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As Aventuras De Zé Doidinho
As Aventuras De Zé Doidinho
As Aventuras De Zé Doidinho
E-book172 páginas2 horas

As Aventuras De Zé Doidinho

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Sobre este e-book

Zé Doidinho é um cara que, sem mais nem menos, entra em estado hipnótico profundo, onde vive aventuras, muito divertidas, das quais não se lembra, em nada, quando retorna ao seu estado “normal”. Paralelamente a esses repetidos transes, leva sua vida de pessoa comum, que ama a leitura, que trabalha, que se envolve em encrencas e que aposta tudo na tentativa de conquistar o grande amor de sua vida. Em síntese, é gente como a gente, que sonha (tanto “dormindo”, quanto acordado), ri, sofre, tem raiva, ama. É um herói controverso, que vive a loucura de tentar ser normal e feliz, num mundo completamente insano, como esse nosso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de ago. de 2010
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    As Aventuras De Zé Doidinho - Maciel Filho

    AS AVENTURAS DE ZÉ DOIDINHO

    Maciel Filho

    Atenção:

    Contém besteirol, composto indicado para quem gosta de rir e sonhar!

    APRESENTAÇÃO


    Zé Doidinho é um cara que, sem mais nem menos, entra em estado hipnótico profundo, onde vive aventuras, muito divertidas, das quais não se lembra, em nada, quando retorna ao seu estado normal. Paralelamente a esses repetidos transes, leva sua vida de pessoa comum, que ama a leitura, que trabalha, que se envolve em encrencas e que aposta tudo na tentativa de conquistar o grande amor de sua vida. Em síntese, é gente como a gente, que sonha (tanto dormindo, quanto acordado), ri, sofre, tem raiva, ama. É um herói controverso, que vive a loucura de tentar ser normal e feliz, num mundo completamente insano, como esse nosso.

    O AUTOR


    Maciel Filho tem formação Técnica em Metalurgia, é graduado em Psicologia e pós-graduado em Marketing e Empreendedorismo. Na clínica de Psicologia, usou, com grande sucesso, durante anos, a Hipnose e a Neurolinguistica como ferramentas psicoterápicas. Além de seus interesses pelos estudos humanísticos, pela leitura e pela escrita, é apaixonado pelo Aikidô, arte marcial japonesa de extrema eficiência defensiva.

    As personagens dessa obra, bem como as situações por elas vividas, são meramente fictícias. Não têm qualquer relação com pessoas ou instituições reais e, sobre elas, não emitem nenhum tipo de opinião.

    SUMÁRIO


    Capítulo I. O TRANSCOL

    Capítulo II. O catingueiro, quer dizer, o cativeiro

    Capítulo III. Zé Doidinho das selvas

    Capítulo IV. O início da encrenca

    Capítulo V. Com fogo não se brinca

    Capítulo VI. Uma flor na vida do Zé

    Capítulo VII. Homem, que é homem...

    Capítulo VIII. A grande invenção

    Capítulo IX. Do tempo em que se amarrava cachorro...

    Capítulo X. O dia em que a Terra parou...

    Capítulo XI. Vexame nacional

    Capítulo XII. Uma imagem vale mais do que mil pauladas

    Capítulo XIII. A borboleta

    Capítulo XIV. A malhação

    Capítulo XV. Mais vale um na mão...

    Capítulo XVI. A genérica

    Capítulo XVII. Afinal, ela nunca vem sozinha

    Capítulo XVIII. O bom filho, a calda entorna

    CAPÍTULO I - O TRANSCOL


    Zé Doidinho tomou o TRANSCOL, para ir ao trabalho, como fazia todos os dias, animadamente, de segunda a sexta-feira. O sebo, de que tomava conta, só não funcionava no fim-de-semana, porque o centro da cidade de Empate ficava completamente deserto. Então, somente circulavam bêbados, mendigos e companhia. Absolutamente, esse público não tinha o necessário poder de compra e, muito menos, o invejável interesse pela leitura, que faz com que algumas pessoas passem horas lendo orelhas e folheando livros velhos.

    Só que aquele dia não seria como um outro qualquer. Algo estava prestes a acontecer e Zé Doidinho sabia disso: — Em plena segunda-feira e eu consigo lugar pra sentar nesse busu? Isso não é normal! Além do mais, está muito vazio. Está dando até para respirar!!

    E lá ia Zé Doidinho... tranquilo, satisfeito, relaxado. Em comparação com o seu transporte normal, parecia estar numa limusine, cercado de luxo e comodidade. As pessoas ao redor não podiam imaginar que aquele homem moreno, magro, alto, de feições cordiais e fala serena, na realidade não estava mais ali naquele ônibus fedorento, mas sim em seu mundo particular de sonhos. Ele entrava nesse mundo com grande facilidade e vivia experiências em um estado de consciência que se assemelhava a um transe hipnótico profundo. Parecia ter conservado da infância essa característica de imaginar com o máximo de realismo, alienando-se do mundo externo e realmente vivendo fantásticas aventuras. Era absorvido totalmente por elas e, quando despertava, por um misterioso capricho de seu psiquismo,... não se lembrava de absolutamente nada! Ocorria uma verdadeira amnésia pós-hipnótica que separava Zé Doidinho de suas vivências naquele outro mundo.

    Mas, realmente, o que é bom, dura pouco. E logo Zé Doidinho foi chamado de volta à realidade, com um sobressalto causado pelo barulho e pela desaceleração de uma freada brusca. Havia um ônibus quebrado à frente. Um motorista e um cobrador abanavam freneticamente as mãos diante da condução de Zé Doidinho e pediam uma baldeação. Logo, subiram, pela porta do meio, umas trinta pessoas, que se acotovelaram, apressadamente. Agora, sim, as coisas voltam ao normal — pensava Zé Doidinho. Alguns continuavam as conversas iniciadas na beira da estrada e outros lançavam as costumeiras observações para tão corriqueira circunstância:

    — Rapaz, o cara foi raptado e ficou dezoito dias no cativeiro — falava um sujeito abrutalhado a um companheiro de igual envergadura, enquanto andavam pelo corredor espremendo os coitados que estavam em seu caminho.

    — Pô, cara! Cê viu? Ele falou que foi torturado pra caramba. Dava até pra ver mesmo. Saiu todo estropiado. Magrelão, com uma cara de defunto...

    E Zé Doidinho ouvia atentamente esse diálogo. Quase começava a divagar quando foi interrompido pelas outras falas.

    — Justamente quando a gente tá com pressa é que essa porcaria quebra! — quase gritava uma senhora volumosa que suava feito cerveja gelada, sobre a mesa de um quiosque, à beira da praia.

    — Se eu tivesse ido a pé, tinha chegado mais cedo — exclamava, de maneira jocosa, um homem baixinho que se apoiava, pesadamente, sobre sua muleta. E o pobre foi não a pé, mas em pé, equilibrando-se como podia. Os lugares reservados para deficientes físicos já estavam tomados e o povo mais antigo de casa, aborrecido com aquela inesperada invasão do MSO (Movimento dos Sem Ônibus), não se dispunha a mais nenhuma concessão. Dar o lugar pra um invasor? Brincadeira! Eu, hein! Eles que se danassem! Todos pareciam, inconscientemente, compartilhar desse sentimento. À exceção de Zé Doidinho que, apesar de também meio aborrecido, tinha um cavalheirismo a toda prova. Foi assim que ofereceu insistentemente o lugar a uma velha gorda que se apertava, de pé, junto a seu assento. Além do quê, aquela senhora estava ameaçando a sua integridade física a cada curva do caminho, quando bamboleava perigosamente sobre sua cabeça. A velha agarrava-se ao ônibus com uma das mãos e com a outra segurava firmemente um pacote de volume considerável. Ela se aproximava tanto que houve uma hora até em que uma de suas muxibas, que oscilava visivelmente dentro do vestido folgado de chita, bateu-lhe sobre a face direita. Foi uma pancada e tanto. Chegou a fazer barulho. Ele parecia ter sido atingido por um saco de trigo. Zé Doidinho só olhou para cima e, antes que a velha percebesse seu olhar, voltou sua cabeça para a frente. Naquele relance, percebeu, sob um dos braços da velha, próximo à sua axila esquerda, uma estranha tatuagem. Pareceu-lhe uma pomba branca, só que atravessada por uma flecha. Coisa estranha. Mas, há gosto para tudo, não é mesmo?

    Quando as suas tentativas iniciais fracassaram, Zé Doidinho, que nunca se dava por rogado, mudou de tática:

    — Minha senhora, posso, ao menos, segurar o seu pacote, então? A Senhora vai ficar mais à vontade. E não tem problema nenhum eu carregar.

    A velhinha, que percebia que suas forças já estavam no fim, aceitou e entregou-lhe o pacote. O seu contentamento em segurar o cano do ônibus com as duas mãos não podia ser disfarçado.

    E Zé Doidinho, notando isso, aquietou-se e refletiu: parecemos primatas viajando pendurados nesses ferros, substitutos modernos dos cipós das selvas. Esta é a recompensa dos pobres, quando vão e quando vêm do serviço.

    Enquanto isso, rolava a conversa sobre o sequestro:

    — Acho que, se fosse eu, tinha dado um jeito de escapar. Cavava um buraco e me mandava.

    — É. Mas esse cara tava com uma corrente no pé. Só se fosse mágico, né? Tipo um Deivid Cocofild!

    E a mente fértil de Zé Doidinho misturava as informações e produzia um de seus fantásticos sonhos. Ele, que no início pesquisava, com as pontas dos dedos, a textura do pacote da velha, já nem sentia que segurava algo. Começava o processo hipnótico pelo meio do qual ele realizava livremente os desejos recalcados, compensava as limitações da realidade e sublimava as vontades mais malucas, sempre com uma boa pitada de um apurado censo de humor, que naturalmente brotava do seu inconsciente.

    CAPÍTULO II - O CATINGUEIRO, QUER DIZER, O CATIVEIRO


    Zé Doidinho se via sujo, esfarrapado, cansado, etc.. Afinal, cativeiro não faz bem a ninguém. Naquele estado, nem a sua mãe o reconheceria. Aquele homem alto, másculo, de rosto forte (o poder da imaginação é uma maravilha, não é mesmo?) e ao mesmo tempo sereno, tranquilo, profundo... encontrava-se num estado deplorável. Nesse momento apenas um pensamento filosófico pairava em sua mente: — Puta que pariu! Que situação! Mas não tem nada, não. Bem dizia o Mestre Pô: — Há males que vêm... para arrebentar com a gente!!!

    Ele já não aguentava mais a catinga violenta que reinava naquele cubículo úmido e escuro. Se a polícia usasse detector de bodum, com toda a certeza, há muito o teria encontrado.

    Mas, depois de trinta dias de raptado, ele havia perdido as esperanças em alguma ajuda externa e, desta forma, começou a concentrar os seus esforços em rever as inúmeras lições de seus grandes mestres que, naqueles dias difíceis, fizeram fila em sua memória, para lhe lembrar das suas habilidades adormecidas, que certamente poderiam tirá-lo dali.

    Lembre-se Zé Doidinho — dizia Mestre Pó —: no fim, tudo acaba bem. Se não está tudo bem, é porque ainda não chegou o seu fim. — Ou era coisa parecida que ele dizia. Eu nunca me lembro dessas porcarias de ditado direito! — Indignava-se Zé Doidinho. — Além do mais — continuava o Mestre —, na situação mais adversa, o máximo que pode acontecer é você morrer... e a morte é só a passagem para uma outra vida melhor! Ou não?!, como diria aquele conhecido cantor brasileiro, o Caretano Zeloso."

    Mas, as lições que realmente o iluminaram foram as do Mestre McGyverme — cujo seriado noturno de TV ele não perdia de jeito nenhum —, que resultaram no seguinte:

    Zé Doidinho conseguiu de seus raptores que lhe dessem uma garrafa de refrigerante de dois litros e, cuidadosamente, foi preparando o seu plano.

    — Veja se arranja mais repolho pra mim — disse Zé Doidinho — que essa é a minha comida predileta. Minha mãe fazia, todo dia, lá em casa.

    — Falô, seu panaca! — respondeu Tião Alicate, um dos raptores e seu vigia principal. — Num sei por que você gosta tanto dessa droga não, mas eu arranjo pra você. Mesmo porque já tá chegando a sua hora ... e não é legal negar os últimos desejos a um homem. Ah! Ah! Ah! — divertia-se o meliante.

    O que ele não sabia é que o repolho seria transformado em combustível para uma perigosa arma que Zé Doidinho estava construindo.

    Ele enchia bastante a barriga de repolho, comia até não aguentar mais e, quando o troço fermentava bem na pança, usava a garrafa de refrigerante para acondicionar o gás resultante.

    Coisa impressionante! Foi a primeira vez que Zé Doidinho produziu o liquipum, ou seja, um líquido condensado a partir de pum humano!

    Ele, com todo o seu conhecimento de ciências, obtido com as experiências do ginasial, percebeu logo que o gás se liquefez devido à grande pressão que aqueles dezoito litros de pum estavam exercendo sobre as paredes da pobre garrafa. A bicha chegava a estar barriguda!

    Outro componente de seu plano era uma seta, de 20cm de comprimento, de material extremamente rígido, que ele conformara a partir das secreções que recolhera meticulosamente de suas narinas, ou seja, de meleca. Retirou, ajuntou, moldou e produziu aquela peça mortal com o esmero de um verdadeiro artista plástico... ou melequístico, como achar melhor.

    — Agora estou preparado! Esses camaradas vão ver só! Com Zé Doidinho não se brinca! — E começou a gritar desesperadamente: — Carcereiro Tião! Corra aqui, que eu estou passando mal! Socorro! Acho que aquele último repolho estava estragado!

    O abestalhado do vigia correu pra ver o que acontecia e, assim que abriu a jaula e entrou, foi surpreendido com um dardo de meleca que lhe vazou o olho direito, impulsionado pelo elástico da cueca velha de Zé Doidinho. Tombou

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