM ESTUDO COM PROFISSIONAIS-RESIDENTES NO CONTEXTO HOSPITALAR 45

    Larissa Horácio Barbosa-Silva

    Isalena Santos Carvalho

    CAPÍTULO IV

    O PAPEL DAS RELAÇÕES NO CAPS PARA O TRATAMENTO DAS PSICOSES 69

    Larissa Horácio Barbosa-Silva

    Isalena Santos Carvalho

    CAPÍTULO V

    ALÉM DO PRAZER NA TOXICOMANIA 93

    Márcio Clayton da Silva Costa

    Valéria Maia Lameira

    CAPÍTULO VI

    A FORCLUSÃO DO SUJEITO E O FUNCIONAMENTO PARANOICO DO IDEAL CIENTÍFICO 117

    Vinícius de Aquino Braga

    SOBRE OS AUTORES 139

    CAPÍTULO I

    PESQUISA EM PSICANÁLISE: TRABALHO QUE INCLUI O SUJEITO

    Isalena Santos Carvalho

    De onde posso me autorizar para conduzir este texto: de meu percurso como docente de disciplinas de metodologia na graduação e na pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão e, sobretudo, de minha formação na Associação Escola de Psicanálise do Maranhão. O primeiro trouxe noções sobre a pesquisa intitulada pesquisa qualitativa. O segundo fez/faz uma torção nisso.

    Como professora de disciplina de metodologia, constantemente me deparei com dúvidas de discentes referentes ao processo de elaboração dos objetivos geral e específicos de um projeto de pesquisa. Além de dúvidas propriamente referentes à construção da proposta de um possível futuro estudo, a ação a ser realizada no que tange ao(s) verbo(s) a ser(em) escolhido(s) é algo que frequentemente gera intenso debate e inquietação. Nesse momento, é comum ouvir falas do tipo esse verbo é adequado para pesquisas que adotam a perspectiva quantitativa, e não qualitativa, bem como o contrário.

    Em algumas obras de metodologia lidas, observei, por exemplo, que a seção referente aos objetivos gerais e específicos apresenta somente sucintas definições de cada um ou traz exemplos ao leitor acerca do seu modo de redação. Além de não haver uma discussão sobre o processo de formulação que a definição dos objetivos de uma investigação acadêmica requer, a seção parece praticamente acessória dentro das recomendações acerca do que deve aparecer no texto de um projeto de pesquisa. Tende, assim, a restringir-se a diferenciar os objetivos gerais dos específicos, com a caracterização dos primeiros como ações ou perguntas amplas, globais, e dos segundos como concretas, intermediárias, instrumentais.

    Parece ficar aí apagado de onde parte a pesquisa, de onde parte o pesquisador, qual é o seu lugar epistemológico. Discutir metodologia é mais difícil que discutir epistemologia, disse-me uma vez uma aluna da pós em Psicologia. É difícil se há o entendimento de que epistemologia se refere a uma revisão protocolar decorrente da leitura de alguns textos, referentes a um determinado período.

    Aristóteles, em A Metafísica (2012), já afirmou que todas as ciências distinguem e isolam algum ser particular ou gênero e dele se ocupam como objeto de investigação. Não há ciência do acidental. Toda ciência refere-se a algo que é sempre ou do que é usualmente. É isso o que permite aprendê-la ou ensiná-la a outra pessoa; daí não haver nenhuma ciência que se ocupe do acidental. Lacan concorda que o que especifica uma ciência é ter um objeto. Mas, em psicanálise, como é possível escrever seu objeto? Onde a psicanálise se situa em relação à ciência? Freud revelou que o objeto é o inconsciente, objeto esse que não cessa de não se inscrever, justamente por sua impossível escrita. Na ciência, a psicanálise não gera simpatia, por se situar num lugar Outro.

    Em Uma dificuldade no caminho da psicanálise, Freud (1917/2006) afirmou que a dificuldade afetiva que a psicanálise desperta traz a dificuldade de compreensão: "Onde falta simpatia, a compreensão não

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