A Suicida
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A Suicida - Ricardo Junior De Amorim
Sumário
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Epílogo
A Suicida
"A tendência suicida que resulta da melancolia é
uma doença e não um pecado satânico".
Robert Burton
A Suicida
"Você pode ter medo dela, você pode se
esconder debaixo da sua cama, mas não importa o que
você faça, não importa aonde vá, não importa se você
está trancado no seu quarto ou debilitado no leito de um
hospital, a morte sempre estará a sua espera e, — é por
isso que resolvi encontrá-la primeiro".
Prólogo
Era para ser um dia normal, mas a vida dela não
tinha nada de normal. Ela já estava cansada daquilo, a
mesma monotonia suportada há meses, ela não agüentava
mais sofrer, ela não dormia tranquilamente há dias,
quando não era com ela era com a mãe dela, alguém
tinha que sofrer, assim era sua vida.
Todos os dias ele chegava tarde da noite, bêbado
e se equilibrando pelas paredes, ela o ouvia mexer no
portão e já se encobria em seu cobertor de medo, ela
ouvia o grito e o desespero de sua mãe. As brigas a noite
eram rotina e sempre o mesmo roteiro; primeiro a mãe,
depois os meninos e por fim ela, – quem ditou as linhas
deste filme? Ela se perguntava.
A mãe dela sabia de tudo que se passava com ela,
mas nunca fez nada para impedir, nunca tomou atitude,
ela tinha medo, medo dele, medo daquilo que ele era
capaz de fazer, medo também dele ir embora e nunca
mais voltar. Como ela poderia continuar assim? Ela não
entendia o que se passava na cabeça da mãe dela por
ainda não ter o deixado, ele era um monstro cruel e
perverso.
Ele batia nelas, batia em seus irmãos, ele
espancava sua mãe e ela nunca fazia nada, ela não
agüentava mais aquilo, ela não queria fazer mais parte
daquele roteiro de filme de terror, não queria esquentar
sua cama a noite quando sua mãe estivesse dormindo, ela
não aspirava ser sua bonequinha para sempre, ela sentiu
que deveria fazer alguma coisa – ela fez.
Correu até o quarto dele na gaveta da cômoda e
pegou uma caixinha que continha um objeto muito
pesado, ela procurou pelas chaves para abrir o cadeado,
mas ela não encontrou, ela revirou as roupas dele sem
que sua mãe percebesse, ela sentiu sua presença cada vez
mais perto e se não agisse de imediato poderia ser sua
última noite respirando.
Ela remexeu em toda aquela bagunçada, por fim
encontrou um jogo de chaves, ela o ouviu abrir a porta da
sala e dando aqueles gritos; certamente ele estava bêbado
e drogado, ela foi rápida abriu a caixinha e pegou o
Magnum 44
um revólver de seis tiros, ela o recarregou
rapidamente e o destravou, ela ouviu seus passos na
escada, mas antes que ele pudesse subir ela foi ao seu
encontro, àquela força maligna tomou posse de si e
mudou todo seu ser, ela já não estava no controle, ele
estava.
— Veio me encontrar boneca?
Plaf... Plaf... Plaf...
Ela atirou três vezes e o viu cair se segurando na
barra de segurança da escada.
— Descanse no inferno, disse ela.
Ela deu conta de si e não sabia se o que tinha feito
era o certo, mas ela não estava muito afim para saber, ela
subiu e a mãe dela havia acordado com aqueles barulhos
de tiro, ela veio correndo ver o que havia acontecido.
— Ah meu Deus! O que você fez?
— O que eu deveria ter feito há muito tempo.
Ela mirou na cabeça de sua mãe e atirou sem
piedade, poderia ver ódio em seus olhos, ela estava sendo
dominada por uma força oculta bem maior que ela, ela se
direcionou para o quarto de seus irmãos e olhou para eles
dormindo na mesma cama juntos, ela lembrou que ela
tinha uma vida miserável e eles também, então ela
resolveu poupar a desgraça deles, ela atirou em cada um.
Nisso ela pode escutar o alvoroço que acontecia
ao redor de sua casa, pelo visto a vizinhança havia
acordado e ninguém sabia o que estava acontecendo, eles
viram o portão aberto e resolveram entrar, mas a porta
estava fechada, eles gritaram pelos pais dela, mas ela não
disse nada, muitas vezes ela precisou de ajuda e eles não
vieram ajudar, quantas vezes sua mãe sofreu e eles pouco
ligaram, agora era tarde para dar uma de bom samaritano.
Ela colocou o revólver na cabeça, fechou os olhos
e disparou contra si, ela escutou o click do gatilho por
três vezes, não havia munição, ela tinha que ser rápida,
aquelas pessoas estava quase arrombando a porta de sua
casa e isso não era bom, ela correu até a despensa
procurou pela caixa de ferramentas, ela achou um baú
velho, mas que tinha uma corda e aquilo serviria bem, ela
subiu na cadeira amarrou a corda na madeira do teto, fez
um nó e colocou no pescoço, ela subiu na mesa e se
soltou.
Ela ficou se agonizando por um minuto
arranhando o pescoço querendo puxar a corda, aquilo era
típico de qualquer suicida, mas ela não estava a fim de se
safar, mas era instinto tentar sobreviver, ela estava quase
se sufocando, alguns minutos a mais e ela estaria morta,
mas a corda se soltou e ela caiu no chão, ela ouviu
aqueles homens tentando arrombar a porta de todo jeito,
ela não tinha tempo a perder e aquela força diabólica que
estava nela queria vê-la morrer a todo custo.
Ela pegou sua navalha, da qual ela já era bem
íntima e ela cortou seus pulsos, ela sentiu uma dor
terrível, ela correu para o terceiro andar e caminhou rumo
à janela, ela já havia perdido muito sangue e estava muito
fraca, não se livraria da morte dessa vez, ela subiu na
janela e todos lá embaixo gritaram para ela não fazer
aquilo, suas mãos corriam sangue como mina d’água e,
ela olhou para eles e os imprecou e imprecou quem
ousasse tomar sua casa nas mais formas arrepiantes de
profanação, ela começou a ficar bem fraca, suas vistas
escureceram e ela sentiu seu corpo estremecer, ela já não
poderia ouvir mais nada, ela não conseguiu se segurar,
ela caiu e, do que restou foi uma brisa fria sobre seu
corpo na queda.
Doze horas depois havia muita gente no local, a
polícia já havia investigado tudo e, muita coisa naquela
casa eles haviam arquivado como documento sigiloso,
ninguém tocou no assunto e ninguém soube dizer o que
havia acontecido. Por outro lado, o jornal da cidade
naquele dia não seguiu com coerência nas reportagens,
ele omitiu os assassinatos, omitiu as entrevistas policiais
e omitiu todo interrogatório até as notícias que
aconteceram naquele dia, todavia a única coisa que ele
não omitiu e que virou reportagem exclusiva daquele dia
foi o – suicídio de Suellen Swanson.
Dez anos depois...
"Eu não acreditava em demônios até descobrir
que o conto de fadas era real"
Nossa história de terror começa com uma casa
sendo leiloada pela prefeitura municipal de Santana do
Manhuaçu uma cidadezinha no interior de Minas gerais.
Era um casarão antigo de três andares que ficou
abandonada por dez anos, não se sabe direito o motivo
pelo qual a casa estava em leilão e não se sabe também
por que ficou tanto tempo abandonada, mas logo iríamos
descobrir.
Do que me lembro foi que meu pai Louis chegou
com um jornal e mostrou o anúncio da casa, aquilo era
fascinante; um imenso casarão antigo sendo anunciado
por um preço muito abaixo do valor de custo era um
terço mais barato, a casa estava saindo quase de graça,
podendo dizer assim.
Nós não tínhamos muita escolha, as contas de luz,
água e internet estavam atrasadas e a qualquer hora
poderíamos dormir no escuro e com sede sem contar que
o aluguel sempre atrasava e em algum momento
estaríamos no olho da rua, meu pai economizou muito,
mesmo assim, ainda tivemos que esperar um ano para
que pudéssemos comprá-la, meu pai ficou muito feliz
quando seu lance foi único e foi arrematado por ele, era
como se ele estivesse livrado de um fardo nas costas, nós
também comemoramos muito – casa nova, vida nova, era
tudo que eu, meu irmão, minha mãe e minhas irmãs mais
novas queriam.
No começo soou bem estranho uma casa naquele
preço ficar um ano a espera de um comprador, mas como
a situação estava difícil para todo mundo, a crise
brasileira havia afetado não só a classe alta como também
a classe baixa achamos aquilo bem normal, nós fizemos
as malas e dizemos adeus a nossa velha cidade de Santa
Barbara e estacionamos o carro bem em frente a uma
casa velha na Rua 7.500, próximo ao centro da cidade,
era uma rua mais escura e estreita com pouca
movimentação e poucos vizinhos próximos, um grande
arvoredo em frente chamava a atenção de todos que
passavam por perto.
Nossa recepção não foi muito calorosa como
imaginava, mas estava bom, tinha me livrado daqueles
cobradores batendo a porta todo dia e daquele calor
infernal, não teria nada com o que se preocupar a não ser;
os ruídos estranhos pela casa, as vozes vindo do além, a
imagem dela aparecendo no espelho, os pesadelos
freqüentes e seus passos perdidos e espalhados pela casa
conseguindo fazer todos a minha volta morrerem de
medo, mas o que ela queria de verdade eram a morte de
minha mãe, meu pai e meus irmãos, inclusive eu, Sophia
Leblanc.
Capítulo um
Era cinco da tarde quando chegamos numa
minivan que meu pai havia comprado há bem tempo,
nossa família era bastante grande e uma minivan era tudo
que precisávamos Johnny era mais velho que eu pouca
coisa ele tinha um ano a mais, ele completaria dezessete e
eu já tinha feito dezesseis, minhas duas irmão tinham
entre dez e doze, Mollie tinha dez e Jodie doze, elas eram
a cara da minha mãe pele clara e cabelos negros, por
outro lado, eu e meu irmão não nos parecíamos nada com
minha mãe, nós herdamos todo traço genético de meu
pai, olhos claros, pele clara e cabelos loiros, o meu loiro
era bem claro jaó do Johnny se misturava com um tom
mais escuro.
Dois caminhões pararam em frente nossa minivan
com as malas e nossos pertences, a primeira coisa que
havia feito foi procurar por Belga nossa pastora alemã,
ela era linda, tinha uns quatro anos, já era bem formada e
bem corpulenta, seus pelos eram bem brilhosos e ela era
bem cuidada, sempre que podia eu a levava no pet shop.
Bastou apenas o motorista do caminhão abrir a
porta traseira do caminhão de mudanças que ela saltou
encima de mim, nossa relação era muito especial era
como mãe e filha, eu a amava muito e ela amava a mim.
Nós abrimos o portão e entramos, com certeza aquele
seria o lugar ideal para Belga, visto que, antes
morávamos em apartamento e criar cachorro naquelas
condições era bem complicado, era vizinho amolando a
paciência, o dono do apartamento todo dia brigando
dizendo que era proibido animal, mas a nova casa parecia
o lugar ideal, um grande quintal para que ela pudesse
correr a vontade, ficar livre, ali poderia jogar as coisas
para ela buscar e não haveria ninguém brigando ou
discutindo e ligando no meio da noite para fazê-la parar
de latir.
Pegamos o chaveiro e abrimos a porta da frente da
casa, no bolo do chaveiro havia vários tipos de chaves,
uma para cada porta, a casa era imensa, nós testamos
todas de canto a canto, mas sobrou uma, pensamos ser
uma chave reserva, mas ela não se encaixou em nenhuma
porta, meu pai não importou, para ele aquela chave não
deveria ser dali, ela era diferente de todas as outras, era
uma chave Gorge negra bem antiga por isso ele acreditou
que colocaram ali por engano.
Nós desfazemos as malas e fomos arrumar aquela
bagunça, minha mãe Abbie precisaria de toda a ajuda
possível e tudo certamente sobraria para mim. Meu irmão
ajudou a descarregar o caminhão enquanto eu e minhas
irmãs nos encubemos de colocar tudo no devido lugar,
tudo estava bem favorável, a casa estava bem empoeirada
e precisava de uma geral, mas nada que não pudéssemos
dar um jeito.
Peguei um pano, um esfregão e, um baldo com
água e comecei esfregando pela sala, minhas irmãs
queriam ajudar, porém elas mal sabiam limpar casa, pedi
que elas arrumassem os andares de cima, desta forma,
elas não ficariam no meu caminho. As duas subiram e
começaram a fazer aquela bagunça lá encima, o chão da
casa era de tábuas e fazia um barulho colossal, qualquer
coisa que se chocasse contra o chão causaria um baque
enorme.
Quando estava limpando as escadas eu notei que
havia umas manchas secas e meio mofadas na parede, eu
não sei o que era, até tentei limpar.
— Passa detergente que sai tudo, disse Abbie.
— Eu sei mãe, não precisava falar, eu me viro.
Eu peguei o detergente e joguei no local, era na
parte de baixo da parede quase rente a escada, eu olhei e
havia mais por quase toda parede, era como se tivessem
passado alguma coisa ali, ou alguém quisesse se segurar
na parede e acabou arranhando ela toda aquilo era
estranho e confuso.
Eu ouvi as meninas gritando lá encima e corri
assustada para