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As Funções e os Destinos do Sonhar: Notas Psicanalíticas
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As Funções e os Destinos do Sonhar: Notas Psicanalíticas
E-book134 páginas1 hora

As Funções e os Destinos do Sonhar: Notas Psicanalíticas

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Sobre este e-book

As funções e os destinos do sonhar: notas psicanalíticas trata de sonhos de estudantes de uma universidade pública federal que tiveram suas bolsas permanência ameaçadas de corte em abril de 2018, ocasião na qual os que não as haviam perdido ainda não sabiam se iriam manter ou perder o benefício. Para investigar tal fenômeno, foram convidados 15 estudantes da Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista – que usufruíam de bolsa permanência de poucos meses a alguns anos na ocasião da notificação, e que apresentavam dificuldades socioeconômicas (critério mandatório para cessão de tais bolsas). O objetivo foi identificar o que esses estudantes sonharam no período de 2018, quando começaram as notificações quanto ao corte de bolsas nessa Universidade. A autora sustenta, como hipótese, que a situação de ameaça de cortes materializou-se nos sonhos dos estudantes por meio de sonhos de angústia, seja imbricando-se no material para constituição da cena onírica, mantida como realização de desejo, ou para constituir a própria estrutura do sonho de modo semelhante ao observado na neurose traumática. Visando identificar o conteúdo dos sonhos de 15 estudantes, uma entrevista aberta iniciada com uma questão disparadora foi realizada com eles. Na análise dos dados, observou-se que a ameaça do corte foi vivida como uma situação traumática e os sonhos, como uma tentativa de elaboração de tudo que estava sendo vivenciado pelos entrevistados. Sentimentos de angústia, desamparo, humilhação, diferentes formas de elaboração e a ausência de sonhos marcam o material onírico visto nesta obra.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de nov. de 2021
ISBN9786525009810
As Funções e os Destinos do Sonhar: Notas Psicanalíticas

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    As Funções e os Destinos do Sonhar - Taís Viana

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES

    Dedico este livro ao Fábio, o amor da minha vida: sem você nada seria possível da forma como o é, nem este estudo e nem a vida que vivo. Obrigada por reconhecer na nossa amizade o amor, pela chance de me deixar entrar na sua vida, revirá-la e torná-la a nossa vida; por ser incentivador, admirador, galanteador e assim me manter apaixonada por você. Obrigada por tornar meu dia a dia no sonho que eu nem sabia que tinha e, portanto, nem saberia sem você como começar a sonhá-lo. Que todos os nossos sonhos continuem tendo espaço para serem sonhados, e que continuemos a encarar juntos os pesadelos que a realidade sempre irá impor.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço às minhas filhas, Helena e Gabriela, por terem feito de mim e do Fábio uma família e por me fazerem querer ser uma pessoa melhor todos os dias. De mim vocês sempre terão, como disse Winnicott, nada menos que tudo.

    Agradeço aos meus pais, Antonio Carlos e Waldine, pela disponibilidade, amor e paciência, por terem sido suficientemente bons e por todo tipo de investimento que fizeram em mim desde sempre.

    Agradeço a Renata, Daniel, Isadora e Stella Diciomo, por terem tornado minha vida cheia de momentos deliciosos, de amor e companheirismo nos últimos anos.

    Agradeço ao meu irmão, Catu, e à sua família, assim como aos meus consanguíneos de Belém do Pará, que se fazem presente no meu dia a dia – apesar da enorme distância geográfica – cheios de amor, acolhimento, incentivos e, principalmente, lembrando-me de onde eu vim e quem eu sou, tornando mais fácil o reconhecimento de quem quero ser e para onde vou.

    Agradeço aos colegas psicanalistas Prof. Dr. Sérgio Gouvêa Franco, Prof. Dr. Tales A. M. Ab’Sáber e Prof. Dr. Décio Gurfinkel, pelos nossos encontros, sempre tão produtivos e construtivos. Obrigada pelas contribuições que fizeram para minha vida como analista.

    Agradeço ao psicanalista Prof. Dr. Cláudio Laks Eizirik, pela generosidade e atenção, tanto na leitura de meu texto como em suas palavras tão amáveis, durante todo o processo de edição do livro. Seu carinho comigo, com minha família e especialmente com o meu pai me trouxe a doce lembrança de onde todo esse sonho começou, o que me enche de felicidade.

    Agradeço aos meus colegas psicanalistas do Departamento Formação em Psicanálise (Instituto Sedes Sapientiae), pelo espaço seguro, acolhedor e propiciador de crescimento.

    Agradeço à minha analista, Maria José Ferreira Mota, não somente pelos anos de análise e por tudo que o nosso encontro e a análise fizeram em mim, mas agradeço por tudo que eu fui e sou capaz de realizar e aproveitar em minha vida por razão da análise e do espaço potencial criado pela análise pessoal. Logo, permaneço grata pela análise que se mantém viva em mim.

    PREFÁCIO

    Conheci Taís quando ela ainda era um bebê e morava com seus pais, Antônio Carlos e Waldine, em Porto Alegre, para onde o casal se mudara vindo de Belém do Pará para Antonio Carlos realizar sua residência médica em Psiquiatria, no Centro Psiquiátrico Melanie Klein, onde eu lecionava. Depois de acompanhar, em encontros esporádicos ou por notícias, alguns de seus desenvolvimentos, foi com muita emoção que recebi sua amável mensagem sobre seu livro, resultado da dissertação de mestrado Sonhos sobre o fim do sonho: um olhar psicanalítico do sonhar de universitários, apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo.

    Então, hoje reencontro a Taís Viana como psicanalista, mestre e lançando seu livro sobre tema tão relevante.

    Lancei-me à leitura do livro, alegre pela oportunidade de conhecer o trabalho da filha de meus amigos, mas principalmente porque esperava encontrar nele o que dá substância a algumas das coisas às quais dediquei e dedico minha vida profissional: a psicanálise, os sonhos, a pesquisa psicanalítica, a produção de conhecimento em programas de pós-graduação e o cruzamento da psicanálise com a cultura, ou ainda, o analista na polis.

    Foi uma bela experiência, intelectual e emocional, que desde logo recomendo vivamente. Taís segue uma metodologia qualitativa, utilizando o método psicanalítico de investigação. Relata o momento em que seu objeto de pesquisa se materializou, em plena aula e movimento de protesto, descreve os programas de bolsa permanência, detém-se sobre o método de pesquisa, faz uma ampla revisão sobre a teoria psicanalítica dos sonhos, principalmente em Freud, mas também em outros autores posteriores, dentre os quais importantes contribuições de psicanalistas brasileiros e aí entra no que me parece o filet mignon de seu trabalho, a produção dos dados.

    Numa riquíssima sequência de material trazido pelos sonhantes, seguida pela análise de cada sonho, temos a oportunidade de penetrar fugazmente no inconsciente de cada um deles, em algumas de suas associações e encontrar o sentido que essa experiência, ao mesmo tempo individual e planetária, como diz Roger Pol-Droit falando da pandemia, é passível de ser encontrada quando o pesquisador tem a coragem de não se prender às dissociações usuais e juntar externo e interno, consciente e inconsciente, trauma e vivência emocional, as forças destrutivas de um ambiente que cultua a pulsão de morte e os danos psíquicos que cada pessoa é obrigada a enfrentar e tentar elaborar.

    Dragões, deuses, ondas gigantescas, assaltantes, mulheres más ameaçando com uma faca e arrancando as palmas da mão da mãe da sonhante, algo de ruim acontecendo com o filho, o prédio central da universidade desmoronando e se desfazendo, a pessoa descalça ou de joelhos na rua, enquanto os demais caminham, normalmente, são alguns dos conteúdos manifestos dos sonhos desses universitários que vivem uma situação traumática intensa. Embora na análise de cada sonho, ou na análise dos não sonhantes haja, naturalmente, o significado individual para um ou uma, ao longo desse painel de sonhos perpassam os temas comuns: perda, corte, ameaça, castração, desespero, desamparo, desesperança.

    Como muito bem sintetiza Taís, na página __ : Dos 15 estudantes, a maioria sonhou e contou seus sonhos, sendo que cada estudante pôde contar mais de um sonho. No conjunto, metade aparece como sonhos de realização de desejo, mas em forma de sonhos de angústia, enquanto a outra metade dos sonhos aparece como uma espécie de sonho traumático – pois se repetem, trazem mal-estar o suficiente para acordar quem o sonha –, porém não são cenas congeladas do trauma, mas sim com algum grau de elaboração e/ou transformação.

    Mais adiante, afirma Taís que pensa ter realizado uma pesquisa-intervenção, criando um dispositivo de escuta no qual a pesquisadora pôde acolher a angústia de estudantes e possivelmente tê-los ajudado no processo de elaboração.

    Ora, nessas duas passagens encontro parte da grande

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