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O Anúncio do Fim do Mundo
O Anúncio do Fim do Mundo
O Anúncio do Fim do Mundo
E-book210 páginas3 horas

O Anúncio do Fim do Mundo

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Sobre este e-book

O fim do mundo seria anunciado na última terça-feira de novembro às quatorze horas. Ao contrário do que se imaginava, não houve tumulto nas ruas, ninguém parou em frente às vitrines, quando os televisores estavam ligados. Não se escutou buzinas, gritos ou choro de crianças apavoradas que agarravam fortemente às mãos de suas mães. Seria um dia como qualquer outro. Como esse aqui ou aí. Carros acelerariam e parariam no movimento cotidiano da ida ao trabalho ou da universidade. Augusto e Francisco, quiçá, tivessem sentido que esse fim estava próximo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jul. de 2022
ISBN9781526015815
O Anúncio do Fim do Mundo

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    O Anúncio do Fim do Mundo - Gustavo Frisso

    Gustavo Frisso

    O Anúncio do Fim do Mundo

    1

    O fim do mundo seria anunciado na última terça-feira de novembro às quatorze horas. Ao contrário do que se imaginava, não houve tumulto nas ruas, ninguém parou em frente às vitrines, quando os televisores estavam ligados. Não se escutou buzinas, gritos ou choro de crianças apavoradas que agarravam fortemente às mãos de suas mães. Seria um dia como qualquer outro. Como esse aqui ou aí. Carros acelerariam e parariam no movimento cotidiano da ida ao trabalho ou da universidade. Porém, ainda era a primeira segunda-feira de setembro e tão normal estava sendo esse dia, antes do anúncio, que Augusto nem percebeu que em sua rádio só havia propagandas de carros, de shows que aconteceriam ainda no final desse mês, de detergente em pó que revolucionaria a façanha de lavar louça.

    Foi só prestar atenção na palavra louça que subitamente percebeu que sua xícara favorita não tinha sido colocada em cima da pia. Ela estava no mesmo lugar onde deixou, ao lado de sua cama, em cima de seu livro inacabado, considerado clássico, e de metade de um trabalho escrito à mão para uma disciplina de literatura alemã da faculdade. Às vezes, ele acreditava fielmente que sua mente era um grande labirinto e por isso se tornava aos poucos uma pessoa esquecida.

    A ida à universidade não foi alterada, como se sabe, seu carro branco continuava sujo. Os tapetes carregavam os vestígios de aventuras deixados por todos que haviam entrado naquele carro, que há anos também servia de refúgio para o próprio Augusto. Era a quarta ou a quinta marcha que acabara de acionar quando teve seus pensamentos bruscamente interrompidos pelo seu pé que insistiu em pisar no freio, tudo para não atropelar um pequeno gatinho indefeso, sozinho, que atravessava aquela rodovia com pressa de chegar a lugar nenhum ou de retornar para qualquer lugar. Era tarde demais para o João das Dores, o carro de Augusto, escutando e sentindo uma pancada metálica, interpretada como o início do fim do mundo. Um porsche, conduzido acima do limite de velocidade, não percebeu a luz quebrada dos freios do João das Dores, e ele perdeu a sua traseira a fim de salvar a vida inocente de um pequeno gato branco. O gatinho estava catatônico no meio da rodovia e ficou paralisado ao ver aquele monstro, que não era um monstro afinal, era Augusto, saindo do carro gritando palavrões descontrolados ao homem que aparentava ter uns quarenta e sete anos e três dias de vida, barba grisalha e camiseta sem estampa. Augusto não foi ver o quase triste fim do João das Dores, ao invés disso, buscou socorrer o pobre gatinho. Ele não fugiu para lugar nenhum, deixou que Augusto o pegasse e olhasse ao seu redor em busca de algum dono, talvez uma criança chorando por ter perdido o melhor amigo. Não encontrou ninguém, e se sentiu impossibilitado de simplesmente abandonar o gatinho branco, porque, sendo razoável, ninguém em sã consciência abandonaria um gatinho branco com olhos azuis, que agora não estava mais perdido. Augusto até pensou ter escutado um agradecimento no idioma dos gatos.

    Havia uma caixa com textos que Augusto não teve tempo ainda para lê-los no antigo porta-mala de João das Dores, que carregava esse nome por ter sido o carro pertencido ao seu avô, João, ao seu pai, João Filho e agora a ele próprio, que não carregou o fardo da família e foi nomeado de Augusto, ao invés de João Neto, o nome de seu irmão de sete anos. Tirou, sem muito cuidado,  os textos da caixa, encontrando um em específico, aquele de latim, que ele precisou para estudar para a última prova do semestre do ano anterior e que não havia encontrado. Procurou-o incansavelmente e tinha certeza que não o havia perdido. Apelou a São Longuinho, que não o escutou, estava preocupado demais com outras súplicas mais importantes. Calma, gritou Augusto quando o homem que já o xingava de todos os nomes possíveis desceu do carro e perguntou por qual motivo, sendo até muito educado e querido, Augusto parou bruscamente no meio da rodovia mais movimentada da cidade sem razão aparente. Nesse momento, as primeiras buzinas começaram a ecoar pelos ouvidos perdidos de Augusto que só conseguia pensar em tirar todos os textos daquela caixa-depósito, que outrora serviu como melhor amiga de Augusto e se transformaria, por uns instantes, como refúgio ao pequeno gatinho branco fugido de  lugar nenhum por saber que o fim do mundo estava próximo. Calma, gritou Augusto pela segunda vez, ele parecia ter perdido a paciência com o motorista do porsche.

    O sol já causava fadiga e  nervosismo em Augusto. Sua camiseta listrada, azul e branco, apelidada de camiseta da sorte, já indicava todos esses sinais. Por baixo de seus braços enchiam duas marcas de suor, seus pelos por baixo da camiseta já começaram a indicar que o calor agora seria insuportável. E nem havia chegado o verão. Guardou o pequeno gatinho dentro da caixa, colocou a tampa por cima e evitou que o danadinho fugisse rumo ao desconhecido, mais conhecido como o outro lado da rodovia. Colocou a caixa no banco do carona e pensou em fazer alguma piada, como se o gatinho fosse seu co-piloto na aventura de ir mais uma segunda-feira para a Universidade. Não fez. O dono do porsche pediu desculpas a Augusto, agora até mais tranquilo, pois reconheceu que a culpa é sempre de quem bate atrás e não de quem para bruscamente, sem luz de freio,  para salvar uma vida perdida de um gato.

    Reconheceu o erro e a pressa. Pediu desculpas mais uma vez, disse não ter  visto Augusto parar na rodovia por estar falando ao celular quando não era o momento. Augusto escutou sua apresentação, o homem era um empresário, razão concreta para ter um porsche em uma cidade mediana, cuja metade da população não tinha dinheiro nem para bancar um carro semi-novo.  Ele sabia que Sebastião Miguel, nome pelo qual se apresentou o motorista, não estava em uma ligação durante o acidente. Há bluetooth em porches justamente para evitar a distração de seus donos na estrada. O porsche passaria bem, enquanto João das Dores poderia ter  seu fim decretado naquela mesma hora, se não fosse pela coincidência provocada pelo anúncio do fim do mundo, quem diria?, de nesse exato momento levar um caminhão guincho por aquele mesmo caminho, o do acidente. Sebastião Miguel tirou um cartão de seu bolso e entregou a Augusto. Ele tentou ler as informações mas não conseguiu. Não entendia o sentido em cartões brancos que refletem luz como espelhos e  não ajudam em nada na leitura, mas sorriu, fingindo compreender tudo

    Augusto era um pouco lerdo em ter pensamentos estratégicos momentâneos. Sebastião Miguel assegurou que todos os danos causados pelo porsche ao João das Dores seriam reparados, como se fosse a compra do silêncio da aquiescência de Augusto pelas mensagens infieis trocadas por Sebastião enquanto dirigia. Era a única explicação plausível por usar o celular na estrada. E as buzinas continuaram frenéticamente. Era o Sol, eram as buzinas, era o suor, eram os primeiros miados do gatinho branco no banco direito e eram os barulhos do guincho tentando achar algum lugar estável e forte em João das Dores para ser levado à oficina. Sebastião afirmou que seu telefone ficava ligado vinte e quatro horas por dia, Augusto imaginava isso, e esperaria uma ligação de sua seguradora ou de seus advogados para pedir reembolso da cura das fraturas, talvez incuráveis, do pobre João das Dores. Tudo bem, disse Augusto colocando o cartão em seu bolso do shorts jeans esverdeado que usava justamente nesse dia para contrastar com sua camiseta da sorte. A sorte desse dia não refletia o anúncio do fim do mundo.

    Tenta dar a partida, foi o que a motorista do guincho disse a Augusto. Sem que ele percebesse o trânsito já fluía com certa normalidade, depois que algumas viaturas policiais, em plantão, fossem acionadas por Sebastião Miguel, a fim de facilitar a vida dos outros pobres motoristas. Com o caminhão guincho em momento, passaram pelo desvio construído com exclusividade aos ônibus, fazendo com que Francisco Gabriel, um jovem aparentemente ansioso no ponto de ônibus, atrasasse para a prova mais importante do mês de setembro. Por algum milagre relacionado ao anúncio do fim do mundo, João das Dores morreu, mas passava bem. Afinal, era só a sua traseira, repleta de textos não lidos e com o texto mais procurado do semestre, que estava danificada. Vamos levá-lo direto à oficina, tudo bem para você? Augusto concordou com sim murmurado timidamente. Ele não costumava ser monossilábico e acreditou que foi a batida em seu querido carro, a salvação de uma vida divina ou a incompreensão da benevolência de Sebastião Miguel, que o afetou de forma tão profunda. A motorista se apresentou como Cecília Aparecida. Mulher negra, herdeira da primeira oficina da cidade.

    Pare o caminhão! Foi um movimento muito involuntário feito por Augusto quando lembrou do gatinho trancado, sem oxigênio, recebendo luzes solares abomináveis, dentro do danificado João das Dores. Cecília Aparecida não se incomodou, era uma segunda-feira muito bonita, ela também não reagiu ao possível prenúncio do fim do mundo, ninguém reagiu na verdade, talvez só o gatinho branco que tentou atravessar a rodovia. Talvez.  Ela encostou o guincho, apelidado de Antonieta Aparecida, assim como sua mãe, na beira da congestionada rodovia que, aos poucos recuperava, seu pouco movimento, característico de uma segunda-feira perto das onze e vinte e cinco da manhã. Augusto desceu tremendo do carro e abriu João das Dores em busca do gatinho. Se assustou ao perceber a ausência de miados vindos de dentro da caixa, que seria sua  pior inimiga se condenasse o destino do pobre gatinho branco que finalmente fora encontrado. Estava dormindo, suspirou aliviado Augusto, quando avisou Cecília Aparecida  com  a caixa já  em seu colo.

    Já pensou como vai chamá-lo? Cecília Aparecida quis puxar assunto para distrair-se do calor. Não sei ainda, meu pai  não gosta muito de gatos, lamentou enquanto observava o movimento Ele é bonitinho, afirmou a mecânica, contando que durante toda a sua vida cuidou de vinte e nove gatinhos, todos chamados Mimi. Era mais fácil na hora de chamá-los para comer os restos do almoço, contou Cecília Aparecida com uma risada forte. E talvez seja provável que aparecesse uma lágrima em seu olho esquerdo ao se lembrar que era quase sempre sua mãe, Antonieta Aparecida, antes do acidente terrível que sofreu, a pessoa que alimentava as vinte e nove boquinhas famintas. Esse assunto não foi desenvolvido e Augusto nem prestou muito atenção, sua mão acariciava o pobre gatinho branco batizado ali mesmo, no banco do carona do guincho, de João das Neves.

    2

    Francisco Gabriel começou a sentir, de uma forma inexplicável, os primeiros passos do fim do mundo e esperou por mais de uma hora pelo ônibus sempre pontual. Justamente nessa segunda-feira, motivado pelo filme de domingo a noite e pelo último capítulo lido do livro já considerado, à primeira vista, como o melhor que já lera, ele se atrasou para a prova mais importante de setembro. Não conseguia entender, olhou seu relógio, seu celular e os horários dos ônibus sempre pontuais. A sua vida toda girava em torno da pontualidade. Eram seis horas da manhã naquela segunda-feira, acordou três horas antes do horário de costume para ir à faculdade de Direito. Queria revisar, antes da prova, os principais tópicos do cansativo direito processual penal cujo professor foi apelidado de Clemente que não Clama as Almas. Era o advogado mais conhecido da cidade, envolvido nos crimes mais bárbaros e tortuosos que aquela cidade mediana já presenciou. Aclamado a nível nacional, inclusive, porém consolidado entre seus nem tão amados alunos  com esse curioso apelido por não ter uma gota de piedade.

    Era notável como o trânsito por volta das dez horas foi interrompido bruscamente. Francisco Gabriel não conseguiu aceitar o atraso do ônibus, seu ponto ficava no final da rodovia, logo após uma curva íngreme que o fazia perder toda a visibilidade de seu comprimento, muito próximo da universidade inclusive porém sempre muito quente para se aventurar andando.E não era nada seguro. O último carro a passar foi o carro de Henrique Martins, a pessoa mais popular do curso de Direito e com uma fama um pouco... obscura, nos conhecimentos de Francisco Gabriel. Ele, Henrique Martins, até parou no ponto de ônibus com sua mercedes vermelha e ofereceu, em sua forma carinhosa de lidar com as pessoas, uma carona para a faculdade. É que eu combinei com o Bruno Vinícius que pegaria esse ônibus, desculpou-se Francisco Gabriel. Era mentira, Michele a atual namorada de Henrique Martins, conhecia muito bem Francisco Gabriel. Foram amigos de infância, de uma infância muito distante, e foi a primeira pessoa a perceber que quando Francisco Gabriel mente a sua sobrancelha direita se levanta assustadoramente. É meu tic, ele dizia quando criança para não revelar o que poderia ser a maior descoberta do século. Michele nunca acreditou. Tudo bem então, boa sorte na prova, acenou Henrique Martins dando arrancada em sua mercedes. Um pouco sem graça, Michele lhe ofereceu um tchauzinho  enquanto  ecoava o potente ronco do motor do carro que Henrique Martins ganhou de seu pai, Sebastião Miguel, ao passar na prova da Ordem dos Advogados no terceiro ano da faculdade de direito.

    Os três estudavam na mesma sala, mas Francisco Gabriel parecia sempre ignorar esse fato. Bruno não estava dentro do ônibus, ele pegou carona com o seu pai, professor de literatura na mesma universidade, e estava lá desde às oito horas da manhã, sentado na biblioteca esperando Francisco Gabriel chegar para  revisarem o conteúdo pela última vez, evitando terem suas almas sugadas por Clemente.. A amizade entre Bruno e Francisco surgiu pelo mesmo ódio que ambos possuíam por Henrique Martins. Não tinham inveja, por mais terem alegado ao próprio Henrique que ele era realmente a pessoa mais divertida do curso de Direito , em uma festa de sábado a noite na casa dele , no primeiro ano da faculdade. Foram péssimos momentos. Ele até foi a primeira pessoa com quem Francisco Gabriel se aproximou. Um dormia na casa do outro, jogavam bola juntos, eram grandes atletas da Atlética de Direito da cidade mediana, até que um dia Henrique Martins fez novos amigos, e Francisco Gabriel ficou desolado por ter depositado a esperança de enfim ter uma amizade em um cara que não estava nem aí para sua existência. Henrique foi presidente da Atlética, presidente do Centro Acadêmico, organizava as festas mais cobiçadas da cidade e oferecia uma vez por mês uma grande festa em sua chácara para todos os alunos da universidade. Além de tudo isso, era o aluno que tirava as melhores notas, talvez essa tenha sido a razão para Francisco enxergar um pouco de humanidade em uma amizade pouco ou nada provável.

    O suor escorria  por seu corpo, provocado pelo calor e pela angústia de subitamente perceber que o mundo estava acabando e que ninguém lembraria do pobre Francisco Gabriel, que perderia a alma hoje mesmo. Esperou, esperou e nenhum ônibus e nenhum carro apareceu na maior rodovia da cidade. Checou o celular para ver se recebia alguma mensagem da Fernanda, sua melhor amiga, em busca de algum consolo e para a sua sorte, não havia sinal da operadora. A mensagem não foi enviada. Procurou desesperadamente em sua mochila algum lenço umedecido para passar em seu rosto e aliviar a forte tensão que sentia, por ter se preparado tanto para a prova mais difícil de setembro e que o levaria a perder a alma em plena segunda-feira. Tornou-se um ciclo novo para Francisco Gabriel, estar naquele ponto de ônibus acompanhando os  ponteiros do relógio sincronizados com os números digitais de seu celular, e torcendo para que algum ônibus passe ou até mesmo que Henrique Martins voltasse para oferecer, mais uma vez, uma carona, a qual se arrependeu mortalmente de ter negado por orgulho.

    A sua camiseta de manga comprida branca não era necessária para esse dia, mas o estado de espírito com que Francisco Gabriel se deparou quando levantou da cama às seis horas da manhã era tão grande e tão motivador que resolveu vestí-la. Era uma camiseta que guardava para ocasiões especiais, como casamentos, velórios ou uma prova que decidiria se a sua formação como advogado se concretizaria ainda esse ano. Foram um, dois, três, quatro, cinco minutos de espera agonizante que pareciam crucificar Francisco Gabriel com a sua constante pontualidade, que não foi exercida nesse dia. A torre do celular voltou ao normal, a mensagem foi finalmente enviada para Fernanda, que não respondeu. Ele estava certo, Clemente estava distribuindo as provas, já era quase onze horas, a prova estivera marcada para dez e quarenta e cinco da manhã, respeitando sempre a tolerância de quinze minutos como segunda-chamada. Imaginou, com sua camiseta de manga comprida, Clemente que Clama as Almas terminando de distribuir as provas e colocando em seu peito um babador branco, sentado em sua mesa de professor com um garfo e uma faca na mão, uma vela acesa, e um prato de alumínio vazio que serviria de suporte

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