Pirâmides do Egito: Perguntas sem respostas!
De L P Baçan
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Pirâmides do Egito - L P Baçan
O EGITO E AS PIRÂMIDES
Os egípcios entendiam suas construções como uma manifestação de seu poder, da estabilidade e de sua civilização e, em algumas ocasiões, a volta ao passado, a um tempo de glórias e riquezas que era seu consolo nos períodos de crise. Desde a Antiguidade, desenvolveu-se um fascínio por esse tipo de edificação, cuja compreensão e função, dentro da cultura que a criou, a dos faraós, têm sido estudada ao longo dos séculos. Ano após ano, centenas de publicações tentam, de alguma forma, interpretar e explicar a existência das pirâmides, construindo as mais mirabolantes teorias e especulações. Nada fica provado e as interrogações a respeito desse mistério aumentam a cada dia, com novas descobertas de novos detalhes sobre esses edifícios misteriosos.
Considerando a sua importância e o desconhecimento ainda geral sobre elas, é necessário conhecer os aspectos principais já descobertos e aceitos sobre as pirâmides, começando por sua origem e pela função que lhes deu origem. Gregos e romanos descreveram, com propriedade e proximidade, aspectos importantes das pirâmides, que interpretavam como um aspecto curioso da cultura egípcia. Aristóteles, em sua obra Política, afirmou que o objetivo da construção de pirâmides era o de manter a população ocupada, evitando que conspirasse contra o Faraó. Teorias circularam por Roma, a partir principalmente do século IV a.C. Para os romanos, a cultura do Egito exercia uma poderosa atração, havendo um verdadeiro culto a tudo que fosse egípcio. Amuletos e objetos egípcios eram valorizados e requisitados durante o Império Romano, que adotou, inclusive, algumas das divindades egípcias, como foi o caso de Ísis. Nobres romanos usaram a forma piramidal em suas tumbas.
Durante a Idade Média, as pirâmides foram identificadas com os depósitos de cereais construídos por José, conforme narrado na Bíblia. Foi durante o Renascimento, que os estudos sobre as pirâmides foram se tornando sistematizados, a partir da recuperação dos relatos clássicos. Esses estudos foram facilitados pelas facilidades de comunicação que foram surgindo, unindo Ocidente e Oriente. Causavam enorme interesse os debates sobre a construção desses monumentos, os tesouros neles ocultos, as salas secretas e seus objetivos, tudo isso temperado com um toque de tragédia, fruto das lendas de maldições e de seres fantásticos que habitavam aqueles recantos e tenebrosos e ainda de todo desconhecidos.
Com o Romantismo, após a expedição de Napoleão ao Egito e, em especial, com a onda de orientalismo que começou a se formar no século XIX e gradativamente invadiu o Ocidente, foram se estabelecendo as bases de uma ciência que passou a ser conhecida como egiptologia. Foi assim configurado um conjunto de ideias sobre esses monumentos, cuja única função era de caráter mortuário. Sua construção nada mais era do que o reflexo de uma sociedade escravizada pelo poder absoluto de faraós despóticos, apegados à ideia da imortalidade, incapazes de aceitarem o mesmo fim comum reservado aos mortais e membros de seu povo.
O Egito passou a se identificar com as pirâmides como um componente de sua cultura e de sua história, mas é importante ter em mente que as Grandes Pirâmides são marcos de um período definido, conhecido como Império Antigo ou Reino Antigo. Desse tempo, poucas informações restaram e muitos mitos foram criados, pois as investigações se concentraram nessas construções maiores. Nesse período, entre 2630 e 1640 a.C., surgiram essas construções, dentre as quais as três mais famosas e que até hoje intrigam o mundo todo. A mais antiga já conhecida data da III dinastia e era constituída por mastabas sobrepostas formando degraus, idealizadas Imhotep, figura importante do reinado do faraó Djoser. Essa é, inclusive, a única pirâmide concluída desse tipo hoje conhecida. A partir da IV dinastia, as pirâmides passaram a ter as paredes inclinadas e não mais em forma de degraus. As últimas datam da XII dinastia. As pirâmides do Império Médio foram pequenas e sem qualidade. As do Império Novo são consideradas meros adornos das tumbas dos artesãos de Deir el-Medina.
As pirâmides foram sendo construídas ao longo de toda a civilização faraônica, mas são aquelas, erigidas na planície de Gizé, únicas das sete maravilhas do mundo antigo ainda visíveis, que concentram todo o interesse, encerrando o apogeu de uma evolução científica e filosófica, que se iniciou nos princípios dessa cultura. Para entendê-las, é preciso conhecer sua origem, porque foram adotadas como elemento mortuário, e o conjunto arquitetônico em que se acham inseridas. Não devem ser admiradas apenas pelo seu tamanho e detalhes de sua construção, mas pelo esforço administrativo e pela organização que envolveram sua construção. Hoje em dia, ao se observar a construção de um edifício, utilizando-se das mais modernas técnicas de engenharia e os mais modernos equipamentos, não há como não valorizar e admirar o feito daquele povo, num tempo em que a tecnologia nem sonhava em contar com os recursos hoje à disposição de projetistas, engenheiros e operários.
image008.jpgTumbas de Deir el-Medina
UM RESUMO HISTÓRICO
Para se entender como tudo começou, é preciso inicialmente conhecer um pouco das crenças religiosas dos egípcios. Segundo elas, o ser humano era formado por quatro elementos: o ba, a alma; o ka, ou duplo, réplica imaterial do corpo, o khu,