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AUTOBIOGRAFIA - REMINISCÊNCIAS E MEMÓRIAS: GENEALOGIA – POESIAS – CRÔNICAS – RELATOS e OUTRAS HISTÓRIAS
AUTOBIOGRAFIA - REMINISCÊNCIAS E MEMÓRIAS: GENEALOGIA – POESIAS – CRÔNICAS – RELATOS e OUTRAS HISTÓRIAS
AUTOBIOGRAFIA - REMINISCÊNCIAS E MEMÓRIAS: GENEALOGIA – POESIAS – CRÔNICAS – RELATOS e OUTRAS HISTÓRIAS
E-book459 páginas5 horas

AUTOBIOGRAFIA - REMINISCÊNCIAS E MEMÓRIAS: GENEALOGIA – POESIAS – CRÔNICAS – RELATOS e OUTRAS HISTÓRIAS

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Sobre este e-book

Valério Teles Pires traz a lume sua autobiografia, relatando sua trajetória de vida pessoal e profissional. No entanto, não se atém apenas a sua biografia. Faz um apanhado da genealogia, buscando dados de seus avós e seus pais, para montar a árvore genealógica de sua família.
Rebusca em sua memória, reminiscências, e retrata em suas crônicas a luta do homem do campo, em épocas distantes, levando-nos a uma viagem ao passado. Apresenta, aos que não conhecem, o nostálgico carro de boi com sua cantiga que ficou perdida nas brumas do tempo, depois da chegada do progresso.
Com formação em Engenharia Agronômica, o autor sempre atuou na área de planejamento e assistência técnica ao produtor rural e, por isso mesmo, tem conhecimento de causa para falar sobre solo, agricultura e outros assuntos pertinentes a esse segmento.
É um livro que vale a pena ser lido!

Sandra Rosa
Escritora com 12 livros publicados
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mar. de 2023
ISBN9786553705289
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    AUTOBIOGRAFIA - REMINISCÊNCIAS E MEMÓRIAS - VALÉRIO TELES PIRES

    autobiografia_capaEBOOK.jpg

    VALÉRIO TELES PIRES

    AUTOBIOGRAFIA

    REMINISCÊNCIAS E MEMÓRIAS

    GENEALOGIA – POESIAS – CRÔNICAS – RELATOS e OUTRAS HISTÓRIAS

    EDÉIA – GOIÂNIA – RIO VERDE - MONTIVIDIU

    2023

    Copyright © 2023 by Valério Teles Pires.

    Editora Kelps

    Rua 19 n.º 100 - St. Marechal Rondon

    CEP 74.560-460 - Goiânia-GO | Fone: (62) 3211-1616

    E-mail: kelps@kelps.com.br / homepage: www.kelps.com.br

    Elaboração de ebook:

    Marcos Digues

    mcdigues04@gmail.com

    Revisão:

    Sandra Rosa

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

    Bibliotecário responsável legal: Dartony Diocen T. Santos CRB-1 (1º Região) 3294

    P667 | Pires, Valério Teles.

    Autobiografia – Reminiscências e Memórias: Genealogia – Poesias – Crônicas – Relatos e outras Histórias./ Valério Teles Pires. – Goiânia: Kelps, 2023. 336p.:il. (livro eletrônico, ebook)

    ISBN:978-65-5370-528-9

    1. Literatura brasileira. 2. Autobiografia. 3. Memórias. I. Título.

    CDU: 821.134.3(81)-94

    DIREITOS RESERVADOS

    É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

    Publicado no Brasil

    Published in Brazil

    2023

    Dedicatória

    Dedico esta obra:

    A Deus que sempre me amparou, mesmo quando eu fraquejei ou tive dúvidas ou incertezas nas decisões a serem tomadas;

    Ao meu pai (in memoriam), por me ter repassado a paciência, a honestidade, a honradez, a perseverança e muitas outras virtudes que me personalizaram como homem probo;

    À minha mãe, pelo carinho, pelas suas preces, pelos aconselhamentos e pela compreensão e aceitação dos meus atos, às vezes, discordes, mas nunca rebeldes;

    À minha esposa, por ser sempre minha parceira, meu estímulo e meu porto seguro a qualquer hora, tanto na alegria como na tristeza, minha Dama de Ferro contemporânea da ex-primeira-ministra do Reino Unido, mãe zelosa dos nossos rebentos e que está sentada ao meu lado neste trem da vida; com a cumplicidade mútua em todas as nossas ações;

    Aos meus filhos por estarem sempre compartilhando e me adequando às inovações contemporâneas, acatando, às vezes, as minhas divergências com respeito e compreensão ou me convencendo às melhores opções outras, do momento;

    Aos meus irmãos e irmãs biológicos/as, especialmente, a Edna que sempre se prontificou a buscar dados documentais e aos demais, também, com suas observações em tempo, para o aprimoramento deste trabalho, e àqueles outros de crença cristã que comungam os mesmos princípios morais, filosóficos e espirituais que também contribuíram, muitíssimo;

    E a todas as pessoas: parentes e amigas que somaram esforços para a expressão da verdade contida nestas lavras;

    Ainda, àquelas outras que inclinarão parte dos seus preciosos tempos para lerem esta diversidade de relatos à procura de conteúdo ou mesmo para saciar a curiosidade, de qualquer maneira me prestigiando, às quais, e àquelas outras explicitadas ou subtendidas acima, antecipadamente, agradeço a todos de coração e, mui especialmente à minha filha, Prof.ª Dr.ª Larissa Leandro Pires, com doutorado em Agronomia, área de concentração e produção vegetal, que teve incumbência do melhoramento ortográfico e linguístico desta obra para o seu maior brilho literário.

    SUMÁRIO

    PRIMEIRA PARTE

    Genealogia das famílias: Martins da Rocha e Pires de Moraes

    SEGUNDA PARTE

    01 – Edéia: origem e progresso

    02 – Minha juventude

    3 – Minha vida estudantil

    4 - Minha preparação matrimonial e profissional

    5 - Residindo e trabalhando em Rio Verde e região

    6 – Comigo e seus 48 anos

    7 - Ampliação das minhas áreas rurais

    8 - Ameaça de nulidade do ato jurídico

    9 – A monocultura da cana-de-açúcar em Edéia

    10 – Preocupação climática

    11- Suiá-Missú

    12 - Zé Letrado

    13 - Carta aos meus irmãos

    14 - Carta do Zé Agricultor para Luiz da Cidade

    15 - O carro de bois e muito saudosismo

    16 - Um pouco de política

    17 - Chega de continuirismo

    18 - Quem Mudou Rio Verde

    19 - NOM – Nova Ordem Mundial

    20 – Despedida

    TERCEIRA PARTE

    Bocejos literários: sentimentos e reminiscências – Abc de poesias

    QUARTA PARTE

    equilíbrio nutricional do solo Para os adubos aumentarem o rendimento sem prejudicar a saúde

    QUINTA PARTE

    REGISTROS FINAIS

    Referências Bibliográficas

    Anexos: Fotos e documentos históricos

    Em tempo: despedida antecipada

    Concisa biografia

    Posfácio

    Epílogo

    Introdução

    Tem um adágio popular que diz: O homem quando nasce: cresce, fica bobo, compra um canivete e casa, e eu diria mais, se não é tão bobo, escreve um livro, se mais inteligente, escreve outros.

    Pensando nisso e depois de ter escalado essas primeiras etapas sucessivas da minha vida, depois de chegar nestes últimos estágios, pronto para escrever alguma coisa que pudesse ser chamada de livro, pelo formato e pelo volume do seu conteúdo, era o pouco que me faltava, depois que eu cresci e amadureci o suficiente.

    E pensando, ainda, nas nossas futuras gerações para que elas não venham a encontrar as mesmas dificuldades enfrentadas por mim, neste início do século XXI, pesquisando aqui e ali, dados biográficos e históricos dos troncos genealógicos das nossas famílias pioneiras, Martins da Rocha e Pires de Moraes, resolvi, com o intuito de desafiar essas barreiras encontradas e o desinteresse demonstrado pelas pessoas que muito poderiam me auxiliar, mas que, por certo, tiveram dúvidas ou não acreditaram na minha audaciosa obra e na sua importância para cada membro da família, foi que eu lancei mão à pena e os dedos ao teclado do meu notebook. Família essa, procedente do Triângulo Mineiro, naturalmente, no passado, vinda do litoral paulista e que veio se sediar aqui no Entre Rios: dos Bois e Turvo, há mais de um século, seguindo os rastros dos parentes que vieram antes, nas bandeiras colonizadoras para Palmeiras de Goiás e Goiás Velho, como os Bandeirantes, Bartolomeu Bueno da Silva, 1º e 2º Anhangueras, neto e bisneto de Maria Pires (filha de Salvador Pires, o Jovem).

    Eu quis, com muita audácia, seguir os passos da minha prima, Olíria Martins Pires (1949-2002), que muito fez sobre o tema. Embora não tenha tido acesso aos seus dados biográficos sobre a genealogia das famílias, sei que ela esteve pesquisando, juntando informações dos parentes, por intermédio dos amigos mais vividos e documentos buscados em cartórios, antes que uma enfermidade incurável a levasse, rapidamente, do nosso convívio! Como foi curta a sua passagem empreendedora e muito promissora, em nosso meio familiar, social e político, penhorada, por toda a nossa gente edeense, que sempre acreditou que viesse ela galgar o primeiro posto do Executivo municipal, como fizera seu esposo, Iraí Rodrigues Esteves, por dois mandatos (1977-1983 e 1993-1996). De repente, porém, foi chamada para a eternidade!

    Eu, com a mesma pretensão que a dela, poderia até ter me valido do seu trabalho de pesquisas, já pronto ou quase pronto, das suas horas dedicadas a catalogar dados das nossas grandiosas famílias, feito antes da sua partida, mas não consegui ter acesso aos seus escritos, não sei se por ciúmes ou excesso de afetividade dos seus familiares à memória da falecida.

    Enfim, só me restou seguir a mesma trilha, não sei se à altura, acredito que não, mas a minha pretensão foi tamanha e trago para apreciação dos nossos parentes, amigos e pessoas outras que, por certo, lerão tudo aquilo que consegui compilar acerca dos nossos propósitos. Vale ressaltar que, diante da minha atrevida vontade e esforço, deparei-me com a falta de informações e de registros confiáveis, valendo-me, quase que somente, daquelas repassadas por parentes próximos e mais vividos, embora sejam poucos os octogenários da árvore genealógica, nos dias de hoje, para me dar os devidos respaldos e subsídios para ampliar as minhas lavras, com mais amplitude e segurança.

    Concentrei-me mais em relatar os detalhes da minha própria vida (4ª geração da genealogia Martins e Pires), um dos objetivos maiores deste trabalho, como era o meu propósito, e da trajetória da minha vida e dos meus pais, daqueles parentes descendentes dos velhos ancestrais, mais próximos e vivos, como também daqueles que já se foram, dos dados a que tive acesso, por meio das pessoas amigas que conviveram com os nossos genitores ou com toda a família, como se eu fosse uma amostra hereditária representante ou de alguns simpatizantes parentes, não por vaidade pessoal, mas por convicção de maior acerto, veracidade, confiabilidade e considerações inéditas, de mais fáceis acessos e por estarem ao meu alcance, uma iniciativa ou feito desta abrangência, até onde eu saiba, no ramo genealógico pretendido das nossas famílias pioneiras. Nada palpável existente ou muito pouco, exceto algumas fotografias e raros documentos de então, que serão vistos nos anexos desta obra e para deixar algo relatado para os nossos descendentes, como ponto de partida às futuras pesquisas e obras melhores elaboradas que, com certeza, surgirão no porvir, aos cuidados e interesses das novas gerações.

    Não tive receios nem timidez em mostrar a minha face, a minha verdadeira origem, a minha juventude campesina, a minha formação estudantil, acadêmica, profissional, a minha personalidade forjada aos reveses da vida e aos sentimentos quiméricos deste escritor para que os leitores possam sentir e avaliar a autenticidade daquilo que se segue à frente, com muita dedicação e carinho a todos aqueles que possam estar lendo este volume, com certeza, sentindo, também, um pouco dos meus sentimentos ao se colocarem no meu lugar, mesmo por alguns instantes. Colocando aqui, os meus agradecimentos àquelas pessoas que colaboraram, de uma maneira ou de outra, para a concretização deste ajuntamento de dados neste volume que ora lanço ao prelo, vindo eles, por meio de entrevistas presenciais, telefônicas ou buscados de citações já compiladas em obras por alguém, antes de mim, por exemplo, pelos meus parentes, os irmãos: Osmar e Eliomar Pires Martins e sua prima Clélia Aparecida Urias Rodrigues, em: Família Pires, História e Árvore Genealógica de Manoel Pires de Moraes e suas esposas (Genoveva e Josefa), que muito acrescentou aos meus dados biográficos.

    Na minha vivência e convivência com as pessoas do meu relacionamento próximo ou muito próximo, procurei sempre ser pacífico e passivo, sem explosões emocionais, sem revides instantâneos, temperamento que herdei do meu pai, paciente em tudo, quando, se necessário fosse, deixando-as para que o tempo se encarregasse de mostrar que a humildade, irmã primeira da caridade, é uma das virtudes que mais nos aproxima do Criador e que mais contribui para a nossa perfeição moral, social e espiritual. Usei muito o silêncio como respostas às ofensas recebidas neste meu caminhar por décadas seguidas até os dias de hoje.

    Creio na existência Divina e na imortalidade do espírito e, para tanto, tenho cuidado das reparações das minhas imperfeições que a minha consciência tem a perspicácia e até a insistência, na sua plena liberdade de me apontar, pelo meu livre-arbítrio e no discernimento do bem e do mal. Vale dizer que a minha crença religiosa herdada de uma família muito crente em Deus, eu mesmo a criei, ampliei e aperfeiçoei, juntando princípios dogmáticos de algumas religiões cristãs, os quais tive a convicção de serem mais aceitos pela minha consciência, deixando aqueles insustentáveis princípios que quiseram me adestrar, na minha infância e juventude, na minha vida estudantil, principalmente, no Colégio Salesiano, sem o meu pleno e devido consentimento e convencimento. Apelo, às vezes, aos ensinamentos de pessoas dotadas de inteligências e espiritualidades superiores às minhas, muitas delas ligadas a esta ou àquela religião cristã ou instituições análogas, moldadas na prática dos bons costumes, mas que já passaram por várias provas ou experiências de religiosidade, de aperfeiçoamento moral, de conhecimento geral de vida e de fé raciocinada, aquela que usa a razão para sufocar o fanatismo religioso, e que serve de exemplos de moralidade, de solidariedade, de fraternidade e de espiritualidade. Acredito, e não é segredo para ninguém, ser tarefa de cada um trilhar na retidão à procura da verdade, vez que somos livres pensadores, buscando a verdadeira felicidade de si e de todas aquelas pessoas de bem, que nos rodeiam e com a gente convivem, compartilhando com todos na vertente das virtudes, já que todos nascem para trilharem este caminho e serem felizes, se não nesta vida terrena, mas principalmente, na espiritual, às vezes, acima da nossa percepção, e essa felicidade está ao alcance de todos, basta procurá-la, ou melhor, construí-la ou conquistá-la, usando daquelas virtudes que norteiam o caminho do bem, naturalmente, descartando os vícios do mal, cheios de atrações e tentações ilusórias e maléficas, ilustradas pela luxúria, a ganância, a traição, a inveja, pelo egoísmo, pelas paixões e outros escabrosos caminhos, pois somos todos responsáveis pelas nossas ações, sejam elas boas ou más, dependendo da nossa escolha, enquanto passageiros desta nave planetária.

    Como disse Jesus: A cada um será dado, segundo suas obras (Romanos 2:6), advertindo-nos de que o futuro depende do que fizemos no passado ou fizermos no presente, pois somos artífices do próprio destino. Para maior reflexão, lembremos daquilo que, se não for obra do Papa Francisco, foi adotado por ele em O trem da vida:

    A vida é como uma viagem num trem, com suas estações, suas mudanças de curso, seus acidentes... Ao nascermos, pegamos o trem e nos encontramos com nossos pais, e acreditamos que sempre viajarão ao nosso lado, mas, em alguma estação, eles descem e nos deixam sós na viagem. Da mesma forma, outras pessoas pegarão o trem e nos serão significativas e de suma importância: nossos irmãos, amigos, filhos e até mesmo o amor da nossa vida. Muitos descerão e deixarão um vazio permanente, outros passarão tão despercebidos que nem nos damos conta de que eles desocuparam seus assentos. Esta viagem estará cheia de alegrias, tristezas, fantasias, esperas e despedidas. O êxito consiste em ter uma boa relação com todos os passageiros, dando o melhor de nós. O grande mistério para todos é que não sabemos em qual estação desceremos. Por isso, devemos viver da melhor maneira: amar, perdoar, oferecer o melhor de nós. Assim, quando chegar o momento de desembarcar, e o nosso assento estiver vazio, vamos deixar bonitas lembranças aos que continuam viajando no trem da vida! Desejo a você que a viagem em seu trem seja melhor a cada dia, com muito sucesso e amor. Ah! E lhe agradeço por ser passageiro do meu trem.

    Nem sei por que tive este pensamento impetuoso de lançar nestas páginas, com a honestidade e a humildade que me são peculiares, o meu retrato falado ou escrito, o meu pedigree, buscando as minhas raízes desde os meus bisavós paternos e maternos que deixaram uma região mais desenvolvida do Triângulo Mineiro, porém, saciando uma ambição de maiores áreas para se trabalhar – pois a agropecuária empírica e extensiva da época precisava de maiores espaços, e a família que já era grande, iria se tornar maior ainda, como de costume na época, o que não é muito diferente nos dias presentes, embora, hoje, com proles menores, mas com as mesmas ambições – vieram eles se apossar destes rincões anhanguerinos.

    Eu, também, com a audácia de ver um volume escrito por mim, colocando à prova a minha suposta habilidade de ajuntar as palavras, às vezes, meio desconexas e como eu estava meio à toa na vida, pois meus filhos que acabaram de se formar, vieram ocupar o meu lugar nas lides agropecuárias, liberando-me para outros desafios. Peguei então, as ferramentas necessárias e parti para a pesquisa. Eu, que herdei e fui moldado num perfil de homem simples, mas resignado e perseverante naquilo que pensa e planeja alcançar, dispenso, às vezes, até companhias ou parcerias inconvictas ou pouco confiáveis, por uma questão de extrema confiança em mim mesmo, perfeição e segurança naquilo que faço ou produzo, e procurando deixar boas ações e recordações àquelas pessoas que continuarão no meu trem da vida, após o meu desembarque.

    Este foi o caminho que percorri, com um pouco de escolha, um pouco de circunstâncias tempestuosas, um pouco de ociosidades e um pouco já pronto para ser mostrado, moldado pelas trilhas sociais de cada momento e de cada espaço temporal, procurando dar de mim o que pudesse, para não só agradar as pessoas do meu redor, embarcadas no mesmo trem, mas aos meus colaboradores, aos meus clientes, aos meus parceiros, aos meus amigos e, especialmente, aos meus familiares, à minha companheira e filhos, em especial, mas, também, para deixar algo inapagável que possa ser guardado na estante ou no baú da casa de cada pessoa leitora, mesmo com as suas páginas amareladas pelo tempo, de geração em geração, para servir de recordações e subsídios aos passageiros sobreviventes de hoje e do amanhã. A propósito, acho que não foi infrutífera, também, a minha vida profissional, pois pude fazer com gosto, habilidade, dedicação e presteza o exercício dos meus parcos conhecimentos, sem egoísmo, lembrando sempre do Juramento que prestei, naquele, 28 de dezembro de 1972:

    Assumo o compromisso de honrar o diploma de Engenheiro Agrônomo e não o colocar acima do meu saber; jamais colocar as conveniências da carreira acima da minha trajetória moral; colher com humilde simplicidade o louro da vitória e com calma viril o peso da derrota; cultivar o ideal, mas ser realista; transformar meus sonhos em realidade para ser grande na Pátria, e a Pátria grande em mim.

    Prefácio

    Ao iniciar esta obra, quero ter a liberdade de eu mesmo fazer este prefácio, depois de alguns momentos de reflexão, frutos daqueles de profundo recolhimento, ali na Fazenda Ponte de Pedra, município de Montividiu, no dia 28 de setembro de 2003, depois de mais de trinta anos da minha formatura e do meu casamento, recordo-me bem, eu alcançando os meus 60 anos de idade e esperando o começar das chuvas para dar início ao plantio de soja, como de costume, todos os anos; sentado à mesa do escritório da fazenda, rabisquei, mais ou menos, o que eu pensei e recordei, daquele dia. E dali, despertou-me o interesse de relatar e compilar algo em torno da minha vida e da gratidão a várias pessoas do meu círculo familiar e social, quando comecei a juntar dados e entrevistar pessoas do meu relacionamento, principalmente, aquelas com alguns laços familiares.

    Ali, pensando, relembrei os idos de 1996, se não me falha a memória, neste mesmo local de coordenadas geográficas: 16º58’53 de Latitude; e 51º03’28 de Longitude; e acima dos 900m de Altitude, à margem direita do Rio Ponte de Pedra que cedeu seu nome a esta Fazenda, confrontando com os municípios de Caiapônia (a oeste), Ivolândia (ao norte) e Paraúna (a leste), mas pertencente ao território de Montividiu, depois de desmembrado do extenso município de Rio Verde, terra natal dos meus dois filhos caçulas (Larissa e Valério Júnior). Ah! Nesta mesma fazenda, na década de 80, tive o dissabor de enfrentar um litígio jurídico e até ameaças de morte, quando ali adentrei e improvisei acampamento à beira do Córrego do Retiro para proceder à abertura das áreas de cerrados até que os ocupantes da sede da fazenda (ex-proprietários) a desocupassem, como está descrito no capítulo Ameaças de Nulidade do Ato Jurídico, à frente. Prosseguindo no meu pensamento daquele dia, eu falava de Rio Verde, onde nasceram os meus filhos, terra que me acolheu desde agosto de 1973, juntamente com a minha esposa e o meu primogênito (Alessandro) que nascera em Goiânia, dos quais, voltarei a falar em algum lugar neste legado escrito. Lembrei-me, ainda, da minha trajetória escolar iniciada na zona rural, na propriedade rural dos meus pais, Fazenda Santa Bárbara, prosseguida no Grupo Escolar José de Faria, em Edéia, e depois na capital do Estado, onde fiz o Curso de Admissão, o Ginasial, o de Madureza (2º grau) e, de 1969 a 1972, o de graduação em Engenharia Agronômica, na Escola de Agronomia e Veterinária da Universidade Federal de Goiás, com aulas todos os dias da semana, o dia todo, inclusive, aos sábados, no período matutino. Bem verdade que, para eu chegar a ser um acadêmico de curso superior ou terceiro grau, tive o apoio indispensável e incondicional dos meus pais e irmãos, naturalmente, mais apoios financeiros do que aqueles de incentivos propriamente ditos, dado ao desconhecimento da amplitude de conhecimentos em que eu poderia conquistar num curso universitário voltado às atividades rurais, as quais, eu conhecia empiricamente.

    Este horizonte se tornou meio sombrio, ainda, depois de escolhido o curso de Agronomia, por ele ser pouco conhecido pela maioria das pessoas, até por mim mesmo, candidato a ele, que só depois de contatos e informações prestadas por amigos acadêmicos da Escola de Agronomia e Veterinária da UFG – por sinal, um deles veio a ser meu professor, como monitor, na disciplina de Topografia, meu saudoso amigo, Grigório Silva de Oliveira que morava na mesma república que eu, juntamente, com o meu amigo Adelcides Soares Ferreira, representante de Laboratório Farmacêutico e que, nas horas de repouso, chegava ele com seu violão fazendo serenata para todos da república. Ah! Que Deus tenha reservado um bom lugar para o Grigório, pois ele o merece, dada a sua simplicidade, humildade, presteza e com um histórico religioso no seu currículo, depois de ter sido seminarista!

    Antes, porém, de chegar aqui, voltando ao início da minha vida estudantil em Goiânia, iniciada no ano de 1960, no Colégio Salesiano Ateneu Dom Bosco, confinado ali, num regime de internato, naturalmente, só alunos do sexo masculino, com rígida disciplina que era avaliada durante a semana pelos Padres e Clérigos, a conduta do aluno no convívio social com os demais colegas, inclusive, o desempenho escolar de cada um, para deliberarem a saída do mesmo, no fim de semana, se acompanhado dos pais ou parentes autorizados. Como não tinha a minha disposição, nem um, nem outro, obrigatoriamente, tinha que permanecer ali, entre as quatro paredes do alto muro do colégio. Não tive dificuldades na adaptação ao regime, pois eu viera de uma criação disciplinar severa e rígida em que só o olhar silencioso do meu pai já dizia tudo o que ele queria, sem pronunciar uma só palavra. Além do mais, eu já era bastante maduro e escaldado pelas intempéries da zona rural, onde aprendi o senso de responsabilidade do trabalho árduo, do amanhecer ao anoitecer, ordenhando as vacas, campeando o gado a longa distância, 10 a 15km ou mais e o levando tocado (tangido) até os currais da sede para proceder a apartação de vacas mojando, paridas, bezerros para o desmame, descarte para a comercialização; a única fonte de receitas era o comércio de animais da própria criação bovina. Nessa ocasião era feita a salga que consistia em dissolver o sal grosso (pedras) na água do rego que vinha por gravidade através de uma bica d’água e por uma variante, até o curral da parte mais baixa e ali na cocheira de aroeira era servida a salmoura aos animais antes de serem soltos para o campo de onde vieram, detendo aqueles que merecessem cuidados ou necessidades.

    Vale ressaltar que as despesas eram grandes, visto ser o patrimônio territorial rural dos meus pais, de tamanho expressivo, perto dos 5.000ha, todo cercado por cercas de arame farpado e postes (estacas) de aroeira, mas que apascentava poucas cabeças de gado nos varjões, lagoas, campinas depois de queimadas e pequenas glebas de pastos formadas de capim-gordura ou jaraguá, onde já haviam sido cultivadas pequenas lavouras de milho ou arroz para a subsistência familiar, inclusive, de alguns agregados da fazenda que executavam a maioria dos trabalhos manuais da roça. Ao meu pai e a nós, filhos, cabia a lida ou manejo do gado, conserto e aceiro das cercas de arame, o zelo de pequenas plantações, abrir estradas pelo meio do cerrado ou mato para passar com o gado ou com o carro de bois, transportando madeiras para construções, para cercas de arame, milho para o paiol, arroz e feijão para a tuia para o sustento da família e empregados até a próxima colheita, essa, feita manualmente. Depois da chegada do automóvel à região, vimo-nos obrigados a abrir 12km de estradas de rodagem pelo meio do mato e cerrado, partindo da sede da fazenda do meu tio Hortulano, que tinha adquirido uma camionete, até a nossa sede para nos socorrer, se necessário.

    Por sinal, na nossa casa, tudo era modesto e simples, porém, cheia de fartura. A alimentação básica, além do arroz e feijão, era sempre rica em frutas, verduras, tubérculos, derivados do leite, do milho, da mandioca e carne de animais abatidos ali mesmo na propriedade sempre que precisasse (bovinos, suínos e aves), uma alimentação essencialmente, orgânica, como se apregoa, nos dias de hoje. Às vezes, era feita a meação de um animal para suprimento de carne com o meu tio Hortulano a doze quilômetros dali ou vice-versa, buscada no lombo de cavalos, pois não tinha como conservar a carne em refrigeração, somente, desidratada ao Sol depois de salgada ou guardada frita, na lata com manteiga (banha de porco). Meu pai era daqueles que sempre desconfiava do futuro e, sempre que podia, fazia a

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