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Dossiê Mackenzie
Dossiê Mackenzie
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E-book505 páginas9 horas

Dossiê Mackenzie

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Sobre este e-book

Kendall pode simplesmente ver na televisão. Lá estava a fotografia do governador Frank Reynolds. Na parte inferior da tela havia uma grossa faixa dizendo: governador Frank Reynolds encontrado morto. A voz no noticiário estava dando todos os detalhes disponíveis. Ao que parece seu corpo foi encontrado mais cedo naquela mesma manhã. Ele foi encontrado caído na garagem. Havia levado dois tiros. Um tiro em cima do peito, o outro no ombro. A polícia acredita que a arma usada foi uma 9mm, a voz no noticiário anunciou. Kendall levou um susto. Anthony Shaw também havia sido morto por uma 9mm. Kendall não tinha muita certeza do que tudo isso significava. Que conexão havia entre Anthony Shaw e o governador do estado e o poderoso empresário Ian Duncan. E quanto ao senador Mackenzie? Onde ele se encaixava? E quem ou o que era Latimer? A bem pouco tempo atrás Kendall era um detetive particular, um Olho Discreto, investigando um insignificante e pequeno assassinato sem pistas, sem testemunhas e sem motivos. Realmente sem nada. Agora ele tinha tantas peças que ele não sabia como encaixá-las. Ele sequer sabia se elas vinham do mesmo quebra-cabeça.

IdiomaPortuguês
EditoraPHOENIX
Data de lançamento26 de nov. de 2021
ISBN9781071591444
Dossiê Mackenzie

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    Dossiê Mackenzie - John Holt

    Prefácio

    A história que se segue é totalmente fictícia.

    Todos os lugares e pessoas incluídas na história são totalmente imaginárias e qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência e não intencional.

    Todas as cidades e lugares dentro dessas cidades são imaginários. Foram criados apenas para meus próprios objetivos, para preencher as necessidades desta história.

    Agradeço a Lauren Ridley, da Cherryloco Jewellery por me autorizar o uso do logo da Fênix de seu design.

    John Holt

    Capítulo 1

    Ian Charles Duncan

    Ian Charles Duncan foi um vencedor, que se subiu e muito na vida, do nada. Ele era o único neto de um imigrante escocês, Angus Duncan, que havia chegado na Ilha Ellis quando ele tinha apenas vinte e dois anos de idade. Com ele estavam sua jovem esposa, Moira, e seu filho de três meses. Cheios de esperança e otimismo, eles tiveram uma nova vida longa e planejada, numa nova terra. Em pouco tempo, entretanto, seus sonhos haviam sido arruinados. A tão falada Terra da Oportunidade, provou-se infrutífera. As ruas não eram pavimentadas com ouro, pelo menos não para eles. Anguns nunca foi capaz de viver a Promessa Americana, o Sonho Americano. Ele nunca fez sua fortuna. Ele não havia sequer chegado perto. Muito pelo contrário, na maior parte do tempo ele havia estado desempregado, e empobrecido.  Pior ainda ele permanecia cheio de dívidas. Ele havia frequentemente recorrido a pequenos crimes, nos quais ele era espetacularmente mal sucedido. Como consequência ele havia passado muito do seu tempo na prisão.

    Durante uma dessas ocasiões sua esposa havia morrido. Ela estava vivendo em um prédio degradado no lado leste. Era frio, e úmido. Ela desenvolveu tuberculose, e morreu em poucos dias. Ela tinha apenas vinte e sete anos. Angus passou a beber, e mudar de um péssimo trabalho para outro.

    Eventualmente, quando ele estava com quase cinquenta anos de idade, ele havia encontrado um pequeno trabalho numa fábrica, como um zelador. Não era grande coisa, mas em vista de seu histórico, isso era com certeza o melhor que ele podia esperar encontrar. Pelo menos isso garantia  um cheque de pagamento todo mês, que pagava as contas, e colocava comida em sua mesa. Lentamente ele começou a se ajeitar em alguma relativamente normal, apesar de solitária, vida.

    * * *

    Mais ou menos nessa mesma época os pais de Ian Duncan havia ambos sido mortos num acidente de carro. Um adolescente dirigindo um carro roubado surgiu de uma rua lateral diretamente de frente com o carro deles. Eles desviaram para evitá-lo, derraparam, e foram direto contra uma parede de tijolos. O tanque de gasolina explodiu, e o carro pegou fogo. Eles ficaram presos, e morreram instantaneamente. O motorista adolescente não soube nada disso. Ele havia continuado dirigindo em completa ignorância, até que finalmente a polícia o pegou na periferia da cidade.  Ele foi sentenciado a cinco anos de prisão por roubo. Três anos depois ele estava de volta nas estradas, ainda dirigindo carros roubados.

    Duncan só tinha quatorze anos quando isso aconteceu. Ele foi deixado com aparentemente nada. Havia tido uma pequena apólice de seguro, mas isso era tudo. A maior parte do dinheiro foi para pagar as despesas com funeral, e o pagamento de diversas dívidas pendentes de seu pai. Duncan havia então sido mandado para viver com seu avô Angus, para grande aborrecimento de seu avô. Ele havia dito a Duncan que ele não dirigia uma instituição de caridade para órfãos. Os fundos estavam apertados, havia pouco dinheiro, e, portanto, ele esperava ajuda com a renda e gastos da família.

    - É melhor você se esforçar, seu avô lhe disse. – Em outras palavras não espere muito de mim, porque você não terá.

    Para todos os efeitos, mesmo naquela tenra idade, Duncan foi virtualmente deixado por sua própria conta. Com certeza ele havia tido uma cama para dormir, e um teto sobre sua cabeça, pelos quais ele era extremamente grato. No entanto, para a vida cotidiana, esperava-se que ele fizesse seu próprio caminho, se arranjasse sozinho.

    - Faça uma rodada de jornais, seu avô sugeriu levianamente.

    – Ou se torne um entregador.

    * * *

    Felizmente para ele, Duncan era, se nada mais, muito inteligente.

    Ele havia feito seu primeiro dinheiro de verdade enquanto ainda estava na escola, comprando todos os tipos de coisas de seus amigos da escola, e então revendendo-as. A palavra amigo era, na realidade, uma descrição inadequada, pois eles definitivamente não eram amigos. Na verdade, eles eram tudo menos isso. Duncan os pressionava para que vendessem coisas baratas. Ele então os obrigava a comprar coisas a um preço muito mais alto. Em muitos casos, eles compraram de volta as mesmas coisas que foram obrigados a vender. Ele nunca fez o bullying, é claro. Ele não foi realmente feito para esse tipo de coisa. Ele era mais o tipo inteligente. Ele fazia o planejamento, e deixava a parte física para outros muito mais adequados para a tarefa. Em relação a isso ele tinha um pequeno time de assistentes, três no máximo, que eram bem pagos por seus serviços, fora da renda não desprezível de Duncan.

    Agora, quarenta anos depois, as coisas haviam mudado um bocado. Ele ainda comprava coisas a baixo custo. Ele ainda vendia coisas a altos preços. Apenas o tipo de mercadoria havia mudado, junto com a atual escala da operação. Ele ainda tinha um pequeno time de valentões, capangas, que eram pagos muito bem para fazer seu trabalho sujo por ele. Uma pequena persuasão em algum lugar se isso fosse necessário.  Talvez fazer uma pequena negociação com um contato difícil em outro lugar, se necessário.

    Talvez arranjar um pequeno seguro para aquele item especial.

    Em tempos recentes Duncan havia acrescentado outro pequeno serviço. Se necessário ele podia sempre providenciar para um pequeno empréstimo ficar disponível, a taxas bem competitivas.

    * * *

    Ian Charles Duncan estava sentado em seu grande escritório luxuoso, localizado no décimo nono andar do edifício central no Centro Warren.  Na escrivaninha monga escura em frente dele estavam um número de arquivos e diversos papéis caprichosamente empilhados num lado. No canto direito da mesa havia uma moldura fotográfica de prata. A foto envelhecida mostrava um jovem casal e uma criança na praia. Perto estava um largo azul escuro, diário encadernado em couro. Estava aberto, a fita azul do marcador caprichada na página. A entrada do dia dizia simplesmente 16h00, Frank Reynolds e John Mackenzie. Estava sublinhado em vermelho. Embaixo estava escrito uma segunda frente 20h00, Veterans Hall, John Mackenzie.

    A enorme cadeira giratória de couro de Duncan estava afastada da escrivaninha, e ele estava de frente para a janela. Ele estava ligeiramente curvado para a frente em sua cadeira, olhando para o nível da rua abaixo. Ele havia estado ali por pouco mais de dez minutos. De repente ele recostou-se novamente, e girou sua cadeira  violentamente. Ele estava começando a ficar impaciente. Ele estava começando a ficar agitado. Ele estava começando a ficar bravo.

    Ele olhou para o relógio da parede. Era pouco depois das quatro e trinta e cinco. Ele virou sua cadeira para sua escrivaninha. Ele começou a tamborilar os dedos com força na mesa. Gradualmente cada vez mais rápido; gradualmente cada vez mais alto. Ele estendeu a mão na escrivaninha e apertou o botão do interfone. Foi atendido instantaneamente.

    - Eles já estão aqui Jakson? Ele perguntou.

    - Não ainda, eu receio, senhor, veio a resposta constrangida.

    – Eu entrarei em contato assim que eles chegarem, senhor. A linha silenciou.

    Duncan desligou o interruptor. Ele bateu com força na escrivaninha com seus punhos, e levantou, empurrando a cadeira para trás, na parede. Ele começou a andar pelo piso. Enquanto ele o fazia, ele continuamente flexionava e afrouxava os dedos, estalando as juntas.

    - Onde eles estão? Ele gritou.

    Ele repentinamente parou de andar. Pega leve, Duncan, apenas se acalme, não adianta se dar uma coronária. Eles simplesmente não valem tudo isso. Ele olhou para o relógio de novo, e sentou-se novamente. Como ele podia permanecer calmo? Havia simplesmente muito em jogo. Essa noite era importante demais. Ele começou a tamborilar seus dedos mais uma vez. Mais uma vez ele olhou para o relógio.

    Duncan estava esperando dois homens, dois homens muito importantes. Com certeza, eles eram importantes, Duncan tinha que admitir isso. Eles eram extremamente importantes. Não havia dúvida quanto a isso. Mas eles não eram tão importantes assim a ponto de poderem deixa-lo esperando. Ele levantou seu punho e bateu na escrivaninha mais uma vez. Ele explodiu de raiva mandando a organizada pilha de papéis para o chão. A vibração fez com que vários lápis tombassem da organizada escrivaninha. Eles lentamente rolaram pela escrivaninha, e estão despencaram na beirada no chão abaixo.

    - Quem eles pensam que são? Ele falou sozinho.  – Com quem eles acham que eles estão lidando?

    Ele levantou e caminhou para a porta. Ele colocou sua mão na maçaneta e começou a virá-la lentamente. A porta abriu um pouco. Imediatamente ele mudou de ideia. Ele fechou a porta com tudo, e rapidamente voltou para sua escrivaninha. Ele olhou para o relógio ainda mais uma vez. Eu os ergui. Eu vou demoli-los novamente se eu precisar. Sem mim eles não seriam nada. Sem mim eles serão nada mais uma vez.

    Houve uma pequena batida na porta. Então ela lentamente se abriu, e um homem jovem entrou na sala. Ele se moveu de um lado para o outro. Ele tossiu uma vez ou duas, preparando a garganta.

    - Você deseja algo, senhor? Ele perguntou. Ele repentinamente notou os papéis no chão. Ele caminhou até a escrivaninha, se inclinou, e começou a pegá-los.

    Duncan olhou para cima e encarou. - Deixe-os, e saía, ele gritou furiosamente. – Saía. Ele pegou um peso de papel e preparou-se para arremessá-lo.  Este deslizou da sua mão, bateu na escrivaninha e rolou para o chão. O jovem homem, não precisou receber a ordem duas vezes. Ele largou os papéis novamente no chão, e apressadamente saiu do escritório, cuidadosamente fechando a porta atrás dele.

    Eu quero alguma coisa? É claro que eu quero alguma coisa. Ele queria esses dois homens. E ele os queria aqui, em seu escritório, agora.

    Duncan não era bom nesse tipo de situação. Ele não gostava de ser deixado esperando. Ele não sabia o que fazer quanto a isso. O afligia ter que admitir que não havia realmente o que ele podia fazer quanto a isso. Estava completamente fora de seu controle. Ele não gostava disso também. Ele não estava acostumado a isso. E isso incomoda. Isso incomoda demais. Ele se sentia estranhamente vulnerável, inseguro. Ele precisava estar no controle. Ele não conseguia suportar nenhuma situação em que ele não tivesse controle absoluto.

    Mas havia algo que ele podia fazer, alguma ação que ele podia tomar. Não nesse exato momento, ele sabia disso. Ele teria que esperar um pouco mais. Não demais talvez, então ele seria capaz de fazer algo. Tudo vem para esses que esperam.

    Apenas espere seu tempo, Duncan. Então ele iria atacar, quando o tempo chegasse. – Eu posso derrubá-los de novo, se necessário, ele disse calmamente. – Eu posso destruir ambos.

    Tudo isso retornava para a única coisa, controle. Essa era a chave, a principal consideração. Ele olhou para o relógio mais uma vez. Este não fazia nada exceto lembra-lo quanto atrasados eles estavam. Lembrá-lo por quanto tempo eles o deixaram esperando.

    * * *

    Duncan olhou para o bloco de notas aberto em frente dele. Ele virou a página e começou a escrever. PODER ele escreveu no meio da página, em grandes letras maiúsculas. Ele então grifou as letras diversas vezes. Depois ele escreveu abaixo dois nomes, governador Frank Reynolds; senador John Mackenzie. Ele então riscou uma grossa linha pelo meio de cada nome.

    Com certeza ele os dispensaria assim que não fossem mais úteis. – Tão fácil quanto isso, enquanto ele riscava outra linha através dos nomes. – Eliminado, morto, obliterado, desaparecido, passado, destruído. Enquanto ele dizia cada palavra, ele riscava outra linha sobre os nomes. – Removidos, cancelados, apagados, deletados.

    Mais linhas passaram pelos nomes cortando fundo em cada página, e a folha abaixo. – Morte. Outra linha foi gravada nas palavras. Ele continuou a olhar para o papel em frente dele. Então apenas acima da palavra PODER ele adicionou a palavra ABSOLUTO.

    Ele parou por um momento. Qual era aquele ditado, ele perguntou a si mesmo, aquele sobre poder? Como era? Era algo sobre ganância? Não, não ganância, era algo sobre corrupção.

    Alguns momentos passaram. - Eu lembro, ele anunciou. Ele começou a escrever enquanto ele falava. Poder corrompe. Quão verdadeiro aquilo era. – Poder corrompe, ele repetiu. – E Poder Absoluto corrompe absolutamente. Era isso. Ele leu isso completamente mais uma vez. – Meus sentimentos exatos, ele sussurou, e então ele começou a rir. Então ele parou abruptamente, e furiosamente arrancou a folha do bloco. Ele rasgou a folha em vários pedaços e jogo-os na lata de lixo. Ele errou o alvo, e os pedaços caíram no chão.

    Ele olhou novamente para o relógio. Onde eles estavam? Não importava o que ele pensasse, ele sabia que por enquanto precisava daqueles dois homens. Por enquanto, ele não tinha escolha. Ele também não gostou, mas, mais uma vez, não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso. Porém não imediatamente.

    * * *

    Duncan Enterprises Incorporated estava localizada no Centro Warren, no meio da cidade. Esta também era a sede da Duncan Construction; Serviços Duncan; Duncan Imports; Exportações de Duncan; e um punhado ou mais de outras companhias pertencentes e administradas unicamente por Ian Charles Duncan. Companhias envolvidas com transporte, construção, serviços financeiros e comércio dentre suas atividades principais. No prédio também estavam um número de outras empresas menores nas quais, apesar de Duncan não ter controle, lhe beneficiavam muito. Uma dessas empresas era Latimer Holdings, um pequeno negócio de correção imobiliária.

    Para fins fiscais, o complexo foi construído sob o nome de Dave Warren Construction. Ao mesmo tempo, Dave Warren tinha sido parceiro de negócios de Duncan. Sete anos atrás ele havia sido encontrado morto em seu escritório. Foi Duncan quem realmente encontrou o corpo. Caída em sua escrivaninha em frente dele estava uma garrafa vazia. Era uma garrafa de tabletes de Tylenol.

    Naturalmente havia havido um inquérito. Duncan afirmou que a morte de seu amigo não havia sido nada mais que um trágico acidente.

    - Com certeza Dave havia tendo enxaquecas terríveis ultimamente.  – Exaquecas demais nas últimas noites, eu receio.  

    – Eu havia dito a ele para ir com calma, Duncan havia dito ao legista no inquérito. – Ele estava tomando um monte de tabletes.

    – Mas eu tenho certeza que ele nunca percebeu quão perigoso era tomar tantos. – Ele provavelmente nunca sequer percebeu quantos ele havia tomado. – Quando você está com tanta dor talvez você não pense direito.

    Os comentários de Duncan foram devidamente anotados, e registrados. Ultimamente, entretanto, eles estavam sendo rejeitados pelo inquérito. – Senhor Duncan, o possível efeito de exceder a recomendada dose de Tylenol é bem conhecido. – Além do mais, ela é claramente descrita na garrafa, o legista respondeu. – Você não concorda? Ele perguntou a Duncan, enquato ele entregava a garrafa para ele.

    Duncan olhou de perto a garrafa. Ele a virou, e leu a pequena etiqueta atrás. Estava ali, claramente visível, em preto e branco. Não mais que oitenta tabletes devem ser tomados dentro de um período de vinte e quatro horas. Ele teve que concordar que estava suficientemente visível. Duncan também teve que concordar que teria sido extremamente improvável de seu parceiro não notar as instruções assim. Ele geralmente era tão metódico, tão cuidadoso. Ele verificaria, e reverificaria, tudo. Então ele iria verificar de novo. Ele nunca fazia nada sem ter absoluta certeza. A ideia da overdose acidental estava começando a parecer mais e mais improvável.

    Depois de dois dias de deliberação, o inquérito havia chegado a uma decisão. O veredito oficial era que o senhor Warren havia cometido suicídio enquanto o equilíbrio de sua mente estava perturbado. Aparentemente ele havia estado falsificando seus registros bancários. Duncan não podia acreditar nisso. Não havia forma de seu parceiro – seu amigo – poder possivelmente ser culpado de fraude. Não estava em sua natureza. O pensamento de qualquer coisa ilegal era extremamente detestável para ele. Ele era a pessoa mais honesta que ele podia encontrar.

    Duncan jurou que ele iria provar, definitivamente, que seu parceiro não havia se envolvido em fraude. Ele lutaria para limpar seu nome. Era o mínimo que ele podia fazer. Ele instigou uma investigação independente nas contas da empresa. O próprio Duncan foi muito cooperativo. Arquivos, documentos, tudo foi colocado a disposição do time de investigação. Os livros da empresa, os canhotos de cheque, registros bancários. Nada foi escondido e nada foi retido. Não importava quanto insignificante.

    - Contanto que nós descubramos a verdade, ele estipulou.  

    - Essa era a coisa mais importante, a verdade.

    * * *

    Após seis meses, a investigação estava encerrada, e um relatório foi emitido.  O relatório, que possuía centenas e centenas de páginas, mostrava claramente, que todas as alegações eram realmente verdade. Duncan estava chocado. Warren havia aparentemente deliberadamente alterado certos números nos registros. Largas somas desautorizadas de dinheiro haviam sido retiradas. Haviam tido dúzias de transações, durante um considerável período de tempo. Havia também evidência de negociações internas na Bolsa de Valores. Registros de imposto haviam sido alterados. Alguns registros haviam sido deliberadamente destruídos.

    A evidência foi esmagadora. Não havia erro. Ainda assim, porém, Duncan ainda não podia acreditar nisso.

    Então a verdadeira carta de suicídio foi descoberta atrás da escrivaninha de Warren. O inquérito foi re-convocado para considerar a nova evidência. Foi revelado que Warren havia aparentemente acumulado enormes dívidas de jogo. Ela sabia que ele nunca poderia repagar tais somas. Ele estava sendo ameaçado. Ele precisava de dinheiro, e ele precisava disso logo. Ele não teve escolha. Ele tinha que falsificar seus registros. A carta de suicídio dava detalhes completos das somas envolvidas, junto com as datas correspondentes. Warren estava com medo de ser descoberto, e o que isso acarretaria. Ele não podia enfrentar o prospecto da prisão. Não havia dúvida agora. Duncan tinha que aceitar isso, por mais intragável que isso fosse.

    - Eu nunca soube, Duncan havia dito, cheio de remorso.

    – Porque eu nunca sequer desconfiei disso. Seu colega e amigo estava morto, e ele não havia sido capaz de ajudá-lo. – Por que ele não veio a mim pedir ajuda? Por que ele não me contou que ele estava em dificuldade? Ele perguntou. – Nós podíamos ter dado um jeito, tenho certeza.

    A equipe de legistas concluiu que como um resultado do escândalo iminente, Warren havia tirado sua própria vida. O veredito formal do inquérito original permaneceu inalterado. Mas Marilyn Warren, sua viúva, não concordou. Seu marido não havia falsificado nenhuma conta. Ele não havia alterado registros de impostos. Ele não havia conduzido nenhuma negociação ilegal na Bolsa de Valores. Ele não havia manipulado o fundo de pensão. Ele não havia feito nenhuma dessas coisas. Fraude, ele não podia sequer soletrar a palavra. – Ele não tinha sequer a inteligência para tal coisa, ela disse ao legista. – Ele não saberia como fazer isso.

    Enquanto a decisão formal estava sendo lida, ela se levantou no tribunal. – Ele jamais iria tirar sua vida, ela teve que gritar, com desprezo. – Ele era muito fraco para fazer isso, muito covarde.

    O funcionário público do tribunal tentou acalmá-la, gentilmente colocando um braço em seu ombro, levando-a lentamente para a porta. Ela agrediu o funcionário público, e se soltou. Ela olhou para onde Duncan estava sentado. Duncan olhou para cima, e sorriu. Ela olhou de volta, com desprezo. – Além do mais ele não faria nada sem Duncan ordenar, sem sua permissão, sem sua aprovação, ela disse enquanto ela era finalmente levada do tribunal.

    Seu marido nunca havia cometido suicídio. Disso ela não tinha dúvida, dúvida nenhuma. Ela firmemente acreditava que seu marido tivesse na verdade sido assassinado. Até sua própria morte prematura três anos depois, ela sempre suspeitou que Duncan soubesse mais sobre o assunto que ele estava dizendo, mas ela nunca pôde provar nada.

    Duncan estava indignado, mas ele foi muito compreensivo com ela. – Eu estou totalmente devastado que ela possa pensar tal coisa sobre mim, ele disse. – Nós costumávamos ser tão próximos, nós três, especialmente depois que minha esposa morreu.  Ele enxugou uma lágrima do olho. – Naturalmente ela está perturbada. – Ela deve estar terrivelmente angustiada, e não é para menos. – Que terrível tempo para ela. – Você pode entender como ela se sente não pode?

    – Quero dizer que terrível choque isso deve ter sido. – Ela não sabe o que está dizendo. Ele olhou para cima, tirou um lenço, e enxugou seus olhos. – Ela não quis dizer isso, eu sei disso. – Eu perdoo ela."

    * * *

    O Centro Warren era na verdade parte de um pequeno desenvolvimento que incluía um número de apartamentos residenciais, e escritórios, juntos com um pequeno shopping. A seção principal, a tão falada Torre, era uma estrutura moderna de concreto e vidro que havia sido construída quinze anos atrás. Exceto por um ou dois enfeites ligeiramente curvos, fornecidos em nome do chamado estilo, não era nada mais do que uma caixa simples, de vinte andares de altura. Insignificante talvez no que diz respeito a arranha-céus normais. Mesmo assim, era o prédio mais alto da cidade. Era uma espécie de marco local e podia ser visto por vários quilômetros ao redor da cidade. Todo mundo conhecia a Torre Warren. Não tinha como você deixar de vê-la.

    Com exceção da altura, entretanto, ela não tinha nada mais para recomendá-la arquitetonicamente. Não que fosse particularmente feia, porque não era. Mas não era particularmente bonita também. De fato, ela não tinha recursos redentores, quaisquer que fossem. Era apenas simples e funcional. Isso era tudo o que importava para Duncan. Ela tinha que ser funcional. Ela também tinha que ser econômica, e rápida e fácil de construir. Não tinha que ser uma obra de arte. Ele não precisava de gente admirando-a por sua graça, e forma artística, analizando-a em termos de forma e espaço. Ela era um lugar para trabalhar, isso era tudo. Ela era um lugar para conduzir negócios e fazer dinheiro, nada mais, nada menos.

    Capítulo 2

    Dinheiro, Poder e Controle.

    Ian Charles Duncan estava interessado em três coisas e três coisas somente, dinheiro, poder e controle, ainda que não necessariamente nessa ordem. Com dinheiro ele conseguia poder. Com o poder vinha controle. Controle dava a ele ainda mais poder. Mais poder criava mais dinheiro. E então a interação era perpétua.

    Duncan tinha um alvo, um grande alvo. Uma visão se você preferir. Alguns diriam uma missão de vida. Ele queria mais e mais poder. Independente do que fosse necessário e independente qual fosse o custo, isso não importava. Mas ele queria muito mais que apenas poder. Ele queria o máximo em poder. Ele queria poder absoluto. Ele queria o poder de controlar outros poderosos. Nessa conexão ele tinha duas pessoas particulares em mente, duas pessoas que ele queria muito controlar. Duas pessoas que eram essenciais para seu plano, seu objetivo. Um era o mais poderoso homem no estado, o governador. O outro era o homem mais poderoso no país, sem dúvida, o homem mais poderoso no mundo. Ninguém menos do que o presidente dos Estados Unidos em pessoa.  

    Duncan sabia que isso ia ser difícil, se não impossível, vir a conhecer alguém depois deles terem virado presidente. Com o Serviço Secreto, conselheiros, membros de gabinete, equipe da Casa Branca, você não tinha chance de chegar sequer perto deles. Não sem uma boa razão para isso.

    Não, você tinha que fazer contato com eles antes deles serem eleitos, antes deles serem tão importantes. Desse jeito você tinha uma chance de vir a conhece-los, manipulá-los, e exercer sua influência sobre eles. Então, uma vez que eles tivessem realmente alcançado a posição de poder, então você podia moldá-los à sua maneira de pensar.

    Com certeza isso ia ser difícil, ele sabia disso, mas isso não era impossível, não se você planejasse corretamente. Inicialmente, é claro, você tinha que escolher alguém que pudesse um dia virar presidente. Então você tinha que garantir que eles conseguissem, de fato, o cargo. A primeira parte não era realmente tão difícil, ele pensou. Tudo o que você tinha que fazer era esperar pelos principais partidos políticos nomeassem seus candidatos.

    Você então teve tempo suficiente, antes que a eleição realmente ocorresse, para se preparar para conhecê-los e eles te conhecerem. E influenciá-los. E exercer sua vontade. Moldá-los ao seu pensamento, para ter controle sobre eles, e suas ações.

    Quanto à segunda parte da tarefa, também era bastante simples, em termos relativos. Tudo que você precisava fazer era apoiar todos os candidatos que estivessem vencendo. O único problema era não deixar que soubessem que você também apoiava os outros. Então, no tempo certo, depois da eleição acabar, e o vencedor anunciado, você meramente descartaria os perdedores. Um deles tinha que vencer afinal de contas. – Nunca se incomode com os perdedores. Duncan diria.

    Duncan tinha uma regra muito simples em vida. Haviam apenas dois grupos em toda raça – o vencedor, e os outros. A mesma regra se aplicava na vida em si. Não havia absolutamente ponto em chegar em segundo. Não existiam prêmios por esforço, somente por conquistas. Não havia vantagem em perder. A única aposta que valia a pena era a certeza, onde vencer era uma conclusão passada. Afinal de contas, por que arriscar, qual era o ponto? Apostadores nunca ganhavam nada.

    * * *

    Duncan apertou o interfone de novo. Ainda eles não haviam chegado. Ele começou a abrir e fechar os dedos. Ele olhou para seu relógio. Era pouco depois das quatro e quarenta e cinco. Eles estavam três quartos de hora atrasados. A reunião começaria em pouco mais de três horas. Esta seria a primeira de uma série de reuniões para arrecadar fundos que Duncan havia organizado. Esta noite haveria uma pequena reunião dos fiéis partidários, os fiéis ricos do partido. É claro que ele sabia que eles pregariam para os convertidos, para aqueles que já eram apoiadores comprometidos. No entanto, Duncan tinha feito certas promessas e, em troca, certas doações estariam disponíveis.

    Ainda havia muito a revisar. O que seria dito, e o jeito que seria dito. Quem, de importância, e posição, iria estar no salão mais tarde naquela noite? Quem ele deveria buscar? Quem ele deveria evitar? Isso iria ser importante. Isso era importante demais para ser prejudicado por quaisquer possíveis deslizes. Nada devia dar errado. Isso deveria funcionar simplesmente como um relógio. Ele estalou o dedo e o polegar.

    Duncan estendeu sua mão a sua escrivaninha. Ele pegou o fone e apertou o botão do interfone. Sem esperar por uma resposta ele explodiu, - Encontre-os Jackson. - Encontre-os e traga-os aqui, agora.

    Ele bateu o fone no gancho. Ele virou e bateu com força na escrivaninha. O fone caiu, e pendurou-se na borda da escrivaninha. Duncan olhou para a escrivaninha por alguns segundos. Ele então levantou e começou a andar pelo piso novamente.

    * * *

    Duncan havia conhecido Frank Reynolds apenas alguns poucos meses depois dele ter sido eleito governador. Empresários bem sucedidos haviam sido convidados para um almoço para discutir o futuro do estado, ou pelo menos ouvir os planos do governador. Duncan havia manipulado o seu caminho, conseguindo chegar perto do governador. Em toda oportunidade Duncan esteve lá para oferecer conselho, ou fazer uma sugestão ou outra. Rapidamente o governador adquiriu confiança nele. Ele passou a contar com Duncan. Ele o consultaria antes de tomar qualquer decisão mais importante.

    Foi logo depois que certas informações chegaram à posse de Duncan, algumas informações sobre o passado recente do governador, algumas informações muito úteis. Duncan as reservou até o momento certo se apresentar. Algumas semanas depois veio a oportunidade pela qual Duncan estava esperando, uma oportunidade onde ele seria capaz de verdadeiramente demonstrar seu apoio ao governador.

    * * *

    Reynolds havia telefonado para Duncan mais cedo naquela tarde. Ele estava em dificuldades. – Eu preciso da sua ajuda, Ian.

    – Preciso dela e muito, ele havia dito. – Você pode vir agora, hoje?

    - É claro que eu posso, Duncan havia respondido. Definitivamente não seria um incômodo. Ele estava apenas grato por ser capaz de ajudar. – Eu não disse que eu estaria lá para você?

    – Você só tinha que ligar. – Eu disse isso não disse? Houve uma ligeira pausa. – Eu estarei lá mais tarde essa noite, tudo bem?

    Reynolds estava terrivelmente desapontado. – Ian eu preciso de ajuda agora. – Nesse exato momento, ele disse. – Você não poderia chegar aqui antes?

    Duncan permaneceu silencioso um pouco. Ele podia quase sentir a ansiedade crescendo. Ele podia ouvir a respiração ofegante. Reynolds estava ficando desesperado. Duncan gostava disso. Isso o agradava. – Bem, eu realmente não acho que posso.

    - Você precisa Ian, pediu Reynolds. – Por favor. – Você precisa me ajudar. – Eu não tenho ninguém mais a quem recorrer.

    Reynolds estava agora realmente implorando. Isso ia ser exatamente como ele havia planejado. – Frank, Frank, ele falou gentilmente. – Deixe isso comigo. – Eu vou fazer o que eu posso.

    – Eu não vou desapontá-lo. – Eu vou estar aí assim que eu puder. Sem nenhum outro comentário Duncan desligou.

    * * *

    Reynolds estava sentado em sua escrivaninha, caido para um lado. Em frente dele estava um largo copo de bourbon. Houve uma batida na porta, então outra. A porta abriu e entrou Jarvis, o secretário particular do governador. – Senhor Duncan está aqui, ele anunciou.

    - Mande-o entrar! Estourou Reynolds. – Rápido, então saia!

    Enquanto ele se aproximava da escrivaninha, Duncan podia ver que Reynolds estava claramente desesperado. A meia garrafa na escrivaninha mostrava que ele também havia estado bebendo muito.

    - O que foi Frank? Ele perguntou preocupado. Ele caminhou rapidamente para a escrivaninha, e sentou-se em frente de Reynolds. – Qual é o problema? Ele perguntou. – Eu devia ter vindo antes!

    – Eu não percebi a seriedade da situação!

    Ele estendeu sua mão, colocando-a no braço de Reynolds.

    - Você deveria ter me contado. – Você parece péssimo! – Você está doente? – Eu deveria chamar um médico?

    Reynolds olhou para Duncan. – Eu não estou doente! Ele respondeu furiosamente, puxando seu braço. – Eu não preciso de um médico. Seus olhos estavam fundos e avermelhados. Suas mãos estavam tremendo. Ele se curvou, e destrancou a gaveta mais baixa de sua escrivaninha. Ele abriu a gaveta e tirou uma única folha de papel. Ele olhou para o documento por alguns segundos, hesitante, e então entregou-o a Duncan. – Eu estou sendo chantageado, Ian.

    Duncan pegou o papel, olhando para Reynolds o tempo todo.

    – Chantagem? Duncan repetiu incredulamente. – O que você quer dizer? Ele então rapidamente olhou para a folha de papel. Ele olhou novamente para Reynolds. Ele então voltou a olhar para o papel e leu tudo.

    Ele então leu isso mais uma vez, porém muito mais devagar dessa vez. Quando ele terminou colocou o papel na escrivaninha. Ele então simplesmente perguntou se o conteúdo era verdade.

    - É claro que isso não é verdade, Reynolds declarou forçosamente, olhando para Duncan. – O que acha que eu sou?

    - É verdade? Duncan perguntou mais uma vez, deliberadamente e lentamente.

    Reynolds olhou para a escrivaninha. Ele fechou seus olhos, e respirou fundo várias vezes. – Sim, ele disse muito baixo. – É verdade, cada palavra!

    - O que foi isso Frank? Duncan perguntou. – Eu não te ouvi direito. – Você disse que isso era verdade?

    Reynolds olhou para cima. – É verdade, ele respondeu. – Cada palavra é verdade. – Mas houve uma boa razão. – Eu simplesmente não estava pensando direito, só isso. – Eu não sabia o que eu estava fazendo! – Eu fui simplesmente irresponsável! – Eu não sei o que deu em mim!

    Duncan ergueu a mão para interrompe-lo. – Sem desculpas Frank. – Eu não quero ouvir. – Eu realmente não estou interessado.

    – Isso é constrangedor, e com certeza inútil!

    Duncan levantou, e caminhou para o canto da sala, e serviu-se de uísque. Ele virou e olhou para Reynolds. Ele ainda estava caído na cadeira, com sua cabeça baixa. Duncan bebeu todo seu copo. E então olhou longe, reencheu seu copo. – Você pagou algum dinheiro até agora, Frank? Ele perguntou.

    - Sim, disse Reynolds, um pouco mais alto que um cochicho.

    - Eu não consigo ouvir você Frank, Duncan gritou. – Repita.

    - Sim, sim, gritou Reynolds. – Eu tenho pago muito dinheiro, duzentos mil dólares ao todo.

    Duncan soltou um assovio baixo. Ele virou para Reynolds mais uma vez. – Isso é muito dinheiro, Frank, uma quantia enorme. – De onde veio? Ele perguntou.

    - Eu vendi algumas coisas, Reynolds respondeu. – Uma ou duas de minhas pinturas, você sabe.

    - Espere aí Frank, isso não é verdade, é? Duncan perguntou.

    – Por que você está mentindo para mim? – Se você quer a minha ajuda, é melhor você me contar tudo e eu quero dizer tudo mesmo. – E eu quero a verdade. – Chega de mentiras. – Agora, de onde esse dinheiro veio?

    Reynolds olhou para Duncan. – Tudo bem, Ian, eu lamento, ele disse, sua voz começando a falhar. – Veio da conta do partido.

    - Eu não estou ouvindo você novamente, Frank, Duncan gritou. – Você realmente deveria falar mais alto e devagar.

    - Veio da conta do partido, ele gritou. – Agora você tem que reembolsar isso, e rápido, antes que os auditores verifiquem as contas, e descubram o dinheiro que está faltando.

    Duncan estava bem ciente de que os Auditores chegariam em cerca de três semanas. Ele reencheu o seu copo mais uma vez, e caminhou de volta para onde Reynolds estava sentado.  – Tudo bem Frank, não deixe todo mundo saber. – Essas paredes têm ouvidos.

    – Nós não queremos o velho Jarvis sabemos queremos? Ele ergueu o papel, e leu tudo mais uma vez. – Você mencionou isso para mais alguém? Ele perguntou.

    - Não. – Ninguém mais sabe nada sobre isso, Reynolds respondeu. – Ian, o que eu vou fazer? – Eu vou ser arruinado. – Eu vou ser mandado para a prisão. – Eu não seria capaz de suportar isso Ian. – Isso me mataria.

    - Frank, não se preocupe. – Vai ficar tudo bem, Duncan anunciou tentando acalmá-lo. – Eu vou ajudar você. – Você sabe disso não sabe? Duncan pegou seu talão de cheques e começou a escrever. – Você não vai para a prisão. – Eu vou cuidar disso. Quando ele terminou, ele arrancou um cheque e mostrou-o para Reynolds. Estava na soma de duzentos mil dólares. – Aqui está.

    – Que tal isso? Ele perguntou. Ele começou a rir. – Eu imagino que você pode preencher os detalhes do beneficiário por si mesmo.

    Reynolds não entendeu o que era tão engraçado, mas ele não ligou. Ele estava simplesmente tão aliviado. Ele começou a rir também. Era como se um peso enorme tivesse acabado de ser tirado de seus ombros.

    - Eu sei que eu podia contar com você, ele disse, enquanto ele agarrava a mão de Duncan com força, apertando forte. – Eu não sei como agradecê-lo, Ian, ele disse. – Você é um verdadeiro amigo, um grande amigo. – Você disse que me ajudaria, e realmente ajudou.

    – O que eu faria sem você?

    - Sem problema, Duncan disse, enquanto ele entregava o cheque.  – Esqueça isso.

    Reynolds não podia acreditar nisso. Aquele pequeno pedaço de papel havia salvado sua carreira, e provavelmente salvou sua vida.

    - Não se preocupe com isso, Duncan disse. – Eu não te disse que te ajudaria? – Se você precisasse de ajuda, você só teria que ligar. – Isso foi o que eu disse, lembra? Duncan se aproximou de Reynolds, e colocou seu braço em seus ombros. Ele deu-lhe um pequeno aperto. – Afinal de contas, para que são os amigos, se não para ajudarem uns aos outros?

    - Eu vou reembolsá-lo assim que eu puder, Ian, Reynolds disse. – Você não precisa ser preocupar com isso.

    - Não se preocupe com isso, nós somos amigos não somos?

    - Nós confiamos um no outro, lembra? Duncan perguntou, totalmente tranquilo. - Vamos resolver algo. Eles com certeza resolveriam algo, disso não havia dúvida. Ele olhou de novo para Reynolds. – Tudo bem, ele disse. – Agora vamos ao que interessa.

    – Vamos dar um jeito nesse chantagista, seja lá quem seja ele ou ela." Ele deu um longo gole. – O que você sabe sobre ele? – Ou talvez seja ela?

    Reynolds teve que admitir que ele não sabia nada sobre a pessoa. Ele repentinamente se sentiu estúpido. Repassar tanto dinheiro para alguém de quem ele não sabia absolutamente nada a respeito. – Nada, ele disse devagar. – Eu não sei absolutamente nada sobre eles. – É difícil de acreditar, mas é verdade.

    - Tudo bem, nós vamos dar um jeito, não se preocupe. Duncan disse. – Eu quero cada documento importante. – Qualquer carta, papéis, fotografias. – Qualquer coisa você entende? – Eu quero tudo, agora."

    - Com certeza, disse Reynolds nervosamente. Ele levou a mão a gaveta da escrivaninha, e a destrancou. Ele retirou um pequeno pacote de papéis, e os entregou a Duncan. Ele então pegou um envelope contendo um número de fotografias. Ele entrgou o envelope para Duncan. – Aqui estão, ele disse. – Acredito que isso seja tudo. Ele sentou silenciosamente pensando por mais alguns segundos. – Isso é, realmente...não há nada mais.

    - Você está absolutamente certo, Frank? Duncan perguntou.

    – Eu não quero nada retido. – Quando eu digo que eu quero tudo, então eu quero tudo mesmo. Ele olhou para Reynolds por alguns segundos, e então se virou. – Você entende, não é Frank?

    Frank não disse nada. Sim ele entendeu. Ele levantou e caminhou até uma escrivaninha no canto. Duncan virou e o observou com atenção. De alguma forma ele sabia que havia alguma coisa mais para vir. Reynold destrancou a gaveta, abriu-a, e retirou um arquivo fino. Ele olhou para ele por alguns segundos e então colocou-o em cima da escrivaninha. Ele trancou a gaveta, pegou o arquivo, e começou a voltar para a mesa. Enquanto ele estava a meio caminho da mesa, ele entregou o arquivo para Duncan. – É melhor você ficar com isso, ele disse. – Só isso...agora sim.

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