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Lugar Sagrado e Tolerância Religiosa: interpretação da perspectiva evangélica pós-moderna
Lugar Sagrado e Tolerância Religiosa: interpretação da perspectiva evangélica pós-moderna
Lugar Sagrado e Tolerância Religiosa: interpretação da perspectiva evangélica pós-moderna
E-book123 páginas1 hora

Lugar Sagrado e Tolerância Religiosa: interpretação da perspectiva evangélica pós-moderna

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Sobre este e-book

Esta obra contribui para o desenvolvimento da abordagem humanista em geografia cultural e atinge seus objetivos ao ampliar as pesquisas sobre a percepção de Lugar Sagrado, ao promover o aprofundamento do conhecimento sobre a cosmovisão evangélica e ao estimular a prática da Programação Neurolinguística - PNL para o desenvolvimento da tolerância religiosa.
No Brasil, personalidades e partidos políticos têm encontrado no sistema religioso um de seus mais fortes apoiadores e opositores, acirrando as diferenças entre os diversos segmentos sociais e fortalecendo a intolerância religiosa, o que aponta para a necessidade do desenvolvimento de trabalhos que potencializem a tolerância religiosa e o convívio pacífico entre as diferentes comunidades. O conhecimento acerca da perspectiva evangélica possibilita o desmantelamento de preconceitos e a melhor compreensão de suas motivações. Para tanto, é recomendada a utilização das técnicas da PNL, pois, na medida em que ela nos ensina a nos tornarmos autoconscientes, somos capazes de analisar nossos preconceitos e desconstruí-los, aprofundando nosso conhecimento sobre o próximo e desenvolvendo a tolerância às diferenças. Igualmente, o homem religioso evangélico pós-moderno carece da compreensão de que a sua visão de mundo não é a única existente e todas devem ser respeitadas. Ele deve observar que a sua rosa-dos-ventos foi desenhada de modo singular e que o Reino prometido por Cristo transcende os reinos terrestres.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de nov. de 2021
ISBN9786525214856
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    Lugar Sagrado e Tolerância Religiosa - Luana Baracho Andrade

    CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO E AO PENTECOSTALISMO MODERNO

    Este capítulo situa brevemente a origem do Cristianismo, do pentecostalismo moderno e de sua principal representante no Brasil, a igreja evangélica Assembleia de Deus - AD.

    A origem do Cristianismo remonta a mais de dois mil anos atrás em torno dos ensinamentos de Jesus Cristo relatados na Bíblia Sagrada. Após a sua crucificação, seus apóstolos foram incumbidos da missão de propagar suas doutrinas e gerar neófitos, ou seja, novos convertidos. Tais ensinamentos (a) apregoavam o amor a Deus e ao próximo, (b) previam a morte redentora, (c) a ressurreição e (d) o retorno salvacionista do Cristo. A mensagem cristã teve uma forte difusão no tempo e no espaço. Aqueles que a recebem se comprometem a serem imitadores de Cristo, não apenas crendo, mas praticando suas orientações. A união de seus apóstolos comissionados a propagar o Seu Evangelho proporcionou o surgimento do Cristianismo e da Igreja Cristã. Em 337, o imperador romano Constantino foi um agente dessa difusão e, a partir do trabalho dos missionários, a fé cristã foi difundida por todos os territórios submetidos ao Império Romano. No século XVI, o cristianismo chegou ao continente americano, no contexto dos descobrimentos lusos. A queda do Império Romano marcou o fim do poder, mas a permanência da cultura romana, do latim como idioma e do cristianismo como religião. Por mais de mil anos, a Igreja Católica manteve a hegemonia sobre o ensinamento do Evangelho. No entanto, o historiador Botelho¹ registra que, em 1505, com a finalidade de financiar a reconstrução da basílica de São Pedro, no Vaticano, o papa começou a vender indulgências, documentos que davam absolvição total dos pecados em troca de dinheiro. Tal prática gerou inúmeras críticas, em especial do monge alemão Martinho Lutero. Na sociedade, momentos de crise são propícios às mudanças e revoluções, conforme afirma Max Weber² em sua obra Economia e Sociedade. O historiador Matos³ relata que, na sociedade europeia às vésperas da Reforma Protestante, os contextos social e religioso apresentavam grande insatisfação, com muita violência, baixa expectativa de vida, profundos contrastes socioeconômicos e insegurança acerca da salvação.

    Martinho Lutero expôs suas críticas com o objetivo inicial de fomentar o debate e a reforma da Igreja Católica. No entanto, o monge alemão não foi atendido por ela. Ao invés disso, foi excomungado em 1521, deixando, então, de participar da comunhão. Assim, as ideias contrárias ao Vaticano foram difundidas e vários movimentos em protesto aos dogmas católicos surgiram na Europa, dando origem ao movimento conhecido como Reforma Protestante. Os primeiros grupos religiosos cristãos surgidos na Reforma foram classificados como protestantes; entre eles as denominações luteranas, calvinistas e anabatistas. No Brasil, o primeiro culto protestante data de 1557, sendo realizado pelos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier, enviados pelo reformador João Calvino, a pedido do então Comandante Villegaignon. Todavia, o comandante e os calvinistas divergiram em diversas questões, o que resultou na expulsão deles do território brasileiro. Em 1827, três séculos depois, a Comunidade Protestante Alemã-Francesa foi criada no Rio de Janeiro, congregando os adeptos luteranos e calvinistas, cujo primeiro pastor foi Ludwig Neumann. A data de 1890 marca o início da ação do Estado em favorecer a liberdade religiosa no Brasil, o que possibilitou o crescimento de diversas crenças e o surgimento de igrejas protestantes.  As primeiras denominações protestantes históricas a se difundirem no país foram Igreja Congregacional, Igreja Presbiteriana, Igreja Presbiteriana Independente, Igreja Metodista, Igreja Batista, Igreja Luterana e a Igreja Episcopal⁴.

    Grupos religiosos em busca de renovação espiritual dedicaram-se a apregoar uma mudança nas práticas religiosas pentecostais e deram origem ao pentecostalismo moderno. Em 1867, a criação do National Holiness Association marcou o cenário religioso norte-americano do final do século XIX. A efervescência do campo religioso nesse período reflete o contexto histórico da nação: (a) guerra civil no país; (b) libertação dos escravos negros; (c) tensões raciais; (d) crise agrícola; (e) mobilidade populacional em direção às cidades do norte em processo de industrialização e (f) chegada de milhões de imigrantes. O contexto sociopolítico apresentava intenso conflito. Em um cenário de crise surgiu uma mudança, uma ação religiosa renovadora, um novo caminho para a reconstrução político-econômica e a busca de santificação diante do caos, o desejo do Cosmo. O pentecostalismo moderno oferecia soluções espirituais para os problemas da vida cotidiana. Era o renascimento do pentecostalismo vivenciado pelos apóstolos de Cristo, em uma versão moderna. Dois personagens principais no movimento pentecostal norte-americano do início do século XX devem ser destacados: Charles Fox Parham, a partir de 1901, e William Joseph Seymour, a partir de 1906. Parham era diretor-fundador do Bethel Bible College, uma escola para estudo da Bíblia e a formação de missionários para a assistência espiritual e material das pessoas pobres. Nesta escola, Seymour aprendeu a doutrina pentecostal e passou a pregá-la em Los Angeles, em um antigo templo abandonado situado na Rua Azusa que passou a ser conhecido como a Jerusalém norte-americana, chamado assim por atrair muitas pessoas em busca de uma experiência com o Espírito Santo⁵. Souza⁶ relata que apesar de haver vários movimentos do Espírito Santo naquele momento, o que gerou o chamado Movimento Pentecostal foram as práticas desenvolvidas no Bethel Bible College.

    O Movimento Pentecostal se difundiu pelo mundo e chegou ao Brasil no início do século XX. Ao analisar o pentecostalismo brasileiro, o sociólogo Freston⁷ evidencia três ondas de implantação de igrejas e aponta algumas das marcas que cada igreja carrega da época em que nasceu. A primeira onda data de 1910 a 1950, período de fundação das primeiras igrejas pentecostais no país, a Congregação Cristã e a Assembleia de Deus. A marca dessa época foi a expansão do pentecostalismo para todos os continentes. Segundo Freston⁸, a Congregação Cristã, após grande êxito inicial, permanece mais acanhada, mas a Assembleia de Deus se expande geograficamente nesse período como a Igreja protestante nacional por excelência.

    A segunda onda corresponde ao período entre as décadas de 1950 e 1960, pós - Segunda Guerra Mundial, quando a América Latina desponta como foco de atenção americano e atrai missões para a difusão da fé católica e da protestante. Nesse momento, houve o desmembramento do campo pentecostal e o surgimento de fragmentos religiosos em dezenas de grupos pequenos e três grupos grandes, a saber: Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo e Deus é Amor.

    A última onda percebida pelo sociólogo surge a partir de 1970, no Rio de Janeiro num contexto de forte urbanização, economia de inflação alta, violência de grupos excluídos, o poder da máfia do jogo de azar, a política do Regime autoritário dos militares, o golpe de 1964, e a censura limitando a liberdade. As principais denominações representantes da fé protestante desta fase de implantação são a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus.

    O sociólogo Mariano⁹ procurou caracterizar as três ondas pentecostais identificadas por Freston, além de designá-las respectivamente como pentecostalismo clássico, deuteropentecostalismo e neopentecostalismo. Para Mariano, o que mais diferencia as duas primeiras ondas são os quarenta anos entre elas, pois quanto à teologia, entretanto, as duas primeiras ondas pentecostais apresentam diferenças apenas nas ênfases que cada qual confere a um ou outro dom do Espírito Santo. A primeira enfatiza o dom de línguas, a segunda, o de cura. Ambas estão diretamente relacionadas com os dons do Espírito Santo. A terceira

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