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A arte de pensar e ser consciente: um ensaio sobre a humanidade, a vida e a existência
A arte de pensar e ser consciente: um ensaio sobre a humanidade, a vida e a existência
A arte de pensar e ser consciente: um ensaio sobre a humanidade, a vida e a existência
E-book103 páginas1 hora

A arte de pensar e ser consciente: um ensaio sobre a humanidade, a vida e a existência

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Sobre este e-book

Qual o significado da vida em um contexto universal? Sobre qual fundamento se vive e se toma cada ação que tomamos? Se o fim é inevitável, o que nos motiva a ir adiante? Questões como essas são inquietantes e tiram o sono da humanidade há séculos. Bem, aquele que busca soluções prontas talvez nunca as encontre. Há, contudo, uma alternativa para os que aprendem a pensar, em que cada indivíduo é capaz de encontrar a sua própria resposta e conviver com tais questionamentos em total plenitude. Neste sentido, este livro aborda temas filosóficos que estão presentes em nosso cotidiano, tais como liberdade, amor, ética, justiça e até mesmo a própria existência, e instiga o leitor a pensar por si mesmo, a se desvincular de dogmas e preceitos que muitas vezes nos fazem agir sem que saibamos o porquê. Sinta-se convidado a ingressar neste profundo raciocínio do que nos faz ser como somos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de abr. de 2021
ISBN9786559565214
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    A arte de pensar e ser consciente - Eduardo Sartore

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    CAPÍTULO 1 - A LIBERDADE

    Liberdade é um fardo a se carregar, segundo o pensamento do filósofo francês Jean-Paul Sartre. Nada promissor, a princípio. Contudo se faz necessário entender melhor o que isso significa. Por liberdade entendamos a liberdade de vontade, ou seja, liberdade de querer. Entre todos os seres que convivem no planeta Terra, somente o homem pode ser inteiramente livre, ao menos pelo que se sabe até o presente momento. É comum que olhem para um pássaro e almejem sua liberdade de voar. Acredito que essas pessoas ainda não entenderam o que é liberdade. Um pássaro, no decurso de uma vida individual, não pode simplesmente decidir parar de voar com o propósito de sentir o mundo sob outra perspectiva. Um pássaro não o faz porque não é livre para fazê-lo. Um pássaro ainda é escravo de sua natureza, e sua natureza é voar. Não há o que decidir em sua vida, não há propósitos, pois tudo é regido por seu instinto. Se um pássaro deixasse de voar ao longo de algumas gerações, fá-lo-ia em razão de adaptações evolutivas e não porque decidiu com base em sua vontade.

    Ser livre é poder decidir por uma entre outras possibilidades frente aos acontecimentos, e por isso decidir é um fardo. Não nos cabe unicamente aceitar a fatalidade da natureza. Decidir é ponderar sobre uma circunstância que vale mais do que outras, atributo inerente ao pensamento crítico e à moral, faculdades que só cabem ao homem até o quanto se sabe. Para que haja uma decisão, é imperativo que as alternativas sejam equivalentes, isto é, devem carregar consigo possibilidades de resultados que, ao menos aparentemente, sejam indistintos quanto à consequência que acarretarão sobre a vida daquele que decidiu, ou ainda sobre a vida de todos que, de algum modo, possam ser afetados por tal decisão. Qualquer sinal de que uma alternativa seja inquestionavelmente mais benéfica do que outra tornará o indivíduo inclinado a ela, reduzindo sua habilidade de decidir. A verdadeira escolha reside nas alternativas que aparentam trazer resultados igualmente bons ou igualmente ruins, pois, caso contrário, nossa natureza biológica se ocupa de nos inclinar ao que é mais apropriado a nossa sobrevivência.

    Haverá aqueles que questionarão: animais, por vezes, não devem decidir entre fugir ou lutar contra seu concorrente, seja por comida, parceiro sexual ou território? Em geral, não. Estes animais farão aquilo que seu maquinário biológico determinar, seja nato ou aprendido. O processo evolutivo pelo qual passa uma população com indivíduos intercruzantes seleciona o atributo físico ou comportamental com maior aptidão frente a uma determinada circunstância, ou ainda tal atributo poderia se fixar pela aleatoriedade na distribuição gênica. Assim, eles não precisam estabelecer juízo de valor e decidir, pois portam consigo uma resposta pronta do que fazer. Caso esta resposta conduza ao perecimento do indivíduo, então haverá seleção do maquinário com a melhor resposta.

    Não parece haver um pensamento ponderado sobre o que vale mais no instante da ação de outros animais, ou seja, não há desvios ou escolhas em suas vidas, pois apenas seguem o caminho predeterminado pelo instinto. Se um animal carrega consigo, organicamente, uma resposta pronta de que uma circunstância o faz morrer ou se suceder em um determinado ambiente e momento, ele a tem por adaptação, o que, consequentemente, prolonga sua sobrevivência, aumenta a probabilidade de que se reproduza mais vezes e, por fim, faz com que seus genes se espalhem o máximo possível. Isto se repete a todos os seres vivos. Não há saída. Não há escolha. Todos estão limitados a um mecanismo natural de perpetuidade dos genes, ou ao menos de sua tentativa. Exceto o homem, se assim quiser.

    O ser humano tem a faculdade de decidir, ainda que muitas vezes siga seu instinto natural, o qual é mais dominante em uns do que em outros. Pessoas que fazem pouco uso da razão, principalmente do pensamento crítico, têm a tendência de viver como os demais seres, ainda que na mente humana exista o potencial de fluir um pensamento oposto ao natural, isto é, uma ideia que contraria aquilo que a natureza do ser impõe.

    A partir do pensamento crítico surge uma vertente que se denomina moral. Moral é um conceito abstrato, artificial, no qual depositamos a ideia de refletir sobre uma atitude pautada em princípios e valores próprios e que se materializa no plano concreto independentemente da presença de um observador. Na moral, portanto, há uma construção de comportamentos predeterminados que a própria pessoa julga como corretos, seja a partir de suas próprias experiências ou por influência daquilo que a sociedade espera.

    No limite do conhecimento atual, somente o homem é um animal moral. Chimpanzés (Pan spp.), gênero de duas espécies de primatas geneticamente mais próximas ao homem e, portanto, compartilhando um ancestral em comum conosco, exibem diversos comportamentos em que nos assemelhamos. Tais animais podem nos sobrepor, inclusive, em alguns aspectos cognitivos, como memória espacial por exemplo, porém não parecem produzir um pensamento moral. No instante em que os hormônios de um chimpanzé se alteram e lhe surge um forte apetite sexual, ele apenas supre sua necessidade, uma vez que não lhe cabe opções, aquela é a única que se deveria realizar. Não lhe desponta um pensamento de que existe a possibilidade de seu parceiro não ter a mesma necessidade naquele momento e que prosseguir com seu ímpeto não é correto. Na natureza nada é correto ou errado, bom ou mau, tudo ocorre ou de maneira espontânea ou em resposta a outro evento. Da mesma forma, o parceiro daquele chimpanzé não faz reflexão sobre tal comportamento, se seria ou não um momento adequado ou ainda se sente ou não necessidade. Ambos não o fazem porque estão vinculados a seus instintos e por isso não possuem a faculdade de decidir por suas vidas. Não há motivo para decidir. A propagação dos genes, sem que saibam, é o ímpeto maior, e somente isso cabe aos dois. Seus corpos são receptáculos provisórios para seu material genético, de modo que essa é a única opção de vida. Ainda que esses animais possuam um certo arcabouço racional latente, eles não parecem refletir sobre o que é uma vida boa ou o que fazer para alcançá-la. Este nível de reflexão e de decisão cabe ao pensamento crítico e moral.

    Se um homem agisse tal qual o chimpanzé, fá-lo-ia sem uso da moral, embora houvesse a possibilidade de escolhê-la. Assim, a ideia de liberdade se agrega mais ao homem do que a um pássaro, a um chimpanzé ou a qualquer outro ser vivo. Sob esta perspectiva, separa-se o ser humano das demais formas de vida por sua capacidade singular, ao menos até este instante, de ser livre e de poder escolher qual vida quer viver.

    CAPÍTULO 2 - A MORAL

    Quando temos que tomar decisões, é necessário que se faça juízo da opção que vale mais, qualquer que seja o fundamento da valoração. Tamanha é a dificuldade e a importância de se decidir, que na sociedade se valoriza mais quanto mais decisões um indivíduo deve tomar ou ainda quanto mais pessoas aquela decisão afeta. Reflita sobre a função de um juiz em uma corte e a de um operário em uma fábrica. O

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