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A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta
A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta
A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta
E-book104 páginas1 hora

A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta

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Sobre este e-book

Recife é a cidade com a maior megalomania em linha reta do planeta. Quiçá, do universo. Ao mesmo tempo é o local provinciano, fincado em raízes e costumes do passado, mas que tem uma aura de pós-contemporânea.

Seria pretensão demais querer descrever o recifense em algumas páginas, mas temos essa "góga" no sangue, decidimos escrever A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta para contar, através de 11 contos, histórias que se passam na cidade que une dois rios para formar o Oceano Atlântico.

No livro são narradas histórias as vezes fantásticas, as vezes reais demais. Lendas que todo mundo que mora na cidade já ouviu, ou personagens anônimos que precisam ser apresentados.

Acima de tudo, A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta é uma declaração de amor não convencional ao Recife. Como se a cidade encarnasse os versos do seu rei e nos dissesse: "Eu não presto, mas eu te amo".
IdiomaPortuguês
EditoraBadoque
Data de lançamento27 de ago. de 2021
ISBN9786500296242
A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta

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    Pré-visualização do livro

    A Maior Cidade Pequena do Mundo em Linha Reta - Badoque

    folhaderosto

    Capa e ilus­tra­ções

    Ber­nar­do Wic­tor

    Or­ga­ni­za­ção

    Gil Luiz Men­des

    Edi­ção

    Gil Luiz Men­des e Pau­lo Jú­nior

    Ebo­ok

    ISCS

    ISBN (li­vro fí­si­co)

    978-85-923703-0-5

    ISBN (li­vro di­gi­tal)

    978-65-00-29624-2

    Ba­do­que Li­vros

    Eu vi o mun­do... Ele co­me­ça­va no Re­ci­fe

    (Cí­ce­ro Dias)

    Índice

    Pre­fá­cio

    A Chi­ne­la da Véia

    Co­ra­ção de Leão

    A Pres­sa da Cal­ma

    Meu Pro­ble­ma da Mi­to­lo­gia Gre­ga

    Hu­ma­nos de Boa Vi­a­gem

    O Ga­lor de Al­mir

    De­te­ti­ve

    A Dan­ça das Ca­be­ças

    Ve­lhos Há­bi­tos Nun­ca Mu­dam

    Sui­ci­da

    Sín­dro­me da Es­tân­cia

    Prefácio

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    Prefácio

    Bre­ve avi­so aos não-ini­ci­a­dos no Re­ci­fe

    No pro­lí­fi­co ver­ná­cu­lo do Re­ci­fe, o ver­be­te vi­a­gem vai além do sig­ni­fi­ca­do cor­ren­te de se des­lo­car de um pon­to ao ou­tro do pla­ne­ta. No Re­ci­fe – e sem­pre no Re­ci­fe e nun­ca em Re­ci­fe – a vi­a­gem é tam­bém um es­ta­do de es­pí­ri­to, um sen­ti­men­to de au­sên­cia que se si­tua na me­di­a­triz en­tre a le­tar­gia do tran­se e o fre­ne­si do de­lí­rio. Lá, aque­le que está vi­a­jan­do está em ple­na ca­pa­ci­da­de fí­si­ca e men­tal, cum­prin­do as obri­ga­ções diá­rias, pois a vi­a­gem em ques­tão se dá em bre­ves des­lo­ca­men­tos, não de fora para den­tro do cor­po de quem a co­me­te, mas de den­tro para mais den­tro ain­da, com des­ti­no a um mun­do onde os ou­tros não têm aces­so e que é só seu e de mais nin­guém.

    É esse tipo de vi­a­gem que se propõe quem ler A Mai­or Pe­que­na Ci­da­de do Mun­do em Li­nha Reta, uma opor­tu­ni­da­de rara que os au­to­res das crô­ni­cas e con­tos do li­vro gen­til e pe­ri­go­sa­men­te con­ce­dem de se vi­si­tar o mun­do par­ti­cu­lar de cada um de­les, onde o Re­ci­fe é o iní­cio e o fim de uma cir­cum-na­ve­ga­ção em es­pi­ral atra­vés de uma ci­da­de me­ta­de rou­ba­da ao mar, me­ta­de à ima­gi­na­ção, como bem de­fi­niu o po­e­ta Car­los Pena Fi­lho, pa­dro­ei­ro da bo­e­mia re­ci­fen­se des­de que teve eter­ni­za­da nas pa­re­des do Bar Sa­voy, na me­ta­fí­si­ca ave­ni­da Gua­ra­ra­pes, as es­tro­fes em for­ma de re­frão de um po­e­ma que diz mais ou me­nos as­sim: São trin­ta co­pos de chopp, são trin­ta ho­mens sen­ta­dos, tre­zen­tos de­se­jos pre­sos, trin­ta mil so­nhos frus­tra­dos.

    Bo­e­mia que se apre­sen­ta na for­ma que os au­to­res propõem um tour sen­so­ri­al por sim­bó­li­cos bair­ros da ca­pi­tal per­nam­bu­ca­na atra­vés de uma pro­sa ora lú­ci­da, ora al­te­ra­da, como se dá com as his­tó­rias que sur­gem de for­ma es­pon­tâ­nea e fa­tal nas me­sas de bar, onde mais im­por­tan­te do que ten­tar en­ten­der o que se pas­sa, é sen­tir e vi­ven­ci­ar o acer­vo sen­ti­men­tal pul­san­te ne­las.

    A Mai­or Pe­que­na Ci­da­de do Mun­do em Li­nha Reta é des­sa for­ma um mis­to de guia tu­rís­ti­co e ma­nu­al de so­bre­vi­vên­cia aos não-ini­ci­a­dos no Re­ci­fe e nas suas pe­cu­li­a­ri­da­des ge­o­grá­fi­cas e cli­má­ti­cas. Uma ci­da­de ba­nha­da pelo mar e pelo suor, cor­ta­da por rios e ave­ni­das, caus­ti­ca­da pelo sol e som­bre­a­da pela fron­do­sa sel­va de pe­dra. Sem es­que­cer de seu mai­or acer­vo, os ha­bi­tan­tes, fi­gu­ras pa­ca­tas na su­per­fí­cie e in­qui­e­tas no âma­go, que nun­ca es­con­dem de nin­guém o or­gu­lho de se vi­ver num lu­gar onde as fron­tei­ras se es­ten­dem – sem­pre em li­nha reta – além dos li­mi­tes ge­o­grá­fi­cos, mui­to além do pon­to onde os rios Ca­pi­ba­ri­be e Be­be­ri­be se unem para for­mar to­dos os oce­a­nos da Ter­ra.

    É jus­ta­men­te por esse mo­ti­vo que o Re­ci­fe é, e ao mes­mo tem­po não é, para ama­do­res, e des­ven­dar os enig­mas des­sa es­fin­ge tro­pi­cal é um ris­co na mes­ma pro­por­ção que pode ser sur­preen­den­te. Mas em am­bos os ca­sos, nun­ca será uma de­cep­ção. Ain­da bem que você está mui­to bem acom­pa­nha­do. Boa vi­a­gem.

    Ál­va­ro Fi­lho, jor­na­lis­ta, es­cri­tor e re­ci­fen­se

    A Chinela da Véia

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    A Chinela da Véia

    Os três vol­ta­vam para casa an­dan­do pelo bair­ro de San­to Ama­ro. Vi­nham do ce­mi­té­rio que leva o mes­mo nome do lo­cal onde vi­vi­am. Os la­ti­dos do ca­chor­ro de­ram o alar­me da che­ga­da dos mo­ra­do­res ao lar. So­a­res abriu a por­ta para To­i­nho, Zito e ele pró­prio en­tra­rem. O trio, ves­tin­do ne­gro, vi­nha do ve­ló­rio e en­ter­ro da mãe dos ga­ro­tos. As cri­an­ças sen­ta­ram no sofá, com o cão in­di­fe­ren­te à dor de­les, lam­ben­do os pés já des­cal­ços dos me­ni­nos, e o pai per­ma­ne­ceu de pé.

    – Vou ter que vol­tar pro tra­ba­lho. Seu Jo­si­as dis­se que não dava pra me li­be­rar o res­to da noi­te. Mas ama­nhã bem cedo eu tô aqui. Os me­ni­nos ba­lan­ça­ram a ca­be­ça em si­nal de po­si­ti­vo e con­ti­nu­a­ram sen­ta­dos olhan­do para bai­xo. O pai pas­sou a mão na ca­be­ça de cada um e saiu qua­se no mes­mo ins­tan­te, dei­xan­do-os so­zi­nhos.

    - Não se aper­rei­em e cui­dem um do ou­tro. Não deu pra tia Ruth vir fi­car com vo­cês, mas é só fi­ca­rem aqui, por­ta tran­ca­da e ten­tem dor­mir, cer­to? Pou­co de­pois eles olha­vam um pro ou­tro, ain­da com os olhos ver­me­lhos do cho­ro re­cen­te. Zito, o mais novo com qua­se 11 anos e apa­ren­te­men­te mais in­con­for­ma­do, olhou para a por­ta de en­tra­da do quar­to dos pais e ar­re­ga­lou os olhos. Ele se vi­rou para To­i­nho, cu­tu­can­do o ir­mão.

    – To­i­nho. To­i­nho. Ó pra ali, To­i­nho! Tais ven­do a chi­ne­la de mai­nha?

    – Que é, Zito? Ôxe. Tô ven­do. Que é que tem?

    – Tá em­bor­ca­da, To­i­nho. Tais ven­do? Foi por isso que ela mor­reu!

    – Dei­xa de le­sei­ra, Zito. Ôxe!

    – Apois eu vou des­vi­rar. Num di­zem que quan­do ela tá as­sim a mãe da gen­te mor­re? E en­tão. Vou des­vi­rar e ela vol­ta.

    To­i­nho fi­cou um pou­co mais tris­te nes­se mo­men­to, com pena do ir­mão.

    – Isso é con­ver­sa, Zito.

    Zito se le­van­tou e foi até a chi­ne­la. O me­ni­no he­si­tou, mas em se­gui­da pe­gou a san­dá­lia e co­lo­cou na po­si­ção cor­re­ta.

    ***

    O Ce­mi­té­rio de San­to Ama­ro pos­sui um nome bem mai­or: Ce­mi­té­rio do Bom Se­nhor Je­sus da Re­den­ção de San­to Ama­ro das Sa­li­nas, fun­da­do em 1º de Mar­ço de 1851, com uma

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