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Division: Série Chandler Scott, #3
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Division: Série Chandler Scott, #3
E-book415 páginas5 horas

Division: Série Chandler Scott, #3

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Sobre este e-book

Chandler Scott se une a um inimigo inesperado para aprumar o navio adernando conhecido como Estados Unidos da América. A revelação sinistra feita em seu documentário desencadeou uma torrente de raiva e apoio ao Presidente do país. A América é um país que está se despedaçando. Divisão é o terceiro livro da série de suspense Chandler Scott. A série promete fazer você refletir sobre o mundo ao seu redor.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento20 de nov. de 2020
ISBN9781071537954
Division: Série Chandler Scott, #3

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    Division - Jim Mosquera

    Jim Mosquera

    Sentinel Photocopy

    Divisão

    O terceiro livro da série Chandler Scott.

    Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada em um sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja eletrônico, manual, fotocópia, gravação, ou de qualquer outra forma, sem a permissão por escrito do editor.

    ––––––––

    Copyright © 2017 by The Sentinel / Jim Mosquera

    Todos os direitos reservados.

    Mosquera, Jaime (Jim) Jr.

    Division / Jim Mosquera

    ISBN: 0-9832966-5-0

    ISBN-13: 978-0-9832966-5-2

    ––––––––

    Este trabalho contém referências históricas sobre eventos e pessoas. A história, os nomes, e as personagens aqui retratados são fictícios. Nenhuma identificação com pessoas reais deve ser inferida.

    ––––––––

    Não há intenção de desrespeitar a bandeira dos Estados Unidos, como mostrado na capa.

    ––––––––

    O tipo de texto foi definido no Adobe Garamond Pro

    DEDICATÓRIA

    Para os Estados Unidos da América

    Parte I

    A Convenção

    CAPÍTULO UM

    perturbação

    O documentário de Chandler expôs a parte secreta dos esforços do país para suprimir a perturbação interna. Após o lançamento do vídeo do campo de reorientação e a revelação do Protocolo Elysium, o governo Jefferson enfrentou grande pressão para que o seu painel desse ao público americano algo em que acreditar. Os críticos da liberdade civil sugeriram que o governo visava a classe baixa e a classe média baixa para esses campos. O Presidente convocou um painel com uma forte pegada militar. O público americano tem os militares em alta estima após o 11 de setembro. Os militares passaram a ser a parte mais respeitada do governo federal.

    Alguns temiam que a adoração popular pelo uniforme pudesse fazê-los subestimar suas responsabilidades. O aumento do uso de veículos aéreos não tripulados (VANT) e da inteligência artificial diminuiram os sacos mortuários vistos no noticiário noturno. As advertências de Eisenhower sobre a influência indevida do complexo industrial militar eram uma lembrança distante. Havia agora a preocupação sobre ex- militares em cargos no gabinete do Presidente e no sistema de segurança, cargos tradicionalmente ocupados por civis.

    Os chefes de segurança e de inteligência do Presidente Jefferson possuíam vasta experiência militar. Esses militares sempre souberam o que ocorria nos campos de reorientação e o significado do Protocolo Elysium. Esses homens viram que o país estava retrocedendo e achavam que tinham que encontrar uma forma de repor a ordem, mas com algo que seria considerado um meio mais brando - reprogramação mental usando a realidade virtual. Os médicos do exército envolvidos com a Cerebrum Technologies aperfeiçoaram a tecnologia que procurava tornar os detentos nacionais mais patrióticos, mais submissos, e mais obedientes.

    Entre os principais conselheiros do Presidente, havia ex- militares de alta patente - o Diretor de Inteligência Nacional (DNI) Gerald Burkemper, Brigadeiro da Força Aérea da reserva. O Secretário do Departamento de Segurança Interna (DHS), Victor Haydon, serviu na Força Aérea até o posto de Brigadeiro. O Conselheiro de Segurança Nacional (CSN), Trent Carter, teve uma brilhante carreira no Corpo de Fuzileiros Navais e foi para reserva como Almirante.

    O Secretário de Defesa adoeceu no final de novembro, o que levou a sua substituição por Trent Carter. Um ex-oficial da Inteligência Naval, Eric Greich, ocupou o cargo de Carter no NSA. A conexão militar-industrial se estendeu ao Secretário de Estado, que atuou como CEO do maior fornecedor de defesa do país.

    Embora os principais conselheiros do Presidente não fizessem parte do painel de investigação, eles tinham uma forte influência na escolha de sua composição. Eles aconselhavam a não revelar muitos detalhes por medo de fornecer informações a suspeitos de terrorismo tanto nacionais quanto estrangeiros sobre os métodos e procedimentos de contraterrorismo dos EUA. Eles sugeriram adiar o relatório do painel. Eles alegaram que, com o tempo, o público americano passaria a se interessar por outros assuntos se alimentassem a mídia com informações sobre o progresso econômico e slogans econômicos - o Plano para a Prosperidade e a campanha ‘Nós Somos o Futuro’.

    Os cartazes da campanha ‘Nós Somos o Futuro’ mostram um homem, uma mulher, e uma criança em pé em frente a bandeira americana olhando para cima e para a direita. O governo Jefferson esperava unir o público em torno da família e da bandeira. Bombardearam a mídia com mensagens de serviço público sobre a campanha patriótica. Quem visitava a capital do país não conseguia escapar das mensagens, expostas em prédios do governo e no transporte público. As ligas esportivas mostravam as mensagens em suas vestimentas. As universidades públicas começaram a oferecer cursos de economia com estudos de caso do Plano para a Prosperidade.

    Os homens do Presidente acharam importante liderar essas campanhas patrióticas para manter o moral da nação elevado durante a contínua crise econômica. Se essa abordagem não funcionasse, eles distrairiam o público chamando sua atenção para a Guerra ao Terror contra o Islã e contra os hackers virtuais, com hackers estrangeiros recebendo uma dose extra de veneno.

    Para alguns da comunidade hacker estrangeira, tornou-se uma brincadeira invadir sites de empresas americanas ou do governo. O FBI revelou um sofisticado esquema de malware que roubou dos bancos dos EUA cerca de US $ 300 milhões. O mesmo hacker russo foi supostamente responsável por um ataque de ransomware que desativou milhares de computadores nos Estados Unidos. O governo ofereceu uma recompensa de US $ 10 milhões, embora não houvesse nenhuma expectativa de sua extradição, não com a proteção oferecida pelo governo russo, que contratou o mesmo hacker para serviços de espionagem contra a Geórgia e a Ucrânia. Ele fazia parte de um grande grupo de hackers que via como seu dever patriótico invadir os sites norte-americanos, independentemente de o governo russo pagar ou não. Desde que não perturbem as redes domésticas na Rússia, as autoridades locais os deixam em paz.

    Na frente política, a Suprema Corte deu ao Presidente até o final de 2021 para retomar a eleição indefinida de 2020 na Câmara e no Senado. No início de dezembro de 2021, o Presidente fez planos para que o Congresso desse continuidade. Então, o mercado de títulos caiu, levando as taxas de juros a níveis nunca vistos desde 1980. Desde que o Tesouro dos EUA mudou o vencimento da maioria das dívidas para prazos mais curtos, as novas obrigações de pagamento foram imediatamente impactadas por taxas de juros mais altas, aumentando estratosfericamente os custos de financiamento. As empresas também sentiram o aperto com taxas crescentes no papel comercial de curto prazo. O mercado de ações entrou em declínio e outros mercados mundiais foram solidários. O Global Settlement Bank, organização responsável pela política econômica dos EUA, convocou uma reunião de emergência em Genebra com os líderes financeiros dos países desenvolvidos. O Secretário do Conselho de Estabilidade Financeira (CEF), Malcolm Holloway, e o secretário do Tesouro representaram os Estados Unidos. Os líderes mundiais concordaram em colocar controles ainda mais rígidos sobre suas economias, a fim de estabilizar a crise.

    Hackers sem nome, sem rosto se aproveitaram causando estragos na capital do país. O governo achou que os hackers eram patrocinados pelo Estado. Os hackers podem ter sido apenas indivíduos tentando prejudicar os EUA. Alguns podem ter sido contratados por outras nações para realizar os ataques. Diferentemente das atividades anteriores protagonizadas pelos hackers, nem o Omni nem as Cinco Tribos as reivindicaram. Atribuir ataques ao mundo cibernético sempre foi um desafio. Tudo se resumia a um de três cenários para as autoridades: identificar quem fazia, identificar quem fazia e convencer o hacker a assumir, ou identificar quem fazia e convencer o mundo da identidade do hacker. O governo Jefferson lutou para apresentar qualquer um deles.

    Temerosos congressistas se retiraram para seus distritos, apesar da convocação do Presidente Jefferson para permanecerem na capital do país para resolver a eleição de 2020. A equipe do Presidente o encorajou a deixar o Congresso retirar-se. Os congressistas não se sentiam seguros e nem a polícia do Distrito e nem do Capitólio poderiam garantir sua segurança com o aumento da desordem na cidade. Os protestos tornaram-se mais violentos e grupos de patriotas foram rumo à cidade para manter sua própria versão da lei e da ordem. Não se sabia quando o Congresso poderia se reunir novamente.

    O Serviço Secreto estava agindo com cautela ao manter o Presidente em segurança na Casa Branca ou em Camp David durante os distúrbios. As interrupções incluíram a rede elétrica da cidade e sua frota de veículos automatizados. Os aeroportos de Reagan National e Dulles também sofreram uma redução no tráfego.

    Em meio a todo o caos, o senador Matt Geringer e o senador Alfonso Chancellor, ambos do Partido Independente Americano (PIA), conseguiram apoio suficiente nas legislaturas estaduais para provocar a Convenção do Artigo Quinto, para propor emendas na Constituição. Embora uma articulação para provocar o Artigo Quinto estivesse em vigor há vários anos, a eleição presidencial de 2020 e a ação executiva de Jefferson foram os catalisadores para concretizá-la, com uma grande ação de persuasão feita pelo senador Geringer. Esta Convenção seria levada a cabo no Colorado, no início de fevereiro de 2022.

    Quando o Presidente e sua equipe se reuniram em janeiro de 2022, se depararam com um novo obstáculo em seus esforços para manter a nação unida.

    ***

    A Sala de Diagnóstico de Situação ou simplesmente Sala de Situação abrangia um complexo que media em torno de 500 mt², localizada na ala Oeste da Casa Branca. Tinha uma área de conferências relativamente pequena e um centro de gerenciamento de inteligência. A Sala de Situação abrigava Oficiais de Vigilância do Conselho de Segurança Nacional, sentados em bancadas duplas curvas de dois níveis com terminais de computadores, onde recebiam todo tipo de dados de todo o mundo. Havia também cinco salas de vídeo de vigilância, um centro de controle seguro para o Air Force One, o avião presidencial, e, em um estilo condizente com o seriado dos anos 60 Agente 86, cabines telefônicas privadas que se assemelhavam aos cones de silêncio da série.

    O Presidente normalmente se sentava no final de uma longa mesa de conferência de madeira, formando uma ferradura, com seis cadeiras de cada lado. Na parede oposta ao local onde o Presidente se sentava, pendia um grande monitor de vídeo de ultra definição, com monitores similares ladeando as paredes dos dois lados da sala. A recém-decorada Sala de Situação incluía imagens estáticas, nos monitores laterais, da campanha ‘Nós Somos o Futuro’ – com a característica cena do homem, da mulher e da criança em pé na frente da bandeira, olhando para a direita.

    A reunião começou com a apresentação do Livro da Manhã, que continha uma cópia do Diário de Inteligência Nacional, o Resumo Matinal do Departamento de Estado, informações diplomáticas, e relatórios de inteligência. O Presidente presidiu um encontro com o Secretário do DHS Victor Haydon, com o Diretor do FBI Ralph Elliott, e com o Secretário de Defesa Trent Carter, recentemente nomeado para este cargo. A equipe de rostos sombrios desequilibrou a ferradura, com três membros de um lado e dois do outro.

    Em janeiro de 2022, o foco voltou-se para questões internas. Uma invasão no sistema que autoriza os benefícios do cartão social, o Cartão de Transferência Eletrônica de Benefício (TEB), desencadeou a ruína civil em cidades como St. Louis, Detroit, Chicago e Baltimore. O colapso levou a pilhagem de supermercados e em outros comércios. O contrato social de pão e circo nas zonas urbanas foi quebrado e o público reagiu. Com telões, Internet, e smartphones, o espetáculo de circo podia continuar enquanto a eletricidade era mantida. O corte do TEB infringiu a parte do pão do contrato social. A distribuição de alimentos aconteceu como ocorria cem anos atrás, via transporte físico, criando uma vulnerabilidade no sistema. Caminhões de supermercado pararam de entrar no centro urbano. Fome e desespero deram origem a rebeliões. Com a mídia social e a onipresença do telefone celular, os jovens urbanos foram a vanguarda desses distúrbios.

    Suponho que eu deveria ter convocado o Secretário de Agricultura para estar aqui hoje, mas, a essa altura, está fora de sua alçada, comentou o Presidente, enquanto o principal monitor de vídeo mostrava imagens do motim em Chicago. A orgia violenta o fez desviar o olhar.

    O Secretário Haydon interviu com uma declaração fria e firme. Senhor, a imprensa está chamando isso de protestos por comida, mas eu não sugeriria usar esse termo.

    O Presidente zombou da tentativa de Haydon de minimizar o distúrbio. Ele levantou a voz, cedendo à sua irritação. Sabe, desde que fui eleito Presidente, esse governo foi atingido por um golpe após o outro. Não podemos vencer, podemos?

    Senhor Presidente, com todo o respeito, este é um novo desafio para nós. Claro, somos o grande gorila na sala, mas esses mosquitos são muitos e se multiplicam, até que os esmaguemos. Não podemos simplesmente explodir a sala ou mataremos o gorila, respondeu Burkemper.

    O Presidente não queria metáforas, ele queria soluções. As soluções pareciam distantes no momento, dadas as imagens perturbadoras no monitor de vídeo.

    As câmeras dos noticiários capturaram manifestantes jogando carrinhos de compras e latas de lixo em um cruzamento. Motoristas mais tímidos paravam diante dos obstáculos. Os revoltosos se aglomeravam em volta dos veículos parados e puxavam os motoristas aterrorizados que desesperadamente se agarravam ao volante. Fora da proteção dos veículos, eles eram espancados e roubados. Um dos saqueadores tirou a calça de uma mulher e a estuprou. Quando ela se virou, os espectadores viram seu traseiro nu, visão bruta da violação sexual que ocorreu no concreto áspero.

    Os manifestantes causaram outros ferimentos além dos provocados por socos e chutes. Muitos tinham facas e outras armas caseiras. Outros se armaram com pistolas de 9mm e AK-47s.

    A equipe médica de emergência, em uma cena que lembrava a violência em Ferguson, Missouri, se viu incapaz de ajudar aqueles que precisavam de tratamento, uma vez que também foram atacados.

    O monitor  principal mudou para uma imagem aérea, fornecida por um drone, que sobrevoava sobre o lado sul de Chicago. O Departamento de Segurança Interna estava ajudando a polícia local com vigilância aérea.

    Acho que não consigo imaginar onde está todo o Departamento de Polícia de Chicago enquanto isso acontece? O Presidente jogou as mãos para o ar com desgosto.

    Essa foi uma pergunta para o Diretor do FBI Elliott, que se controlou, abalado que estava com as imagens que acabara de ver. Senhor, as fileiras do Departamento de Polícia de Chicago diminuíram após os julgamentos de violação de direitos civis e todo o escrutínio do Departamento de Justiça. Sinceramente, muitos deles simplesmente pararam de patrulhar essas áreas e relutam em entrar nesses locais.

    "Há um outro problema também, senhor. As multidões estão se formando de forma mais dinâmica do que no passado. Esses jovens urbanos estão usando as mídias sociais para aparecer em lugares onde a polícia não está. São um flash mob, uma multidão revoltada pelo colapso da rede TEB. Mas eles não fazem ideia sobre as invasões na rede e nem querem saber", acrescentou o Secretário Haydon.

    Assim que o Departamento de Polícia de Chicago liberava um cruzamento, as multidões apareciam em outro. Os flash mobs estavam se movimentando dentro do circuito de manutenção da ordem da policia chamado OODA, também conhecido como Observar, Orientar, Decidir, Agir, o que lhes proporcionava um tempo de reação muito mais rápido do que o da polícia. Os flash mobs aprenderam lições durante os confrontos em outras cidades e agora eram auxiliados por profissionais que surgiam do caos.

    Por que não bloqueamos as transmissões eletrônicas nesses bairros?, Perguntou o Presidente, atirando sua caneta contra uma pilha de papéis. Ele não olhou para ninguém em particular a fazer sua pergunta.

    Poderíamos, senhor, mas as pessoas que não estão participando das manifestações e precisam de ajuda também ficarão sem comunicação. Além disso, poucas casas têm telefones fixos e até mesmo esses não são confiáveis, pois as fiações externas são vandalizadas pelos manifestantes. Não há boas opções, senhor - respondeu o diretor Elliott, do FBI.

    Os manifestantes estavam se dirigindo para novas áreas, para as fronteiras do subúrbio. Supermercados e lojas anteriormente seguros estavam sendo atacados por multidões armadas com facas, pistolas, e AK-47. Os policiais que moravam nessas áreas suburbanas não eram confiáveis, pois protegiam suas próprias famílias.

    O ex-diretor da ASN, Trent Carter, que agora atuava como Secretário de Defesa, já havia ouvido o suficiente. Ele colocou as mãos sobre a mesa e começou suas considerações com os dentes cerrados. Senhor, espero que o senhor agora veja o motivo dos campos de reorientação. Poderíamos fazer com que os militares destruíssem todos esses animais, mas isso seria uma propaganda negativa para nós. Sinceramente, acho que precisamos aumentar esses campos para lidar com um número maior de pessoas. Nós os levamos para os campos e, quando eles saem, nunca mais agem como um bando de animais selvagens!

    O Presidente ficou consternado com a visível falta de sensibilidade do Secretário pela situação, priorizando o valor das relações públicas ao da humanidade.

    Ele lançou um olhar de desprezo para Carter. São pessoas, Trent, seres humanos, não animais, pelo amor de Deus!

    Carter recuou, mostrando algum arrependimento por seus comentários.

    As notícias sobre os campos de reorientação surpreenderam o Presidente no ano passado. Ele se sentiu traído por sua equipe por não o terem informado antes sobre isso. Carter os defendeu e divulgou os resultados favoráveis. Assistir essas imagens fortaleceu a decisão do Presidente de que algo precisava ser feito, embora ele permanecesse em dúvida sobre enviar esses manifestantes para os campos.

    Apesar do painel convocado para estudar os campos de reorientação, os conselheiros do Presidente não se sentiam inclinados a desmontá-los. Eles consideravam a questão um problema de relações públicas que precisava ser resolvido. Além disso, parte do público americano apoiava o projeto como uma maneira humana de fazer com que as pessoas se alinhassem aos planos de inspiração patriótica do país. Para Carter, se o indivíduo queria fazer parte do futuro, precisava seguir o plano ou ser reeducado.

    O Presidente esperava que o painel especial apresentasse uma alternativa ao Protocolo Elysium. A morte controlada por um esforço de reeducação mal-sucedido  não era apenas um problema de relações públicas.

    O Protocolo Elysium era um método de eutanásia dos participantes do campo de reorientação, que eram mentalmente prejudicados pelas técnicas utilizadas. Os que foram expostos ao protocolo foram informados de que estavam indo para um lugar onde encontrariam alívio para suas almas. Esse local incluía uma simulação de realidade virtual e a administração de drogas poderosas.

    Os homens na Sala de Situação entendiam que o que estavam assistindo na tela poderia acontecer em muitas cidades e não apenas como resultado de um corte no TEB. A divisão havia fracionado o país em algo muito além da desigualdade econômica. Ideologicamente, havia um grande abismo.

    Carter queria o maior número possível de pessoas falando a mesma língua. Ele entendeu que os campos e outros esforços de controle por meio da realidade virtual eram a chave para ter uma sociedade compatível.

    A Cerebrum Technologies estava no centro desses esforços. O governo já havia colocado suas garras na empresa através do financiamento do IQT, ou In-Q-Tel, uma empresa de capital de risco sem fins lucrativos que investe em empresas de alta tecnologia que apoiam a coleta de informações de agências como a CIA. O uso da letra Q é em homenagem ao personagem fictício da série James Bond, que fornece uma variedade de armas ao agente 007.

    O Departamento de Segurança Interna havia firmado um contrato com a Cerebrum para desenvolver módulos de controle mental a serem inseridos em jogos populares de realidade virtual usados ​​por jovens e adultos. Os jogadores desavisados ​​receberam uma dose do programa de reorientação com temas patrióticos, todos projetados para apoiar o Plano para a Prosperidade do país.

    Antes que eu me esqueça, eu gostaria de informar a todos sobre o estado de saúde do Vice-Presidente. Os médicos não deram muitas esperanças, então, por favor, mantenham-no em seus pensamentos e orações, disse o Presidente com pesar. Lágrimas brotaram em seus olhos, embora não as deixasse cair. A equipe de consultores desviou os olhos para suas anotações.

    Amigo de longa data do Presidente Jefferson, o Vice-Presidente adoeceu no final de dezembro infectado por uma cepa de bactérias conhecida como CRE. Essa classe de bactérias resistentes a medicamentos era difícil de ser combatida pelos antibióticos aprovados pela FDA. Os médicos o trataram com altas doses de antibióticos autorizados pela agência reguladora e não tiveram sucesso em restaurar sua saúde. Sua vida continuava em risco. Pelo menos um membro da sucessão presidencial estava fora de combate e não poderia ajudar em caso de necessidade.

    O estado de pertubação no país fez com que a equipe de segurança militar do Presidente se inclinasse para medidas mais drásticas para restaurar a ordem. Essa postura desafiaria o Presidente nos próximos dias.

    CAPÍTULO DOIS

    FUGA

    Chandler teve mais de dois meses para refletir sobre os comentários da manhã de Halloween de Habakk na Battery, sobre os Estados Unidos permanecerem unidos. Habakk sugeriu que a liberdade vinha da capacidade de escolher. Os grupos separatistas e de secessão estavam tentando exercitar sua liberdade e suas escolhas, para consternação da Elite. Os que estão no poder responderam, com apoio público, impondo mais autoridade. A batalha travada entre as forças opostas de fervor nacionalista e aquelas sufocadas pelo peso da mão pesada do governo.

    Chandler fez sua escolha. Depois de descobrir a verdadeira natureza dos campos de reorientação, ele lançou um documentário sobre os grupos separatistas e os patrióticos, feito com seu falecido parceiro, Arturo Dutari. Opiniões foram divididas sobre os campos. Alguns americanos acharam que os campos são uma maneira humana de reeducar as pessoas a se alinharem ao plano do Presidente Jefferson de resgatar a economia e, por extensão, a nação. Eles consideraram o Protocolo Elysium uma conseqüência infeliz, embora aceitável, de um tratamento que poderia causar algum dano ao paciente, nada diferente do resultado de uma quimioterapia ou de uma radioterapia para pacientes com câncer. Outros ficaram horrorizados com o fato de o governo ter se inclinado a tal barbárie, pouco diferente dos esforços de limpeza do Terceiro Reich.

    Com a nação dividida com relação ao campo, o Departamento de Justiça tratou da transgressão de Chandler a respeito do campo com luvas de pelica. Eles o acusaram de delito de Classe C e o multaram em US $ 5.000 – além de condenado a 30 dias de prisão, com liberdade condicional. O governo Jefferson queria punir a transgressão de Chandler, embora não de maneira excessiva.

    Ele ainda poderá viver seu sonho. O sonho agora incluía um amor como ele nunca havia experimentado antes, um amor que resistia ao estresse de seu trabalho de investigação. Esse amor entendeu que seu trabalho tinha um propósito maior. Durante sua passagem infiltrado no campo de reorientação, ele descobriu o lado sombrio do amor, aquele que teme que algo dê errado, temendo o sofrimento que poderia causar ao outro. Ele sentia falta do cheiro dela, da maciez do seio dela, da sensação dos cabelos dela tocando sua bochecha, da rica cor de seus olhos azuis - ah, aqueles olhos. Ele queria dar seu último suspiro olhando para ela.

    Chandler Michael Scott nasceu em 19 de outubro de 1987, conhecido como Black Monday – Segunda-Feira Negra, nos círculos financeiros. Ele estava destinado a viver sua vida em torno da turbulência. Criado no Texas por uma mãe solteira, se formou em Jornalismo na Universidade do Missouri, e cocluiu seu mestrado na Escola de Estudos Internacionais Avançados, da Johns Hopkins.

    Ele passou a maior parte de sua vida profissional trabalhando no El Mundo, uma rede internacional de TV sediada na Argentina, onde finalmente comandou seu próprio programa focado em eventos políticos e financeiros. O El Mundo se tornou vítima de organizações internacionais que queriam que fossem replicados em seus programas temas em apoio à União Financeira Global, um plano coordenado para resgatar os Estados Unidos e outras economias. A União Financeira Global havia sido mantida em segredo do público até Chandler o revelar em um vídeo não autorizado divulgado na Internet com a assistência do enigmático grupo de hackers Omni.

    Depois de ser demitido do El Mundo, ele trabalhou como jornalista independente. Ele e seu parceiro desenvolveram um documentário sobre movimentos de secessão e patriota nos Estados Unidos. Sendo improvável a venda do documentário para uma rede nacional, ele o ofereceu à Rede de Notícias Financeiras de Cingapura, no outono de 2021. Detalhes do campo de reorientação causaram reverberações no país e no mundo.

    Ele precisava ficar um tempo afastado agora, um tempo que poderia passar com ela. Eles se aproximaram social e fisicamente. O voo deles os levou do O'Hare, em Chicago, para Denver, cujo design do terminal do aeroporto destacava o Front Range das Montanhas Rochosas americanas, que ficava a oeste. Sua jornada levou-os ao sul de Colorado Springs. Torres elétricas vigiavam a pradaria enquanto se deslocavam pela Estrada 25. A grama dourada e fina se curvava tocada pelo forte vento do norte que também estimulava seu veículo a continuar pela estrada. Pequenas colinas surgiam dos trechos de capim dourado como túneis irregulares feitos por toupeiras em um quintal suburbano. Os túneis chegaram a um fim abrupto quando o Front Range surgiu como um lembrete da autoridade da montanha sobre a pradaria. Vigilante do Colorado Springs, lá estava o Pike's Peak, uma montanha que Arianne havia escalado quando jovem. Ela queria escalá-lo novamente, embora desta vez com menos esforço.

    Eles dirigiram até o cume; a estrada havia sido recentemente limpa da neve. O dia claro permitia uma vista panorâmica de 360 ​​graus. Eles podiam ver jatos decolando da Academia da Força Aérea. Ele ficou atrás dela, com os braços em volta da sua cintura. O casaco que ela vestia não o impedia de sentir seu corpo firme. De alguma forma, o ar rarefeito não os incomodava. Eles estavam no topo do mundo. As possibilidades com ela não tinham limites agora.

    A viagem levou-os de volta a Denver, onde viajaram de trem para as cidades de Fraser e Winter Park, dois enclaves em um vale localizado em Grand County, a uma altitude de 9.000 pés. Essas cidades, apoiadas pela indústria do esqui, tiveram crescimento no início de 2010, antes que as crises econômicas interrompessem seu desenvolvimento. Uma população composta por trabalhadores com salários mais baixos vivendo em comunidades e por afortunados com salários mais altos que possuiam os principais imóveis da região - um abismo refletido em outras partes do país. Os salários baixos nem sempre eram um problema para os jovens adultos, descobrindo ainda quem eram, planejando o próximo passo. Alguns não tinham interesse em descobrir outras possibilidades e apenas queriam viver entre pessoas como eles. Os residentes permanentes de Winter Park queriam escapar da loucura das cidades e subúrbios e tiveram dificuldade em se identificar com campanhas patrióticas como o ‘Nós Somos o Futuro’. O resto do país estava se separando há anos. Era mais do que apenas estados vermelhos, azuis, ou roxos. O país estava se segregando em áreas geográficas menores que, em muitos aspectos, refletiam um arranjo tribal.

    Arianne era uma esquiadora talentosa. Sua família passou muitas férias de inverno no Colorado, em Utah, ou na Califórnia, onde quer que a poeira estivesse assentada. Chandler, criado no Texas, se sentiria tão confortável esquiando em uma trilha verde quanto laçando um novilho, apesar de nunca ter laçado um novilho. O casal começou a esquiar nos Sete Territórios de Winter Park, Arianne mais do que Chandler. Chandler achou intrigante que uma estação de esqui se separasse em territórios. A separação havia sido o tema do documentário de Chandler - secessionistas e separatistas que queriam seu próprio espaço. Alguns americanos temiam que a convenção do Artigo Quinto, patrocinada pela Geringer, apressasse a secessão. Outros temiam que o Movimento Cascadia e o Califórnia Sí, dois esforços de secessão, dividissem ainda mais o país.

    Enquanto Arianne esquiava na trilha Mary Jane, em homenagem a uma dama do prazer local, Chandler acampou próximo a um poço de água situado a 10.000 pés. Ele gostava da solidão, de ficar admirando um pico que mostrava os contornos de uma garra de urso em um de seus lados. Ele interrompeu seu isolamento quando tirou os óculos escuros e a máscara de esqui, revelando sua identidade. Ele passou a hora seguinte conversando com esquiadores e tirando selfies com admiradores de seu documentário.

    Depois de um dia de quedas, escorregões, e tombos, Arianne teve pena de seu homem e o levou a Hot Sulphur Springs. O calor das rochas vulcânicas atravessou fissuras na crosta terrestre e aqueceu a água rica em minerais, algo bem-vindo depois de um dia caindo de um novilho ou caindo de uma montanha, sendo o último o caso de Chandler. O paraíso das

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