Noções de História do Português
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Sobre este e-book
Fizemos a análise dos fenômenos, quais sejam (i) fixação da ordem dos constituintes na oração, em par com a tendência à topicalização no atual português do Brasil; (ii) o surgimento do "artigo" enquanto classe de palavras, em par com a utilização do artigo como um determinante não obrigatório no português atual; (iii) a emergência do tempo verbal "futuro do presente", ao lado da construção hoje comumente conhecida como gerundismo e (iv) a apreciação de algumas mudanças fonéticas, através de uma correlação com um fenômeno próximo/similar do português hodierno.
Nosso escopo consiste em apresentarmos uma interpretação de como fatos de mudança linguística se processaram e outros se vêm processando.
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Noções de História do Português - Márcia Valéria Moura
abordado.
UMA PALAVRA SOBRE VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA
A língua consiste em uma atividade prática de interação social e, como as demais instituições humanas, é suscetível de experimentar mudanças com o passar do tempo, visto que os falantes a manipulam
, ajustando-a e adequando-a às suas necessidades de interação com seus semelhantes. O senso comum não leva em conta a língua como um fenômeno heterogêneo, passível de variação e de mudanças, em consequência disso, no dia a dia, ouvimos palavras de desmerecimento em relação às formas em desacordo com o estabelecido pela norma culta, por serem encaradas como sinal de depreciação da língua.
Em consonância com Marcos Bagno, podemos afirmar que não é porque ocorram mudanças na língua, que ela seja desorganizada e desordenada. Bagno afirma que as formas de expressão verbal têm organização gramatical, seguem regras e possuem uma lógica linguística. Tomamos emprestado do autor a indicação de pronúncias utilizadas por falantes socialmente desprestigiados, como broco
, ingrês
, chicrete
e pranta
, o falante urbano e escolarizado irá considerá-las feias e erradas. Contudo, um exame do desenvolvimento histórico da língua nos mostra que a transformação do l
em r
nos encontros consonantais ocorreu na história da língua portuguesa. Muitas palavras que hoje são grafadas com r
, apresentavam um l
na origem, como podemos observar no quadro a seguir:
Quadro 1: Transformação do l
em r
nos encontros consonantais
Fonte: Adaptado de Bagno (2007, p. 73)
Bagno aponta ainda que muitas palavras hoje grafadas com l
, estão documentadas com r
em textos escritos no português medieval, e também no período renascentista, como podemos atestar através dos seguintes versos da obra Os Lusíadas (1572), de Camões:
Quadro 2: Versos da obra Os Lusíadas
de Camões
Fonte: Adaptado de Bagno (2007, p. 217
Podemos observar assim que o fenômeno fonético, denominado rotacismo
, a tendência em transformar em r
o l
dos encontros consonantais, a despeito de gerar formas em desacordo com a norma do português atual, é perfeitamente explicável, a partir de um olhar sobre o passado da língua.
INTERINFLUÊNCIA ENTRE ELEMENTOS EXTERNOS E INTERNOS DA LÍNGUA
Se uma língua, falada por uma mesma comunidade, está passível de sofrer modificações, que diremos de um idioma levado a diferentes localidades, nas quais passa a ser falado por povos nativos de outras línguas; quanto mais se levarmos em consideração o fato de esse processo ocorrer em momentos significativamente diferentes. Podemos admitir que, nesse caso, as modificações sofridas pela língua serão bastante significativas, em função de fatores externos a sua própria estrutura interna.
Ao definir a língua, Saussure supõe que se subtraia dela tudo que lhe seja estranho ao organismo, ao seu sistema. Ao mesmo tempo, o autor considera que a chamada Linguística externa se ocupa de coisas importantes que não podem deixar de ser abordadas no estudo da linguagem. Elas incluem relações recíprocas que podem existir entre a história de uma língua e de uma civilização. Nesse sentido, encontramos a seguinte afirmação no Curso de Linguística Geral os costumes duma nação têm repercussão na língua e, por outro lado, é em grande parte a língua que constitui a nação
.
Com efeito, identificamos que o latim foi submetido a constantes mudanças ao longo do seu percurso histórico e, desse modo foi sendo ajustado à realidade dos vários povos que dele fizeram uso, resultando em línguas outras, como o francês, o italiano e o espanhol, só para citar algumas delas.
A convivência de várias línguas, a difusão em larga escala da língua do vencedor e, em alguns casos, a influência da língua do povo vencido, sem dúvida, foram fatores externos à língua, que acarretaram transformações no idioma em pauta, o latim.
Com essas breves palavras, esperamos ter aguçado o espírito científico do estudante e a curiosidade do leitor/consulente, a ponto de levá-los a explorar a obra aqui citada, a fim de formular sua própria interpretação sobre o tópico abordado, influência de fatores externos sobre mudanças em uma língua.
Nesta nossa leitura, elementos externos apontam para fatores históricos e sociais que influenciaram a difusão do Latim, transformando-o ao longo do tempo e do espaço em direção às línguas românicas, em especial, ao Português; com relação aos elementos internos, apresentamos a interpretação de alguns fenômenos, ocorridos na trajetória de mudança do Latim, em direção ao Português e no próprio Português em momentos anteriores, paralelamente a outros similares em evidência na atualidade.
FATORES EXTERNOS DA DIFUSÃO DO LATIM
Relembramos a distinção entre Linguística externa e Linguística interna, apresentada por Saussure (1995 [1916], p. 30). Em consonância com essa indicação do autor, neste tópico, abordamos a língua a partir do viés da Linguística externa. O nosso intuito é demonstrar que a língua levada a diversas regiões e falada por povos de línguas diferentes, está passível de sofrer modificações. Embora Saussure conceba a língua a partir de seu sistema, ele admite a relevância da Linguística externa para o estudo da linguagem.
A Linguística externa se ocupa de fatos importantes que não podem deixar de ser interpelados no estudo da linguagem, a exemplo de todas as relações recíprocas que podem existir entre a história de uma língua e de uma civilização. Saussure lembra que língua e história política se relacionam intrinsecamente. Nesse sentido, nos propomos a fazer um breve levantamento de fatores externos que contribuíram para a expansão do latim, transformando-o ao longo do tempo e do espaço em diversas outras línguas, entre elas, a