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O Casamento é uma obra-prima: Descubra o extraordinário plano de Deus para a vida a dois
O Casamento é uma obra-prima: Descubra o extraordinário plano de Deus para a vida a dois
O Casamento é uma obra-prima: Descubra o extraordinário plano de Deus para a vida a dois
E-book351 páginas4 horas

O Casamento é uma obra-prima: Descubra o extraordinário plano de Deus para a vida a dois

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Sobre este e-book

Descubra a arte que pode transformar o seu casamento!
A Capela Sistina, aos 500 anos, foi submetida a um processo de restauração que levou mais de 20 anos. A obra-prima de Michelangelo permaneceu apagada por séculos, mas agora pode exibir novamente suas cores brilhantes na forma como o artista havia planejado.
Tão impressionante quanto este feito, existe uma obra de arte ainda maior que necessita de restauração: a Obra-prima do Casamento de Deus. Como uma obra de arte esquecida, o casamento é subvalorizado e subestimado. Neste livro, Al Janssen traz um novo olhar sobre o maravilhoso projeto de Deus para seu casamento e elucida os porquês de sua união ter sido planejada para durar por toda a vida.
Ao longo deste livro criativo e insipirador, você irá analisar elementos como paixão, aventura e compromisso, que dão cor e vida a este projeto de Deus. Você descobrirá novas formas de refletir o amor de Deus em seu casamento, revelando o plano que Ele deu início antes mesmo da cerimônia nupcial.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de ago. de 2021
ISBN9786599482885
O Casamento é uma obra-prima: Descubra o extraordinário plano de Deus para a vida a dois

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    O Casamento é uma obra-prima - Al Janssen

    O QUE ACONTECEU COM O FELIZES PARA SEMPRE?

    Apenas sete meses após o dia em que me casei, minhas confortáveis ideias sobre o matrimônio foram profundamente questionadas.

    Jim [1] tinha 1,90 m de altura e conseguia lançar uma bola de beisebol a 150 km/h. Apesar disso, no decorrer de seis anos, ele passara apenas quatro semanas – bastante desanimadoras – nas ligas principais. O resto do tempo, ele passou pulando de time em time nas ligas inferiores. Um dia, Jim e eu, encostados no carro dele, conversávamos do lado de fora do estádio Diablo, em Tempe, Arizona. Ele acabara de jogar por duas rodadas como lançador numa partida dos jogos de treinamento da primavera. Sua atuação não fora satisfatória. A menos que as coisas mudassem drasticamente, em cerca de duas semanas Jim começaria sua sétima temporada nas ligas inferiores.

    Sob o sol de final de tarde daquela região semiárida, conversávamos sobre seu futuro. Bonnie* acha que eu devo me aposentar se não conseguir me destacar nesta primavera, comentou Jim. Eu simplesmente não consigo fazer isso. Não posso desistir tão perto da linha de chegada. Não vou entregar os pontos! Bonnie, a mulher de Jim, era uma loira atraente e costumava ser vista socializando-se com as outras esposas de jogadores na área reservada.

    ­— Não vi Bonnie no jogo de hoje — comentei.

    — Ela decidiu não vir. Brigamos feio ontem à noite.

    Alguns dias antes, eu e minha esposa, Jo, havíamos jantado com o casal e ficáramos sabendo que os dois haviam sido namorados no ensino médio. Bonnie era líder de torcida, e Jim, o típico atleta famoso da escola, praticava três esportes e assinara um contrato lucrativo ao se formar. Eles se casaram depois da primeira temporada de Jim e gastaram rapidamente o bônus de 40 mil dólares previsto na assinatura do contrato.

    Com cautela, perguntei sobre o motivo da discórdia conjugal.

    Jim balançou a cabeça:

    — As mesmas coisas pelas quais a gente vem brigando há uns dois anos. Bonnie quer se estabelecer num lugar. Ela contabilizou o número de casas em que moramos desde que nos casamos: entre as nove cidades onde joguei em ligas secundárias, os treinos de primavera e a casa onde moramos no intervalo entre as temporadas, nós nos mudamos 21 vezes. A vontade dela é que eu arrume um emprego de verdade, compre uma casa e construa uma família com ela.

    Embora eu só fosse casado há alguns meses, aquilo não me pareceu absurdo. Porém, é claro que eu não me achava qualificado para o papel de conselheiro matrimonial. Por isso, considerei que o melhor a fazer era escutar.

    — Parece impossível lhe agradar — continuou Jim. — Ela não entende que eu preciso fazer isso. Tenho de ir o mais longe que puder no beisebol. Eu simplesmente não posso abandonar o jogo.

    Obviamente, a carreira de todo atleta termina mais cedo ou mais tarde – geralmente, mais cedo. Durante o meu ministério na Pro Athletes Outreach [*], conheci muitos atletas que se recusavam a reconhecer que estava na hora de passar para outra fase da vida.

    — Você já pensou alguma vez no que poderia fazer depois de largar o beisebol? — perguntei.

    — Claro que já pensei! Já assisti a algumas aulas na faculdade entre uma temporada e outra, mas nenhuma disciplina realmente me interessa. Bonnie não para de me dizer que eu preciso planejar o futuro. Ora, eu sei disso! Por que ela insiste em me chatear? Está sempre me importunando por causa de dinheiro. Nunca temos o suficiente para satisfazê-la.

    Tacitamente, o que Jim esperava era um dia poder trocar o modesto salário de jogador de liga secundária por um lucrativo contrato na liga principal.

    Jim, então, virou-se e me encarou. Ele conseguia ser uma pessoa agressiva e intimidadora. Essa atitude lhe servia bem no momento de lançar a bola para o rebatedor, mas, na hora, pensei que essa abordagem mal-encarada talvez não agradasse à sua delicada esposa. Bonnie já confidenciara à minha mulher que tinha medo de Jim. Ela temia que, algum dia, ele a machucasse em um de seus acessos de raiva.

    — Al, estou pensando em me separar de Bonnie.

    — Sério? Por quê?

    — Não estou feliz.

    As palavras ficaram pairando no ar.

    — Deus quer que eu seja feliz, não quer? Já que não estou feliz, acho que devia pedir o divórcio.

    — Mas e os sentimentos dela? Você não pode simplesmente deixá-la!

    — Por quê? Imagino que você vá me dizer que Deus não quer que eu me divorcie.

    — Bem, sim, é verdade. Deus odeia o divórcio.

    Como eu já havia falado algumas vezes ao time, na capela e nas classes de estudos bíblicos, Jim estava disposto a me fazer perguntas difíceis. Eu, porém, percebi que, na realidade, ele não queria saber a opinião de Deus sobre o assunto.

    — E se eu tiver cometido um erro? A gente se casou só um ano depois de sair do colégio. Éramos novos. Não sabíamos o que estávamos fazendo. Você está me dizendo que eu simplesmente tenho de engolir essa situação pelo resto da vida? Deus não quer que eu seja infeliz, quer?

    Gaguejando, respondi:

    — Não, ele não quer, mas certamente vocês dois são capazes de resolver as coisas. Eu sei que vocês devem se amar.

    — Pode ser que a gente tenha-se amado um dia. Mas agora eu simplesmente não sinto mais nada por Bonnie.

    — As emoções vêm e vão. Vocês podem resgatar o que sentiam antes!

    Jim balançou a cabeça, puxou a chave do carro de dentro do bolso e terminou:

    — Não sei. Vale a pena lutar por um casamento infeliz?

    Quando meu amigo se afastou, eu permaneci ali no estacionamento e refleti sobre suas palavras.

    Não estou feliz.

    Não sinto mais nada por Bonnie.

    Deus não quer que eu seja infeliz, quer?

    Vale a pena lutar por um casamento infeliz?

    Algo me incomodava profundamente. Eu sabia, pelas estatísticas, que muitos casamentos fracassavam, mas aquela era a primeira vez que eu me confrontava com um casamento que se desintegrava diante dos meus olhos. Eu não sabia o que dizer, nem o que fazer. Eu não tinha certeza de que compreendia realmente o que as Escrituras ensinavam sobre o assunto; minhas reações eram acima de tudo intuitivas. Tanto os pais de Jo quanto os meus estavam casados há mais de 30 anos, e nós acreditávamos que Deus nos unira para a vida toda. Será que éramos ingênuos por acreditar que o nosso casamento daria certo só porque o de nossos pais era bem-sucedido? Será que realmente conseguiríamos sobreviver às arrasadoras tendências culturais de nosso tempo?

    Aquela conversa suscitou perguntas que imploravam por respostas. Se uma pessoa não está feliz, por que deve permanecer casada? Quanto aos solteiros que se defrontam com o risco de um possível casamento infeliz, será que não deveriam nem mesmo se casar?

    A CULTURA DA REALIZAÇÃO PESSOAL

    Quando Jo e eu nos casamos, em 6 de agosto de 1977, foi para ficarmos juntos na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Pelo menos foram essas as palavras que repetimos diante do pastor. Esses votos traziam implícita a expectativa de que viveríamos felizes para sempre. Não é isso o que todo casal pensa? Obviamente, logo descobrimos que nosso casamento, como todos os outros, tem seus momentos difíceis. A experiência do dia a dia não é a do felizes para sempre. Mesmo assim, o sonho persiste.

    Pensei muito em Jim e Bonnie ao longo dos anos. Eles não se separaram naquela primavera, e ele jogou mais uma temporada numa liga secundária antes de ser despedido. O casal então voltou para a sua cidade natal na costa leste dos Estados Unidos, onde Jim conseguiu um emprego de vendedor de carros. Jo e eu logo perdemos contato com eles. Alguns anos mais tarde, fiquei sabendo, por meio de um amigo em comum, que Jim e Bonnie não tiveram filhos e acabaram divorciando-se. Quando ouvi aquela notícia, senti uma onda de tristeza. Novamente, fiquei imaginando se algo poderia ter mudado o rumo que o casamento deles tomou. Será que devemos simplesmente aceitar a realidade cultural de que cerca de 50% das pessoas casadas acabam se divorciando? [2]

    Mas também fico pensando: se Jim e Bonnie estavam infelizes juntos, por que não se separarem? Se o casamento é um obstáculo àquilo que buscamos – realização, crescimento pessoal e plenitude espiritual – por que prolongá-lo? Afinal, se nos casamos para sermos felizes, não é compreensível que muitas pessoas que estão infelizes hoje prefiram pôr fim à relação?

    A experiência de Jim e Bonnie não é incomum entre nossos amigos. Cito aqui apenas três exemplos.

    Um dia, eu estava na salão cortando o cabelo, e minha cabeleireira, brandindo a tesoura para impressionar, perguntou:

    — Deus odeia o divórcio, certo?

    — Sim — respondi — Deus odeia o divórcio.

    — Então, Deus deve odiar qualquer pessoa que se divorcie, não é?

    — Não — respondi. E expliquei-lhe que Deus ama a todos, mas odeia o divórcio porque destrói uma das mais belas de suas criações.

    Depois, sondando, perguntei-lhe o porquê daquela pergunta. Tentando conter as lágrimas, ela respondeu que havia acabado de consultar um advogado especialista em divórcio. O que eu deveria lhe dizer então?

    Minha mulher conversava ao telefone com uma amiga de outro estado, que chorou ao dizer: Há 14 anos, vivo sem esperança. O marido dela é viciado em pornografia. Sua imagem pública é a de um bom cristão praticante. Seu vício secreto, porém, está destruindo a vida da pessoa que lhe é mais próxima e a dos três filhos do casal. Incapaz de enfrentar o distúrbio do qual sofre, ele se afoga no álcool para enterrar a culpa. Frequentemente, chega em casa bêbado e arremete contra qualquer um que esteja a seu alcance. Sua mulher está pensando na separação como forma de proteger-se e de zelar pela segurança dos filhos. Será que vale a pena lutar para salvar esse casamento?

    Benjamim*, um amigo de longa data, revelou-me que vivera uma mentira durante grande parte de sua vida adulta. Agora, ele afirma que, na verdade, é homossexual. Está deixando a esposa e os dois filhos adolescentes, que estão completamente arrasados. O mais velho dos meninos começou a exibir um comportamento destrutivo, mas Benjamim permanece impassível. Diz que não pode mais se privar de sua realização sexual, mesmo que a família pague um preço caríssimo. Será que ele está certo?

    Não é óbvio, nesses casos, que as pessoas envolvidas estão infelizes? Gostaria que situações como essas fossem incomuns, mas infelizmente eu poderia citar muitos exemplos, e, com certeza, você também pode pensar em vários outros. Por que, então, essas pessoas devem permanecer casadas? E por que qualquer jovem que observa esses exemplos deve pensar em casamento?

    POR QUE PERMANECER CASADO SE EU NÃO ESTOU FELIZ?

    Não deveria ser nenhuma surpresa o fato de muita gente preferir nem se arriscar a tanta dor de cabeça. Em agosto de 2000, a revista Time publicou uma reportagem de capa sobre o fenômeno de que muitas mulheres estão decidindo não se casar. Por quê? Elas chegaram à conclusão de que viver sozinha é simplesmente melhor que a outra opção: ver-se amarrada a um homem e presa a um casamento que não a faz sentir-se bem. Assim, uma mulher terminou uma relação de sete anos porque não estava feliz. Achei que não conseguiria fazê-lo feliz e conservar minha personalidade, aquilo que me faz brilhar. Outra pôs fim a um relacionamento de dez anos com um homem que ela afirma ainda amar, mas que está aquém dela no que se refere ao desenvolvimento pessoal e profissional [3].

    Por trás desse tipo de pensamento, revela-se uma visão do casamento como algo descartável – uma união na qual podemos entrar e da qual podemos sair de acordo com as nossas necessidades individuais. Existe, para algumas pessoas, uma percepção cada vez maior de que o casamento é uma relação bacana de se manter, desde que ela se encaixe em seu estilo de vida. Caso contrário, há outras opções. Por exemplo, o escritor e empresário Philip D. Harvey declarou, num editorial do Washington Post, que uma quantidade razoável de divórcios talvez seja sintoma de uma sociedade saudável e flexível. Segundo essa visão, um casamento de muitos anos pode ser gratificante para alguns casais, mas, para a maioria de nós, simplesmente não é natural. Não faria mais sentido, pondera Harvey, ter parceiros distintos nos diferentes estágios da vida?

    E se o companheiro ideal para os primeiros anos – os anos da criação dos filhos – não for o companheiro ideal para a meia-idade e para os últimos anos da vida? Não seria razoável afirmar que as diferenças radicais na maneira como vivemos a partir dos 50 ou 60 anos de idade justificam, em muitos casos, a escolha de um parceiro mais apropriado às circunstâncias do que aquele com quem criamos os nossos filhos? [4]

    Para o psicoterapeuta David M. Fromm, de Manhattan, é questionável chamar de natural um relacionamento de mais de 30 anos com uma única pessoa. Ele considera o casamento vitalício uma ideia antiquada. Por quê? As pessoas precisam sentir-se realizadas… Acredito que, em última instância, o alicerce da sociedade sejam os indivíduos [e não as famílias] [5].

    Artigos como esse me fazem pensar por que Jo e eu ainda estamos comprometidos com o nosso casamento após 30 anos. Por que eu continuo com ela apesar de seu mau humor durante determinado período do mês? Por que continuo com ela se está sempre tão ocupada levando as crianças para a escola e para outras atividades, administrando as tarefas da casa e tentando escrever seus livros, e se eu não consigo convencê-la a fazer uma pausa para um passeio romântico? Não posso dizer que eu deliro de felicidade nesses momentos.

    Outra questão ainda mais inquietante é por que Jo continua comprometida comigo. O que a faz continuar junto a mim se sou tão obcecado pelo trabalho que, mesmo quando meu corpo está presente em casa, minha mente não está? Se me aninho perto dela à noite e ronco tão alto que ela não consegue dormir? O que a faz continuar comigo se eu explodo de raiva por não ser capaz de resolver um simples probleminha de encanamento?

    Aqueles que nos conhecem podem citar as Escrituras para explicar por que permanecemos juntos. Podem recorrer a passagens bíblicas conhecidas – como, por exemplo, Gênesis 2.24, que afirma que o homem deixará pai e mãe e se unirá a sua mulher; ou Malaquias 2.16, em que Deus diz que odeia o divórcio; ou Efésios 5, em que as mulheres são exortadas a submeter-se ao marido, e este, a amar a esposa.

    Sem dúvida, estes são versículos importantes para nós. Em nenhuma dessas passagens, porém, menciona-se a felicidade. Será que ela está subentendida? Ou será que, uma vez casados, devemos simplesmente nos conformar? Obviamente, alguns de nossos amigos cristãos não estão dispostos a conformar-se. Ainda que louvem os mesmos versículos, se a infelicidade bater à sua porta, alguns cristãos não hesitarão em procurar uma brecha em seu contrato de casamento. Será que Jo e eu somos diferentes? Ou será que também somos vulneráveis às forças que separam outros casais?

    PROCURANDO AJUDA

    No decorrer de minha carreira de escritor, redator e editor, conheci muitos mestres maravilhosos especializados no tema casamento. Em 1980, Jo e eu organizamos uma conferência para 12 casais em Portland, Oregon. O orador, Gary Smalley, dava seu segundo seminário sobre casamento. Seus ensinamentos nos incentivaram extraordinariamente no decorrer dos anos, e milhões de pessoas beneficiaram-se de seus vídeos e de suas conferências, a que ele intitulou Keys to Loving Relationships [Segredos para Relacionamentos de Amor]. Dentre outros participantes dos seminários da FamilyLife, também seguimos os ensinamentos de Dennis Rainey. Tivemos contato com escritores sensacionais, como James Dobson, Scott Stanley, John Trent, Kevin Leman, Archibald Hart, Mike Mason e muitos outros. Todos eles enriqueceram nosso casamento, fornecendo-nos as ferramentas de que necessitávamos para alcançar maior eficiência na comunicação conjugal, na descoberta de soluções para os nossos problemas e na busca da verdadeira intimidade. Além disso, deram incentivo para que seguíssemos adiante. Sem dúvida, não faltam seminários, livros, descobertas científicas, ferramentas de diagnóstico, séries em áudio e programas de rádio que tratam dos problemas do casamento, para auxiliar os casais que precisam de ajuda.

    Todo esse maravilhoso conhecimento, porém, não manterá um casal unido se os cônjuges acreditarem que a infelicidade justifica a separação. Nunca antes, tivemos a nosso dispor tantas dicas sensacionais de como aperfeiçoar o sexo, a comunicação, o planejamento financeiro, o controle da ira e o estabelecimento de metas. E ainda assim, os casamentos continuam fracassando.

    Enquanto eu escrevia este livro, um líder cristão muito conhecido nos Estados Unidos – e que Jo e eu conhecemos pessoalmente – foi denunciado publicamente por manter um caso extraconjugal. Ficamos chocados. Jo amargou a tristeza por uma semana. Em longas caminhadas, conversávamos sobre o casal. O que será que havia dado errado? Como aquele homem foi capaz de violar seus votos matrimoniais? Será que houve sinais que poderiam ter alertado alguém e, talvez, evitado a tragédia? Jo ficou particularmente preocupada com a esposa dele e comentou comigo o quanto aquela mulher deve ter-se sentido depreciada.

    Sem dúvida, esse líder tinha conhecimento suficiente para proteger e edificar seu matrimônio. Ele conhecia a maior parte dos autores e professores especialistas em casamento que eu conheço. Portanto, também leu seus livros e ouviu seus ensinamentos. Esse conhecimento, porém, não evitou seu desvio moral. Terá isso acontecido porque ele estava infeliz ou não se sentia realizado? O problema provavelmente remonta à pergunta de Jim: Será que a promessa de permanecermos fiéis ‘até que a morte nos separe’ cai por terra se nos tornamos infelizes?

    Ultimamente, tem-se falado mais sobre o compromisso do casamento para a vida inteira, e este é um fato muito bem-vindo. A partir de uma aliança entre 50 instituições, criou-se o Covenant Marriage Movement [Movimento pela Aliança Matrimonial]. Além disso, a FamilyLife promoveu uma série de conferências intituladas I Still Do! [Eu Ainda Aceito!], sempre em locações de grande escala. A Focus on the Family [Foco na Família], por sua vez, tem como um de seus seis pilares o compromisso com a continuidade do casamento. Mas será que uma promessa é suficiente para manter uma relação conjugal? O que dizer a alguém como Jim, que acredita ter cometido um erro terrível? Ou à esposa desmoralizada do líder cristão? Por que ela deveria continuar casada?

    É por isso que tive de encontrar uma resposta para a pergunta de Jim. Não apenas para ele e Bonnie ou para os meus amigos, mas também para o meu próprio casamento. Com esse propósito, então, Jo e eu decidimos observar casamentos duradouros. Divertimo-nos com o casal de nonagenários casados há mais de 70 anos e que ainda agem como dois adolescentes no primeiro encontro. Sentimos admiração pelo casal que passou por momentos difíceis para criar os cinco filhos e hoje, já aposentado, exerce uma influência ativa em sua comunidade. Também nos marcou muito o caso da esposa fiel que cuida do marido vitimado por uma lesão cerebral permanente há 23 anos e que jamais deixou de honrá-lo; e do casal cuja filha tem problemas de saúde potencialmente letais e que trabalha unido com devoção, dia após dia, apesar de o marido ter perdido o emprego. Cada vez que vemos esses casamentos duradouros e sólidos, sentimo-nos reconfortados e percebemos intuitivamente que é assim que deve ser. Esses casais suportaram problemas muito mais difíceis que os de Jim e Bonnie. Por que triunfaram enquanto outros, em circunstâncias semelhantes ou mais fáceis, falharam?

    Também estudei a Bíblia, li vários livros e fui a mais de 35 seminários para tentar compreender a perspectiva de Deus sobre o casamento. Minhas perguntas eram muito simples. Por que Deus criou o casamento? Foi pensando em nossa felicidade? Eu sabia que, se alguma vez, um casal experimentou a felicidade plena, este foi o primeiro casal, no Éden. Partindo então do pressuposto de que eles foram felizes, talvez eu conseguisse determinar a razão dessa felicidade, e isso possivelmente me daria uma ideia de como a felicidade e o casamento podem andar juntos.

    Sou escritor e contador de histórias, não teólogo. Portanto, depois de mergulhar nos escritos, ensinamentos e comentários de estudiosos da Bíblia e dos pais da Igreja, tentei traduzir toda essa informação para um formato que me comunicasse alguma coisa – isto é, uma narrativa. O conteúdo do segundo capítulo é o primeiro de nove esquetes ou quadros bíblicos que desejo analisar com o leitor. Entre um drama e outro, procuraremos entender o significado do casamento.


    * Instituição norte-americana cuja missão é recrutar atletas e treinadores para que propaguem a fé cristã pela sociedade. (N. do R.)

    CAPÍTULO 2

    UMA CRIAÇÃO ORIGINAL

    O versículo de Gênesis é belo, mas bem pragmático, e transmite pouco do ponto de vista emocional.

    "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem,

    à imagem de Deus o criou;

    homem e mulher os criou" [1].

    Certo dia, ao ler mais uma vez esses conhecidos versículos, lembrei-me da frase: Coisas essas que anjos anelam perscrutar. Este versículo de 1 Pedro, como vários outros das Escrituras, dá a entender que os anjos observam do céu o drama encenado na terra. Fico me perguntando o que os anjos viram no momento da Criação. O que pensavam sobre o primeiro casal? [2]

    Talvez, por causa de minha experiência com eventos esportivos, imaginei, para o primeiro esquete, os anjos em um estádio, assistindo ao desenrolar do drama da Criação…

    O estádio estava apinhado, e ouvia-se um burburinho de êxtase de cima a baixo nas arquibancadas. Ninguém se sentava, pois a multidão sabia que o Criador, o foco da atenção de todos, estava prestes a iniciar sua maior obra.

    Já havia algum tempo que a multidão observava maravilhada. Primeiro, houve a formação de uma bola de pedra negra. Em seguida, um repentino clarão de luz iluminou a esfera. Depois, veio a formação das águas, seguida pela terra, as plantas, os animais marinhos, as aves do céu e por fim os animais terrestres. Cada novo acréscimo era recebido com um coro entusiasmado de elogios e louvores ao Todo-Poderoso, que só precisou falar para dar existência a esse mundo extraordinário.

    Abdiel, espremendo-se por entre a multidão, posicionou-se perto do amigo Zéfon.

    — Perdi alguma coisa? — perguntou impaciente.

    — Não. Ele acabou de começar.

    Um silêncio tomou a plateia quando o Todo-Poderoso juntou uma porção de terra fértil vermelho-escura e formou um montículo ovalado. Ele então acrescentou um pouco de água e começou a misturar a lama até que esta se transformou num pequeno monte de argila. Depois, meticulosamente, começou a moldar a argila. A metade de baixo, ele a dividiu em duas partes. A porção de cima começou como um pequeno monte e, depois, expandiu-se e dividiu-se em três partes: um tronco grande e dois apêndices finos e longos.

    — Você entendeu o que ele está fazendo? — sussurrou Abdiel.

    — Não. Vamos ficar quietos e observar — respondeu Zéfon.

    Com a forma básica definida, o Criador prosseguiu, decidido, começando pela cabeça. Abdiel e Zéfon olhavam perplexos ao ver surgir um rosto. Cuidadosamente, o Criador moldou o nariz, os olhos, as orelhas e a boca. Nenhum detalhe era trivial. Ele se detinha em cada parte até ficar plenamente satisfeito.

    Depois de completar a cabeça, o Criador passou para o torso. Foram modelados os braços, curvados nos cotovelos. O Escultor deteve-se, então, nos dedos, modelando-os com mais refinamento, diferentemente de como procedera com as patas das outras criaturas. Construiu, com todo o cuidado, o polegar e o indicador de modo que os dois pudessem tocar-se nas pontas. O Criador sorriu com esse pequeno detalhe. A enorme multidão permanecia calada enquanto o Mestre continuava a obra. Ele modelou os pés, gastando

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