Layla, a menina síria
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Layla, a menina síria - Cassiana Pizaia
Layla – a menina síria é uma história de ficção baseada em fatos e experiências reais de refugiados sírios no Brasil e no mundo.
Somos profundamente gratas às pessoas que partilharam conosco sua trajetória.
Dedicamos este livro a elas e aos milhares de refugiados que atravessam as fronteiras do mundo em busca de dias melhores.
Sumário
Capa
Folha de rosto
Epígrafe
Sumário
Layla - a menina síria
Autores
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Imagem– Socorro! Socorro! Vamos morrer! – eu consegui gritar, apertando meus ouvidos com as mãos, toda encolhida embaixo da cama. O estrondo me acordou no meio da madrugada. Fiquei tão confusa que não consegui entender direito onde estava. Só pensava nos aviões e nas bombas que vinham do céu.
Eu podia sentir o cheiro da pólvora e da poeira invadindo tudo, já esperava as explosões, os primeiros gritos cortando o ar, o medo me invadindo enquanto eu escondia a cabeça entre os joelhos, tão apertados contra o peito que eu sentia meu coração bater acelerado entre eles.
Só tive coragem de abrir os olhos quando senti as mãos quentes de mamãe sobre as minhas.
– Está tudo bem, Layla, é só um trovão. Estamos no verão e nesta época sempre tem tempestade com raios e trovões. É só isso – ela me colocou de novo na cama e me abraçou.
Sim, eu já me acostumei com as chuvas de verão por aqui. Com as gotas gordas caindo pesadas, o frescor aliviando o calor nos dias mais quentes de um jeito diferente do lugar de onde eu vim. O som suave dos pingos batendo na janela me acalmam. Entendo que estou em meu quarto e percebo minha irmã dormindo tranquila na cama ao lado da minha.
Apesar disso, em algum lugar dentro de mim, eu ainda sinto medo.
A maioria dos meus novos amigos não sabe de onde eu vim e por que tivemos de fugir, deixando tudo para trás. Eu não gosto de conversar muito sobre esse assunto. Minha história é muito comprida e complicada para ficar contando. É também uma história muito triste e é difícil falar ou lembrar das coisas muito tristes.
Prefiro pensar na minha vida de antes. Sabe, eu tinha uma vida muito boa. Eu nem sabia que era boa, mas era. Às vezes, parece que a gente precisa perder o que gosta para perceber o quanto isso era importante. Antes, era só normal. E o normal era bom.
Foi por isso que, quando minha mãe me beijou e saiu do quarto, eu fechei os olhos e me lembrei das noites de verão em Alepo.
separadorAllahu Akbar, Allahu Akbar… (Deus é grande, Deus é grande). O som ecoava das mesquitas, chamando os fiéis para a oração, enquanto o sol desaparecia na linha do horizonte. Fazia calor e estávamos todos na varanda.
Eu e meus primos tirávamos a casca rosada e devorávamos os grãos adocicados do pistache. Minha mãe nos dava copos de limonada de rosas e reclamava se deixávamos as cascas de pistache caírem no chão limpo da varanda.
Não sei em que momento minhas lembranças escaparam de mim e se misturaram aos sonhos, naquele lugar em que as memórias e os desejos da gente se encontram. Neste lugar, a vida seguia como tinha sido sempre em nossa antiga casa em Alepo. O lugar onde eu nasci, onde meus pais cresceram e onde meus avós e os pais dos meus avós viveram em paz.
Essa é a Síria que quero levar comigo. Não a Síria feia e destruída que vejo na televisão e na internet. O país que mora em mim é o lugar mais lindo do mundo, onde eu fui feliz até o dia em que o primeiro clarão iluminou o céu estrelado numa outra noite de verão, muito longe daqui.
separadorHá algum tempo, a nossa televisão nova fica desligada na hora do noticiário. Acho que meus pais não querem que eu e minha irmã vejamos o que fizeram com a nossa terra, lá na Síria. Mas é difícil esconder todas as imagens. Quando olho para elas, quase não reconheço as ruas e as praças onde eu e meus amigos brincávamos.
A gente se divertia muito. Eu tinha amigos muito bons na escola e na minha rua. Amani, Mohammed, Raissa, Zahara. Não vejo nenhum deles há muito, muito tempo. Às vezes, quando conseguem sinal de internet, eles mandam fotos e mensagens.
Sei que estão diferentes. Nossas vidas seguiram por caminhos estranhos e complicados. Mas eu me lembro deles correndo nas ruas de pedra, rindo e falando sem parar na volta da escola. E, mesmo depois de tanto tempo, sinto uma saudade tão grande que chega a apertar o peito.
Acho que a gente precisa esquecer um pouco tudo isso para gostar mais da nossa vida de agora. Mas eu nunca me esqueço de Alepo, das coisas