Ensaio Sobre o Pensamento Religioso em Portugal
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Sobre este e-book
O pensamento filosófico e a experiência religiosa da cultura portuguesa estão em permanente construção, a influência das correntes migratórias e do pluralismo do pensamento europeu sobre a religião em Portugal são uma constante nesta formação. O propósito deste ensaio é traçar algumas linhas por onde podemos dar início a novas investigações. Os séc. XIX e XX foram sem dúvida importantes na continuação e transformação do pensamento, da religiosidade e da cultura portuguesa. O que fica evidente é que, em face da realidade religiosa portuguesa - que por vezes parece-nos em decadência - continuamos a verificar a presença marcante de uma religiosidade nas antigas construções, nas festas populares, no fenómeno de Fátima, nas cadeiras universitárias de teologia, filosofia da religião ou ciência das religiões. É importante ressaltar que na contramão de muitos países da União Européia, Portugal não excluiu a presença do Estado, da Ciência e da Religião das escolas e universidades. Nos cursos do primeiro, segundo e terceiro ciclos com as aulas de Moral Religiosa e nas universidades com as cadeiras de Teologia, Filosofia da Religião e Ciência das Religiões. É certo que estas marcas continuarão a existir na sociedade. Em meio a tudo isto, ressalta-se, Portugal é de todos os portugueses. Indiferente à confissão religiosa, Portugal tem acolhido com imparcialidade todos os grupos, sem prejuíso de um ou de outro. É possível que Portugal tenha reinventado uma nova forma de ser religioso, uma religião transversal, que atravessa cultura, educação, negócios e as relações sociais, criando sempre uma oportunidade de diálogo e harmonia. No aspecto do diálogo inter-religioso ainda há muito para ser feito, fundamentos a serem lançados, barreiras a serem derribadas e pontes a serem construídas. Entretanto, reconhecemos que muito ja foi feito e tem sido feito neste aspecto. Este ensaio visa incentivar uma investigação mais aprofundada nos vários pontos aqui abordados.
Luis Alexandre Ribeiro Branco
Prof. Dr. Luis Alexandre Ribeiro Branco, D.Mim., PhD, is a Portuguese citizen, married for nearly 15 years and the father of two beautiful girls. Born in the city of Petropolis, Rio de Janeiro, Brazil, in January 1974. However, his paternal grandparents are of Azorean origin. He holds a Degree in Biblical and Theological Studies (BA), Master of Church Administration and Leadership (MA), both at Trinity Seminary in Newburgh, Indiana, USA, has the Degree of Doctor of Honoris Causa Ministry (D.Min.) at Centre For Contemporary Christianity do John Stott - The London Institute for Contemporary Christianity em Bangalore, India, Christianity branch in Bangalore, India and a Doctor Degree in Philosophy and Apologetics (Ph.D) also from Trinity Seminary. His works include acting as a local parishioner, writer and professor at the Baptist Theological Seminary in Queluz, Portugal. He is a member of the Society of Christian Philosophers, member of the Portuguese Philosophical Society, member of the Brazilian Society of Poets Aldravianistas, member of Movimiento Poets Del Mundo, member of the Portuguese Association of Poets, member of the Brazilian Union of Writers, member of the Academy of Letters and Arts Portugal, member of the Academy of Letters and Arts Lusophone having as patron António Augusto Soares de Passos, member of the Brazilian Academy Luminescence having as patron Pio Lourenço Correa. He is associated with the Administrative Board of Missions of the National Baptist Convention in Brazil. Dr. Branco has served as a missionary in India, New Zealand and Norway, which provided him a significant cross-cultural experience. His theology is reformed and as a poet, he has a melancholy style along the lines of the ultra-romantic poets of the nineteenth century, He describes himself as a humanist characterized by the idea that the man only reaches its true essence through the knowledge of God. Dr. Branco lives in Cascais, Lisbon, Portugal, with his family and have works published in the areas spirituality, theology, philosophy and anthology.
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Ensaio Sobre o Pensamento Religioso em Portugal - Luis Alexandre Ribeiro Branco
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Luis Alexandre Ribeiro Branco
Verdade na Prática
––––––––
1º Edição: Dezembro de 2020
Lisboa / portugal
__________________________________________
Branco, Luis Alexandre Ribeiro
ISBN: 9798585381744
Filosofia da religião
Filosofia
Religião
_______________________________
Meu agradecimento a minha esposa Lidiane e as filhas Micaela e Alexandra que me incentivam na busca pelo conhecimento e aprendizado continuo.
INTRODUÇÃO
Após a conclusão do meu doutoramento, quando investiguei sobre o tema da pós-modernidade e os seus desafios para a fé, em especial para a fé cristã e sua ação evangelizadora, percebi que precisava investigar um pouco mais a fundo, neste caso, mais especificamente sobre o pensamento filosófico e a experiência religiosa da cultura portuguesa. Ciente de que não seria capaz de tratar de um assunto tão vasto e complexo numa única pesquisa, procurei focar o meu campo de investigação aos anos que compreendem o início do século XIX até meados do século XX. Entretanto, em alguns momentos tive a necessidade de recorrer a um tempo mais tardio.
Confesso que a princípio fiquei um pouco apreensivo quanto à possibilidade de não encontrar material suficiente em língua portuguesa e, especialmente, escritos de portugueses ou de lusófonos com estreita relação com Portugal, que me pudessem auxiliar nesta tarefa, uma vez que não queria estabelecer minha pesquisa sobre os trabalhos de filósofos não portugueses e para a minha surpresa e deleite encontrei um vasto material em português sobre o assunto, um material riquíssimo que serviu-me de guião no desenvolvimento deste trabalho de investigação.
Em primeiro lugar, espero examinar a cultura e a religião em Portugal no período acima proposto. Tendo em vista a riqueza do material disponível, resumi a minha investigação aos temas relacionados com o mito na cultura e no pensamento português, à cristologia - uma vez que Portugal é um país de maioria cristã - e à mariologia, considerando especialmente o fenómeno de Fátima ocorrido no princípio do século XX. A chegada a Portugal dos diversos grupos religiosos, nomeadamente dos grupos cristãos datam do final do século XIX e tem o seu apogeu com as denominações cristãs protestantes e neopentecostais no final da primeira metade do século XX e início da segunda metade do mesmo século. Com o avanço dos diferentes grupos religiosos, Portugal vê-se obrigado a considerar o diálogo inter-religioso, inclusive com espaço para aqueles que por opção escolheram não ter religião. A questão da negativa às metanarrativas é também um assunto filosófico no Séc. XX, embora não seja uma problemática de origem portuguesa. E, finalmente, ainda nesta secção analisaremos a perspetiva do pecado na concepção portuguesa.
Ao concluir este trabalho investigativo, espero ter compreendido um pouco mais sobre a realidade que envolve o pensamento filosófico e a experiência religiosa da cultura portuguesa e, igualmente, anseio ter estabelecido novas linhas que possam incentivar futuras investigações no âmbito da filosofia da religião em Portugal.
Em Portugal, a poesia e a filosofia fundiram-se como em poucos lugares, exigindo do observador uma atenção mais concentrada nos grandes vultos da poesia portuguesa. Uma análise que nos levará a pensar sobre a conciliação do pensamento e da experiência religiosa em Portugal. Analisaremos, ainda, dois outros fenómenos da cultura portuguesa: o messianismo sebastianista, que embora seja de um período mais tardio, tem seu impacto no pensamento português dos séculos futuros e o fenómeno da saudade tão característico do jeito português de ser.
Com base na pesquisa realizada, tentaremos pensar sobre o que o futuro nos reserva como comunidade pensante e religiosa em Portugal, e, concluindo, teceremos algumas considerações finais.
O presente ensaio não está organizado cronologicamente, mas de forma temática, a facilitar assim uma maior compreensão dos temas aqui abordados e também procuramos nos concentrar no cristianismo visto ser este o grupo religioso predominante em Portugal.
RELIGIÃO EM PORTUGAL
Quando nos aplicamos no estudo da filosofia da religião em Portugal, somos confrontados por importantes vultos da filosofia, em parte abertamente ateus ou agnósticos, que teriam por vezes reflexos de decepções pessoais, para além de pressupostos realistas referentes ao assunto da religião. Agostinho da Silva parece concordar com a existência de uma cultura subjectiva de resistência ao cristianismo:
Perante a pobreza e a reduzida segurança histórica dos textos que temos ao nosso dispor, levantou-se, a partir do século XVIII o problema de saber se Jesus tivera ou não uma existência real; todo o interessado num ataque à Igreja cristã ou, de um modo mais largo, às concepções religiosas, tomou sempre o partido da negativa ou pelo menos da dúvida; asseguravam que Jesus, a existir, teria sido mencionado nos historiadores não cristãos, o que era desconhecer por completo o grau de importância de Cristo no mundo pagão, e que os textos cristãos não merecia a menor confiança, o que era alargar ao total o que só pode afirmar-se de uma parte; por seu turno, os que batiam pelo lado contrário efenderam posições absolutamente insustentáveis.[1]
Entretanto, é importante rever aquilo que Agostinho descreve como a pobreza e a reduzida segurança histórica dos textos que temos ao nosso dispor
, que atestam a existência real do Jesus histórico.
No que diz respeito a confiabilidade das Escrituras Sagradas, o cristianismo possui prerrogativas importantíssimas para confirmarem a existência do Jesus histórico.
Se somarmos todos os manuscritos antigos testados em sua confiabilidade, o Novo Testamento conta com vinte e quatro mil, duzentos e oitenta e seis manuscritos, seguido de longe por Ilíadas de Homero com seiscentos e quarenta e três manuscritos.
O historiador inglês Dr. C. Sanders oferece alguns critérios para estabelecer a confiabilidade e a exatidão de qualquer peça literária da antiguidade.[2] O primeiro critério é o teste bibliográfico. Se não possuímos os documentos originais (autógrafos), qual a precisão das cópias que temos, em relação ao número de manuscritos, e qual o intervalo temporal entre o original e as cópias existentes? O segundo critério é o teste interno, pelo qual se perscruta o que existe no texto: há nele coerência interna? O terceiro critério é o teste externo. Este permite-nos identificar o que há fora do texto. Que fragmentos de literatura e de outros dados ainda existentes, a partir daquilo que se estuda, confirmam a exatidão do testemunho interno do documento.
Ao examinar o Novo Testamento, o filósofo Norman Geisler afirma que os pesquisadores concluiriam que há 99% de precisão entre os textos copiados nos referidos manuscritos;