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Ocupações Performativas: Corpos em Aliança contra o Estado Agente de Despejos
Ocupações Performativas: Corpos em Aliança contra o Estado Agente de Despejos
Ocupações Performativas: Corpos em Aliança contra o Estado Agente de Despejos
E-book237 páginas3 horas

Ocupações Performativas: Corpos em Aliança contra o Estado Agente de Despejos

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Sobre este e-book

Moradia é direito humano fundamental. Mesmo assim, o cenário habitacional brasileiro segue intolerável para quem espera pelas 6.355.743 unidades em déficit, em 2015, de um universo de 7.906.000 imóveis vagos. As reflexões deste trabalho se dão em três planos: despejo, ocupação e performatividade. Despejo significa cassar a moradia como base e referencial na cidade e na própria história de vida - o despejo produz a dificuldade agravada, quase inexpugnável, de se reorganizar para retomar a vida cotidiana com dignidade. Entre despejo e ocupação, a natureza de demanda por moradia é peculiar. A moradia é uma demanda de estado permanente, ou de estado de repouso, de modo que todos precisam morar em algum lugar o tempo inteiro e imediatamente. A lógica de fila de espera não atende à natureza dessa demanda. Passando à ocupação, ocupar ou ao direito de ocupar, ocupar aparece como morar e como direito autônomo, por si e que, nesse contexto, tem sentido de ocupar como lutar por moradia digna. O livro põe em cena a vida nas ocupações, despejo e moradia, teoria performática de assembleia de Butler e defensoria pública como prática.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de mai. de 2021
ISBN9786559567102
Ocupações Performativas: Corpos em Aliança contra o Estado Agente de Despejos

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    Excelente leitura, técnica, porém acessível aos profissionais do setor, Recomendo

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Ocupações Performativas - Pedro Rennó Marinho

2019.

I. O DESPEJO QUE PRECEDE A OCUPAÇÃO

1. APRESENTAÇÃO: CIDADE DAS LUZES, ALCIR DE MATOS, ORQUÍDEA E UNMP

O objeto deste estudo tem por quando dois momentos em que se disputa o direito à moradia digna ou adequada, o despejo da Cidade das Luzes e a Ocupação Alcir de Matos, e é sempre atravessado e informado pelas falas¹⁹ de mulheres que foram despejadas da Cidade das Luzes, de mulheres moradoras da Ocupação Alcir de Matos, de integrantes ou lideranças da União Nacional por Moradia Popular – UNMP, e de mulheres que atualmente residem no Residencial Orquídea – tudo em Manaus, Amazonas.

A UNMP é um movimento nacional, liderado no Amazonas por mulheres, que juntamente com organizações locais, com igual propósito de promoção do acesso à moradia digna como direito social para todas, compõem o autointitulado Movimento de Mulheres Por Moradia no estado. Como explica Wyrat Yawara Kokama Kokamiria – Milena Marulanda²⁰, a UNMP é um movimento nacional, com assento no Conselho das Cidades – ConCidades²¹, do Ministério das Cidades extinto pelo governo Bolsonaro, posição então ocupada por Cristiane Salles. A UNMP não é constituída como pessoa jurídica, e se auto nomeia movimento social de âmbito nacional. Entidades locais se organizam como pessoa jurídica, como é o caso do Movimento de Mulheres por Moradia Orquídea – MMMO, cadastram-se perante o extinto Ministério das Cidades como entidades aptas a construir pelo Programa Minha Casa Minha Vida – Entidades, e se filiam à UNMP (ou a outro movimento nacional de moradia). O MMMO foi a primeira entidade da Região Norte a construir residencial de casas pelo programa, o batizado Residencial Orquídea.

As ocupações por moradia ocorrem de formas diversas, mas existe grande proximidade entre a atuação dos movimentos sociais e das moradoras desses locais, de modo que ser liderança e ser moradora são perfis que por vezes se sobrepõem: todas as moradoras de ocupação em certa medida compõem o movimento de mulheres por moradia.

Nos casos analisados de ocupações, Cidade das Luzes e Alcir de Matos, a presença das lideranças de movimentos sociais é permanente, algumas delas sendo moradoras desses locais. Estabelece-se, dessa forma, a linha mestra que conduz todo o trabalho: a ocupação por moradia ou é precedida de despejo em outra ocupação, ou vive sob ameaça de despejo²², e as moradoras em luta pelo direito à moradia compõem o movimento social, juntamente com as lideranças do movimento, que possuem relação mais ou menos próxima com cada ocupação. Os conflitos que surgem das ocupações com o Estado ocorrem também nesses três espectros: o Estado impõe sobre a ocupação, as moradoras e as lideranças do movimento, a pecha de irregularidade, em diversas frentes e por diversas condutas, caracterizando essas situações de conflitos fundiários urbanos e rurais²³.

Foram ouvidas, dentre moradoras e lideranças, vinte mulheres e um homem: Cristiane Sales Teles, Wyrat Yawara Kokama Kokamiria – Milena Marulanda, Veragiane Silva dos Santos, Francisca Leite, Ana Lúcia Barbosa de Freitas, Bernardete Serrano, Maria José Vieira de Andrade – a Sereia, Marcilei da Silva Maio, Alzerina Silva de Farias, Irene de Souza Farias, Márcia Moreira Soares e seu esposo Emerson de Souza Serrão, Zulmira Farias, Hosana Souza Nascimento, Lucinei Jucelina de Azevedo, Rosineide Lima, Leandra da Silva Ribeiro, Maria Carmencita Pinto de Almeida, Aldineia Oliveira, Sandra Maria de Oliveira e Elza Ribeiro

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