December Tenebrarum
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December Tenebrarum - Rafael Deboni
December
Tenebrarum
Rafael Deboni
Copyright © 2015 Rafael Deboni
All rights reserved.
ISBN: 1522821384
ISBN-13: 978-1522821380
Essa obra e o autor não têm nenhuma intenção de desmoralizar,
desvalorizar, ofender, rebaixar, incentivar nenhum tipo de
crença, religião, doutrinas, templos, centros, etc. Muitos menos
incentivar à desmoralização, desvalorização, ofensas,
rebaixamento de nenhum tipo de crença, religião, doutrinas,
templos, centros, etc.
Qualquer citação a respeito de qualquer tipo de crença, religião,
doutrinas, templos, centros e entre outras é puramente fictícia e
desconhecida sua real e verdadeira pregação, concepção,
pensamentos, estilos de vida, crenças entre outras pelo autor
deste livro que se julga imparcial em assuntos religiosos.
Como já dito, a obra é puramente fictícia desconhecendo a real e
verdadeira concepção de qualquer religião.
Peço minhas sinceras e humildes desculpas para qualquer leitor
que se sentir ofendido com qualquer parte ou citação do livro.
Rafael Deboni
DEDICATÓRIA I
Você é tudo para mim. Você sempre foi minha alegria, meu conforto, meu
amor. Os dias que estava triste se tornavam alegres com você, os dias nublados
nunca foram tão lindos ao seu lado.
Você sempre trouxe alegria para a casa toda, você ensinou o que é alegria,
o que é ser amigo, o que é amar e ser amado. As brincadeiras, os dias que queria
atenção, os dias que não obedecia e pulava na piscina e saia sozinha, os
momentos sistemáticos com os horários certeiros da hora do almoço, farão
falta. Esses momentos nunca serão esquecidos, o seu jeito tratorzinho,
personalidade forte e amável, estão fundidos em minha alma. Hoje um pedaço
de mim se foi.
Queria poder ter feito mais, queria poder ter sido melhor, queria poder te
ver e sentir novamente, só mais um dia, somente mais uma vez.
Enfim, 14 anos maravilhosos se passaram, e seu dia de brilhar mais que
qualquer estrela chegou. Brilhe princesa, brilhe!
Te amo demais, para todo o infinito e sempre te lembrarei e amarei.
Descanse em paz, um dia nos encontraremos minha filhinha, minha bebê,
meu amor.
Milla!
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December Tenebrarum
DEDICATÓRIA II
Você é tudo para mim. Você sempre foi minha alegria, meu conforto, meu
amor. Os dias que estava triste se tornavam alegres com você, os dias nublados
nunca foram tão lindos ao seu lado.
Ele me deu forças quando precisei, comprou pizza quando cuidou de mim, me
deu balas e presentes só para me agradar. Me ajudou a levantar do chão quando
quebrei o braço, brigou comigo quando chutei a bolinha de espuma da coca-
cola na televisão, me fez sorrir com todas as suas piadas, e também quando dava
as patadas.
Me ensinou a ser forte através de sua história de vida, me ensinou a superar
dificuldades vencendo seus enfermos.
Suas risadas e o vozeirão alto de italiano, esse sim, foi um verdadeiro Gladiador.
Levarei a piada da mosca para meus netos, e logo logo, levarei os ingredientes
para a vovó fazer aquele bolo e tomarmos aquele café.
Vô Celso! manda um beijo para a vovó. Sinto saudades de vocês.
Te amo muito, e aproveite a festa no céu, você merece.
v
Rafael Deboni
DEDICATÓRIA III
Uma pessoa especial, um gênio, irmão, tio, padrinho, amigo e acima de tudo, um
enorme e grandioso e glorioso pai.
Um guerreiro por natureza, um verdadeiro leão! Trabalhador honesto de
profissão nobre. Divertido, querido e amável, conquistava qualquer pessoa pelo
seu jeito simples e divertido.
Suas piadas eram sempre engraçadas, sua risada contagiante e sua alegria
aconchegante.
Esse leão foi guerreiro, venceu todas as etapas e todos os problemas que a
doença que o afligiu, quando deram dias de vida para ele, de tão forte e
poderoso que era, viveu meses.
Seu Osmar Garofalo, você mostrou a todos, de como ser um lutador, venceu o
câncer e hoje, descansa em paz. Criou filhas maravilhosas e do bem, uma esposa
adorável, e acima de tudo, o seu nome está eternizado nas lindas poesias que
publicou, e seu coração generoso, estará sempre em nossas lembranças.
vi
SUMÁRIO
Epígrafe
i
1 Prólogo de um Arcanjo
Pg 01
2 O Passado que Chora
Pg 11
3 Prantos de Sangue
Pg 33
4 Ao Inferno de 2014
Pg 55
5 Renascer
Pg 83
6 Desencontro
Pg 101
7 Nunca Mais
Pg 132
8 Lembranças de Uma Morte Pg 167
9 Velhos Ares
Pg 211
10 Apenas Uma Música Triste Pg 247
11 Com ou Sem Você
Pg 283
"Sou um devedor de minhas crenças; o pagão em terras esquecidas, queimadas.
Pago, a cada dia, por meus pensamentos, meus sentimentos.
Cumpro minha própria pena em liberdade, mas preso por correntes mais
grossas e mais pesadas do que as de qualquer prisão, a vida.
Com seus breves momentos de liberdade, me faz acreditar que um dia possa
fugir.
Sem luz à noite, é quando consigo enxergar minha desgraça, que eu mesmo
busquei e é a mesma que me conforta durante as tempestades de areia que
encobrem meus caminhos.
Às vezes, me encontro de joelhos, sussurrando, ao além: pedindo, implorando,
simplesmente, precisando de respostas, que não vêm.
Já não choro mais."
Bruno Moran
i
CAPÍTULO 01 – PRÓLOGO DE UM ARCANJO
Alice - Os maias profetizaram em seu calendário que o
último ano seria em 2012, muitos historiadores interpretaram
como fim do mundo, outros como começo de uma nova era.
Cientistas e astrônomos defendendo suas teses como: o sol
liberará uma quantidade enorme de raios gamas que afetará a
terra, tendo vários terremotos, tsunamis, criando novos
continentes, literalmente o fim da raça humana; e outra seria
uma mudança climática drástica, congelando a região norte e
sul da Terra, superaquecimento da região da linha do Equador,
fazendo a humanidade a se unir e evoluir para não ser extinta.
Mas aconteceu justamente o que todos já sabiam, mas
que foi deixado de lado, o famoso julgamento final que está
descrito na bíblia cristã e em outras religiões. Aqui no Brasil,
foi muito marginalizado pela criação de novas igrejas, templos,
religiões, por estes motivos, aqui foi o pico inicial de diversas
possessões demoníacas. Não se sabe foi um plano de Deus ou
como alguns dizem do Diabo, porque seu maior feito é
convencer as pessoas que ele não existe.
As possessões começaram de forma violenta, primeiro
naqueles porcos chamados de padres e pastores falsos que
queriam ditar a palavra de Deus já cometendo o pecado da
luxúria, depois as posições mais baixas e alguns fieis que
faziam trabalhos comunitários para a igreja. No dia de um
batizado na igreja católica, durante a missa, as freiras e os fiéis
trancaram as portas e janelas da igreja, e quando chegou no
momento do padre batizar a criança com a água benta, ele
tentou afogar a criança no batistério, gerando revolta nos
padrinhos e pais da criança e os crentes, todos indo em direção
ao padre, os subalternos botaram fogo na igreja e matavam
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Rafael Deboni
com facilidade os que tentavam impedi-los.
Praticamente 80% das igrejas católicas pegaram fogo, e
isto era apenas um sinal, porque no resto do mundo acontecia
a mesma coisa, de uma forma rápida, fria e calculada. Nas
igrejas evangélicas e nos testemunhos de Jeová, logo foi
percebido que era mais para uma proliferação de possessões do
que matança e destruição de templos. Nas religiões judaicas e
budistas, não se soube de nenhuma possessão, mas os
coitados foram caçados, todo dia aparecia nos jornais que
pessoas destas religiões foram mortas de forma cruel, se não
fossem decapitados, tinham o pescoço quebrado.
As religiões que tinham alguma coisa parecida com o
espiritismo foram os primeiros a serem alertados, para fugirem,
se esconderem, colocar alguns objetos simples e místicos nas
portas, se reunirem e sumir do mapa.
Os adoradores dos diabos, não receberam nenhuma
possessão e nem eram caçados, mas eram tratados como
escravos e nem mortos, mas recebiam tortura física e mental
diariamente para a diversão dos demônios.
Na política, os presidentes e senadores mandavam
exércitos e policiais aprisionar o máximo de crianças e
adolescentes em campos de concentração nas cadeias públicas
e particulares, enquanto os prisioneiros já estavam todos
possuídos e soltos.
E nestes campos de concentração, todos recebiam o
passe demoníaco, os adolescentes e crianças que não
conseguiram dominar seus corpos e mentes, eram mortos.
Engraçado como vimos diversas teses de fim do mundo
em filmes, revistas, noticiários, e na verdade o que sempre foi
dito, deste os primórdios das religiões, o fim do mundo seria o
dia do julgamento final, só que nada foi descrito desta maneira,
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December Tenebrarum
que haveria possessões demoníacas, que eles dominariam a
terra e fazer dela o seu lar, e as pessoas que conseguiram fugir,
conseguiram se esconder, hoje elas vivem o terror e a agonia
diariamente, tendo que se mudarem todo dia para não serem
pegos, para não serem mortas.
Hoje não há uma religião, não há um país ou uma
sociedade, e sim grupos que se ajudam que se mudam e que
lutam para ficar vivos e evitar a extinção, lutam para tentar
capturar, exorcizar e tirar informações.
Antes os homens tinham medo de morrer, por causa de
doenças como câncer, AIDS, hepatopatias, dengue e até mesmo
afogados ou carbonizados, mas tinham medo da morte. Uns
acreditam em vida após a morte, outros acreditam que é uma
continuidade só que em outro plano, uns em paraísos e
infernos e outros acreditam que é apenas o fim.
Quando o fim começou, acharam que era uma doença,
disseram que era raiva, depois uma bactéria ou fungo que
causava esquizofrenia, até perceberam que não era uma
doença ou algo normal deste mundo.
Os homens só se reúnem por motivos fúteis. Torcer por
um time de algum esporte preferido de seu país, irem a um
templo para sofrerem lavagem cerebral, torcer por um partido
político claramente corrupto após sofrerem lavagem cerebral
com suas palavras denotativas. Somente se reuniam por
futilidades.
Agora se juntam por sobrevivência, coisa que dificilmente
acontecia por questões socioeconômicas que antes mudariam a
vida e o bem-estar de uma nação ou libertar um inocente ou
até mesmo resolver uma enchente de um bairro.
Mas agora que se juntam por sobrevivência, todos têm a
mesma conduta? O mesmo objetivo? Será que fazer acordos
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Rafael Deboni
para sobreviver, dando uma vida para sobrevivência de 60
pessoas é o certo? Lutar e tentar salvar toda a humanidade
com unhas e dentes é errado?
Salvar todos ou ignorar todos?
Ajudar qualquer um ou negar o que restou da nossa
solidariedade?
Solidariedade! Uma ação que garantia o lugar no paraíso,
no céu, onde quer que seja, porém os solidários estão mortos
ou estão possuídos. Lugar no céu é estar com armas, água
benta, pantáculo de Joshua e de Miguel, carro, comida e um
lugar para se esconder.
Nazaré Paulista, uma cidade do interior paulista,
tipicamente católica, ela era segura e a pessoa mais religiosa,
mais calma, solidária, bondosa e carinhosa, foi à responsável
pela queda de uma fortaleza e pela morte de todas as pessoas e
animais que viviam lá em segurança. Essas pessoas confiavam
nela de olhos fechados, mas tão fechados, só porque era um
representante de Deus na terra, e hoje elas estão de olhos
fechados para sempre.
São Tomé das Letras, a cidade misteriosa, mística!
Boatos diziam que ninguém foi possuído. Mas ela estava
acabada, deserta, porém havia um lugar seguro chamado
Pousada dos Anjos. Essa pousada era mais segura que um tiro
de guerra. Era o refúgio mais seguro do país.
Possuídos não entravam e as pessoas nem eram
possuídas. Uma ditadura tão bondosa, tão cativante e
acolhedora que tinham momentos que deixam ser democrática,
ou melhor, pseudodemocrática
, igual à liberdade de
expressão e de imprensa no Brasil pós-ditadura militar.
Era estranho no meio de tantos refugiados, terem poucas
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December Tenebrarum
crianças e adolescentes, mais ainda estranho o sumiço deles
durante a madrugada no meio do toque de recolher e a
desculpa era que foram possuídas e fugiram ou o ataque
silencioso de possuídos para sequestrarem elas. A comida,
roupas e armas e munições sempre fartas sem explicação.
Ninguém sabia a hora que eles saíam ou voltavam. Sabia-se
apenas que eles saíam, às vezes quem saía. Mas o dia, à hora,
quem foi ou deixou de ir era um mistério.
Até que alguém entrou no único lugar que somente
alguns militares podiam entrar. Então por um descuido a
verdade foi revelando-se aos poucos.
Não era um lugar segurado e protegido por Deus como
todos acreditavam e todos os dias rezavam por Ele. Era uma
negociação diplomática
.
Apontavam e eles iam, o trabalho sujo dos possuídos de
capturar os jovens vivos, tornou-se dos militares que
prometiam proteção e comida para eles e sua família. Tudo isso
por um acordo imbecil e sem sentido de paz, entre a pousada e
os possuídos. Os militares entregavam as crianças e
adolescentes e os possuídos prometiam não invadir para matar
todos da pousada.
Porém por outro descuido, mataram um dos possuídos, e
como pedido de desculpas, foi exigido à humilhação e outra
vida. A filha do grande soberano foi exigida para ser estuprada
na sua frente e morta de forma cruel. Enquanto isso eram
diversão e pedido de desculpas para os possuídos, isso eram
um trauma, uma humilhação e uma grande perda para um
pai.
Mas a filha foi trocada pela mulher que descobriu todas
as falcatruas deles entrando naquele lugar proibido para os
que não eram militares de confiança do general. A criminosa ia
ser estuprada e morta pelas mãos dos possuídos no lugar que
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Rafael Deboni
deveria ser da filha dele. Nem os possuídos sabiam que ela
estaria no lugar da filha. Porém essa mulher tinha um amigo e
uma pessoa especial. Essa pessoa especial que perdeu todas as
pessoas que amava de forma cruel e violenta e que agora
depositava todo seu amor e confiança que estavam
transbordando de seu coração nessa mulher.
Ele buscou em todos os cantos essa mulher e acabou
descobrindo tudo. Foi preso, torturado e quando estava prestes
a ser morto, conseguiu se salvar, conseguiu salvar sua amada
e ainda revelou toda a verdade. A maioria dos militares
tentaram evitar que a verdade fosse revelada, mas os militares
que não faziam parte da falcatrua do ditador, rebelaram-se
contra ele e seus subordinados e ajudaram a verdade a ser
revelada em meio à lavagem cerebral que as pessoas da
pousada passaram.
Em um duelo à moda antiga, o militarismo caiu, a
segurança caiu, a fé imposta caiu, o porto seguro caiu, amor
paternal caiu, a confiança caiu, amizade caiu e a solidariedade
caiu.
Mas a nova amizade surgiu, o novo líder surgiu, o novo
amor e o velho amor escondido surgiram. O velho medo surgiu,
o velho terror surgiu, o velho desespero surgiu e velho e novo
ataque surgiu.
Os que tinham medo da morte e tinham se esquecido
dela por causa da pousada segura e feliz, lembraram-se com a
invasão em massa dos possuídos.
A solidariedade que estava ressurgindo aos poucos
através de um falso ideal, morreu durante a fuga, durante o
corre-corre das pessoas para se salvarem. Mulheres indefesas
que tropeçaram foram pisoteadas, quando um possuído estava
atacando uma pessoa, a outra em vez de ajudá-la aproveitava
para correr, quando alguém se trancava no quarto e não
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December Tenebrarum
deixava nenhuma outra pessoa entrar, nem aquela que passou
a tarde toda ao lado dela conversando e dando risada, nem se
ela implorasse.
O terror e o medo deveriam unir as pessoas, mas não
conseguiu mudar os instintos naturais dos homens de
sobrevivência e egoísmo. Em vez de salvar o próximo preferiram
correr, em vez de ajudar uma pessoa indefesa levantar do chão,
preferiram pisoteá-la para não ser pega, em vez de se unirem
para sobreviverem, preferiram fechar os olhos e as portas e
deixar que o outro fosse morto antes, já que aquela porta não é
nada comparada a força de um possuído.
"É, união é somente para futilidade, nem para
sobrevivência do próximo e de um grupo ela serve mais.
Porém vendo essa covardia e egoísmo das pessoas, eu
mudei, agora eu quero acreditar na solidariedade e na união
das pessoas, eu irei lutar, eu irei viver e irei sobreviver para
que isso aconteça e para que as pessoas possam voltar ao
normal e terem esses status e futilidades de volta, não aguento
mais ver mortes pelas mãos dos possuídos e nem covardia pela
própria sobrevivência.
Eu, Miguel Ideali, prometo lutar até o fim para que a
humanidade volte ao normal e todos os possuídos sumam, em
honra dos meus pais, em honra das minhas irmãs, em honra
do pessoal unido e carinhoso da Igreja de Nazaré Paulista, em
honra aquelas adolescentes trocada por sobrevivência, em
honra aquela mulher pisoteada, em honra aquele cara que foi
deixado para morrer, em honra ao Leopoldo e principalmente
pela honra de Sergio, que morreu por causa dos possuídos e a
covardia dos militares em lutar para tudo voltar ao normal."
Foram essas palavras que ele disse para si.
Essa é a história de um arcanjo, o arcanjo Miguel, que na
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Rafael Deboni
verdade é um homem, que por mais que esteja na mais
profunda escuridão do fundo do poço, conseguiu reunir forças
para bater asas e voar, realizando milagres a cada batalha que
encontrava em sua frente.
Milagres é sorte ou coincidência?
Bem, milagres acontecem e nem a ciência sabe explicar
como e por que, para os religiosos é Deus trabalhando, mesmo
vivendo nas trevas, ou como diz o arcanjo Miguel, Tenebrarum;
as pessoas não deixam de acreditar e afirmar que Deus está ao
lado delas e que está escrevendo em linhas tortas.
Tão tortas que o arcanjo antes era um menino bêbado,
briguento, mimado, fumante, porco, egoísta e agora é solidário,
corajoso, herói, amável, condescendente e líder, realizando
milagres atrás de milagres. Durante o vôo para o Norte, matou
uma criança demônio, que talvez fosse o próprio Lúcifer,
salvando a todos. Em terra, quando um mar de possuídos
vinha caçar o grupo de pessoas, o arcanjo, enquanto dançava e
cantarolava, atira na direção das feras sem ao menos mirar, e
conseguia destruir os que estavam no batalhão da frente, e
assim, outro milagre com esse arcanjo acontece, um grupo de
pessoas local veio resgatar os sobreviventes, e com um dialeto
estranho, fez os possuídos ficarem imóveis e logo em seguida
fugirem.
Arcanjo Miguel, não queria ser líder, mas se tornou um,
não queria se herói, mas se tornou um, não queria ser
importante, mas se tornou um e o mais importante de tudo,
não queria amar, mas amou.
Amou sua mulher, sua amiga e seu amigo, esse amor foi
o seu maior pecado, e foi pensando nos três amores, que ele se
esqueceu de amar a si próprio. Ficou cego pelo seu amor, ficou
vulnerável e indefeso, e por conta disso, esqueceu de sua
autoconfiança.
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December Tenebrarum
Esqueceu que era cético, e isso era o que mantinha a
salvo. Começou acreditar em uma luz que o direcionava para
os lugares seguros, conquistou sua confiança, abraçou-o como
se fosse seu filho, seu irmão, seu pai, sua alma-gêmea.
Protegeu-o dizendo o que tinha que fazer e o que não tinha, e
aos poucos, tinha domínio total sobre sua opinião, depois
sobre sua consciência e depois pelo seu corpo e para não
perdê-lo, salvou seu corpo de um ferimento que
milagrosamente, curou-se em dias.
Assim o arcanjo Miguel perdeu as asas, e quando
percebeu que estava sendo o fantoche da luz, quebrou o elo
que os ligava, acordou do pior pesadelo que já teve e voltou ao
mundo real, voltou a ser autoconfiante, esperto, independente
e forte, só que da maneira errada. Sua autoconfiança o tornou
cego, esqueceu que os demônios mentem, esqueceu que
esperteza demais é burrice e quanto mais força tem, mais fraco
é.
Lutou contra um general que fazia pactos com o demônio
para a sobrevivência, e corrompido pela autoconfiança, fez um
pacto com o demônio. Antes sua esperteza era observar e
depois agir, mas agiu antes de observar e convidou sem
perceber, o demônio para dentro de sua casa, e sua força que
vinha do amor de sua amada, acabou sendo sua maior
fraqueza, o demônio que ele convidou para entrar
inconscientemente, por se achar esperto, acabou possuindo
sua amada.
Assim, a história do arcanjo Miguel, se torna uma
incoerência dos próprios fatos. Como um homem faz milagres?
Como um cético começa acreditar em entidades? Como uma
pessoa incorruptível vira corrupta? Como o correto vira errado?
Como o ódio virou amor? Como um menino virou herói?
Essa é a história do Arcanjo Miguel Ideali, sempre soube
iluminar as trevas, mas agora as trevas brilham mais que sua
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Rafael Deboni
luz. Perdeu sua família de modo cruel, viu seu mestre e amigo
suicidar-se, viu seu melhor amigo te trair, seu cunhado ser
torturado e morto, sua amada e seus novos amigos em risco
diversas vezes e mesmo assim, continuou salvando-os sem
pedir nada em troca e esses mesmo amigos te abandonar
achando que tinha morrido e mais tarde voltou para salvá-los.
Mesmo assassinando um homem a sangue frio, seu título de
herói não foi questionado.
Ele também sentiu na pele como era estar possuído por
um demônio e sozinho, conseguiu se livrar. Mas será que ele
conseguiu sozinho ou foi apenas um plano do demônio?
Nesse exato momento, estamos prestes a enfrentar a
causa disso tudo. Disseram para eu começar a orar quando
chegasse a esse momento, não irei orar para Deus ou para o
demônio, irei orar apenas para Miguel, e que após três
primaveras, as flores que forem colhidas, sejam para o túmulo
desses demônios.
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December Tenebrarum
CAPÍTULO 02 – O PASSADO QUE CHORA
Alice sem reação, com medo, pernas trêmulas e aflita ao
lado de Marino também surpreso. Junior ajoelhado no chão aos
prantos enquanto Miguel, desesperado, suando frio, ofegante.
Com as mãos na cabeça, ele aperta seu próprio crânio, seus
olhos tremem, suas lágrimas secam com a brisa vindo do mar, e
as risadas e gritos dos possuídos ecoam por Porto Seguro.
Miguel em meio aos gritos e risadas, ele consegue escutar
o timbre da risada de Maria, que agora rí igual Evelyn. Isso
aperta seu coração, o faz despertar, e com um olhar frio,
assassino e com as pupilas dilatadas, ele puxa todo o ar que
pode, e solta com todas as suas forças um grito assustador.
Ele começar a correr de volta para dentro do galpão,
enquanto Alice e Marino gritam para ele esperar, ele corre ainda
mais. Pulando e desviando dos corpos mutilados, rapidamente
ele chega ao salão. Ele para de correr, olha para um possuído
que está sem as pernas arrastando-se até a saída, nesse
momento ele pega um machado que está enfiado na cabeça de
uma pessoa que era do terreiro e com passadas largas e fortes,
pisa nas costas do possuído segurando seu corpo no chão. Com
duas machadadas ele corta o braço direito do possuído, e em
seguida, corta o outro braço. Vira o possuído, e começa a chutar
a cabeça dele, que enquanto recebe os golpes, gargalha.
Com a raiva fervendo o seu sangue, Miguel ajoelha em
cima do peito do possuído, que tenta mordê-lo, então, olha para
os olhos de Miguel e com um sorriso no rosto, diz:
Possuído – Finalmente sua prostituta é nossa!
Miguel, não responde, não grita, apenas com olhar frio e
profundo, calmamente respira fundo, começa a golpear várias e
várias vezes a cabeça do possuído, enquanto isso, Core e Alice
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observam de longe, a brutalidade dos golpes de Miguel. O
sangue, os ossos, os pedaços da carne voam a cada vez que o
machado se levanta, e o som de metal batendo no chão, ecoam
no salão até o momento que Miguel para, se levanta, e com o
rosto coberto de sangue, ele olha para Alice e Core que estão
assustados com a reação dele.
Alice – Miguel?
Miguel apenas vira as costas para eles e caminha para
fora do galpão.
Core – Será que ele está possuído também?
Alice – Não pode ser. Miguel!
Alice corre atrás de Miguel, tenta parar ele ficando em sua
frente, mas ele não para de andar, não a empurra com as mãos
e nem desvia seu caminhar, obrigando-a a andar para trás
enquanto grita seu nome.
Alice – Miguel! Caralho, olha para mim! Para de andar!
Miguel! Assim você não vai resolver nada!
Já fora do galpão, Miguel e Alice só param de caminhar
quando escutam grito vindo de dentro do galpão seguido de
várias lâmpadas piscando e estourando.
Eles olham para o galpão, e voltam correndo seguido por
Core, e quando chegam perto da escada, percebem que a única
porta que não parou de abrir e fechar, é a do quarto de Crystal e
ao mesmo tempo, Marino chega ao local.
Marino – O que aconteceu aqui?
Core – Não sei, mas acho que tem algo no