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O Sorriso Da Bicicleta - Vol 1
O Sorriso Da Bicicleta - Vol 1
O Sorriso Da Bicicleta - Vol 1
E-book110 páginas1 hora

O Sorriso Da Bicicleta - Vol 1

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Sobre este e-book

Entre o Céu e o Cais, primeiro volume da trilogia O Sorriso da Bicicleta, conta a história de Jonas, um garoto de 13 anos que descobre o amor no sorriso de outro garoto. Neste primeiro livro, Casé Henrique nos leva para um passeio pelo universo da descoberta juvenil, com seus sonhos, suas limitações de liberdade e seus desafios. Provando que um sentimento pode resistir ao poder transformador do tempo, acompanhamos a trajetória de um personagem com alma de música e coração de anjo, lutando contra a sociedade para viver um grande amor. Luciano Smanioto
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de set. de 2021
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    O Sorriso Da Bicicleta - Vol 1 - Casé Henrique

    O sorriso

    da bicicleta

    Entre o Céu e o Cais

    Volume 1Volume I

    Casé Henrique

    O sorriso da bicicleta

    Volume I

    Entre o Céu e o Cais

    Casé Henrique

    Copyright © Casé Henrique, 2021

    1a edição

    capa, diagramação e revisão

    Luciano Smanioto

    Informações da catalogação

    Registro Biblioteca Nacional: 762.945 - Livro 1.479 - Folha 473

    Apresentação

    Entre o Céu e o Cais é a primeira história da obra O Sorriso da Bicicleta, uma série de narrativas com temática homoafetiva, inspiradas em eventos reais, coloridas pela aquarela da literatura, mas viscerais e intensas como exige a memória dos fatos.

    Entre o Céu e o Cais conta a história de Jonas Vieira, que, aos 13 anos de idade, enfrentou a necessidade de se lançar para a vida, na tentativa de se libertar da superproteção familiar.

    A maioria dos fatos narrados aconteceu a partir do ano de 1980 e a história se desenvolve até o início da década seguinte.

    Uma história emocionante, que explora nuances de espiritualidade, da descoberta de amores homoafetivos, dos sofrimentos, do amadurecimento e da superação na experiência de vida dos personagens.

    Este primeiro volume é dividido por capítulos, intitulados com nomes de músicas que marcaram os momentos vividos pelo protagonista.

    o sorriso da bicicleta - vol. i - entre o céu e o cais 7

    8

    casé henrique

    Capítulo 1

    Quem Me

    Levará Sou Eu

    o sorriso da bicicleta - vol. i - entre o céu e o cais 9

    Eu não consigo imaginar como seria viver meu passado nos dias atuais.

    Seria perfeito se eu pudesse voltar à década de 1980, com a sabedoria de um mago. Poder reencontrar as pessoas de quem a vida se encarre-gou de me afastar. Valorizar as coisas mais simples, sem me desviar do caminho.

    Mas o tempo é senhor de si e se renova a cada momento, como a fênix que habita secretamente em mim. Que nunca envelhece. Que muda as formas e as cores da vida. Que se cala mais do que o próprio silêncio. Que vive eternamente a idade em que nada é proibido. Que zomba de mim a cada tropeço. Que reside dentro de mim como se eu fosse seu abrigo.

    É, o tempo voa, e de repente, as coisas deixam de ser como eram antes.

    Eu vou, aos poucos, acertando as contas com meu passado e refazendo a vida no presente de cada avesso vivido. Minando os amores em plena contramão.

    Eu tive uma infância muito solitária, com poucos amigos. Meu pai separou-se da minha mãe quando eu tinha oito meses de idade. E por ser filho tempo-rão, eu era seu bem maior.

    A superproteção me fez ser uma criança muito ingênua e sem noção para algumas coisas. Lembro que, na escola, na terceira série, a professora pediu para criar frases com palavras que ela havia ditado. Mas como ela escreveu crie orações, eu levei ao pé da letra, pensando que teria que inventar preces para santos.

    Certa vez, o dono de uma padaria, observando a minha ingenuidade, pediu para que eu fosse correndo buscar uma escada de rodapé.

    As pessoas sempre percebiam que eu era uma criança sem malícia, contu-do, muito criativa. Inventava meus próprios brinquedos. Brincava de ser artista com amigos imaginários e pegava caixas de uva em feiras livres para fazer de palco. Cortava cartolina e fazia bonecos, e com folhas de jornal, confeccionava as roupas deles.

    Minha mãe foi guarda do Instituto Penal Talavera Bruce, mas se aposentou antes do tempo, por problemas cardíacos. A grana estava curta, pois havia comprado um apartamento financiado pelo estado do Rio de Janeiro.

    Passávamos os verões de Bangu sem ventilador. Ela não ligava, com receio de onerar muito a conta de luz. Guardava todo o dinheiro que conseguia juntar para pagar as prestações do apartamento.

    Meu pai nunca ajudou minha mãe financeiramente, nem mesmo com as minhas despesas.

    Minha irmã é 20 anos mais velha do que eu. Formada no Normal, lecio-nava desde os 19 anos. Também não era bem remunerada. Pagava faculdade de 10

    casé henrique

    Literatura Portuguesa. Casou-se aos 24 anos. No início de 1980, minha irmã se separou do marido, ficando com um casal de filhos pequenos, meus sobrinhos.

    Por conta da separação e por sua casa ser muito grande, ela convenceu minha mãe a alugar o apartamento, que ficava na mesma rua, para morarmos com ela em sua casa.

    Minha irmã dava aulas à tarde no mesmo colégio em que eu estudava – na época, cursava a quinta série, pela manhã.

    Sob o abrigo das asas zelosas da minha mãe e da minha irmã, minha superproteção era dobrada. E eu precisava me sentir sozinho em meio à multidão.

    Então, em um sábado, esperei todos dormirem, e por volta das 23h, saí sozinho pela primeira vez.

    Saí bem devagarinho, pelos fundos da casa. A área de serviço tinha uma meia-parede em todo seu contorno, e do meio para cima, eram várias basculantes.

    A porta fazia muito barulho ao abrir, então, eu a deixei previamente entreaberta.

    Passei gel nos cabelos e, de pijama mesmo, pulei o muro da minha casa, que dava acesso a uma outra casa, velha, abandonada, que sequer tinha portas ou janelas. Tinha cor amarelada, bem desbotada, e paredes com pouco reboco, o que deixava os tijolos visíveis. No pátio, havia um pé da frutinha abiu, bem adocicada; seu látex grudava levemente nos lábios, causando uma certa aflição.

    Durante a semana, improvisei uma mesa dentro daquela casa abandonada.

    Deixei ali, previamente, um pedaço de espelho quebrado, um toco de vela e uma caixa com fósforos. Um relicário de apetrechos que serviriam de subterfúgio para todas as minhas futuras escapadas nas noites de sábado.

    Acendi a vela e através do pequeno espelho admirei a mim mesmo, colo-cando a roupa de sair que havia previamente deixado em um closet improvisado.

    Tomei banho da colônia Conturé. Pulei o muro pela frente da casa abandonada.

    Com passos frenéticos, corri para as delícias da noite com a certeza de que o mundo não era só aqui.

    Para me autoafirmar, comprava cigarros. Mal sabia acender. Mesmo com tonteira e tossindo muito, tirava proveito dos meus 1m82 de altura para aparentar ter mais idade.

    o sorriso da bicicleta - vol. i - entre o céu e o cais 11

    12

    casé henrique

    Capítulo 2

    Devassa

    o sorriso da bicicleta - vol. i - entre o céu e o cais 13

    O cheiro forte de orvalho que impregnava o mês de junho de 1980 não poderia chegar aos dias atuais. O friozinho que gelava as minhas na-rinas na noite daquele sábado ficou de mãos dadas com o calor da liberdade, no começo do desmame familiar, aos 13 anos de idade.

    A chuvinha fina anunciava as vivências que estavam por vir no primeiro sábado em que eu me aventurava longe das mulheres que me protegiam

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