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Globalização, Adolescência e Violência na Escola
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Globalização, Adolescência e Violência na Escola
E-book130 páginas4 horas

Globalização, Adolescência e Violência na Escola

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Sobre este e-book

O livro Globalização, adolescência e violência na escola tem como finalidade compreender o significado das brigas entre adolescentes nesse ambiente. A pesquisa foi realizada em uma escola pública estadual, na Região Noroeste da cidade de São Paulo, junto a meninos e meninas que frequentam o segundo ciclo do ensino fundamental (antigas 5.ª a 8.ª séries, atuais 6.º a 9.º anos).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de set. de 2020
ISBN9788547333942
Globalização, Adolescência e Violência na Escola

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    Globalização, Adolescência e Violência na Escola - Claudemiro Esperança Cláudio

    leitura!

    Sumário

    Introdução

    Do fazer do livro

    I

    Globalização e Violência

    1.1 A Adolescência e o Outro

    II

    O Adolescente em brigas na escola: Múltiplos olhares

    2.1 O Problema, a escolha dos/as alunos/as e os procedimentos para as entrevistas

    2.2 O/A Adolescente e a Adolescência: a Busca por um espaço, o mal-estar e o aguilhão

    2.3 Professoras e Coordenadoras: da Preocupação Individual à Indiferença Coletiva

    2.4 O Outro do ponto de vista da escola

    III

    Escola e Adolescência: Do conflito esperado à reorientação pulsional, à importância da Pedagogia Crítica

    3.1 Da Importância da Pedagogia Crítica

    3.2 Adolescência e Currículo

    3.3 Adolescência e Diálogo

    3.4 Uma terceira concepção de Ser Humano e as implicações éticas e curriculares dentro do espaço escolar

    Algumas considerações

    REFERÊNCIAS

    Introdução

    Este livro tem por finalidade tentar compreender o que leva meninos e meninas do 1º ao 4º ano do ciclo II (atuais 6º a 9º anos), do ensino fundamental, a praticarem agressões corporais dentro do espaço escolar. O trabalho procura entender e, isso ficou evidenciado nas entrevistas, por que adolescentes brigam por razões, aparentemente, fúteis, por motivos banais, bem como analisar a postura da escola frente a esse problema e mostrar a importância da utilização da pedagogia crítica e seus pressupostos filosóficos para o enfrentamento dos problemas da relação da adolescência com o outro não igual.

    Mais de 20 anos atuando como educador na rede pública paulista faz-me perceber que o nível de violência e agressividade entre os alunos tem crescido substancialmente. Tenho constatado que esses jovens que estudam na escola pública, quando passam a frequentar o 2º ciclo do ensino fundamental (antigas 5ª a 8ª série, atuais 6º a 9º anos), começam a modificar radicalmente seu comportamento. Minha tese é que a agressão corporal, sua banalização em um mundo em constante transformação econômica, social e cultural, é um ritual. Um ritual de passagem, no qual alunos e alunas, procurando um lugar no mundo, reproduzem de forma inconsciente os principais valores de uma sociedade capitalista neoliberal. Valores que ignoram completamente o outro adolescente, o outro não igual.

    Tenho claro que essa mudança de comportamento está diretamente relacionada com a nova fase da vida que se inicia para esses jovens, que estão entrando na chamada adolescência. Segundo Calligaris:

    [...] há um sujeito capaz, instruído e treinado por mil caminhos – pela escola, pelos pais, pela mídia – para adotar os ideais da comunidade. Ele se torna um adolescente quando, apesar de seu corpo e seu espírito estarem prontos para competição, não é reconhecido como adulto. Aprende que, por volta de mais dez anos, ficará sob a tutela dos adultos, preparando-se para o sexo, o amor e o trabalho, sem produzir, ganhar ou amar; ou então produzindo, ganhando e amando, só que marginalmente. (CALLIGARIS, 2000, p. 15-16).

    Por essa razão, é possível perceber que a questão não se esgota, digamos, em uma caracterização biológica. Junto a essa observação, faz-se necessário lançar um olhar no contexto histórico, perceber as mudanças no contexto histórico-social para, de fato, entender o que está se passando com a adolescência. Acredito que essa reflexão é de fundamental importância para quem está envolvido responsavelmente com a escola pública. Se desejamos uma escola que possibilite um ser humano capaz de uma ação transformadora consciente, temos que entender como é ser adolescente, que está construindo o seu eu, em uma sociedade na qual o saber estimulado vai ao encontro de um saber contábil, anistórico, que não admite contradições.

    Sou formado em História pela PUC-SP, desde 1985, e, por isso, cultivo, em mim, compreender o ser humano, suas ações, desejos, motivações, inserido em um determinado contexto. O que se pode perceber é que nossa sociedade vem sofrendo profundas transformações desde o início dos anos 90. Foi a partir desse momento, com o governo Collor, que o Brasil se abriu para o mundo, que entramos na era da globalização, entendida como o processo de interligação crescente das economias das nações industrializadas por meio do comércio e das novas tecnologias (MARRACH, 1996, p. 42).

    Entramos definitivamente em um mundo cada vez mais rápido – porque mediado por tecnologia – e excludente. Esse novo mundo é quase que instantâneo, um fato, um acontecimento, pode ser visto ao mesmo tempo em quase todos os cantos do planeta. O capital se reproduz ininterruptamente, viaja de um ponto a outro da Terra em segundos, as indústrias modernizam-se e dispensam operários, e estes têm de ter novas habilidades para continuarem trabalhando. Essas transformações trouxeram outra realidade para a escola pública. De um lado, uma nova LDB, a implantação da progressão continuada, dos ciclos e outras inovações; de outro, um comportamento aparentemente mais agressivo por parte do aluno. Tem se tornado cada vez mais comum, abrirmos um jornal ou assistirmos a um telejornal e recebermos a notícia de que um professor foi agredido ou então uma gangue acertou contas com outra gangue dentro ou nas proximidades da escola. Brigas ocorrem em sala de aula, no horário do lanche, alunos entram na escola armados, para se defenderem ou para ameaçarem. A situação chegou a tal ponto que o então governador de São Paulo, em 2001, lançou um pacote de medidas para conter a violência nas escolas públicas estaduais. Esse pacote propunha entre outras coisas: a contratação de caseiros, a instalação de câmeras de vídeo em vários pontos do prédio escolar, detector de metais móvel, para ser usado na entrada para as aulas em qualquer escola, a (re)criação da ronda escolar. Esse pacote (antiviolência) deixa bem claro que:

    a) o enfoque dado no Estado de São Paulo, tanto pelo Governador quanto pela Secretaria Estadual de Educação, desconsidera a violência nas escolas como um dos desafios de natureza educativa, como uma situação que exige contextualização, que requer uma reflexão sobre o que é ser adolescente em um mundo em constante transformação e a aproxima de um problema da área de segurança pública; a solução está apenas em vigiar e

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