Câncer e seus Presentes: O caminho da cura de um câncer de mama

De Moline Severino Lemos

O câncer de mama é uma doença complexa com tratamento longo no qual a paciente vive para se tratar. Mesmo sendo muito difícil receber o diagnós­­tico dessa doença, existem vários presentes possíveis ao longo dessa tragetória em busca da cura. O livro Câncer e seus presentes vem mostrar as vivências de uma paciente em remissão.
O que ninguém quer é adoecer, muito menos aceitar o diagnóstico de uma doença tão grave e complexa como o câncer de mama. Mas, apesar de todo sofrimento, o caminho da cura pode ser repleto de surpre­sas e é isso que a paciente Moline conta neste livro.

• Idioma: Português
• Editora: Ás Editorial
• Data de lançamento: 27 de jul. de 2021
• ISBN: 9786586369434

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Carcinoma

invasivo

E de repente a vida nos sacode; um simples resultado muda completamente nosso modo de ver a vida.

Fui diagnosticada com câncer de mama invasivo aos 32 anos e nenhum caso na família. Hoje ainda estou abalada, tentando acreditar; sei que vêm pela frente uma jornada de muita luta, dias dolorosos, dias difíceis, mas, se Deus quiser, haverá dias de vitória.

Sempre valorizei minha vida e as pessoas que amo, mas hoje a urgência de viver e ser feliz no presente é ainda maior. Sorte a minha de ter minha mamãe, meu namorado e uma família inteira me dando amor, carinho, força, sofrendo e lutando por mim.

Que Deus me dê forças para lutar da melhor forma! Sou sua filha e seu desejo e vontade também são meus. Que ilumine meu tratamento, os médicos e toda a equipe; que sejam escolhidos os melhores remédios e que eles sejam eficazes na destruição dessas células que não são minhas.

Que eu tenha muita serenidade nesses próximos meses!

Amém!

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Começo

da cura

Ontem cortei o cabelo um pouco abaixo da orelha. Um pouco antes chorei diante de todo o contexto, mas gostei do corte. O mais estranho é pegar no cabelo e não senti-lo. Mas até que combinou comigo; nunca havia tido cabelo curto. Hoje faço uma tomografia com contraste e amanhã começo minhas químios; serão quatro vermelhas de 21 em 21 dias, e depois doze brancas semanais. Amém!

Dez dias após esse primeiro corte, decidi raspar a cabeça; meu cabelo já caía aos tufos, e isso me deixava bem triste.

Raspar a cabeça foi uma libertação, um alívio... E, no final das contas, fiquei bem bonita carequinha.

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Aceitação

Aprendam a aceitar aquilo que vem para vocês... Aprendi nessa minha luta contra o câncer a fazer isso. Nunca questionei o porquê, nunca me fiz de vítima; pelo contrário, sempre soube que aquilo não era meu e que iria fazer morada por pouco tempo em mim.

Foi um susto o diagnóstico, o pior momento. Gritei sozinha dentro do carro para ver se aquela dor passava. O aperto no peito era insuportável, mas depois mergulhei de cabeça... rumo a minha cura, a minha vitória, ao meu crescimento.

Sempre soube que a vontade de Deus seria feita em cada detalhe, em cada pequeno gesto, em cada ser de luz e profissional que Ele guiaria para o meu caminho de luta, e assim foi.

Lembro o dia da minha primeira químio. Fui feliz, confiante, e a moça da recepção falou: Nossa Moline, tão bom ver você assim! É tão raro ver isso. E aquelas palavras me fizeram um bem enorme. Eu e minha alegria iríamos vencer.

Durante as sessões, eu imaginava aquelas gotinhas de cura indo até o nódulo e o matando. Eu pensava só coisas boas. Houve dias ruins, ganho de peso, choro em frente ao espelho por não me reconhecer nessa Moline tão diferente, inchada, sem sobrancelha e com pouco cabelo... Mas houve força de vontade, e é isso que quero deixar pra vocês, foi isso que aprendi, a ser forte, a confiar, a ser grata pela minha vida, pois estou tendo uma nova chance, um recomeço para ser melhor, para viver melhor...

Não guardem mágoas, não guardem tristezas, nem choro... Lutem, falem, gritem; às vezes nos fechamos, aceitamos certas coisas e situações que nos adoecem, que nos ferem por dentro. Ninguém tem o direito de nos fazer mal, não aceitem, não permitam Status, título, competição, inveja, achar-se superior não é nada. Façam o que gostam, estejam onde se sintam bem, somos finitos, somos passageiros e eternos ao mesmo tempo no que deixamos... Sejam amor, luz!

O que mais quero é deixar sentimentos bons, recordações nas pessoas; um dia todos vamos partir e já não haverá mais tempo... Nem todos vão entender sua forma de ser; muitos são rasos e não sabem o que é ser inteiro e profundo, mas não mudem por isso, sejam vocês mesmos.

Esse tratamento, essa luta deixaram mais claras a perenidade e a fragilidade... Vamos viver de verdade! Tive mais essa chance e serei grata para sempre.

Grata também a cada um que ficou. Não é fácil ficar em meio à doença, em meio à mudança de humor... Como fiquei chata, instável, chorona, brava, irritada! Amar é amar na dor, na mudança. Muito obrigada de coração aos que me amaram assim, em meio a esse turbilhão de acontecimentos. A cada mensagem e demonstração de afeto e solidariedade. Com certeza, a vitória também é de vocês.

Grata a cada paciente guerreiro(a) que tive o prazer de conhecer, a cada conversa, troca de experiência... Nem todos tiveram um tratamento com poucos efeitos como eu, nem todos conseguiram ganhar a guerra. Meu eterno carinho a todos(as).

Gratidão a todos os anjos do Céu e da Terra que seguiram de mãos dadas comigo, que choraram comigo em cada transformação diária. Hoje sei que essa metamorfose foi fundamental para minha cura, de alma, de vida...

Aceito cada mudança, cada dor cicatrizada; aceito a nova Moline de braços abertos, de coração aberto; aceito o amor, as amizades verdadeiras e tudo o que está por vir.

Vamos juntos de mãos dadas; nossa fé é do tamanho do mundo. Nada é impossível. Creiam...

De alguém que ama a vida e ama viver!

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Deus cuida

de mim

Hoje, 29 de novembro de 2019, foi minha cirurgia na Medicina ( ufu ), com o dr. Donizeti Santos e equipe. Deus agiu a todo momento. Agora são 23h10 e perdi o sono. Estou no leito 176, a mamãe está comigo e o Dani veio ontem de Paracatu com o Simba.

Minha cirurgia começou às 10 h e terminou por volta das 13 h. O dr. Donizeti foi muito simpático. Ele é muito inteligente e fez o desenho de onde iria tirar o quadrante, explicando-me que tentaria a cirurgia conservadora, mas que o patologista analisaria o local para ver se não havia nada nas bordas; infelizmente havia. Ele tirou toda a mama e oito linfonodos. Recebi duas anestesias, uma peridural e outra geral. Fiquei muito triste, não pela estética, mas por pensar nos meus futuros bebês, porém entreguei