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A sétima irmã
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A sétima irmã
E-book136 páginas2 horas

A sétima irmã

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Sobre este e-book

A Sétima Irmã é um livro dentro do livro. São perguntas em busca de respostas, que tentam ser respondidas à medida em que o livro avança em suas páginas. São momentos alegres divididos entre instantes doloridos. Personagens que beiram a realidade nua e crua da vida, tudo pode acontecer, a ficção pode ser uma terrível realidade que teremos o dever de desvendar. Personagens dúbios, marcados por vidas duplas e cheias de questionamentos. São como quebra-cabeças em busca de suas partes, desejando a todo custo se completarem. A Sétima Irmã nos leva a somar muitas histórias que a Literatura nos legou, sempre de autores marcantes e provocadores como as de Stanley Kubrick, Josephine Tey, Dorothy Sayers, Günter Grassou ainda Fredrich Schiller. As loucuras da vida estão espraiadas por estas páginas e certamente irão nos surpreender. Afinal, o ano que esse livro está sendo publicado é também um tempo de loucuras, de medos, de insegurança. Que Deus tenha piedade de todos nós seres humanos e que o Sol continue nascendo para todos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de ago. de 2020
ISBN9786599061042
A sétima irmã
Autor

Maria Madalena Riot

Maria Madalena Riot, Mada, é descendente de portugueses que se estabeleceram no Rio de Janeiro. De uma família de classe média, é a mais velha de seis irmãos. Desde de pequena, revelou uma certa tendência a não gostar de envelhecer. Ela gosta de ocultismo e aprendeu várias artes, como tirar cartas, ler mãos, fisionomia, runas e todas as possíveis modalidades de astrologia e signos chineses. Seu pai comprou um piano e, desde de muito cedo, ela aprendeu a tocar e a receber aplausos com seus pequenos concertos aos cinco anos de idade.Com o passar do tempo, teve muitas experiências de trabalho, indo finalmente se refugiar em uma floresta chamada Yellowwood, no estado de Indiana, nos Estados Unidos. Para passar o tempo mais rápido, ela trabalha como bibliotecária, em Bloomington, uma cidade de estudantes, em Indiana. Mada é muito dedicada ao serviço e às colegas, mas seus amigos são poucos.

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    A sétima irmã - Maria Madalena Riot

    CAPÍTULO 1

    A VIDA E NÓS

    A VIDA FLUI COMO O RIO SÃO FRANCISCO,

    AS TENTATIVAS DE DESVIÁ-LO SerãO DESASTROSAS

    Era domingo, aqueles dias quietos e vagarosos, que nunca acabam. Ariadne está pensando como comer de forma apropriada aquele pão quente besuntado de manteiga, que ela reserva para os domingos e que espalha um rio de manteiga pelos dedos. Ela já tentou a tal margarina ou a manteiga com 20% de gordura apenas, mas, não tem gosto.

    A temperatura lá fora parece bem diferente do que deveria ser o outono, parece início da primavera. Os cardeais voltam a comer as sementes que ela distribui nessa época do ano, eles não encontram mais sementes, nem insetos, está esfriando rápido. Mas, hoje faz um dia lindo completamente diferente de novembro. Ariadne mora alguns anos nos EUA, mas, ela é brasileira. A família toda está no Brasil, sofrendo desmandos políticos e planos econômicos absurdos, mais uma vez.

    Ariadne, depois de uma vida inteira sob a égide de políticos matreiros e planos para acabar com os pobres, casou-se e mudou para os EUA. Mas, se preocupa com a família que deixou para trás. A maior novidade foi a irmã Fúlvia lhe dizer que Ósnia sumiu de uma hora para a outra. Junior, Fúlvia, Carmencita, Arnaldinho, os irmãos, vivem todos no Rio de Janeiro. Vez por outra, Ósnia foge, não aguenta mais que o destino ingrato a tenha jogado para viver nas costas fluminenses. Nunca conseguiu acreditar que seus pais sejam Teomia e Elias, e seus irmãos esses que aí estão. Não é possível maior pesadelo, nenhum deles parece sensibilizado com a posição de uma cidadã sueca perdida no Brasil. Passou por diversos hospitais psiquiátricos em todas as partes do mundo, pediu refúgio, fugiu, brigou, se enraiveceu, mostrou as cicatrizes das maldades dos suecos em Karelia, e as pessoas não se enterneceram. Alguns hospitais até mandaram uma conta para o Brasil.

    – "Prezada senhora Linnea, diz a carta.

    Por favor, se quiser retornar ao nosso país, pagar 15000 coroas suecas ao governo. Lamentamos, o fato de que a senhora se encontre injustamente de volta ao seu país sem ter pago essa conta, e solicitamos que viabilize o mais rápido possível esse pagamento. Com o ressarcimento dessa conta, ficaremos ao seu dispor para suas futuras viagens. O não pagamento restringirá a suas visitas a zero. Gratos, tenha um bom dia. Assinado: ^&*((ilegível)

    Depois dessa misteriosa viagem de Ósnia para a Suécia, ela mudou. Quer dizer, as idéias ficaram mais obstinadas. O objetivo zero passou a ser ir para a Suécia pedir refúgio, virar sueca, pegar um emprego e desenvolver a vida por lá, até seu dia final. Mas, as coisas não foram assim, a vida não perdoou, ela não pagou, ela não voltou. Depois de anos batalhando para viajar, ela agora desapareceu novamente.

    Por onde será que anda sua irmã Ósnia? Ela deixou uma mensagem breve dizendo que estava com vontade de mudar a sua vida. Sempre teve uma vida chata, ela é ainda uma mulher simpática, decidida, próxima dos quarenta anos. Tinha sido um bebê diferente, uma adolescente problemática, e uma adulta fora do contexto social do Brasil. Ainda bebê dizia a todos que o nome dela não era Ósnia. Algumas pessoas diziam que entendiam ela falar Nana ou Nea, mas ninguém tinha certeza sobre a conversa de Ósnia.

    A mãe não via nada de errado em Ósnia. Ariadne recorda como a mãe não percebia nada de coisa nenhuma sobre os sete filhos, que ela tivera, todos pareciam se comportar do mesmo jeito. Crianças insubordinadas, que tinham vindo a esse mundo apenas para lhe infernizar. A primeira filha, Ariadne, lembra que costumava ter umas longas tranças todas embaraçadas porque a mãe não tinha tempo para lhe pentear os cabelos. Como Ariadne lavava os cabelos com sabonete Eucalol, esses ficavam embaraçados, e não se conseguia desembaraçar o cabelo de Ariadne suavemente.

    O avô de Ariadne tinha sido um paranormal conhecidíssimo. Ele tinha em frente à casa dele, em Minas, filas de pessoas que se formavam ao raiar do dia. Eram filas longas com centenas de pessoas problemáticas e pobres, o que seria uma dificuldade adicional.

    Alguns eram pobres, e traziam um frango para pagar os serviços. A maioria chegava com dádivas diversas.

    Os ricos ajudavam na criação dos filhos de Marta e Moses como eles se chamavam. Moses conhecera Marta numa dessas sessões de cura, onde ela passou por uma série de tratamentos de nervosismo. Corria à boca pequena, na cidadezinha onde Dr. Moses aportara, que ele tinha feito uma série de cursos na Inglaterra, e voltado como médico. Mas, a verdade sobre ele era pouco divulgada, até desconhecida e envolta em mistério.

    Marta, era uma menina órfã de pai, rezava sempre, e, todas as manhãs, ia à Igreja ajudar na missa. Aos quinze anos, ela era uma adolescente neurótica e nervosa. As coisas em cidades mineiras do interior corriam depressa em matéria de casamento, assim, logo, logo, o Dr Moses e Marta se casaram. Depois do casório, Marta descobriu que não podia ter filhos. Alguns diziam que ela era estéril, outros que ele seria muito velho. Ambos começaram a fazer tratamentos de saúde para Marta, águas alcalinas em Minas, ou perto das praias paradisíacas do Rio de Janeiro, ou banhos na Lagoa Santa. Marta chorava e se lamentava, nessa época mulheres que não davam à luz eram chamadas com nomes tristes e humilhantes. As únicas funções de uma mulher era ter bebês, cuidar da casa, e enfrentar os ataques de fúria dos maridos. Curiosamente, Dr Moses, que sabia tantas curas espirituais, não conseguia curar a própria mulher da esterilidade. Depois de sucessivos anos de penitências, orações e pragas, Marta finalmente ficou grávida. O que veio foi uma menina a qual foi recebida com metade da alegria se fosse um menino, em todas as épocas meninos sempre foram mais queridos, pois, davam menos trabalho quando cresciam.

    Despesas, cuidados, e no final tinham que casar-se para não virarem neurastênicas. Quando a menina nasceu, a mãe, de má vontade, quis dar o nome de Teo, mas, ele, Moses quis que fosse Teomia, pois era a primeira filha dele. E Teomia ficou o nome do bebê, que sempre e durante toda a vida odiou o nome. Tinham as coleguinhas, na escola, debochando, fazendo brincadeiras que incomodavam. Até fazia coralzinho da maldade: – E como faz a Teo? Mia, miauuuu.

    Teomia não gostava da mãe. Quando era menina no tempo de correr pelo mundo e brincar em beira de rio, Marta a tinha colocado em Colégio interno no Rio de Janeiro. O pai Moses teve dois filhos com Marta. Na carreira que ele tinha desenvolvido de curandeiro, todo mundo o chamava de doutor. Mas, ele não era doutor. A família dele, alguns ciganos aquartelados em Niterói no Rio de Janeiro, lhe proporcionou cursos de hipnose. Fora encontrar um tio em Portugal, fazendo aulas de hipnotismo e trabalhando com o espiritismo e o oculto. Alguém o aconselhou a ajudar em curas espirituais, pois ele também podia falar com os espíritos desencarnados. Voltando para o Brasil, passou a dar consultas, logo se tornou famoso. Pessoas da alta sociedade carioca vinham visitá-lo. Ele passou a ser chamado para dar os mais diversos tipos de consulta, em geral quando os diplomados desenganavam o cliente. Mas, também, de vez em quando, os médicos ficavam aborrecidos com as curas e mandavam dar ordem de prisão para fechar sua clínica. Nesse contexto é que conheceu Marta, a mãe de Teomia, em plena reclusão involuntária em Minas.

    Um médium não tem tempo para filhos pequenos, pois, a toda hora, energia lhe é solicitada. Eram casos e mais casos de pessoas em dificuldades e com pouquíssimos hospitais. Marta casada e com filhos virou madame, tudo lhe aborrecia, das crianças até as mucamas que a chamavam de Sinhá. Em geral, ficava dormindo até altas horas da manhã, enquanto o marido já estava atendendo pessoas necessitadas num escritoriozinho improvisado. Depois que mudaram para o Rio de Janeiro, trouxe com ela várias mulheres humildes para fazer o serviço da casa. Ao acordar, tomava um banho de banheira com sais trazidos da França. Uma servente, lhe esfregava as costas com uma bucha macia. Saía do banho numa nuvem de perfume suave, e alguém a ajudava a vestir-se. Tempos de antigamente, meias, cintas, anáguas, saias retas, costumes da alta costura do Rio de Janeiro, e finalmente, sapatos altíssimos que a ajudavam na elegância de alta sociedade, nem se lembrava do interior de Minas. Como não sabia ler, pedia ao motorista do marido, um senhor idoso, que informasse das novidades na cidade.

    Algumas vezes perguntava à babá dos filhos como eles estavam e, com pouco interesse, mal ouvia as respostas. Às vezes ia até o centro do Rio de Janeiro tomar chá com as amigas, na Colombo, sentavam-se entre os cristais, falavam sobre as modas, as novidades do momento, e dos filmes. As amigas diziam que Marta parecia a Greta Garbo. Ela cortou o cabelo do mesmo jeito e o alisava ainda mais, pois tinha nascido ligeiramente ondulado. Abanava-se com um leque delicado vindo da Espanha bordado a prata, tinham lhe dito que a mãe deixara para ela.

    Às vezes, uma das amigas ia visitar o Dr. Moses, e dizia que o homem era maravilhoso. Uma força espiritual grande e respeitosa, também. Na Confeitaria Colombo, elas se deliciavam com os pequenos petiscos franceses, os garçons quase invisíveis. E riam bastante de tudo, a vida era maravilhosa. Depois, Marta seguia vez por outra para a primeira matinê com alguma amiga. E voltava para casa à tardinha, no carro do marido. Era primordial participar do jantar com o cônjuge, que, em geral, chegava bastante cansado depois de horas de trabalho.

    Um dia, Moses começou a ser perseguido pela polícia e fugiu do Rio de Janeiro, destino ignorado. Sinhá Marta se viu só, com dois filhos para cuidar, e algumas mucamas que, sem o dinheiro, voltaram para Minas. Uma amiga a acolheu, quando Moses decidiu não mais voltar para viver com Marta e foi assim que as duas começaram a costurar para viver. Inês, a amiga costureira, só fazia roupas de altíssima moda. Mas, ela também era dada a umas festas com senhores ricos. Os filhos foram colocados em escolas internas, a preço bem baratinho. Para que aquela mãe abandonada pudesse trabalhar.

    Foi assim que cresceu Teomia, odiava o nome, a escola na qual a mãe a tinha colocado, os dias de visitas em que ela não vinha, só para ir ao cinema ver Greta Garbo. Teomia cresceu constatando que a mãe parecia Greta Garbo e que ela tinha cabelo ruim. As músicas de carnaval iam se renovando a cada ano, o tempo escorrendo na

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