O Roseiral de Henriqueta
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O Roseiral de Henriqueta - Tarciso Filgueiras
APRESENTAÇÃO
O roseiral de Henriqueta não é a primeira cria do escritor Tarciso Filgueiras. Ele já é bem experimentado na relação com as letras. De uma inventividade incomum, Tarciso veste os temas reais, de tempos passados ou atuais, com uma fantástica pele de contemporaneidade tecida com uma linguagem criativa e robusta. Com isso, o escritor facilita o acesso e a compreensão de histórias rurais, já distantes da geografia e dos costumes urbanos, até mesmo aos jovens que não conheceram esse cenário e nem fizeram parte desses costumes.
Respeitando a oralidade dos personagens dos seus agradáveis contos, o escritor não cai na exagerada e caricata linguagem caipiresca que tanto ofende a inteligência, até do mais distante vivente dos redutos sertanejos.
Tarciso Filgueiras tem vivência com os hábitos e costumes rurais, interioranos, o que fortalece a veracidade das suas histórias, mesmo quando são inventadas. Sua postura intelectual também garante ao leitor a satisfação de percorrer o interior de uma boa construção estética, em perfeita consonância com a arquitetura literária do nosso tempo.
Os contos que você vai ler a seguir são tão agradáveis que é difícil parar a leitura ao final de cada um. Mergulhei no O banho do compadre Ernestino e só fui emergir na página 80, aspirando o perfume antigo de O roseiral de Henriqueta, que dá título à presente obra.
Com este livro na mão, você viaja por um tempo rico em sabedoria, singeleza e virtudes que estão ficando cada vez mais distantes do visor nervoso dos internautas cativos. Porque a vida extrapola a telinha e mostra sua inteireza e esplendor em suas dimensões mais humanas.
Boa leitura!
Hamilton Carneiro ¹
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
O BANHO DO COMPADRE ERNESTINO
LADRÃO DE JUMENTO
NOIVO NO BALAIO
TRAUMATISMO UCRANIANO
JERICÓ
SOPA DE PEDRA
LÁ NA VENDA, LÁ NA VENDINHA
RiBEiRiNHOS
NO SÍTIO DA VOVÓ
CABRAS
CHUTEIRAS
O ROSEIRAL DE HENRIQUETA
O BANHO DO COMPADRE ERNESTINO
As terras da fazendinha de seu Ernestino e dona Lilica faziam divisa com as de seu Ocride e dona Gercina. Distância pouca separava as duas sedes, coisa de grito.
Os dois casais de vizinhos tiveram filhos e os criaram quase ao mesmo tempo e, inevitavelmente, se tornaram compadres. Eram amigos, se ajudavam no que precisavam, na hora de bater o pasto, nas capinas, colheitas. Quando um deles matava rês ou porco, o outro sempre recebia um bom naco de carne. Gente pacata, generosa, vivendo calmamente do que produzia e vendendo o pouco que sobrava para comprar uns teréns na Lagoa do Peixe, o povoado mais próximo.
O tempo passou, os filhos cresceram, casaram e se mudaram. Cada filho procurava seu rumo, como os filhos fazem desde o tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. Os dois casais de velhos voltaram a morar sozinhos, como haviam começado, décadas atrás. Continuavam amigos, apoiando-se nas necessidades.
Num mês de junho bem frio, logo depois das festas de São João, dona Lilica, gorda que só ela, morreu de repente. Coração. Seu Ernestino ficou desolado por perder a companheira de mais de quarenta anos. Recebeu o apoio dos vizinhos e tentou continuar sua vida cuidando de suas vaquinhas, plantando sua roça, criando porco e galinha, como sempre fizera. Mas, não se acostumava a viver sozinho. Sentia falta da Lilica e, aos poucos, perdeu o interesse pela vida. Ficou macambúzio, caladão, sem assunto, até que um dia caiu doente.
Ocride visitava o amigo, proseava, procurava animar o compadre, mas o homem não reagia. Ficava enfurnado dentro do quarto por dias seguidos, sem comer direito, deixando a criação por conta própria, a roça cheia de mato, a casa às moscas. Comadre Gercina aparecia de vez em quando, limpava a casa, lavava a roupa suja, fazia comida gostosa. Ele beliscava e empurrava o prato pra lá, enfastiado. Cortava o coração de Gercina ver o compadre naquela lerdeza. Ele, que antes era tão proseador, sempre com um causo novo para contar, agora vivia naquela tristeza, no meio de tanta sujeira. No tempo da comadre Lilica, a casa era um brinco e o compadre andava sempre asseado. Mas, agora...
Depois de uma dessas visitas, Gercina falou para o marido que o compadre precisava de um banho. O fartum que ele exalava estava demais da conta, ninguém aguentava. Parecia que o homem não se banhava há meses! Ocride tinha que fazer alguma coisa, chamar o compadre para tomar um banho no ribeirão ou até ele