Jubarte
De Luís Dill e Sandra Jávera
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Jubarte - Luís Dill
UM
01/08
DOM
Fulano assassino!
Foi escrito no muro da nossa casa.
Devem ter pichado durante a madrugada, quando eu e meus pais estávamos dormindo. Luque, o nosso vira-lata, não viu nem ouviu nada. Devia estar sonhando profundamente, caso contrário teria acordado a vizinhança. Ele é pequeno, mas goeludo.
Fulano assassino!
Letras compridas e gordas.
Pintadas em amarelo. No pingo do i e no pingo do ponto de exclamação a tinta escorreu. Ficou parecendo uma aranha gorda e meio deformada, ou um desses bichos das profundezas dos oceanos que a gente só sabe de sua existência porque aparecem em algum programa de tevê ou em foto na internet.
Tudo bem, preciso ser sincero.
Não escreveram Fulano.
Escreveram o nome do meu irmão, mas me recuso a botar o nome dele aqui. Ele merece ser preservado.
Ouvi meu pai falando essa palavra.
Preservado.
Assim, vamos dizer que escreveram isso mesmo: Fulano assassino!
Claro, minha mãe chorou quando viu a pichação. Ela é muito frágil. Meu pai diz que ela é como manteiga derretida.
Bom, ela não viu quando saiu de casa para trabalhar ou algo assim. Não. Foi a vizinha da casa em frente, a com os cabelos meio roxos e pança de grávida, mas eu sei, impossível ser gravidez porque ninguém fica grávida naquela idade. Ela deve ter uns mil anos.
Velha mais fofoqueira. Ela e os seus gatos. Sete ao todo (o Todo Branco, o Todo Preto, o Preto e Branco, o Tricolor – preto, branco e amarelo –, o Amarelo, o Cinza e o Bege). Se ela não pode espiar o que está acontecendo na vizinhança, deve mandar os gatos gordos espionarem com seus intensos olhos amarelos.
Ela ligou cedinho. Para avisar.
Por certo, morta de satisfação, Olha, escreveram a coisa mais horrível no muro de vocês, é melhor olharem
.
Minha mãe e meu pai saíram, desceram as escadas até a calçada, abriram o portão de ferro e leram na parede: Fulano assassino!
Tive vontade de ver, mas eles tinham dito que eu não devia sair de casa.
Fica aí, falaram.
Obedeci e esperei eles voltarem e me contarem.
Minha mãe chorava com as mãos sobre a boca como se pudesse esconder seu choro. Seria melhor se usasse máscara capaz de encobrir todo o rosto. E mesmo assim seria possível ver seu choro. Não sou idiota. Os ombros sacudiam, negócio bem triste de se ver.
Meu pai bateu a porta com força. Praguejou. Olhou-me. Tentei sorrir e perguntei o que havia lá fora.
Ele me contou.
Fulano assassino!
Puxa, pensei. Não é justo. Ninguém sabe de nada direito e já acusam o coitado.
A coisa toda é nova.
Ainda é cedo.
Até os maiores criminosos da história tiveram direito a julgamento. No tribunal. Com advogado, com juiz, com aquelas pessoas, os jurados, que votam se a pessoa é inocente ou culpada, com plateia e todas as coisas típicas de tribunal.
Quem escreveu aquilo no nosso muro já condenou meu irmão. E nem sabe de nada.
Ah, e não foi capaz nem de assinar.
Não é justo.
Mas, como dizem, agosto é mês do desgosto.
DOIS
02/08
SEG
Colo a folhinha na parede ao lado da minha cama.
Ela, a folhinha, é toda cinza.
Bem no alto está escrito AGOSTO. Em letras amarelas.
Aí, na linha de baixo, o nome dos dias da semana.
DOM. SEG. TER. QUA. QUI. SEX. SAB.
Não gosto muito de abreviações, mas tudo bem.
E embaixo do nome dos dias da semana, a grade com os quadradinhos. Cada quadradinho é um dia do mês. Dentro de cada quadradinho, os números.
De 1 a 31. Em 5 fileiras. Cada fileira com sete dias. Menos a quinta fileira. Essa tem só três dias: 29, 30 e 31.
Os cinco domingos são assinalados em amarelo bem à esquerda da folhinha. Fico pensando se descanso combina com amarelo.
No lado direito, no pé da folha, está escrito em tinta preta:
03 ming.
08 Dia dos Pais.
10 nova.
15 Assunção N. Senhora.
16 cresc.
24 cheia.
Fico deitado na minha cama olhando a folhinha.
Bom, na verdade, a cama não é minha. É da tia Clinaci. Quer dizer, é a cama de um dos quartos da casa da tia Clinaci. Ela tem a própria cama. Deve ser das grandes, de casal. Não fui olhar.
A minha cama, esta aqui, é estreita, tem molas. Se eu me balanço, as molas fazem barulho. Nada muito desagradável. É mais um cochicho. Se eu soubesse a língua das molas seria ótimo, teria com quem conversar de noite. Às vezes, perco o sono, fico horas pensando.
Meu quarto também é estreito. Tem a porta, a cama, a cadeira de madeira, a janela com grades. No teto tem uma luminária com duas lâmpadas fluorescentes semelhantes a tubos de luz. Lâmpadas legais, fortes. Espalham luz branca no meu quarto. Ah, e as paredes também são brancas. Espera, estou na dúvida, difícil dizer ao certo. Parecem cor de gelo ou cinza clarinho ou branco meio sujo.
Se eu fosse maior, se eu tivesse, sei lá, uns 16 anos, poderia ficar em pé no meio do quarto de hóspedes da tia Clinaci, abrir bem os braços e encostar os dedos médios nas