Curtas histórias de uma longa quarentena
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Sobre este e-book
No Rio de Janeiro, Madalena Tiberti se encontrava sozinha na imensidão de sua casa e tinha por companhia somente seus livros.Em uma noite chuvosa, contrariando as recomendações de isolamento, recebeu três figuras estranhas e patéticas em sua casa. Porém, em meio a acontecimentos estranhos e inesperados, passou a desconfiar que tais pessoas não eram tão bem-intencionadas quanto pensara, e poderia estar sob grande ameaça.
Já em São Paulo, Amilton Nascimento acostuma-se com seu novo emprego e passa a conviver de perto com a morte, o que o faz despertar um ódio fomentado por traumas passados em relação a ela. Até que um dia a Morte aparece para Amilton, e, com ela, ele embarca em uma viagem pelo pós-vida, que não é nada como ele imaginava.
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Curtas histórias de uma longa quarentena - Júlia Staianof
APRE
SENTA
ÇÃO
Existem certas coisas que fazem nós, os seres humanos, questionarmos nossa própria realidade, como guerras, fome, pandemias. A pandemia da COVID-19 tirou milhares de vidas, alterou muitas realidades, uma doença cega que não vê cor, dinheiro ou gênero. Estávamos convictos de que o nosso conhecimento científico era avançado de tal modo, que imaginar uma pandemia em pleno século XXI seria algo quase impossível, no entanto estávamos equivocados. Muitos governos optaram por medidas de isolamento, como o lockdown, para tentar controlar a disseminação da doença, porém em muitos lugares o isolamento durou mais do que o previsto. Como sabemos, essa é uma medida que caso dure muito tempo é capaz de descontrolar as mentes mais equilibradas e levá-las a questionar a própria sanidade.
COMO
RATOS
EM
QUARENTENA
Aquela sala cheirava à madeira, e talvez seja por isso que me lembro tão bem dela. Uma madeira velha, daquelas que carregam consigo muita história. Impressionante como um simples cheiro trazia memórias tão vivas, que pareciam fazer o tempo congelar e se perder no espaço. De repente, eu já não era mais a mulher que sou hoje. Podia ouvir as risadas, as brincadeiras, as conversas que inundavam minha infância ecoando naquela sala. Acima de tudo, me lembrava das histórias que minha avó contava.
Certa noite, lembro-me de vê-la sentada em sua cadeira de balanço com um livro aberto no colo, ao lado do fogo, ouvindo atentamente os estalos da lenha queimando, como se contassem a ela um segredo. Aproximei-me cautelosamente, não queria despertá-la de seu devaneio, o que não adiantou muito. Uma vez que me viu me aproximar, afastou seus olhos das faíscas, que subiam alegres da lareira, e me abriu um sorriso convidativo.
— Querida! Sua mãe sabe que está acordada? Já passa das onze horas da noite — disse ela, olhando para o relógio pendurado acima da lareira.
Eu sabia que deveria estar dormindo, mas ela não brigou comigo, só me chamou para perto. Sentei no pé de sua cadeira, e naquela noite fria, a lareira esquentava minhas costas. Observando o livro em suas mãos, pedi que me contasse uma história, como era de costume. Ela ajeitou seus óculos quadrados no rosto, fechou o livro e começou:
— Então você quer uma história? Acho que já está ficando grande demais para os mesmos contos de fadas de sempre, não?
Balancei a cabeça, ela estava certa.
— Muito bem, muito bem — deu um longo suspiro, e as memórias tomavam seu rosto. Eu ouvia atentamente cada palavra. — Como a maioria das histórias, essa começou em uma terra tão, tão distante, na Ásia. Naquela época, certas partes do mundo tinham uma relação diferente com os animais, eles não eram protegidos como são hoje e podiam acabar no seu prato. Em uma pequena cidade no norte da China, isso era bastante comum. O nome da cidade, você com certeza deve conhecer, é Wuhan. Foi lá onde tudo começou, com um homem que comeu um morcego — eu conhecia aquela história, a da grande pandemia, mas não conseguia entender como morcegos já foram alimento. Hoje em dia, isso simplesmente não parecia lógico. Mas, no fundo de seus olhos, pude ver uma certa melancolia. — Hoje pode causar estranheza, eu sei, mas na época não era. Aquele morcego era diferente. Nele existia um ser tão pequeno, que nem os olhos mais bem treinados eram capazes de enxergá-lo, e justo por isso quem comeu o morcego não percebeu que comeu também o serzinho dentro dele. Mas o pequeno chinês não sabia de nada disso e continuou vivendo sua vida normalmente, indo ao trabalho, restaurantes e metrôs. Alguns dias se passaram e ele começou a se sentir muito mal. Já no hospital, os médicos descobriram que o pequeno ser que ele havia comido era o temido vírus que logo em seguida viria a se chamar coronavírus.
"Todas as pessoas com quem ele teve contato também começaram a se sentir muito mal, e as pessoas com quem essas pessoas tiveram contato também. Todos começaram