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RELIGIÃO, TRADIÇÃO E CULTURA NA LENDA DO BOI DE OURO NO MUNICÍPIO DE ANICUNS, GOIÁS
RELIGIÃO, TRADIÇÃO E CULTURA NA LENDA DO BOI DE OURO NO MUNICÍPIO DE ANICUNS, GOIÁS
RELIGIÃO, TRADIÇÃO E CULTURA NA LENDA DO BOI DE OURO NO MUNICÍPIO DE ANICUNS, GOIÁS
E-book138 páginas1 hora

RELIGIÃO, TRADIÇÃO E CULTURA NA LENDA DO BOI DE OURO NO MUNICÍPIO DE ANICUNS, GOIÁS

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Sobre este e-book

Esta obra é uma adaptação da pesquisa de mestrado em História, na PUC-GO, defendida em 2020. Por ser originária de Anicuns, tive o intuito de investigar o mito que diluiu os acontecimentos reais da mineração da época. Meu desejo era de aprofundar a lenda e o que prevalece na memória do povo. A tradição se dá na religiosidade, cujo mito ressignifica a história lendária como patrimônio cultural.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de set. de 2021
ISBN9786558594635
RELIGIÃO, TRADIÇÃO E CULTURA NA LENDA DO BOI DE OURO NO MUNICÍPIO DE ANICUNS, GOIÁS

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    RELIGIÃO, TRADIÇÃO E CULTURA NA LENDA DO BOI DE OURO NO MUNICÍPIO DE ANICUNS, GOIÁS - IRENE COSTA DE OLIVEIRA

    PREFÁCIO

    A apresentação deste livro foi pensada, dentre as várias opções para assim fazê-la, escolhendo aquela que destaca alguns momentos vivenciados no decorrer da obra.

    O presente livro é a adaptação do texto de mestrado da autora, o que o considero uma Vitória, com v maiúsculo, já que ela é pedagoga e ingressou no Programa de Pós-Graduação em História da PUC-Goiás, área diferente da noção formativa. Os caminhos percorridos nesse novo curso incluíam disciplinas, trabalhos de campo, relatórios e outros desenvolvimentos que lhe proporcionaram a conclusão desta obra.

    Confesso que, na reunião do Colegiado do curso, empolguei-me com o tema apresentado pela autora, desde o processo de seleção: a Lenda do Boi de Ouro de Anicuns. Nas primeiras reuniões de orientação, ficaram evidentes o envolvimento pessoal dela com a temática e a sua fluidez que se desenvolveria melhor no trabalho de campo.

    Nessa etapa, na cava da mineração, foram percebidos que os testemunhos deixados na paisagem, atualmente em área urbana, são registros marcantes para a região, com a origem das versões da lenda. Lembro-me de vários momentos especiais, porém destaco dois deles: as discussões ao correlacionarmos a posição da cava com o rio próximo - talvez uma das causas do acidente que originou a lenda em decorrência de geologia, lençol freático e uso de explosivos - e a presença de um carrinho utilizado para retirar a rocha dos veios mineralizado, após as detonações, sendo esse um dos poucos equipamentos remanescentes da mineração.

    Aquele contexto envolvia cultura material e imaterial, com a atividade e o momento inscritos na história de Anicuns, Goiás. Ouso dizer que, em nossos pensamentos, era possível imaginar os mineiros em plena atividade. A Lenda do Boi de Ouro de Anicuns envolve religião, tradição e cultura e representa principalmente as pessoas participantes direta ou indiretamente da mineração. As narrativas levam a formulação de diversas hipóteses para as suas origens. Como toda lenda, envolvem eventos reais e irreais, o que talvez sejam desafios para o pesquisador.

    Nesse sentido, a abordagem do tema, a partir da Nova História, foi fundamental para o caminho seguido por esta obra. Portanto, do contexto acadêmico para o do livro, a Lenda do Boi de Ouro é conjunto discursivo que oferece à população de Anicuns, Goiás, a obra referencial que inspira novas pesquisas.

    Foi uma honra ter orientado e aprendido com o estudo, pelo que parabenizo a todos os que estiveram envolvidos.

    Leitores, aproveitem!

    Julio Cezar Rubin de Rubin.

    APRESENTAÇÃO

    Esta obra é uma adaptação da pesquisa de mestrado em História, na PUC-GO, defendida em 2020. Por ser originária de Anicuns, tive o intuito de investigar o mito que diluiu os acontecimenos reais da mineração da época. Meu desejo era de aprofundar a lenda e o que prevalece na memória do povo. A tradição se dá na religiosidade, cujo mito ressignifica a história lendária como patrimônio cultural.

    O trabalho é pioneiro por memorar o acidente da explosão da mina que matou vários trabalhadores, não sendo encontrados documentos, compreender a religião como base do mito e revelar as versões da lenda de modo conjunto, apresentando suas variáveis. A Lenda do Boi de Ouro em Anicuns, Goiás, aponta para o lócus do Poço da Sociedade, denominado por Poço do Boi de Ouro. Seus aspectos místicos estão inscritos nessa sociedade, que têm referências de povos pretéritos da região.

    As perspectivas embasam-se no colhimento de dados, fotos e investigações em documentos. Todo material permite a percepção mítica em cada versão da lenda, cuja origem faz do mito a simbologia da religiosidade. A memória coletiva vive a realidade da explosão diluída no mito. Há os discursos permeados de misticismo, com aspectos que estabelecem a história lendária, não tendo espaço para a transmissão do fato real. Trata-se do povo que vive o mito como patrimônio cultural, em forma de simbolos, história oral e tradição.

    A leitura desse aporte aduz a memória e o mito com representação do passado até o presente. A movimentação mineratória introduz grupos na história e cultura, em que o povo indígena é lembrado na nomenclatura da cidade, que pode ter sido originada de Guanicuns. A paisagem mostra suas marcas, dando a compreensão das transformações. Esse patrimônio regional traz a exploração de riquezas naturais geradoras de mudanças político-social e cultural. Os sentidos do acontecimento sobrenatural estão carregados de misticismo, mas não impede a alusão de outras realidades, como aludem os quatro capítulos desta obra.

    Autora.

    1 TERRITÓRIO E PATRIMÔNIO CULTURAL: FONTE NOVA HISTÓRIA

    A corrente Nova História, surgida em 1970, tem nomenclatura advinda da raiz grega γράφειν - escrever/descrever. A palavra polissêmica abrange o registro da história e da memória que dão ciência dos acontecimentos e do mito. Nesse aspecto, o ato de fazer história está ligado à memória, conforme elucida Jacques Le Goff (1990), em que se mostra a história oral com a memória do povo que traz a verificação do mito.

    A Nova História abrange as soberanias, pois estabelece aquilo que banaliza a representação coletiva. Das estruturas mentais de uma sociedade, o historiador é aporte para a interpretação dos dados, já que para [...] escrever obras históricas é preciso dispor de numerosas fontes e variados conhecimentos (LE GOFF, 1990, p. 67). Entretanto, Boas (2005) aduz que poucas fontes também podem ser usadas para fazer história.

    Os fenômenos de longos períodos da fase aurífera se mostram articulados com representações homogêneas da lenda, recorrendo a diversas áreas do conhecimento, incluindo a antropologia histórica, em que se percebe o mito. A Nova História não é composta apenas por narrativa ou documentos oficiais, já que suas fontes se globalizam. Ela considera as intenções ou os elementos explicativos, mantendo a objetividade dos eventos históricos, sendo que esses se inscrevem em territórios.

    A ideia de território que, conforme Le Goff (1990, p. 89), aponta para a Arqueologia, não aprofundando se essa é uma ciência independente ou auxiliar, contudo, sabendo que ela revolucionou a história. Seus primeiros passos foram no século XVIII, ganhando [...] o vasto território da Pré-história e da Proto-história e renovou a história antiga. Intimamente ligada à história da arte e às técnicas, ela é uma peça-chave do alargamento da cultura histórica que se exprime na Enciclopédie.

    Nos territórios, desenrolam-se as vivências dos homens para as práticas culturais. Essas são definidas no espaço determinado, cujo grupo apresenta a sua sustentabilidade socioeconômica. O pedaço geográfico de uma população evidencia a identidade e a relação de sentimento, cuja base serve para o desenvolvimento dos trabalhos e das trocas materiais e simbólicas. Trata-se do elemento identidade em que há marca das diferenças do grupo e das fronteiras.

    A lenda possibilita mostrar a pertença que define e reforça a manutenção da coletividade unida. O indivíduo se vê como pertencente ao grupo, precisando do espaço marcado por divisas, no qual se viabilizam as relações. Partem daí o território e a sociedade, sendo o primeiro destacado pelas técnicas usadas no trabalho, em atenção a quantidade produzida, e a segunda compreendida pelo espaço em que se usam a técnica e o sentimento para desenvolver o trabalho. Em um território, priorizam-se simbologias mais subjetivas, sendo um produto da ocupação. O imaginário, como na Lenda do Boi de Ouro, forma a identidade social vista no espaço geográfico.

    Nesse espaço, ocorrem os acontecimentos sociais, simbólicos, políticos, econômicos, religiosos e outros, em que o espaço é organizado como outras estruturas sociais, dispondo de certa autonomia. Para Santos (1978, p. 122), o espaço é uma totalidade usada pela sociedade, sendo que ele tem funções e formas que apresentam o passado e o presente e [...] se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que se manifestam através de processos e funções.

    A partir dos contatos na sociedade, vê-se a diversidade cultural, cuja atribuição não revela a identidade em si, mas enxerga as

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