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Elas e o Sexo: 1
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Elas e o Sexo: 1
E-book363 páginas5 horas

Elas e o Sexo: 1

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Sobre este e-book

Elas não são submissas nem se parecem com a protagonista de Cinquenta Tons de Cinza. Quatro amigas que entendem relacionamentos, amor e sexo de maneira diferente. Elas expõem abertamente o que querem eo que não gostam. Falam livremente sobre suas aventuras no quarto. Depois do divórcio, elas recomeçam. Você se atreve a conhecê-las?

Wynie recebeu os quarenta anos na forma de um cataclismo que ameaçava destruir tudo aquilo pelo qual havia lutado ao longo da vida. Com medo do marido, Emi viu sua vida em perigo e uma madrugada fugiu da casa da família com as duas filhas adolescentes. Para Olivia, seu esposo pediu um tempo de reflexão e todos, exceto ela, sabiam que ele passava esse tempo na cama com uma advogada, com quem tramava o plano para privá-la da fortuna que haviam gerado juntos. Depois de dois casamentos fracassados, Katty procurava nos balcões dos bares e nos portais de namoro da Internet o homem que a faria feliz dentro e fora da cama, o outro eu com quem acordar todas as manhãs.

Wynie, Emi, Olivia e Katty não agem como heroínas de romance. São pessoas de carne e osso, mães lutadoras e cheias de vida que qualquer um poderia encontrar no ponto de ônibus, na fila do supermercado, no consultório do pediatra ou no bar da esquina. Desde que assinaram seus divórcios, elas aproveitaram as oportunidades que surgiram e dividiram a cama com o cavalheiro que gostavam a cada momento. Em algumas ocasiões, procurando apenas sexo; em outras, amor; e na maioria, ambos. Através destas páginas, os homens terão a oportunidade de descobrir o que as mulheres pensam sobre suas atitudes, reações e até mesmo sobre o tamanho do pênis; e elas se sentirão identificadas com as paixões e decepções, aventuras e noites sem dormir, fantasias e anseios.

ELAS E O SEXO é um romance divertido de leitura rápida que lembra a série de sucesso da televisão Sex and the City. Com a diferença de que suas protagonistas não vivem em condomínios de luxo ou ganham milhares de dólares. São mulheres normais, que sofrem a precariedade e têm dificuldade para chegar ao fim do mês; mas também sabem se descontrair nas longas noites de festa da capital espanhola, paquerar e se divertir com quem mais gostam a cada momento.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento10 de mar. de 2021
ISBN9781393260486
Elas e o Sexo: 1

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    Elas e o Sexo - Rocío Castrillo

    ELAS E O SEXO

    Rocío Castrillo

    Prólogo: Paloma Aznar, Vampirella

    Ilustração da capa: Juan Álvarez e Jorge G.

    Design da capa: Juan Álvarez e Daniel Caballero

    XLI design+thinking

    ELLAS E O SEXO

    Todos os direitos reservados. Fica proibida a reprodução total ou parcial desta obra, bem como sua transmissão e disseminação sob qualquer forma ou método, sem a autorização expressa e por escrito dos detentores dos direitos autorais.

    Número de registro de propriedade intelectual: M-008378/2013

    Detentores dos direitos autorais:

    Do texto: Rocío Castrillo

    Da ilustração da capa: Juan Álvarez e Jorge G.

    Do design da capa: Juan Álvarez e Daniel Caballero. XLI design+thinking

    Do prólogo: Paloma Aznar, Vampirella

    Para as mulheres livres

    e

    para os homens que baniram o chauvinismo de suas vidas

    ÍNDICE

    PRÓLOGO

    Mulheres com história. Por Paloma Aznar, Vampirella

    PREFÁCIO

    As últimas horas de Marina

    PRIMEIRA PARTE: ELAS

    Elas

    Seus amantes

    O Polonês, um mestre na arte de amar

    O Pequeno Príncipe, amor platônico

    O Professor de Matemática: o amante duradouro

    Esse, o amor proibido e esquivo

    O de 28, amor inalcançável

    O jovem faraó

    O amante belga, paixão perturbadora

    O Psiquiatra, decepção dolorosa

    SEGUNDA PARTE: O SEXO

    A centelha da paixão e a odisseia do amor

    Conversas e escapadas: El Maligno

    O tamanho importa?

    Amantes casados

    O vigor da juventude

    Frenesi nas Bahamas

    Ano Novo, amantes novos

    Encontros pela Internet

    O artista da língua

    A color e a potência

    Reencontros

    Sexo a três

    Furor de verão

    Relacionamentos e decepções

    A força do sexo

    Fantasias e desejos

    EPÍLOGO

    Uma década depois

    PRÓLOGO

    Mulheres com história

    Sim com história e com DESEJO. Vivemos condenados a desejar o que nos é negado, escreveu San Juan de la Cruz. Anos depois, Cavafis, em um poema comovente, respondeu que não há nada mais belo do que aquilo que nunca foi possuído, a única coisa que pode ser eternamente desejada.

    Mulheres que tentam escapar das normas e quebrar cadeados. Um livro dedicado às mulheres livres. Devoradoras e sonhadoras que podem se permitir mudar, experimentar, escolher, brincar, gozar, bagunçar as coisas ou colocá-las em seu lugar.

    Eros e Tânatos. O romance começa em um hospital madrilenho, com a morte de Marina, uma mulher acompanhada nos últimos momentos pelas suas duas melhores amigas, cujos casamentos acabaram de se desfazer, prontas para curtir a vida. A dupla logo se transforma em um quarteto de mulheres na casa dos quarenta anos, independentes e divertidas: Wynie (jornalista enfrentando uma das piores crises dos meios de comunicação), Emi (abusada e humilhada por um ex-marido alcoólatra, dirige a revista de moda e decoração mais vendida), Olivia (divorciada de um rico empresário e mãe de um menino de sete anos, tão festeira quanto romântica) e Katty (uma modelo conhecida que atravessa um momento profissional e pessoal ruim. Um grupo sólido de amigas, mas não idílico, pois muitas vezes é ameaçado pela inveja ou por aborrecimentos que o racham, mas nunca conseguem rompê-lo. E vamos acompanhar as mulheres que fazem parte deste grupo por dez anos de suas vidas.

    Erotismo, amor, humor, paixão, desejos, fantasias, a passagem do tempo, frustração e, principalmente, o DESEJO, são os temas em torno dos quais gira a deliciosa obra de Rocío Castrillo. A realidade e o DESEJO, mas também o medo e a audácia, a transgressão ou o prazer.

    Até pouco tempo atrás, as mulheres haviam escrito muito pouco sobre o erotismo, sobre seu erotismo. Durante séculos, as estátuas clássicas foram mutiladas (como o esplêndido Adão, de Masaccio) e nos tetos da Capela Sistina, alguns véus escondiam aquilo que não deveria ser contemplado. Da mesma maneira que as imagens foram escondidas, tentaram ocultar palavras, histórias e ideias de mulheres; era uma imposição, um medo de revelar o que pensamos, desejamos e sentimos. Mas tenho em minhas mãos um bom livro, escrito por uma mulher, que percorre o corpo dos homens e descreve um desejo feminino que considera sua pele, suas mãos, os pés, as bocas e as nádegas, as curvas e as dobras, cada canto e cada sensação, lentamente, sem ocultar nada, preenchendo todas as páginas com sensualidade. Um livro com surpresas, que observa nosso mundo e saboreia as frases para chegar ao fundo das histórias de suas protagonistas, que rompe moldes, narra com simplicidade como as mulheres se relacionam, desperta a curiosidade e nos presenteia com um mosaico de emoções, dor, ousadia, vivacidade, experiência, risadas e DESEJO, com palavras diretas e sem rodeios, com liberdade.

    Paloma Aznar, VAMPIRELLA

    PREFÁCIO

    As últimas horas de Marina

    Marina estava ciente de que sua vida estava acabando quando uniu as mãos daquelas duas mulheres que haviam permanecido ao seu lado nos anos anteriores. Emi Abbott era sua fiel subordinada e inseparável colega de trabalho. Wynie Smith, sua amiga de alma. Ambas se conheceram há vários meses no mesmo lugar onde agora estavam: o confortável quarto de um hospital particular no bairro de Salamanca de Madri. A primeira, sentada na cadeira de couro preto ao lado da cama da doente; Wynie, na própria cama, massageava suavemente a área do braço direito de Marina que estava livre de tubos, ataduras e agulhas.

    —Quero que vocês nunca se separem —ela disse devagar, enfatizando cada palavra.

    Sua voz havia perdido a energia e a sonoridade de antigamente; saía com esforço da garganta, submissa e vencida após a intensa luta contra um câncer que surgiu de repente, doloroso e invencível.

    Wynie assentiu com um claro ‘assim será’, que foi ouvido de maneira tão enfática quanto a certeza de quem o pronunciava. Duas lágrimas grossas deslizaram de maneira furtiva pelo rosto pálido de Emi e um ‘não vá’ patético escapou dos seus lábios.

    —Algumas horas, alguns dias, no máximo —sussurrou Marina com palavras vacilantes pelo cansaço. O fim está aqui, amigas. Não chorem por mim. Divirtam-se, aproveitem o que ainda têm por viver. Eu me diverti muito neste mundo e vou em paz. Não se preocupem.

    Assim anunciou uma morte que ocorreu como estava previsto. Ela parou de respirar no mesmo instante que o sol do dia seguinte se escondia no horizonte, depois de uma tarde quente de início de verão. E seu fim marcou o início de uma amizade ferrenha entre Wynie e Emi. A união que nasceu para realizar a vontade da amiga moribunda foi reforçada pelo rompimento dos seus longos casamentos em uníssono. Lágrimas, confidências e temores compartilhados no decorrer de complicados processos de divórcio que as transformaram no que são agora: mulheres livres e amigas íntimas, dispostas a deixar de lado o sofrimento e aproveitar a vida, tentando evitar que os espinhos do amor não voltassem a se fixar em seus corações sofridos pelas investidas dos desgostos.

    A estreia dos seus divórcios multiplicou suas saídas noturnas, também intensificadas pela nova posição profissional de Emi. Seguindo a vontade expressa da falecida diretora, os donos da revista feminina mais vendida da Espanha decidiram que Emi Abbott era a profissional mais indicada para substituí-la no cargo. Com o novo cargo, seu escritório foi inundado de convites para participar de diversos eventos: desfiles de moda, estreias de filmes e de teatro, exposições e inaugurações. Em pouco tempo, a dupla de companheiras de aventuras nas farras intermináveis das noites madrilenhas se transformou em um quarteto. Emi contribuiu com a companhia de Olivia N., uma atraente relações públicas que estava vários anos à frente delas em experiência como divorciada; Wynie, a de Katty Lloyd, modelo publicitária e duas vezes separada, que conhecera anos atrás em um terraço do seu bairro quando os filhos de ambas, então bebês, começaram a brincar juntos de maneira espontânea. Katty era a única do grupo que confessava abertamente seu desejo de voltar a se apaixonar de verdade, de encontrar um companheiro de alegrias e tristezas com quem dividir o resto dos seus dias.

    PRIMEIRA PARTE

    Elas

    As quatro mulheres que protagonizam estas páginas têm cerca de quarenta anos ou pouco mais. Divorciadas, profissionais e mães, são mulheres apaixonadas e liberais; sensuais, divertidas e cativantes; românticas sem exageros e poderosas até onde lhes permitam... Não agem como heroínas de romances, mas como pessoas de carne e osso que qualquer um poderia encontrar no ponto de ônibus, na fila do supermercado, no consultório do pediatra ou no bar da esquina. A seguir, o perfil de cada uma delas.

    Wynie Smith: Jornalista e Licenciada em Filologia Hispânica, recebeu os quarenta na forma de um cataclismo que ameaçava destruir todo aquilo pelo qual lutou ao longo da sua vida. Após quinze anos trabalhando para uma agência nacional de notícias como cronista parlamentar no Congresso dos Deputados, um processo que regulamentava o emprego a deixou desempregada ao mesmo tempo que seu casamento desmoronava e seu marido exigia a custódia compartilhada do filho ambos. Foi a condição que ele impôs a ela em troca de ir embora em silêncio do domicílio familiar, um antigo apartamento que que Wynie adquiriu quando era solteira no bairro madrilenho de Los Austrias. Ela não teve outra opção a não ser aceitar a chantagem porque Rodrigo, comissário da Polícia Judiciária, a seguia e a fotografou uma noite em uma atitude indigna dentro do carro de um conhecido líder político. Sem tempo para ir a um hotel por causa dos compromissos familiares de ambos e sem conseguir saciar o fogo do desejo, eles decidiram estacionar o carro em um beco escuro no centro da capital, logo após finalizar um longo debate parlamentar que, aliás, foi o último que Wynie cobriu como cronista da agência. Enfraquecida financeiramente e profundamente entristecida com a morte de Marina, ela não teve forças para enfrentar um processo judicial com final incerto e assinou o acordo de divórcio que o advogado de Rodrigo redigiu: um documento em que concordava com a custódia compartilhada do filho mais novo e perdia o direito de reivindicar qualquer tipo de pensão ou ajuda compensatória do ex-marido. Após um longo inverno cercada pela solidão e tristeza, ela decidiu saborear livremente os momentos doces que a vida lhe trazia – alardeava com frequência ser um espírito livre – e encher-se de coragem para enfrentar a crescente instabilidade laboral da melhor maneira que sabia: escrevendo conteúdos de vários tipos para qualquer um que quisesse pagar por eles.

    Emi Abbott: Licenciada em História da Arte e Jornalismo, é a nerd do grupo e a melhor amiga de Wynie. Mulher abusada —embora não quisesse saber— durante muitos anos. Uma madrugada temeu por sua vida e fugiu da casa da família para a casa de sua mãe com suas duas filhas adolescentes. Seu marido, um estrangeiro com o sangue envenenado pelo álcool, pôs medo em seu corpo com a seguinte frase: um dia destes terei que matá-la. Palavras que foram o epílogo de uma convivência viciada pelos gritos e pelas humilhações e marcada por uma pequena —embora visível— cicatriz sobre sua pálpebra direita, que foi causada pelo vidro de um copo arremessado com a raiva do ciúme e o desprezo do desamor. Um episódio doloroso que Emi preferiu disfarçar como acidente doméstico em vez de ir à delegacia para denunciar o pai das suas filhas por abuso. Decidiu guardar o acontecimento em um arquivo oculto em sua memória e adaptar-se à tranquilidade falsa e rotineira de um casamento com um homem que enterrava o amor no fundo de uma garrafa de uísque. A calmaria explodiu por causa da sua ascensão profissional após a morte de Marina e da crescente proximidade com sua nova amiga Wynie, que o estrangeiro considerava culpada da rebeldia de uma esposa que havia despertado da sua letargia e ameaçava abandoná-lo toda vez que ele levantava a voz.

    Após ocupar o cargo de diretora da revista de moda e decoração mais vendida da Espanha que o falecimento de Marina deixou vago, Emi iniciou uma intensa jornada de vida social e noturna na companhia de Wynie. A tempestade explodiu numa daquelas madrugadas, quando voltava para casa com um sorriso preguiçoso após participar de uma recepção no Instituto Polonês de Cultura, onde conheceu o homem que se tornaria imediatamente seu amante. De nada serviram seus passos furtivos para acessar o quarto conjugal incógnita. Seu marido a esperava acordado e a recebeu aos gritos, chamando-a de puta e exigindo testes de paternidade para provar que a segunda das suas filhas era realmente dele. Assustada com os gritos, a garota saiu chorando de seu quarto e procurou consolo nos braços da mãe. Com a cabeça da filha sobre o peito e o medo enraizado em cada um dos poros de sua pele, Emi ouviu a maldita frase que provocou o rompimento definitivo do seu casamento. Acordou a outra das suas filhas e correu com as jovens para a casa da sua mãe, de onde ligou para a Polícia para denunciar que seu marido a ameaçou de morte. O juiz indeferiu a ação por falta de provas e intimou que ela voltasse para a casa da família com quem ele considerava um cavalheiro inofensivo. Mas ela, cega pela intensidade de um medo que atravessava sua garganta como uma faca afiada, permaneceu na casa da mãe e começou a tratar do divórcio. Teve que esperar um ano para que a Justiça lhe concedesse o direito de voltar para seu lar com suas filhas, quando a causa da sua infelicidade foi expulsa.

    Honrada no trabalho por uma estabilidade que faltava à sua vida pessoal, Emi Abbott consolidou-se no cargo de diretora, melhorou sua situação financeira e apesar de ter sido casada por vinte anos, começou a descobrir o sexo depois dos quarenta, com o divórcio recente e nos braços daquele polonês errante por quem afirmava ter se apaixonado como uma cachorra.

    Olivia N.: Ex-esposa de um rico empresário e mãe de um menino de sete anos, conheceu Emi em um evento em que trabalhava como relações públicas, profissão que começou a exercer quando seu marido a deixou e perdeu a confortável situação econômica que tinha desfrutado até então. Refugiu-se com seu filho em um apartamento encantador no centro de Madri, único bem que conseguiu salvar da ganância do pai da criança. Um desalmado que não teve escrúpulos em despedi-la do cargo de gerente de negócios da família –um restaurante, um pub e duas discotecas– e roubar metade das ações da empresa que ambos criaram durante o casamento e que por direito lhe pertenciam.

    Prudente de dia e cigana de noite, Olivia é a mais festeira do grupo e a que nunca encontra a oportunidade de abandonar a farra e ir embora para descansar. No entanto, quando chega esse momento e tira os saltos altos, a maquiagem e o vestido de festa, guarda a aspiração secreta de conhecer um homem honesto que a ame de verdade, a mantenha longe da noite e não a traia com a primeira esnobe que encontrar. Quatro anos após romper seu casamento, ainda não superava o fato de que seu marido lhe pedisse um tempo para refletir e todo mundo, menos ela, soubesse que passava esse tempo na cama com uma advogada. Uma puta –como Olivia a apelidou– com quem elaborou o plano para despojá-la da fortuna que criaram juntos. Um golpe brutal que, no entanto, não conseguiu desiludi-la da fantasia amorosa nem impedir que se apaixonasse com frequência e se desapaixonasse com a mesma facilidade. Tal atitude decorre da dualidade do seu caráter. À noite, sai a fêmea conquistadora e poderosa à qual poucos machos resistem. Durante o dia, a mãe prudente e atenta a sua prole, ferida pelo abandono e convencida de que o amor implica uma dor pela qual não quer passar novamente.

    Katty Lloyd: Modelo publicitária de trinta e nove anos, estrelou anúncios de itens tão diversos como celulares, cremes e xampus, sopas e outros produtos alimentícios ou carros de última geração. Licenciada em Ciências Políticas, nunca chegou a usar seu diploma universitário para outra coisa senão pendurá-lo na sala de estar do apartamento caríssimo que papai lhe deixou como herança no luxuoso bairro de Salamanca de Madri. Garota bem-nascida e acostumada a nadar na abundância, a crise causou estragos na existência de Katty, que mal conseguiu anúncios nos últimos dois anos. Divorciada duas vezes em momentos difíceis, compartilha com seu último ex-marido, um publicitário criativo muito procurado, a custódia do filho de ambos, de dez anos e amigo do filho de Wynie Smith desde que ambos eram bebês. Sua maior ambição na vida é encontrar um homem que a ame como seu pai amou sua mãe, com quem escrever a crônica de uma família perfeita e de uma união com final feliz ‘até que a morte nos separe’.

    O relacionamento entre as quatro está longe de ser idílico. Embora seja verdade que nenhuma delas saiba como viver longe do grupo ou, pelo menos, de alguns dos seus membros, a amizade que pretendiam ser forte no começo muitas vezes fissurava por causa dos confrontos causados por homens, ciúme, inveja ou egoísmo.

    A mais polêmica é Emi, que com todas, —incluindo Wynie, sua íntima amiga— teve desentendimentos. Dizem que ela tem o olho maior do que a barriga, que ela cuida da sua vida e que não se importa com o sofrimento dos outros desde que consiga seu objetivo vital, em outras palavras, fazer a cada momento o que realmente quer. Wynie pedia com insistência ao resto das amigas que amassem Emi como ela era, porque tentar mudar seu egocentrismo seria inútil. Acalmou Katty quando Emi começou a gritar com ela como uma louca em um restaurante da moda da Gran Vía por ter se atrasado dez minutos para um encontro que ambas tinham e por comparecer —para piorar as coisas, segundo Emi— acompanhada de outra amiga de quem não gostava. E consolou Olivia uma noite em que ligou chorando como uma pessoa incoerente porque Emi a humilhou na frente de um garoto de vinte e oito anos por quem estava se apaixonando e com quem havia iniciado um relacionamento promissor.

    Wynie adorava Emi e sempre acreditou que fosse mútuo. E que faria as travessuras com Katty ou Olivia, mas não com ela. Acreditava na marca indelével deixada nelas pelo aperto de mãos no leito de morte de Marina e na força de uma união forjada pela perda e alimentada pelas angústias e os medos compartilhados durante os traumáticos processos de divórcio que ambas sofreram ao mesmo tempo. Até que começou um relacionamento mais ou menos estável com um charmoso professor de Matemática e Emi, longe de ser amável com o novo namorado da sua amiga ou pelo menos se comportar de maneira correta, se dedicava a ridicularizá-lo e interferir com sua maneira de vestir, sua maneira de falar ou seja o que for que lhe ocorresse toda vez que o via. E uma noite, o professor cansado de tanta grosseria obrigou Wynie a escolher: ele ou sua amiga. Uma fenda profunda se abriu entre ambas e durante o mês que se seguiu à briga, os esforços de Katty e de Olivia foram inúteis para suavizar a dor e a raiva de Wynie e para conseguir que se recuperasse de tanta tristeza. No entanto, a força da razão acalmou o sofrimento e as duas se conscientizaram de que a amizade íntima que as unia não poderia ser rompida por causa de um homem. Wynie decidiu que só veria seu parceiro quando não estivesse com Emi e assim informou a ambos. Como resultado, elas retomaram sua amizade e o professor deixou de ser um namorado para se tornar um amante ocasional. O tempo demonstrou que esse cavalheiro apaixonado seria o mais durador de todos os que passaram pela cama de Wynie depois do seu divórcio tempestuoso.

    Apesar dos delírios de Emi e seus confrontos com o resto do grupo, a briga mais longa e dolorosa foi protagonizada por Olivia e Wynie e se prolongou por oito meses longos. O motivo: um homem —O de 28— e uma fotografia indiscreta publicada no Facebook. A tempestade começou a se consolidar no verão, embora Wynie não estivesse ciente do desconforto da sua amiga até setembro, quando voltou a Madri após um mês de férias em família em Las Palmas de Gran Canarias.

    Antes do início do referido verão, ela sofria na solidão do seu apartamento, na capital da Espanha, os rigores do calor e da tristeza causada pela falta de expectativas de trabalho. Numa tarde fatídica, na véspera da viagem, recebeu uma ligação inesperada de O de 28, namorado ou amigo especial de Olivia, que pretendia convidá-la para sair. Consultou a interessada antes de fazê-lo e ela insistiu que não se importava. Inclusive assegurou-lhe que nem ficaria com raiva caso eles fizessem sexo. Mas uma coisa é falar e outra é como se reage ao fato consumado.

    E no caso mencionado, sem haver consumação. Nunca houve sexo entre Wynie e O de 28, embora Olivia não conseguisse acreditar. No entanto, o que desencadeou sua irritação não foi a suposta aventura entre a amiga e o namorado, mas uma fotografia publicada no Facebook em que o jovem posava na cama de Wynie, vestindo uma calça jeans e o torso nu. Foi assim que aconteceram os eventos que desencadearam a tempestade que cobriu de gelo o relacionamento entre as duas mulheres.

    Wynie encontrou-se com O de 28 à meia-noite em um bar com um DJ perto de sua casa. Assim que desligou, discou o número de Olivia, que estava de férias na praia, para dar a notícia.

    —O de 28 ligou para mim e fiquei com ele porque estou entediada e nenhum plano melhor surgiu. Estou avisando para que você saiba, mas não se preocupe.

    —Ele quer ir para a cama com você. Ele me disse recentemente e eu não me importo. Faça o que quiser, Wynie.

    —Não vou negar que o amor dele é bom, mas para você. Não gosto dos homens das minhas amigas. Não me interessaria por ele mesmo se fosse mais bonito do que Brad Pitt.

    —Não faça isso por mim, sério. Aceitei como O de 28 é. Agora entendo melhor nosso relacionamento e não estou preocupada que ele seja infiel. Também saio com outras pessoas quando tenho vontade. Se quiser, você tem o caminho livre. Repito que não me importa.

    —A mim, sim. Insisto que os homens das minhas amigas não me excitam.

    —Bem, você vai me contar sobre isso amanhã. Ligarei para que você me conte a história.

    Elas se despediram entre risadas e Wynie começou a se arrumar para o encontro. O de 28 chegou vinte minutos atrasado e levou quase vinte pedindo desculpas.

    —Pare de se desculpar. Peço apenas que seja pontual na próxima vez que nos encontremos, se isso acontecer —ela disse.

    Foi o prelúdio de uma noite em que conversaram, riram e dançaram. Eles se deram muito bem e Wynie não ficou surpresa que Olivia tivesse se apaixonado por um garoto tão jovem. ‘A verdade é que O de 28 promete’ —ela pensou consigo mesma. No entanto, tinha certeza de que rejeitaria qualquer proposta picante que fizesse. Ela era das mulheres que considera indecente se envolver com o namorado, amante ou paquera de uma amiga. E, como Olivia o advertiu, ele teve várias ocasiões durante a noite. Em uma delas, chegou a beijá-la no canto dos lábios e não continuou porque Wynie se afastou. Em outra, ele tocou seu bumbum e em uma terceira disse que a desejava...

    Consumiram alguns drinques e durante o transcorrer da madrugada, Wynie percebeu que várias mulheres bonitas e desconhecidas se aproximaram de O de 28 com pretensões claras de paquerar, sem que ele lhes desse a mínima atenção. Justamente porque era o jovem atraente que não a perdia de vista. Na verdade, ele se tornou o único pretendente que teve naquela noite. Ela não viu ninguém que a interessasse, nem percebeu que algum galã demonstrasse interesse nela, nem mesmo em linguagem não verbal. Quase ao amanhecer, ela informou sua intenção de ir embora para descansar e ele se ofereceu para acompanhá-la. Pouco antes de chegar ao apartamento no bairro de Los Austrias, ele garantiu que estava com muita fome e pediu que o convidasse para comer algo em sua casa.

    —Vou sair de férias amanhã e minha geladeira está quase vazia, mas acho que posso oferecer um hambúrguer, se você quiser.

    —Ótimo —ele concordou, exibindo um bonito sorriso de agradecimento.

    Wynie preparou o hambúrguer com cuidado. Acrescentou cebola frita e queijo, decorou com uma rodela vermelha de tomate e serviu com uma Coca-Cola.

    —Obrigado, muito obrigado —ele repetiu—. É maravilhoso como as mulheres maduras cuidam de mim.

    —Eu imagino. Minha amiga Olivia é uma cozinheira maravilhosa e uma ótima anfitriã. Eu também me considero assim. Com todas as pessoas que convido a minha casa, não apenas com garotos jovens e bonitos como você —ela disse sorrindo.

    Quando O de 28 acabou de devorar o hambúrguer saboroso, Wynie teve a intenção de se despedir dele. O sono começava a devorá-la.

    —Quero me deitar, então...

    —Deixe-me dormir aqui, por favor. Não gostaria de sair para a rua agora. Sua casa é muito confortável —ele disse exibindo seu sorriso sedutor.

    —Não quero problemas, de verdade. Prefiro que você vá embora.

    —Eu também estou cansado. Deixe que eu fique, por favor —ele insistia.

    —Tudo bem. Você pode dormir no quarto do meu filho —ela cedeu.

    —Tudo bem —o jovem resmungou, não muito convencido.

    Wynie o acompanhou até o quarto infantil e foi para a cama. Poucos minutos depois, ela sentiu que ele chamava por ela.

    —Wynie, Wynie.

    —O que está acontecendo com você agora?

    —Preciso que você venha.

    —Para quê?

    —Porque tenho que dormir amarrado à cama. Sou sonâmbulo e se acordar, posso cair. Você não sabia? Achei que Olivia tivesse contado.

    —Não. É a primeira vez que ouço isso.

    —Venha, por favor.

    Ela pegou um cachecol comprido do armário e se dirigiu ao quarto que o homem ocupava.

    —Tudo bem, vou amarrá-lo —ela anunciou, mostrando o cachecol.

    —Estou nu —ele respondeu com uma gargalhada reveladora.

    —Você é o pior. Tchau, estou indo para a minha cama —ela alfinetou enquanto jogava o cachecol em seu rosto.

    Fez o que disse e não soube quanto tempo havia se passado até que acordou. Só sentia que a acariciavam e entre o sono e a vigília, ela se perguntava se isso acontecia no mundo real ou no onírico. Abriu os olhos de repente e ela o viu ao seu lado. Era ele, O de 28, o namorado da sua amiga e eram suas mãos que passeavam pelas suas costas. Não conseguiu tolerar isso.

    —Vá embora, por favor. Não me obrigue a insistir nem me irritar com você. Saia da minha cama agora mesmo.

    —Não seja assim, venha. Eu te desejo e vou fazer você muito feliz. Olivia não ficará sabendo se você não contar.

    —Não é só por ela. É por mim. Eu te disse ontem à noite que não sou o tipo de mulher que dorme com os homens de suas amigas.

    —Não sou o namorado da sua amiga. É ela que está apaixonada por mim.

    —Não se precipite. Olivia se apaixona por todos os homens com quem dorme e se desapaixona com a mesma facilidade. Além disso, isso não é relevante agora. Não quero ficar com você e ponto final. Vá embora —ela ordenou com um tom seco e cortante.

    —Tudo bem, tudo bem —ele respondeu resignado enquanto se dirigia para o quarto infantil.

    Olivia ligou para Wynie pouco depois que O de 28 deixou sua casa. Estava impaciente para saber como tinha transcorrido a noite.

    —Nós rimos muito e nos divertimos. Quanto ao resto, você pode imaginar.

    —Ele tentou ficar com você, não foi?

    —Certamente. Já sabe. Sem sucesso e isso você também já sabe.

    —Sim, eu sei. Que desgraçado.

    —Psss... Como a maioria dos homens... Não conseguem viver sem sexo. Não perdem a oportunidade e tentam com qualquer mulher. Infiéis por natureza —Wynie sentenciou.

    Ela se despediu da sua amiga sem falar de uma fotografia que, para ela, não tinha importância. A insistência do jovem e os eflúvios do álcool fizeram com que ela tirasse a foto e concordasse em publicá-la no Facebook. Ele a convenceu alegando que queria verificar a reação que despertaria entre suas amigas —a maioria, mulheres maduras, como o jovem gostava— além de provocar a vaidade feminina ao garantir que seus pares a admirassem pela conquista. Nenhum dos dois pensou em Olivia, uma mulher de caráter forte e alma fraca que se sentiria profundamente magoada e levaria muito tempo para perdoá-los por tal erro.

    Wynie estranhou o fato de não ter recebido uma única ligação de Olivia durante o mês em que esteve de férias com sua família. Também não deu muita importância ao assunto nem percebeu que a ausência de notícias de sua amiga estava diretamente relacionada com a publicação da maldita fotografia na rede social.

    De volta a Madri, Emi convidou o grupo para jantar e se deparou com a recusa de Olivia, que confessou se sentir extremamente ofendida e informou que não queria ver

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