A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta
De Badoque
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Sobre este e-book
Seria pretensão demais querer descrever o recifense em algumas páginas, mas temos essa "góga" no sangue, decidimos escrever A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta para contar, através de 11 contos, histórias que se passam na cidade que une dois rios para formar o Oceano Atlântico.
No livro são narradas histórias as vezes fantásticas, as vezes reais demais. Lendas que todo mundo que mora na cidade já ouviu, ou personagens anônimos que precisam ser apresentados.
Acima de tudo, A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta é uma declaração de amor não convencional ao Recife. Como se a cidade encarnasse os versos do seu rei e nos dissesse: "Eu não presto, mas eu te amo".
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Pré-visualização do livro
A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta - Badoque
Capa e ilustrações
Bernardo Wictor
Organização
Gil Luiz Mendes
Edição
Gil Luiz Mendes e Paulo Júnior
Ebook
ISCS
ISBN (livro físico)
978-85-923703-0-5
ISBN (livro digital)
978-65-00-29624-2
Badoque Livros
Eu vi o mundo... Ele começava no Recife
(Cícero Dias)
Índice
Prefácio
A Chinela da Véia
Coração de Leão
A Pressa da Calma
Meu Problema da Mitologia Grega
Humanos de Boa Viagem
O Galor de Almir
Detetive
A Dança das Cabeças
Velhos Hábitos Nunca Mudam
Suicida
Síndrome da Estância
Prefácio
img00Prefácio
Breve aviso aos não-iniciados no Recife
No prolífico vernáculo do Recife, o verbete viagem
vai além do significado corrente de se deslocar de um ponto ao outro do planeta. No Recife – e sempre no
Recife e nunca em
Recife – a viagem
é também um estado de espírito, um sentimento de ausência que se situa na mediatriz entre a letargia do transe e o frenesi do delírio. Lá, aquele que está viajando
está em plena capacidade física e mental, cumprindo as obrigações diárias, pois a viagem em questão se dá em breves deslocamentos, não de fora para dentro do corpo de quem a comete, mas de dentro para mais dentro ainda, com destino a um mundo onde os outros não têm acesso e que é só seu e de mais ninguém.
É esse tipo de viagem que se propõe quem ler A Maior Pequena Cidade do Mundo em Linha Reta, uma oportunidade rara que os autores das crônicas e contos do livro gentil e perigosamente concedem de se visitar o mundo particular de cada um deles, onde o Recife é o início e o fim de uma circum-navegação em espiral através de uma cidade metade roubada ao mar, metade à imaginação
, como bem definiu o poeta Carlos Pena Filho, padroeiro da boemia recifense desde que teve eternizada nas paredes do Bar Savoy, na metafísica avenida Guararapes, as estrofes em forma de refrão de um poema que diz mais ou menos assim: São trinta copos de chopp, são trinta homens sentados, trezentos desejos presos, trinta mil sonhos frustrados
.
Boemia que se apresenta na forma que os autores propõem um tour sensorial por simbólicos bairros da capital pernambucana através de uma prosa ora lúcida, ora alterada, como se dá com as histórias que surgem de forma espontânea e fatal nas mesas de bar, onde mais importante do que tentar entender o que se passa, é sentir e vivenciar o acervo sentimental pulsante nelas.
A Maior Pequena Cidade do Mundo em Linha Reta é dessa forma um misto de guia turístico e manual de sobrevivência aos não-iniciados no Recife e nas suas peculiaridades geográficas e climáticas. Uma cidade banhada pelo mar e pelo suor, cortada por rios e avenidas, causticada pelo sol e sombreada pela frondosa selva de pedra. Sem esquecer de seu maior acervo, os habitantes, figuras pacatas na superfície e inquietas no âmago, que nunca escondem de ninguém o orgulho de se viver num lugar onde as fronteiras se estendem – sempre em linha reta – além dos limites geográficos, muito além do ponto onde os rios Capibaribe e Beberibe se unem para formar todos os oceanos da Terra.
É justamente por esse motivo que o Recife é, e ao mesmo tempo não é, para amadores, e desvendar os enigmas dessa esfinge tropical é um risco na mesma proporção que pode ser surpreendente. Mas em ambos os casos, nunca será uma decepção. Ainda bem que você está muito bem acompanhado. Boa viagem
.
Álvaro Filho, jornalista, escritor e recifense
A Chinela da Véia
img01A Chinela da Véia
Os três voltavam para casa andando pelo bairro de Santo Amaro. Vinham do cemitério que leva o mesmo nome do local onde viviam. Os latidos do cachorro deram o alarme da chegada dos moradores ao lar. Soares abriu a porta para Toinho, Zito e ele próprio entrarem. O trio, vestindo negro, vinha do velório e enterro da mãe dos garotos. As crianças sentaram no sofá, com o cão indiferente à dor deles, lambendo os pés já descalços dos meninos, e o pai permaneceu de pé.
– Vou ter que voltar pro trabalho. Seu Josias disse que não dava pra me liberar o resto da noite. Mas amanhã bem cedo eu tô aqui. Os meninos balançaram a cabeça em sinal de positivo e continuaram sentados olhando para baixo. O pai passou a mão na cabeça de cada um e saiu quase no mesmo instante, deixando-os sozinhos.
- Não se aperreiem e cuidem um do outro. Não deu pra tia Ruth vir ficar com vocês, mas é só ficarem aqui, porta trancada e tentem dormir, certo? Pouco depois eles olhavam um pro outro, ainda com os olhos vermelhos do choro recente. Zito, o mais novo com quase 11 anos e aparentemente mais inconformado, olhou para a porta de entrada do quarto dos pais e arregalou os olhos. Ele se virou para Toinho, cutucando o irmão.
– Toinho. Toinho. Ó pra ali, Toinho! Tais vendo a chinela de mainha?
– Que é, Zito? Ôxe. Tô vendo. Que é que tem?
– Tá emborcada, Toinho. Tais vendo? Foi por isso que ela morreu!
– Deixa de leseira, Zito. Ôxe!
– Apois eu vou desvirar. Num dizem que quando ela tá assim a mãe da gente morre? E então. Vou desvirar e ela volta.
Toinho ficou um pouco mais triste nesse momento, com pena do irmão.
– Isso é conversa, Zito.
Zito se levantou e foi até a chinela. O menino hesitou, mas em seguida pegou a sandália e colocou na posição correta.
***
O Cemitério de Santo Amaro possui um nome bem maior: Cemitério do Bom Senhor Jesus da Redenção de Santo Amaro das Salinas, fundado em 1º de Março de 1851, com uma