Almost 2: 2, #2
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Sobre este e-book
Nem tudo é o que parecia ser.
Ernest é denunciado por assédio e isso está prestes a afundá-lo completamente. Ele, que sempre levou muito a sério sua profissão e tem infinito respeito por seus alunos, de repente se vê na rua e sendo apontado por algo que não fez.
Marta tem que escolher entre acreditar na amiga ou prestar atenção ao que seu coração lhe diz, e ela começa a perceber que nem tudo na vida é tão simples como ela pensava até recentemente. Se ela salvar Ernest da prisão, o mundo descobrirá sobre o relacionamento deles, trazendo a ambos muito mais problemas. E Marta não está física ou mentalmente preparada para uma coisa dessas.
Mais problemas, mais decisões difíceis de tomar, mais amor e mais ódio entre famílias, onde o passado vai ganhando corpo até quase afogar o presente.
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Almost 2 - Adriana LS Swift
Almost 2
In love
Adriana L.S. Swift
––––––––
Pandora
©Adriana L.S. Swift, 2017
© Tradução: Dilaine Ester Freitas Lopes, 2021
©Almost in love (2), 2017
©Pandora, 2017
Apartado de Correos 4015, 24010, León (España)
www.pandora-magazine.com
info@pandora-magazine.com
© Edição de capa: Pandora
Esta é uma obra de ficção. Os nomes, personagens, lugares e eventos que aparecem são produto da imaginação do autor ou são usados na ficção. Qualquer semelhança com pessoas reais (vivas ou mortas), empresas, eventos ou lugares é mera coincidência.
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Aos bons professores,
por contribuírem por mundo melhor.
«Com as leves asas do amor saltei estas paredes
porque não há limites de pedra para o amor,
e o que o amor pode, o amor tem que tentar.
Seus parentes não devem ser capazes de me intimidar »
Romeo a Julieta. Segundo ato, cena II,
de Romeo e Julieta, de William Shakespeare
Prólogo
––––––––
Dezembro, 1987
Um casamento não é uma simples celebração para a qual você convida familiares e amigos. É o momento em que você se compromete com a outra pessoa para amá-la e protegê-la, para passar seus bons e maus momentos com ela. E isso é algo que Carles e Silvia conhecem bem. Ambos acabam de deixar uma pequena igreja em um bairro de Barcelona que não tem nada a ver com a deles. É a única em que eles puderam se casar dessa maneira. O padre que oficiou o casamento pensou que ela estava grávida; daí a pressa e o sigilo.
Mas não teve nada a ver com isso.
-Eu vou entrar com você, - Carles repete na porta da casa de Silvia.
-Mas é melhor que eu seja aquele que ...
-Eu sou seu marido, - ele a lembra. Ninguém poderá me impedir de estar ao seu lado a partir de agora.
Ele pega a mão dela e dá um beijo no anel que colocou no altar há menos de uma hora.
Ela balança a cabeça, deixando escapar um suspiro antes de bater na porta.
Segundos depois, a equipe de serviço abre a porta para eles. Silvia e Carles entram e deixam-se guiar pelas vozes alegres das conversas íntimas, vindas do imponente salão do palácio onde vive Silvia.
-Jordi está lá, - sussurra Silvia para o marido, horrorizada.
Ele, igualmente apavorado, engole e cria coragem, uma coragem que ele só tem quando está ao lado de sua agora esposa.
-Em alguns minutos, tudo estará acabado, - diz ele, segurando sua mão com força e dando os últimos passos até finalmente entrar naquela sala, onde encontram as duas famílias juntas, conversando como sempre.
E não é necessário que ela chame atenção de forma alguma. Eles estão percebendo rapidamente que algo está acontecendo quando veem Carles e Silvia de mãos dadas na soleira da porta.
-Que significa isso...? - O pai de Jordi começa a falar com voz trovejante, ao ver que o casal não solta suas mãos e eles nem pronunciam uma palavra.
-Por favor, Joan, - Carla, a mãe de Silvia, repreende. -Filha, o que é isso?
Mas esta permaneceu sem palavras. Ela não para de olhar para Jordi, que cruza os braços naquela poltrona, ao lado do próprio pai. Ele tem uma expressão calma, o oposto de seu pai. Veja como ele se levanta e coloca a mão no ombro de Jordi como apoio emocional.
Seu pai já se posicionou e não esteve exatamente ao seu lado.
-Queríamos contar para vocês que Silvia e eu acabamos de nos casar.
E Carles demorou meia vida para pronunciar aquelas palavras sem que sua voz tremesse quando ele fez isso, mas se não fosse ele, Silvia não seria capaz. E não importa mais que todos ao seu redor comecem a gritar, chorar e ameaçar os dois com centenas de atrocidades. Não, nada disso importa. Eles vão sair daqui juntos, para sua nova casa. Eles não se importam se ninguém apóia sua decisão; eles podem viver com isso. Eles querem apenas fazer as coisas razoavelmente bem; tudo de melhor que podiam nas circunstâncias.
-Mãe, Adrià, por favor, - interrompe Jordi enfaticamente, silenciando a todos como num passe de mágica. Ele vai para perto de Silvia e Carles. Ele fica na frente de sua esposa, temendo o pior.
-Jordi, vamos conversar sobre o ... - ele começa a contar a ela.
Mas Jordi tem outra coisa em mente. Ele abraça Carles e depois Silvia, deixando todos os presentes surpresos.
-Parabéns, - diz ele, ainda de pé na frente deles.
-Jordi, nós... está tudo bem? - Silvia pergunta, sem acreditar no que aconteceu.
-Vocês são meus amigos e se estão felizes, eu também estou, - responde com um grande sorriso. Ele se volta para suas famílias e acrescenta: -Todos devemos ficar felizes com isso se realmente os amamos.
A partir desse momento, todos se esforçaram para manter as formas. Eles não parecem felizes com a situação, mas são mais uma vez as famílias de classe alta que são e, como tais, devem mostrar um conhecimento de serem diferentes do que poderia ser visto em outra casa de nível não tão alto. Acima de tudo, você deve manter a compostura.
O que ninguém explica, nem naquele momento nem quando todos se despedem em boas condições, é o motivo pelo qual Jordi reagiu com tanta cordialidade. E é que ele mesmo não sabe. O que ele deixa muito claro é que nunca, em nenhuma circunstância, perdoará o que os dois fizeram a ele.
Ele nunca vai perdoar que um Calçó foi aquele que lhe tirou o amor de sua vida.
I
––––––––
Dezembro, 2014
––––––––
Ernest
Não posso ensinar. Não posso ficar com a Marta. Não posso me envolver em certos procedimentos na empresa de meu pai. E eu me pergunto, o que ainda estou fazendo em Barcelona? Ah sim. Eu esqueci. Não posso deixar o país até que seja resolvida a grande confusão que se formou com essa reclamação.
Eu me levanto do sofá novamente e caminho como um lobo enjaulado pela sala de estar. Preciso sair daqui, mas não quero ver ninguém. Também não atendo o telefone se não for meu pai ou Elise, que descobriu o que aconteceu e me liga de hora em hora para saber como estou.
Um merda, é como me sinto agora. Apenas quatro dias se passaram desde minha prisão e não consigo me acalmar. Pelo menos meu pai mandou o melhor advogado de Barcelona e em poucas horas ele estava fora da delegacia, então não deu tempo para a imprensa descobrir o que havia acontecido. Nem os alunos sabem de nada ainda, embora hoje Eugeni, a única que sabe de alguma coisa hoje, terá que ir à minha aula explicar por que minha suspensão temporária e...
Sento-me novamente e ligo a televisão. Depois de alguns segundos de zapping, eu o desligo e coloco o controle remoto na mesa. O que Marta fará quando descobrir o que aconteceu? Ela pode me odiar e não querer saber de nada, ou pode querer falar comigo. No primeiro caso, você não precisará fazer mais nada. Na segunda... não vou deixar ela se envolver.
Isso nunca.
Eu me levanto mais uma vez. Vou até a janela e observo as pessoas saindo de casa, a caminho do trabalho. Eles têm sorte, embora estejam ansiosos para terminar o dia e voltar para casa. Eu daria qualquer coisa para poder entrar agora mesmo pela porta daquela classe, olhando com meus olhos para a minha linda noiva. Sinto tanto a falta dela que meu peito dói quando penso nela, sentindo sua ausência a cada segundo. Neste momento, tudo o que aconteceu dias atrás com Josep me parece uma idiotice soberana. Perdi um tempo valioso com pensamentos estúpidos, poderia estar com ela, curtindo-a dia e noite.
As pessoas continuam a passar pela minha janela, continuando com suas vidas, enquanto a minha foi destruída dias atrás.
––––––––
Marta
-Vou patinar, - Montse propõe, olhando para a mesa ainda vazia do professor.
-Não! Paintball! - Iona exclama, animada com sua própria ideia.
Montse se vira para ela, indignada.
-Que porcaria você está dizendo?
Montse e Iona estão conversando sobre o que fazer neste fim de semana. Pessoalmente, não estou com vontade de sair de casa e deixo que planejem o que quiserem. Não sei por que Iona se dá ao trabalho de fazer planos com Montse, se no último minuto ela vai nos deixar mentindo ou quer que suas amigas Pili e Mili venham, com o que, o plano vai estragar desde o início.
-Vamos ver, pessoal, peço um minuto de silêncio, - ouvimos Eugeni dizer, que entrou em nossa classe séria, fechando a porta ao passar. Eu tenho algo para te dizer.
As pessoas olham para ela de forma estranha. -O que está acontecendo aqui? Ernest não vem hoje?
-Não tem aula? - Ignasi pergunta ironicamente. -Podemos ir agora?
Seus amigos riram dele, mas hoje, Eugeni parecia não estar de brincadeira.
-Ernest Calçó não vem hoje, - explica. Ele teve uma complicação e, até segunda ordem, quem dará as aulas sou eu.
-O que aconteceu? - Eles perguntam das primeiras filas.
-Não há com o que se preocupar. - Ela tenta nos acalmar, ouvindo as pessoas começarem a ficar alarmadas, falando sobre alguma doença estranha. Tudo poderá ser esclarecido e Ernest voltará às aulas em breve.
-Tudo limpo? - Iona pergunta agora, levantando a voz. O que precisa ser esclarecido?
Novos murmúrios na sala de aula. Eu não entendo o que acontece. Como ele não apareceu na praça nesta segunda-feira, não tenho mais notícias dele. Não sei se está bem, se lhe aconteceu alguma coisa ou se terminou o seu trabalho na empresa do pai e foi para Paris.
Não sei nada sobre ele, porque nem ele nem eu nos preocupamos em entrar em contato novamente.
-Isso não é algo para eu dizer, - Eugeni responde, tirando alguns papéis de sua pasta e tentando colocar a aula em ordem, sem sucesso.
E é quando Pili e Mili intervêm. Elas se voltam para Montse, que está em silêncio desde que Eugeni começou a falar.
-Você conseguiu no final! - Ambos gritam com entusiasmo. Oh, meu Deus! Você se atreveu a fazer isso!
Eugeni diz a eles para calarem a boca, mas eles a ignoram completamente.
-Foi aí que combinamos, certo? - Montse atende, irritada com a emoção de suas duas amigas.
Elas riem como loucos.
-Nós não pensamos que você fosse capaz! - E elas começam a falar uma com a outra. -Nós vamos também?
-Do que estão falando? Eu pergunto a Montse.
-De nada, - ela responde sem olhar para mim.
Iona observa a cena e intervém.
-Montse, o que você fez?
-O que eu tinha que fazer, nada mais.
-Você denunciou Ernest por assédio! - O que foi aquilo? - Pili e Mill dizem quase em uníssono, rindo.
Eugeni consegue assumir o controle da classe ameaçando fazer um exame. Mas eu nem consigo ouvi-la.
-Montse, você fez isso? - Iona pergunta baixinho, pois a aula já começou.
-Eu não pude fazer mais nada, - ela se desculpa com a cabeça baixa. Espero que me apoiem porque estou tendo muito...
-Que nós apoiamos você? - Eu digo, levantando-me incapaz de controlar minha raiva. -Você diz que apoiamos você? Em que você quer que o apoiemos?
-Marta, por favor... - ouvi Eugeni me dizer.
-Estou tendo um momento terrível! - Montse responde com lágrimas nos olhos.
-Você está passando por um momento terrível? - Ernest nunca perseguiu você em sua vida!
Iona me agarra, tentando me fazer sentar e parar de gritar.
E agora Montse se levanta também. -Ernest não é nenhum santo, você sabe.
-Eu sei como Ernest é e não há ninguém nesta classe que pense que ele é um perseguidor.
-Marta! Sente-se e cale a boca ou vá para fora! - Eugeni me ameaça.
-Bem, nós temos... - os dois começam a dizer.
-Você é apenas um par de...
-Sente-se, droga! - Iona grita comigo, me puxando com tanta força que me faz sentar instantaneamente.
-Se eu ouvir mais uma palavra, deixo a disciplina reprovada e você se matricula novamente no próximo ano!
-Tudo bem, não direi uma única palavra de novo.
Eu começo a juntar minhas coisas.
-O que está fazendo? - Iona sussurra.
-Vou embora.
-Fique e depois conversaremos sobre isso com calma.
Eu nem respondo. Nem respondo a Eugeni, que me pergunta em tom autoritário para onde estou indo.
Eu vou dizer a ele ...
––––––––
Ernest
Ouço dizer que alguém está abrindo a porta da casa com uma chave e me viro surpreso. Vejo Marta entrar correndo, os olhos cheios de lágrimas. Vou me levantar, mas ela me alcança antes que eu tenha tempo de me mover.
-Por que você não me contou o que estava acontecendo? - Ela pergunta em meio às lágrimas, me abraçando. Por que você não me contou o que Montse fez?
-Marta, você devia estar na aula, o que foi...? - Eu digo, tentando fazer com que ele olhe para mim.
-Você deveria ter me contado, droga!
Ela continua chorando e me abraça com força, me impedindo de me mover. Ela parece se acalmar aos poucos, e é então que aproveito a oportunidade para soltar seus braços do meu pescoço e fazê-la sentar ao meu lado para que possamos conversar.
-Eu não queria envolver você nisso, - é a primeira coisa que digo a ela.
-Eu ia descobrir, mas você não me disse nada; Não é justo, Ernest, você não foi justo comigo. Descobri da pior maneira possível e me sinto uma idiota.
Continuou chorando, mas não com a mesma intensidade.
-Eugeni? - Eu pergunto.
- Não, ela não falou nada, foram as duas abelhudas e Montse.
Então, agora, toda a cidade deve saber. E logo os Casals...
-Lamento o que está acontecendo, - e com toda a dor em minha alma, pronuncio as seguintes palavras: Lamento que você tenha descoberto dessa forma o que aconteceu com Montse. Eu sei que tinha que te contar e não te deixar acreditar que te deixei por causa de Josep, mas ...
Ela muda seu gesto e abre os olhos com espanto.
-O que você disse? - Ela pergunta lentamente. -Eu não sei até que ponto Montse te disse, mas peço desculpas por...
-Não, não, não... Espere... - Ela esfrega os olhos e olha para mim novamente. -Isso não é certo. Você não fez nada a ninguém. Montse mentiu fazendo o que...
-Marta, só espero que um dia você me perdoe.
Eu seguro as lágrimas o máximo que posso enquanto vejo minha namorada começar a chorar silenciosamente de novo. Ela me olha como se não me conhecesse, como se estivesse lutando para não acreditar no que estou dizendo.
-Está mentindo para mim. Você não é assim. Eu te conheço, - ela começa a dizer como se fosse para si mesma.
-Nós só nos conhecemos há alguns meses, - eu lembro.
-Um só dia bastou para...
-Não somos protagonistas de filme, Marta, isso é a vida real! Certo?
Eu me levanto depois de gritar isso com ela, indo para a janela da sala.
-Ernest, - eu a ouço dizer, de volta ao meu lado. -Por favor, não faça isso comigo. Não tente me fazer acreditar que ...
-Não estou tentando fazer você acreditar em nada. Eu te digo o que há, nada mais.
-Você está dizendo que queria abusar de Montse?
Sua voz agora é quase um sussurro.
-Ficou fora de controle, - eu respondo secamente, sem olhar para ela.
-Não é verdade, - ela continua repetindo: -Isso não pode ser...
-Deixe as chaves no corredor quando sair, - é tudo o que eu respondo.
Há um silêncio terrível neste momento. Tudo o que você ouve é o som de um canteiro de obras à distância e conversas descuidadas de alguns dos vizinhos abaixo da janela.
Marta não diz mais uma palavra. Ela joga minhas chaves no chão ao meu lado, corre para a porta e a bate.
Isso me deixa em paz, como nunca senti antes.
II
––––––––
Ernest
Eu vou enlouquecer de acordo com meu advogado. Eu tenho que sair, ele me diz. Você tem que me dar luz solar. Acho que ele fala isso para que eu possa aproveitar agora, antes que me ponham atrás das grades por um longo tempo. Porque agora duas