Desafios da Pedagogia Contemporânea: Bullying, Racismo e outros preconceitos
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Sobre este e-book
A situação das agressões e violências entre alunos e alunas na educação infantil, básica e superior não é apenas simbólica e abstraível de suas consequências reais quer para os estudantes envolvidos, a escola com sua equipe pedagógica, a família ou a sociedade. Não se trata, portanto, de teorizar sobre a existência ou não da bullying tendo em vista que as vítimas, a dor, a evasão, os suicídios e os dramas, não são teorias mas fatos concretos que recheiam jornais e aglomeram-se nos sites de vídeo da internet.
Observamos que embora o bullinismo seja uma prática acompanhada e estudada inclusive com iniciativas dos poderes governamentais na Europa, no Brasil o enfrentamento tem sido pontual, esparso e até certo ponto diluído entre outras considerações do trabalho pedagógico e político. É, todavia, como um vírus que se alastra e se adapta ao ambiente humano que encontra oferecendo variações diversas ou se unindo a costumes perniciosos mantidos pela cultura local. Desta forma é possível detectar que o bullying no Brasil se fortalece com a permanência do racismo já mantido pela cultura eurodescendente desde a colonização e escravatura negro-africana.
Este livro trás as leis aplicáveis no Brasil, lista de livros, e sugestão de atividades para os mais diversos casos que acontece na escola atual.
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Desafios da Pedagogia Contemporânea - John Land Carth
Desafios da pedagogia contemporânea
Bullying, racismo e preconceitos na escola
© by John Land Carth
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JOHN LAND CARTH
Desafio da pedagogia contemporânea
Bullying, racismo e preconceitos na escola
1ª Edição
©Todos do Direitos Reservados
Brasília-DF
2012
E-Book Distribution: XinXii
http://www.xinxii.com
logo_xinxiiDedicado àqueles que ainda acreditam na formação de uma sociedade pacífica para este Terceiro Milênio
Índice
APRESENTAÇÃO
Algumas palavras sobre a violência e indicadores
Agressões entre pares e o dilema do mal comportamento
Vítimas em potencial dos assediadores
O que desejam os abusadores?
Omissão familiar e o despreparo da escola
Vítimas de abuso nem sempre superam as humilhações
Ações que a escola pode desenvolver
Ações que os gestores educacionais podem garantir
Bullying e Racismo diferenciação básica
Afetividade, questões de gênero e sexualidade
Nós, escola, temos medo de romper com as posturas atrasadas que geraram a decadência da educação do século XX?
Relembrando vinganças para que não se repitam
Lista de Filmes para referencial e trabalho do professorado.
Anexos referencias de aspectos legais em caso da necessidade de ação judicial
Bibliografia
APRESENTAÇÃO
Aprendi com o Mestre da Vida que viver é uma experiência única, belíssima, mas brevíssima. E, por saber que a vida passa tão rápido, sinto necessidade de compreender minhas limitações e aproveitar cada lágrima, sorriso, sucesso e fracasso como uma oportunidade preciosa de crescer.
Auguto Cury
A propositura de se escrever sobre desafios pedagógicos com análise e proposituras para analisar, entender e fazer frente ao Bullying, ao racismo e outros preconceitos no Brasil, neste livro, não se deve a uma pretensão de abarcar todas as interações que esses fenômenos
implicam. Não se pretendo e não poderia querer exaurir discursos ou fechar outras soluções e esclarecimentos, é sabido que a educação não é hermética nem estanque, se autoconstrói na interação diversa de ministrantes e suas clientelas plurais.
Existe nas práticas e permanências de preconceitos um viés simbólico e menos pragmático da questão, voltado para o filosofar e pela aparente justificação antropológica, não é pretensão desse trabalho, divagar sobre essas circunstâncias, mas buscar ver o tema como algo grave, real e que não se resolve por si só
como querem alguns professores conteudistas e nem passam com o tempo
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A situação das agressões e violências entre alunos e alunas na educação infantil, básica e superior não é apenas simbólica e abstraível de suas consequências reais, psicológicas, didáticas e formativas, quer para os estudantes envolvidos, a escola com sua equipe pedagógica, quer para a família ou a sociedade. Não se trata, portanto, de teorizar sobre a existência ou não do bullying , do racismo, da homofobia e demais preconceitos, tendo em vista que as vítimas, a dor, a evasão, os suicídios e os dramas, não são teorias mas fatos concretos que recheiam jornais e aglomeram-se nos sítios de vídeo da internet.
Observamos que embora o bullinismo seja uma prática acompanhada e estudada inclusive com iniciativas dos poderes governamentais na Europa, no Brasil o enfrentamento tem sido pontual, esparso e até certo ponto diluído entre outras considerações do trabalho pedagógico e político. É, todavia, como um vírus que se alastra e se adapta ao ambiente humano que encontra oferecendo variações diversas ou se unindo a costumes perniciosos mantidos pela cultura local. Desta forma é possível detectar que o bullying no Brasil se fortalece com a permanência do racismo já mantido pela cultura eurodescendente desde a colonização e escravatura do negro africano.
Defende-se que os enfrentamentos das agressões sejam efetivados por ações específicas, baseados em estudos também específicos, logo, é preciso aprender sobre o universo das afro inclusões e do resgate da contribuição africana e indígena na sociedade brasileira.
Não obstante haver o tema que é crescente e preocupa organismos internacionais como Unesco, Unicef, OMS, há pouco ou nenhum interesse das academias, dos cursos superiores e pós-graduações em inserir na suas grades, estudos, leituras, valores e métodos pedagógicos que instrumentem professores a lidar com essas peculiaridades, para intervir eficientemente no combate ao racismo e na vertente adaptada do bullying racial1. É preciso adentrar nos conhecimentos e nos estudos sobre gênero, sexismo2, xenofobia, homofobia para compreender e corretamente intervir nos casos de bullying xenófobo, sexual e de gênero.
Um alerta significativo e premente de que as instituições de curso superior precisam considerar seriamente nas reuniões de seus colegiados essa temática é dado pelos movimentos sociais e políticos dos últimos dez anos pelo menos. Falo basicamente do crescimento e vitória das demandas sociais para que se tornem políticas de estado a defesa de direitos. Para citar apenas alguns, veja-se o advento das Diretrizes de Educação para as Relações Étnico-raciais; Diretrizes de Educação Quilombola; Estatuto da Igualdade Racial; Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei Maria da Penha; Quotas sociais e raciais na Educação Superior.
Vê-se que é fatalmente impossível que universidades e faculdades consigam sustentar durante muito mais tempo o argumento de autonomia para não incluir conteúdos de formação relacional e de respeitabilidade de direitos sociais e civis nos seus cursos.
Já é perceptível que muitas escolas superiores, bem como a rede particular de ensino, andam na contramão da atualidade das políticas educacionais do país e, agindo assim, se corresponsabilizam pela má atuação ou despreparo do docente quando vai para o mercado de trabalho e se vê rodeado de um público diverso em confronto. Não raro, é nesse momento que o professor se dará conta que foi mal formado e se vê desaparelhado no dia a dia da escola.
Este comportamento de muitas instituições de ensino superior do Brasil é ainda aquele da Segunda República, nos anos de 1930 com o acréscimo do viés mais tecnológico, conforme verifica-se na leitura de Castro (in: CARTH, 2011, p. 42):
A Segunda República é marcada pela revolução de 30 e o padrão capitalista de produção no Brasil. Diante desse fato, os investimentos na educação passam a priorizar a qualificação de mão de obra especializada. Dentre outros acontecimentos marcantes neste período destaca-se também a criação do Ministério da Educação e o de Saúde Pública.
Estando o país em um outro patamar de convívio internacional, considerado líder da América do Sul e ponta de lança em diversos campos da economia e da formação de opinião política mundial, a formação meramente capitalista, tecnicista ou de conteúdos teóricos é insuficiente para construir uma sociedade que se pretenda instruída, civilizada e com identidade culturalmente bem definida. É necessário corrigir vícios comportamentais de agressividade, de corruptibilidade, maucaratismo e vilania. Já está provado que a pessoa social não assimila direitos e deveres pela simples existência dos mesmos, é necessário instrução, ensino, mostrar claramente as implicações e corrigir caminhos de caráter. Essa formação acontece na escola, mas os docentes precisam estar aptos a ministrar conteúdos que visam educar relações junto àqueles que lhe são comuns da área de formação.
Como podemos verificar não se trata somente da agressão do aluno magro ao aluno acima do peso; do que enxerga bem sobre o que usa óculos; do mais corpulento para o mais franzino, existe toda uma série de variações que obrigam conhecer e intervir de forma a gerar a construção de um caráter que contribuirá com a sociedade. Em uns países o foco central poderá estar na incidência de estrangeiros na sociedade natural, logo a xenofobia será mais evidente; nos países regidos pelo patriarcalismo fundamentalista de segregação da mulher, o bullying será de agravante sexismo, machismo; se a prevalência é de foco étnico-racial as agressões serão majoritariamente nesse sentido. Há que se estudar todas as vertentes.
A escola, todavia, não deve ser interpretada como entidade estanque da sociedade obrigada a lidar sozinha com a problemática social que também se desenvolve fora dela, na família, na comunidade e nos costumes da nação. Todos que de alguma forma produzem ou contribuem com a formação ou manutenção do caráter agressivo e violento (imprensa, mídias, cultura, genitores, governos, industrias de entretenimento) são responsáveis pelo tratamento e erradicação da violência que ajudaram a gerar e que aparecerá na escola, tela experimental da sociedade:
Parece claro, então que se alunos têm problemas, de alguma forma as famílias também terão; se os professores têm problemas, a sociedade é contaminada com isso e que se as escolas têm dificuldades, por lógica, refletem o Estado. Quero dizer que não sei até que ponto o problema parte do maior para o menor ou vice-versa. As linhas embaralhadas pela necessária relação de influência entre aluno, família, escola, estado, professor e sociedade parecem turvar a visão seccionada das dificuldades e sua profilaxia, mas, o trabalho acurado em cima destas ligações pode fazer enxergar mais claramente os pontos cancerosos que prejudicam a educação brasileira. (ROCHA & CARTH, 2008)
É preciso romper com a concepção de que a escola, principalmente a pública, é apenas um depósito
de crianças, um lugar onde família e sociedade se utiliza para guardar crianças e adolescentes por algum tempo a fim de cuidarem de outras coisas, ou como dizem alguns pais: ter um pouco de sossego
. Essa