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A Saga Humana
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E-book669 páginas8 horas

A Saga Humana

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Sobre este e-book

A história da Saga Humana na superfície terrestre contada com base nas mais modernas descobertas das cátedras de Antropologia, Arqueologia, História, Geologia, Linguística Comparada e Genética Populacional, cujas narrativas - nem sempre coincidentes - são sobrepostas ao ancestral conhecimento das tradições abraamicas, védicas e mitológicas. Nesse sentido, a Saga Humana apresenta uma narrativa pavimentada pelas pesquisas científicas de vanguarda que são margeadas pelo conhecimento herdado das antigas tradições, as quais se escondem por trás dos sistemas religiosos, doutrinários, filosóficos e iniciáticos do nosso tempo. O admirável resultado dessa sobreposição de narrativas culmina com a condução de uma história singular que carrega uma cronologia notável, repleta de surpreendentes coincidências e de detalhes inusitadamente bem encaixados, que parecem ter passado despercebidos até então. A narrativa da Saga Humana tem início em uma época anterior até mesmo ao surgimento do gênero homo, percorre todo o paleolítico e segue no ritmo da passagem das Eras Astronômicas de Leão, Câncer, Gêmeos, Touro, Áries e Peixes – a atual Era Cristã. Trata-se de uma amálgama de histórias que você talvez até já conheça, mas reunidas e contadas de uma maneira que você nunca viu!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de mai. de 2021
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    A Saga Humana - Angelo Henrique Simões

    A SAGA HUMANA

    Segundo as narrativas das cátedras científicas e das tradições religiosas e mitológicas.

    Angelo Henrique Simões

    1ª edição

    2021

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões 2

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil S593 SIMÕES, Angelo Henrique, 1.974 –

    A Saga Humana Segundo as narrativas das cátedras científicas e das tradições religiosas e mitológicas /

    Angelo Henrique Simões – Belo Horizonte: Angelo Henrique Simões, 2.021.

    549 p.

    ISBN 978-65-00-21297-6

    1. Geografia e História

    1. Título

    CDD: 900.909

    CDU: 94(100)

    3

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Dedico este livro:

    ao meu pai,

    por ter me apresentado os caminhos da vida à minha mãe,

    por ter me ensinado o valor da virtude à minha esposa,

    por ter compartilhado sua vida comigo e ao meu garoto,

    por ter me demonstrado o valor do tempo.

    4

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Índice

    Prólogo............................................................... ....... 07

    Parte 01 – A Gênese

    Os tempos anteriores ao início da saga humana......... 20

    O surgimento do Gênero Homo...............................

    31

    A explosão de novas espécies humanas...................

    38

    Parte 02 – O início da saga humana O Homo sapiens entra em cena..............................

    55

    A transformadora Revolução Cognitiva.....................

    62

    A chegada à Europa e o encontro com os neandertais 73

    Os milênios anteriores ao fim da última glaciação.......

    85

    Parte 03 – A travessia do grande limiar O fim do Último Período Glacial...............................

    89

    O novo início da história da humanidade...................

    104

    O grande relógio celeste........................................

    126

    Quando começam e terminam as Eras......................

    146

    Parte 04 – A retomada da saga humana Era de Leão – O início do que somos hoje................. 152

    11° Milênio AEC: O renascimento da humanidade........

    154

    10° Milênio AEC: A humanidade no Crescente Fértil.....

    174

    Era de Câncer – Formação das nossas origens............ 189

    9° Milênio AEC: As raízes da humanidade...................

    191

    8° Milênio AEC: Tempos de profundas transformações.

    199

    5

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões 7° Milênio AEC: As raízes da Suméria, Egito, Harappa e Europa 221

    Parte 05 – A transição para a civilização Era de Gêmeos – A civilização e a barbárie............... 229

    6° Milênio AEC: A metalurgia surge na Mesopotâmia...

    233

    5° Milênio AEC: A metalurgia chega a outras regiões...

    248

    Era de Touro – Fundação da civilização.................... 254

    4° Milênio AEC: Suméria, Adão, Egito, Krishna e Noé..

    260

    3° Milênio AEC: Harappa, Arianos, Semitas e a Torre de Babel 301

    Parte 06 – O começo de um novo ciclo no relógio celeste Era de Áries – A Ascensão dos povos de Etnia Branca.. 334

    2° Milênio AEC: Uma explosão de novos povos..........

    350

    1° Milênio AEC: A ascensão da Cultura Greco Romana.

    369

    Era de Peixes - A Era Cristã..................................... 399

    1° Milênio EC: Ascensão do Cristianismo e do Islamismo 403

    2° Milênio EC: O ponto em que chegamos.................

    437

    Apêndice

    Linguística............................................................

    538

    Religiões..............................................................

    542

    Referências bibliográficas........................................

    546

    6

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Prólogo

    Durante uma longa sequência de séculos, a civilização ocidental acreditou que tinha tido origem na Grécia e na Roma, muito embora os filósofos gregos tivessem deixado registrados revelando que eles se inspiraram em fontes ainda mais antigas.

    Nesses tempos, viajantes que estivessem passando pela região do Egito rumo à Europa descreviam a visão de imponentes e misteriosos monumentos, em formas de pirâmide e estátuas de pedras, parcialmente encobertos pelas areias do deserto.

    Quando Napoleão Bonaparte avançou sobre a região egípcia em 1.799, ele ficou impressionado com o que encontrou e organizou uma comissão de pesquisadores para desvendar as origens desses monumentos. O resultado do trabalho culminou com a revelação de que havia existido no Egito antigo uma alta civilização bastante anterior à cultura Greco Romana. As origens da humanidade começavam a ser empurradas para trás no tempo.

    Um pouco mais tarde, a partir de meados do século XIX, as condições de acomodação do homem sobre a Terra alcançaram condições inéditas de conforto e bem estar, os quais permitiram um acentuado desenvolvimento intelectual e cultural humano. As décadas que se seguiram ao fim das Guerras Napoleônicas (1.803 a 1.815) e da Revolução Industrial (1.760 a 1.840) permitiram que a humanidade pudesse estabelecer vibrantes e confortáveis cidades na Europa, nas Américas e na Ásia. E todas elas, de alguma forma, já estavam conectadas entre si.

    O apogeu do Império Britânico estava no início quando a identidade dos construtores das pirâmides de Gizé e sua finalidade funerária foram fundamentadas nas pesquisas conduzidas pelo coronel britânico Howard Vyse, na década de 7

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões 1.830. Foi ele quem, na companhia de dois dos seus assistentes, descobriu a inscrição contendo o nome do Faraó Khufu (Quéfren), escrito em tinta vermelha na forma de hieróglifos, dentro de um compartimento que estava lacrado há séculos, ou talvez milênios, na Grande Pirâmide.

    Na sequência do século XIX a humanidade ampliou as condições de conforto e bem estar recém alcançadas. Esse feito tinha sido possível a partir do domínio sobre algumas tecnologias, como o motor a vapor introduzido em 1.825, a perfuração dos primeiros poços de petróleo em 1.857 e a descoberta da lâmpada elétrica por Tomas Edison em 1.878. A evolução da melhoria nessas condições apresentou contornos tão dramáticos que as duas últimas décadas do século XIX

    testemunharam o que ficou conhecido como a Guerra das Correntes, na qual Tomas Edison, associado à General Electric, e Nikola Tesla, associado à Westinghouse, disputaram o desenvolvimento dos projetos de iluminação das grandes cidades.

    Ao mesmo tempo em que a ciência e a tecnologia ocidental se expandiam, o conhecimento místico oriental alcançava o ocidente. Na Europa, Alan Kardec investigava o fenômeno dos espíritos (publicação do Livro dos Mortos em 1.857). Charles Darwin rodava o mundo para apresentar a sua obra prima: A Origem das Espécies, em 1.859. Na cidade de Nova York, em 1.875, a Sociedade Teosófica era fundada.

    Sigmund Freud e Carl Gustav Jung, que mais tarde estudariam os fenômenos do psiquismo e do inconsciente, se formariam em medicina (1.881 e 1.900, respectivamente).

    As pessoas que viveram nessa época faziam parte de um mundo bem menos rústico do que aquele no qual viveram as gerações anteriores. Dessa forma, os estudiosos do Século XIX encontraram condições que permitiram que eles pudessem se dedicar a uma investigação mais detalhada do mundo em 8

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões que viviam. Não por acaso, foi ao longo do século XIX que o tema da idade da Terra entrou em debate, com estimativas de idades que variavam entre alguns poucos milhares de anos até cem milhões de anos. Até essa época os povos, cidades e reinos descritos no Gênesis bíblico eram desconhecidos pela ciência, sendo relegados, portanto, à mera condição de mitos.

    E foi justamente em meio a esses tempos efervescentes, por volta de meados do século XIX, que os arqueólogos descobriram e começaram a desenterrar as ruínas das cidades e povos descritos no Gênesis. Numa fortuita e bem sucedida sequência, essas cidades começaram a ser descobertas em regiões áridas do Oriente Médio, de forma que seus habitantes puderam ser identificados e seus povos correlacionados. Menos de um século depois da chegada de Napoleão ao Egito, mais uma vez as origens da humanidade estavam sendo empurradas mais atrás no tempo. Já não era mais o Egito, e sim a Mesopotâmia, o berço da civilização.

    Na década de 1.920, foi a vez da Índia ser revelada.

    Nessa época, os arqueólogos descobriram as ruínas ancestrais da antiga civilização Harappa, que até então também eram desconhecidas pelas cátedras científicas. Só então o que as religiões abraamicas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) e dármicas (Hinduísmo, Budismo e Jainismo) já sabiam - a existência de povos ancestrais - passou a ser do conhecimento da ciência. Nessa época, as peças do conhecimento das cátedras científicas e religiosas começavam a se encaixar.

    No início do século XX, durante a janela de tempo entre a primeira e a segunda guerra, os arqueólogos desenterram as ruínas de diversas cidades próximas à bacia dos rios Tigres e Eufrates, no Vale do Nilo e no Vale do Indo, municiando assim os historiadores com artefatos arqueológicos que ampliavam cada vez mais o seu conhecimento sobre a cultura dos persas, babilônicos, assírios, egípcios e harappianos. Foi quando os 9

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões egiptólogos perceberam que o nome do faraó Khufu, escrito no interior da pirâmide, continha um erro na grafia dos hieróglifos.

    Os cientistas então se empenharam nesse curioso caso e descobriram que o arqueólogo Howard Vyse havia deliberadamente falsificado a inscrição. Essa fraude é um fato amplamente conhecido pelos egiptólogos, os quais atribuem ainda outras fraudes ao

    Grafia dos anos pela

    coronel arqueólogo britânico.

    Cronologia da Era Comum

    Independente desse fato, as

    teorias atuais que temos sobre

    Era Comum é uma referência os

    construtores

    e

    as

    alternativa para Anno Domini, ou finalidades das pirâmides de

    Ano do Nosso Senhor, ou Ano I

    Gizé

    encontram

    da Era Cristã. Todas essas

    fundamentação

    nomenclaturas

    são

    nas descobertas do Coronel

    cronologicamente equivalentes,

    Vyze. Excluindo-se a fraude

    e nenhuma delas utiliza um Ano

    promovida por Vyse, os

    Zero para a contagem do tempo.

    cientistas

    não

    conhecem

    Essa designação é geralmente

    nenhuma outra indicação que

    utilizada no ambiente acadêmico

    por

    não

    fazer

    referências

    faça menção ao fato de que

    religiosas. As abreviações são EC

    Khufu tenha sido o construtor

    (significando Era Comum) e AEC

    da Grande Pirâmide de Gizé,

    (significando

    Antes

    da

    Era

    embora seja verdade que

    Comum). Dessa forma o ano existam inscrições deixadas

    1.500 EC significa o mesmo que

    por Khufu que indicam que ele

    1.500 DC (Depois de Cristo) da

    tenha promovido esforços de

    mesma forma que 4.000 AEC é o

    limpeza

    e

    reparos

    na

    equivalente a 4.000 AC (Antes de

    estrutura.

    Adicionalmente,

    Cristo).

    Uma

    adaptação

    cabe destaque para o fato de

    alternativa utiliza o termo Era

    que nunca foram encontradas

    Vulgar

    que

    emprega

    as

    abreviações EV, referente à Era

    múmias ou sarcófagos dentro

    Vulgar, e AEV, em referência à

    das pirâmides de Gizé.

    Antes da Era vulgar.

    As

    suspeitas

    que

    10

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões recaem sobre as motivações de Howard Vyse, era de que ele estivesse sob pressão dos financiadores das suas pesquisas, os quais estavam ávidos por receber respostas, ou sob pressão para igualar as suas descobertas às do rival italiano, Giovanni Battista Caviglia, que fazia uso de dinamite para abrir caminho nas pirâmides de Quéops e de Miquerinos, com o objetivo de explorá-las. As idéias que Howard Vyse e Giovanni Caviglia tinham sobre os construtores e a finalidade dos monumentos de Gizé eram meramente especulativas. Não sabemos se as motivações desses precoces palpites foram manifestadas por vaidade ou por pressão dos financiadores, mas o fato é que foi dentro destas circunstâncias que surgiu o nosso entendimento atual de que pirâmides do Complexo de Gizé foram construídas pelos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, com a finalidade de servirem como tumbas mortuárias.

    Já na segunda metade do século XX começaram a surgir métodos mais seguros e precisos para datação de evidências arqueológicas. Entre eles a datação por Carbono 14, desenvolvido na década de 1.960, que tem efeito apenas sobre artefatos de origem orgânica como marfim, pele de animais, pergaminhos e múmias. Dessa forma, esse método é inútil para a datação de monumentos de rochas ou estátuas de pedras.

    Embora os fósseis mais recentes sejam datados com maior precisão, esse método é pouco acurado para datar fósseis com idade acima de 50 mil anos, uma vez que a datação começa a ficar muito imprecisa. Ao mesmo tempo, na medida em que os métodos de datação se tornavam mais precisos, as escritas dos mais antigos povos mesopotâmicos, os sumérios, começaram a ser decifradas.

    Como consequência dos estudos das diversas cátedras científicas, na década de 1.990 já estava consolidada a cronologia atualmente vigente no ambiente acadêmico que envolve as origens da humanidade. Nela, o ser humano evoluiu 11

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões por uma trilha evolucional que se separou do último ancestral comum com os chimpanzés há cerca de seis milhões de anos.

    Por meio desse caminho genético surgiram hominídeos, os quais evoluíram para uma grande variedade de espécies humanas primitivas durante os últimos 2,5 milhões de anos.

    Na sequência dos fatos, em algum momento entre 300.000 e 100.000 AEC surgiu o Homo sapiens, o qual enfrentou a última glaciação, que teve início por vota de 110.000 AEC e terminou em 10.000 AEC aproximadamente, quando a humanidade desenvolveu a agricultura. Por volta de 4.000 AEC surgiu a escrita e, junto com ela, a mais antiga civilização conhecida, a Suméria, na região da Mesopotâmia.

    Quase um milênio mais tarde surgiu a civilização egípcia, em 3.100 AEC. E, por fim, finalizando a tríade das três civilizações mais antigas, floresceu a civilização harappiana, por volta de 2.700 AEC. O nascimento de Jesus Cristo teria sido um pouco antes do ano um, e Cristóvão Colombo seria o primeiro europeu a chegar no continente americano, em 12 de outubro de 1.492.

    Essa é a narrativa evolucionista da história da humanidade, bancada pelas cátedras científicas. Contudo, novas descobertas arqueológicas e novas pesquisas promovidas pelos próprios cientistas estão atualmente empurrando novamente as origens da humanidade um pouco mais para trás no tempo na medida em que cada vez mais novos detalhes tem surgido.

    Analisando todas as hipóteses narrativas que se aventuram em discorrer sobre as origens da humanidade, identificamos que elas podem ser agrupadas em quatro conjuntos distintos de afinidades. Esses conjuntos incluem todas as teorias e histórias que já ouvimos falar sobre as origens do homem e da humanidade e se organizam de acordo com a similaridade geral das idéias que carregam. Dentre elas, 12

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões a corrente narrativa evolucionista é, certamente, aquela que melhor pavimenta o nosso entendimento sobre a saga humana na Terra, uma vez que possui embasamento empírico e se afasta de conjecturas especulativas.

    A segunda corrente narrativa é a criacionista, cujos maiores patrocinadores são as religiões abraamicas e dármicas.

    Basicamente a narrativa criacionista nos ensina que o homem foi concebido por um Deus Criador, que teria gerado todas as coisas e todos os seres vivos que se encontram no universo.

    Como veremos, as religiões abraamicas e dármicas foram concebidas por um grupo de etnias – os semitas e os arianos (estes últimos chamados pelos linguistas de indo-europeu) –

    que entra em cena na história da humanidade por volta da mesma época.

    Diversas outras similaridades podem ser apontadas por esses dois grupos de religiões (abraamicas e dármicas) que, juntas, são seguidas por cerca de cinco sétimos da população mundial atual. Uma sétima parte segue outras religiões enquanto que a última parte não segue religião alguma.

    No conjunto das similaridades que podem ser observadas entre as religiões desses dois grupos podemos destacar a presença de um Deus Criador de tudo e de todos que integra uma Trindade Divina (Pai, Filho e Espírito Santo no Cristianismo e Brahma, Shiva e Vishna no hinduísmo) o qual é auxiliado por uma legião de seres no plano espiritual (anjos na tradição abraamica e devas na tradição hindu) e por uma legião de divindades menores na terra (conhecidos como santos no cristianismo ou deuses menores no hinduísmo). Da mesma forma, tanto o avatar Krishna (mitologia hindu, morto no ano de 3.102 AEC) e o avatar Cristo (mitologia abraamica, nascido por volta do ano 7 AEC) nasceram de uma virgem, no dia 25 de dezembro, foram anunciados por uma estrela, fizeram milagres em vida, e, por fim, ressuscitaram após sua morte.

    13

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Todas essas similaridades que são encontradas entre as mais diferentes religiões figuram como objeto de estudo da Religião Comparada, um ramo do estudo das religiões que se dedica à comparação das práticas e doutrinas religiosas. Os estudiosos de Religiões Comparadas entendem que essas similaridades se dão por meio de um processo conhecido como Sincretismo Religioso, no qual uma religião mais recente se inspira na mitologia e nas práticas de outras religiões mais antigas. Essa sucessão religiosa é a forma na qual os mitos -

    inspirados em arquétipos ainda mais antigos - se reproduziram ao longo dos milênios.

    O processo de sincretismo religioso demonstra, por exemplo, a fonte que se esconde por trás do mito do deus criador descrito pelas religiões abraamicas (Javé) e dármicas (Brahma) que criou e nomeou o primeiro ser humano (Adão, na mitologia abraamica e Adama, na mitologia Hindu). A inspiração para a criação dos mitos de Adão e de Adama encontra reflexo no anterior mito de Adapa, de origem suméria, cuja religião antecede as tradições abraamicas e dármicas em alguns milênios. Dessa forma, a mitologia presente na antiga religião suméria surge como a mais antiga fonte a partir da qual se inspirariam todas as tradições religiosas e mitológicas que chegariam até os dias de hoje, tais como hindus, babilônios, persas, gregos, romanos, celtas e nórdicos, entre outros. De qualquer forma, o importante é ter em mente que as religiões do tronco abraamicas/dármicas são o maior expoente da narrativa criacionista, a qual já se mostrou antecipadamente esclarecida sobre fatos que apenas milênios mais tarde seriam confirmados e absorvidos pela narrativa científica criacionista.

    A terceira corrente narrativa que descreve as origens e a história ancestral da humanidade é a do paleocontato.

    Basicamente, esta narrativa defende que tanto os deuses 14

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões quanto as suas legiões de ajudantes (anjos e devas), presentes nas tradições abraamicas e dármicas, são basicamente seres vindos de outros planetas e detentores de altíssima tecnologia, e por isso mesmo foram interpretados como sendo deuses. De acordo com a narrativa do paleocontato, foram esses mesmos seres de origem extraterrestre que não só legaram monumentos e conhecimentos aos antigos povos como também criaram o Homo sapiens por meio de manipulação genética a partir de hominídeos anteriores que estavam presentes na superfície do planeta quando eles chegaram aqui.

    Segundo os defensores das teorias do paleoncontato, essa é a melhor explicação para a presença dos grandes monumentos monolíticos e megalíticos ao redor do planeta, os quais de fato apresentam características surpreendentes que impressionam até os dias de hoje, bem como a presença de mitos muito semelhantes entre si que foram incorporados por povos que estiveram separados pela distância no tempo e na região em que existiram.

    A teoria do paleocontato é uma narrativa recente, que surgiu (ou pelo menos ganhou forte impulso), no final da década de 1.960, quando o escritor e arqueólogo suíço Erich Von Daniken lançou sua obra Eram os Deuses Astronautas na qual ele lançou a hipótese de que os deuses das antigas religiões eram, na realidade, seres que teriam visitado o planeta terra no passado.

    Outra grande força dentro da narrativa do paleocontato é a obra do historiador azerbaijano Zecharia Sitichin, que lançou no final da década de 1.970 seu livro O Décimo Segundo Planeta. Sitchin, que era profundo conhecedor de Religião Comparada, mitologias e conseguia ler línguas antigas – entre elas o sumério – desenvolveu uma hipótese na qual a civilização suméria foi criada pelos Anunnaki (nome pelo qual eram chamados, em língua suméria, os Nefilins citados no 15

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Gênesis). A teoria de Sitchin defende, por meio de interpretação de antigas inscrições encontradas nas tábuas sumérias, como os Anunnakis, uma raça de extraterrestres, nativas de um décimo segundo corpo do sistema solar –

    chamado Nibiru – teria iniciado a colonização da Terra por volta de 450 mil anos no passado e criado o Homo sapiens por meio de manipulação genética.

    A narrativa do paleocontato tem revelado fatos interessantes que conectam diversas culturas ao redor do planeta, como a presença de fortes semelhanças entre as técnicas de construção adotadas pelos construtores dos incríveis monumentos de pedra atribuídas aos povos antigos das Américas, Eurásia e África. Mas a crença em uma civilização extraterrestre colonizadora da Terra e criadora do Homo sapiens, defendida em grande parte pelos ufólogos casuísticos modernos, não encontra aceitação entre os defensores das duas correntes narrativas anteriores. Por outro lado, muito das suas idéias encontram eco na hipótese narrativa seguinte.

    A quarta e última corrente narrativa refere-se à narrativa da antiga civilização. De maneira geral, essa narrativa entende que os antigos monumentos e conhecimentos dos povos ancestrais convergem para uma humanidade anterior, a qual teria sido destruída por um grande terremoto e inundação que teriam culminado com a submersão das terras dessa antiga civilização nas águas oceânicas. Dessa forma, os temas principais abordados por essa narrativa apresentam forte interseção com a narrativa do paleocontato.

    De acordo com a narrativa da antiga civilização, uma ancestral civilização humana, tecnológica e socialmente avançada, teria existido em tempos imemoriais. Os poucos sobreviventes da catástrofe global que teria destruído essa antiga civilização estariam por trás dos mitos citados pelas religiões abraamicas, dármicas e orientais. O

    principal

    16

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões expoente dessa narrativa é o mito grego de Atlântida, citado por Platão (428 a 348 AEC), que diz que essa civilização teria existido além das colunas de Hércules (em referência ao Estreito de Gilbraltar) antes de afundar nos domínios de Atlas, ou seja, no Oceano Atlântico, em algum momento próximo ao ano de 9.600 AEC, segundo a estimativa de tempo dada pelo filósofo grego. Mas por mais que as origens da civilização humana tenham sido cada vez mais empurradas para trás no tempo, até onde as cátedras científicas sabem, não existem nenhuma evidências que indique ter existido essa antiga civilização citada por Platão.

    De qualquer forma, a base da narrativa da antiga civilização encontra-se em fontes que remontam aos povos da antiguidade, tragas até os tempos modernos por meio da mitologia grega, por algumas escolas iniciáticas modernas, pela Teosofia, pelas tradições espiritualistas ocidentais (kardecistas) e pelo hinduísmo. Algumas destas fontes demonstram a presença de ciclos de criação e destruição da humanidade, em uma escala de tempo que confronta o entendimento lógico, mas que obedeceriam a leis universais ainda pouco compreendidas no ocidente. A cosmologia védica hindu, por exemplo, ensina que o tempo é cíclico. Sobre isso o cosmólogo e astrofísico americano Carl Sagan dizia que:

    O hinduísmo é a única dentre as grandes religiões do mundo dedicado à idéia de que o Cosmo sofre um número imenso, mesmo infinito, de mortes e renascimentos. É a única religião na qual as escalas de tempo correspondem às da cosmologia científica moderna.

    Na realidade, a reunião e agrupamento das diferentes correntes narrativas sobre as origens da humanidade só parece 17

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões possível nos tempos atuais, quando a capacidade humana de acumular conhecimento atinge altíssima capacidade.

    Com o objetivo de mensurar esse processo de acumulação do conhecimento, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) encomendou junto ao economista francês George Anderla, um estudo que permitisse uma visualização ordenada da velocidade desse acúmulo de conhecimentos pela Humanidade.

    Tomando como ponto de partida o ano um da Era Cristã, todo o conhecimento acumulado pela humanidade até então foi definido como representado UMA unidade de conhecimento.

    Em 1.500, logo na virada da Idade Média para a Idade Moderna, época das grandes navegações, esse conhecimento aumentou, atingindo DUAS unidades. Em 1.750, poucas décadas antes da Revolução Francesa, a humanidade havia chegado a QUATRO unidades de conhecimento acumuladas.

    Em 1.900 a humanidade alcançou OITO unidades, e dobramos essa taxa em meio século. Em 1.950 atingíamos DEZESSEIS

    unidades de conhecimento. Mais uma década e já dobramos esse valor novamente: em 1.960 eram 32 unidades acumuladas. Em 1.967 já eram 64 unidades. E em 1.973 a humanidade atingira 128 unidades de conhecimento acumuladas. Atualmente essa taxa é duplicada a cada intervalo de tempo estimado entre 24 e 48 horas. Nesse ritmo, a expectativa é que em 2.050 esse patamar seja elevado para surpreendentes cerca de 128 milhões de unidades!

    Esse é o cenário no qual encontra-se embaralhado todo o conhecimento e toda especulação sobre as origens da humanidade: distintas correntes narrativas, compostas por diferentes fontes, que narram diversas histórias. Tudo isso emoldurado por um ambiente no qual são promovidos estudos e pesquisas científicas em um ritmo frenético, cujos resultados precisam ser monitorados.

    18

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Nesse sentido, ao longo da presente obra vamos sobrepor tudo o que temos para criar uma narrativa única que reúne o conhecimento de história, arqueologia, mitologia, religião, linguística e genética, entre outras fontes, procurando por semelhanças onde abundam diferenças.

    Boa leitura!

    19

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Parte 01 – A Gênese

    Os tempos anteriores ao início da Saga Humana

    Antes do início do próprio tempo, nada existia. Não havia o tempo, não havia a matéria e muito menos o universo.

    Imerso nesse imenso vazio havia um minúsculo ponto, do tamanho de uma cabeça de alfinete, o qual continha toda a matéria do universo que conhecemos hoje. A ciência moderna não sabe dizer como esse minúsculo ponto, aglutinando tanta matéria, se formou. Seja como for, há cerca de 13,6 bilhões de anos, esse pequeno ponto explodiu, por algum motivo que a nossa ciência também não é capaz de dizer.

    Ninguém é capaz de afirmar se outros universos, ou outros pontos de infinita densidade como esse, existiam ou não quando ocorreu essa explosão, a qual os cientistas nomearam como Big Bang. O fato é que logo após a explosão, toda essa matéria que viria a formar o nosso universo começou a se expandir mais rápido do que a velocidade da luz, mas depois a velocidade essa expansão foi gradativamente desacelerando até no ponto em que se encontra atualmente, em um movimento de expansão contínua que perdura até o presente.

    Em um dado momento, após a ocorrência do Big Bang, porções de matéria começaram a se agrupar, por força da gravidade, dando origem a milhões de aglomerados de galáxias, as quais figuram como as maiores estruturas conhecidas do universo. Cada um desses aglomerados incorporava uma contagem que costuma ser de dezenas a 20

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões centenas de galáxias, cada uma delas contendo de bilhões a trilhões de estrelas.

    Na medida em que os aglomerados de galáxias iam se formando e se desenvolvendo, o mesmo ia acontecendo com as galáxias. Nesse processo, estrelas nasciam e morriam, na medida em que a matéria do núcleo das estrelas se esgotava.

    Em um dos cantos do universo em expansão o nosso aglomerado de galáxias, composto por 54 galáxias, se formou.

    A nossa galáxia, a Via Láctea, estava entre elas.

    Numa época em que não nasciam muitas novas estrelas na nossa galáxia, há cerca de 4,65 bilhões de anos, uma nuvem de poeira cósmica começou a se formar na periferia da nossa galáxia, em um dos cinco braços que formam a Via Láctea, por meio de um contínuo processo de reciclagem do gás interestelar, e a partir dessa nuvem de poeira o nosso sistema solar começou a se formar.

    Então, há cerca de 4,5 bilhões de anos teve início a formação da Terra a partir da contração da mesma nuvem de poeira e gás que culminou com a formação do Sol e dos demais planetas do sistema solar. Na medida em que esses grãos de poeiras e gases espaciais foram se unindo sob efeito da força gravitacional, a Terra e os demais corpos do sistema solar começaram a se formar.

    Tão logo esse material cósmico se uniu na região onde hoje se localiza a órbita da Terra, o nosso planeta tomou forma. Nesse primeiro momento, logo após sua formação, o planeta era uma bola de rocha incandescente com cerca de 1.500 °C e ainda não abrigava nenhuma forma de vida. Há cerca de 4,15 bilhões de anos, a matéria e a energia começaram a se aglutinar em estruturas cada vez mais completas, formando primeiro os átomos e depois as moléculas. Nessa época, quando a Terra tinha apenas 350

    milhões de anos de idade, o planeta já contava com um forte 21

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões campo magnético, embora o seu núcleo ainda não tivesse se formado.

    Vários milhões de anos após essa fase inicial teve início o resfriamento do planeta. A partir desse gradativo resfriamento, a crosta foi se solidificando e assim surgiu uma estreita camada rochosa ao redor do planeta. Na sequência desse processo de resfriamento, surgiram enormes vulcões que expeliram do interior da terra uma grande quantidade de gases e vapor de água. Como conseqüência da ação do intenso vulcanismo, os gases expelidos formaram a atmosfera, ao passo que o vapor de água deu condições para o surgimento das primeiras precipitações.

    Na medida em que ia se solidificando e se aquecendo, o planeta passou a liberar gases que estavam aprisionados no seu interior, o que daria origem à uma atmosfera primitiva e aos mais antigos oceanos. Essa atmosfera primitiva era palco de freqüentes tempestades com violentas descargas elétricas devido às erupções vulcânicas, com grande incidência de raios ultravioletas vindos do sol. Um longo período de chuvas culminou com a formação de lagos e oceanos primitivos, com menos de 50 cm de profundidade, na medida em que as moléculas se combinavam para formar estruturas cada vez maiores e mais complexas.

    Há cerca de 3,8 bilhões de anos, quando a idade da Terra já era de cerca de 700 milhões de anos, os oceanos e lagos primitivos passaram a evoluir. A partir dessa evolução, surgiram as condições que permitiram o surgimento das primeiras formas de vida no planeta, dentro do ambiente marinho, onde surgiram primitivas bactérias autótrofas e fotossintetizantes. Com a fotossíntese feita por essas bactérias, aconteceu que a composição atmosférica se modificou, passando a conter oxigênio. E tal fato foi de fundamental 22

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões importância para o desenvolvimento das novas formas de vidas que viriam na sequência.

    Eras do gelo são períodos cíclicos caracterizados por uma acentuada queda na temperatura média do planeta, com conseqüente expansão das geleiras até latitudes mais baixas.

    Sua ocorrência é uma conseqüência direta das variações na quantidade de energia solar com efeito de perturbações no clima terrestre. Um primeiro período de resfriamento substancial teve início há cerca de 2,2 bilhões de anos, seguido por outro de calor com início por volta de 1 bilhão de anos, aproximadamente.

    Passados milhões de anos após o surgimento das cianobactérias primitivas a atmosfera acumulou oxigênio suficiente para que surgissem novas formas de vidas aeróbicas que puderam se aproveitar da energia disponível, num futuro processo que liberaria mais oxigênio do que nos processos anaeróbicos. Em um determinado ponto, entre 750 e 850

    milhões de anos atrás, houve bruscas variações na concentração de Carbono-13 na atmosfera, mortal para os organismos existentes, e isso gerou aumento da mortalidade nos oceanos primitivos. Com uma população decrescente de organismos fotossintetizantes, atenuou-se o efeito estufa.

    Como consequência, a temperatura média do planeta foi diminuindo rápida e drasticamente, uma vez que o planeta perdeu sua capacidade de reter o calor.

    Esse período foi nomeado pela Paleoclimatologia como Terra Bola de Neve, uma era do gelo de grandes proporções. A Terra havia se transformado numa grande Antártida. Toda a superfície do planeta pode ter se congelado, com a espessura do gelo no oceano variando entre centenas de metros nos pólos a dezenas de metros nos trópicos. Ainda assim a vida persistiu. Alguns organismos anaeróbicos conseguiram sobreviver em regiões profundas do oceano, como os 23

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões Quimiolitotróficos que utilizavam minerais como fonte de energia para realiza o seu metabolismo. Nesse ponto, é importante destacar, há um conflito entre os dados dos geólogos, que indicam presença de gelo por toda parte (inclusive ao redor do equador), enquanto que os dados dos biólogos indicam, com a mesma convicção, de que havia água líquida exposta em algum ponto da superfície. De qualquer forma, aconteceu que a Terra novamente se aqueceu, e mais uma vez, em decorrência de atividade vulcânica.

    Novamente os vulcões expeliram grandes quantidades de gases e calor que derreteram a neve e restauraram a atmosfera. Dessa forma, há cerca de 570 milhões de anos, surgiram as algas e outros microorganismos pluricelulares.

    Essas formas de vida, ainda primitivas, foram gradativamente evoluindo e deram origem a seres invertebrados como medusas, caracóis e estrelas do mar, entre outros.

    Paralelamente surgiam plantas, como as algas verdes. Todos os seres vivos que existiam até essa época, habitavam os ambientes marinhos. Os peixes, formas de vida um pouco mais 24

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões evoluída, só surgiram por volta de 510 milhões de anos atrás.

    Por volta dessa época, a superfície terrestre começou a passar por grandes transformações. Simultaneamente, as plantas marinhas desenvolveram a capacidade de se adaptarem fora do ambiente aquático, migrando para as áreas continentais.

    Surgiam assim, as primeiras plantas terrestres. Já por volta de 438 milhões de anos atrás, surgiram os primeiros animais terrestres quando algumas espécies de peixes foram gradativamente abandonando o ambiente marinho. Nessa época surgiram as primeiras espécies de anfíbios que, por sua vez, deram origem aos répteis.

    Há cerca de 290 milhões de anos atrás, como conseqüência do movimento das placas tectônicas que acabaram por se encontrar, formou-se um único continente sobre a face da Terra que reunia todas as terras secas. A esse continente foi dado o nome de Pangea. Por volta de 250

    milhões de anos atrás, o planeta foi afligido por uma intensa atividade vulcânica, com derrame de lava sobre várias partes do globo, quando os fundos marinhos foram então sedimentados. Foi nessa época que se formou grande parte das jazidas petrolíferas hoje conhecidas.

    Há cerca de 215 milhões de anos a terra começou a ser povoada por grandes répteis, os dinossauros. Na sequência, há cerca de 205 milhões de anos teve início a fragmentação da Pangea que se dividiu inicialmente em dois grandes continentes: Laurássia e Gondwana. O primeiro deu origem à região da Eurásia, enquanto o segundo era constituído pelas terras que, mais tarde, viriam à dar origem às Américas, África.

    Oceania e Antártida.

    Os dinossauros foram extintos há cerca de 65 milhões de anos atrás, muito provavelmente em decorrência da queda de um cometa, cuja consequência teria sido a geração de uma nuvem de poeira que teria coberto todo o planeta, impedindo a 25

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões passagem da radiação solar. Essa sequência de fatos teria gerado o resfriamento do planeta que os cientistas identificam ter ocorrido nessa época. A América do Sul, África e Índia ainda eram grandes ilhas, quando, por volta de 60 milhões de anos atrás, verificou-se um intenso movimento da crosta terrestre.

    Os pedaços de terra correspondentes à Austrália e à índia moveram-se em direção norte. A Austrália se aproximou do sudeste asiático enquanto a Índia se chocava com a Ásia. Essa movimentação toda originou os dobramentos modernos, constituídas pelas mais altas cadeias montanhosas da Terra, como o Himalaia na Ásia, os Alpes na Europa e os Andes na América do Sul. Enquanto isso, mamíferos e aves proliferavam por todo o planeta.

    Foi também por volta dessa época, há cerca de 60

    milhões de anos atrás, que entraram em cena os primatas, uma das últimas famílias a surgirem na sequência evolutiva. A atmosfera já apresentava as mesmas características verificadas nos dias de hoje. Há cerca de 50 milhões de anos os períodos glaciais passaram a ocorrer com alguma regularidade, ao passo que, há cerca de 40 milhões de anos atrás, a geografia geral dos continentes evoluía fortemente para a distribuição das terras pelo globo em uma configuração cada vez mais próxima daquela conhecemos hoje, muito embora o contorno litorâneo fosse muito diferente, com uma quantidade substancialmente menor de ilhas.

    Por volta de 25 milhões de anos atrás, começaram a surgir os macacos antecessores do homem. E há 23 milhões de anos atrás houve intensos avanços na formação dos continentes para uma forma geral que apresentava, cada vez mais, as a distribuição das terras como conhecemos atualmente. Há cerca de 14 milhões de anos atrás, a evolução das espécies começou a promover a transição dos macacos para os primeiros hominídeos. Os macacos antecessores dos 26

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões seres humanos já eram antigos habitantes do planeta, com uma história acumulada de mais de 10 milhões anos, ao mesmo tempo em que os continentes continuavam a evoluir para a distribuição de terras sobre a superfície do planeta de uma forma que lembra bastante o que conhecemos hoje. Foi a partir dessa época, há 14 milhões de anos, que o clima do planeta passou eventualmente a alternar entre períodos de frio intenso e forte aquecimento, ocasionado pela expansão e encolhimento das geleiras. Foi também nessa época que surgiu, há cerca de 14 milhões de anos, a Família dos Hominídeos, a partir da Ordem dos Primatas.

    Foram necessários outros 8 milhões de anos para que surgisse outro ponto de destaque na nossa história evolucionária. Há cerca de 6 milhões de anos atrás, a sequência evolutiva do futuro ser humano se ramificou em dois caminhos. Um deles levou ao surgimento do chipanzé (Família Hominídea, Gênero Pan). O outro culminou com o surgimento do antecessor direto do ser humano, o australopiteco (Família Hominidae, Gênero Australopithecus) há cerca de 4 milhões de anos atrás, no sul do continente africano. Dentre esses hominídeos Australopithecus a ciência identifica cinco espécies distintas. Eles parecem ter existido sobre a face da Terra desde cerca de 4 milhões até cerca de 2,5 milhões de anos atrás. Eles eram bípedes e seu cérebro era cerca de um terço menor que o nosso, ao passo que sua altura era geralmente inferior a 1,20

    metros. Os machos eram até 50% maiores que as fêmeas (atualmente essa diferença gira em torno de 15%) e seu corpo era todo coberto de pêlos.

    Não é fácil fazer a reconstrução de comportamentos sociais de espécies fósseis extintas, mas a sua estrutura social deveria ser comparável à dos macacos modernos. Eles provavelmente formavam pequenos grupos familiares com um macho dominante e algumas fêmeas reprodutoras. É possível 27

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões que esses grupos familiares contassem também com a presença de machos submissos. De maneira geral, os grupos eram formados por machos ligados matrilinearmente e fêmeas não aparentadas, indicando que os machos adultos viviam nos bandos em que nasciam enquanto as fêmeas adultas eram incorporadas de outros bandos.

    Evidências apontam ainda que os australopitecos foram presas de um antigo felino, conhecido como Dinofelis, um extinto Tigre Dente de Sabre. Registros fósseis parecem indicar também que a maioria das espécies de Australopithecus não tinha uma adaptação ao uso de instrumentos melhor do que aquela que verificamos atualmente junto aos símios. Dentre todas as espécies do Gênero Australopithecus, a espécie garhi parece ter sido a única que apresentou adaptação ao uso de ferramentas, uma vez que entre seus fósseis têm sido encontrados instrumentos e restos de animais retalhados, sugerindo que essa espécie tenha tido alguma intimidade com a produção e uso de instrumentos de pedras lascadas.

    Nesse sentido, a ciência entende que foi o Australopithecus garhi quem começou a desenvolver e fazer 28

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões uso das primeiras ferramentas confeccionadas com paus e pedras lascadas, dando assim, início à Cultura Paleolítica. Esse fato faz com que muitos cientistas apontem essa espécie de Australopithecus como sendo a mais próxima do Gênero Homo.

    Dessa forma, o surgimento do Australopithecus garhi marca o início da escala evolutiva que culminaria com o surgimento do ser humano.

    Ao que tudo indica em algum ponto entre 2,5 e 2,0

    milhões de anos, logo após o Australopithecus garhi ensaiar um tímido manejo de ferramentas, esta espécie acabou entrando em extinção, mas não antes sem dar origem à um novo gênero, o Gênero Homo. A espécie do Gênero Homo que parece descender diretamente do Australopithecus garhi é o Homo habilis, que teria surgido por volta de 2,1 milhões de anos atrás. Por esse motivo, o Homo habilis é comumente aceito como sendo o nosso primeiro ancestral humano.

    Mas ao contrário do que pode parecer, o fato é que a cadeia evolutiva parece que nem sempre percorre um caminho linear e sempre na mesma direção. Pelo contrário, ela às vezes parece dar um passo para trás para só então voltar a seguir em frente. De qualquer forma, o surgimento do Gênero Homo é o ponto que define a entrada em cena do ser humano sobre a face da Terra. A janela de tempo compreendida tempo entre 2,5 milhões e 2,0 milhões de anos atrás foi decisiva para o surgimento do Gênero Homo, ao mesmo tempo em que o Gênero Australopithecus entrava em extinção.

    Além do Homo habilis (surgido há 2,1 milhões de anos, na Tanzânia) também surgiram o Homo rudolfensis (há 2,5

    milhões de anos, no Quênia), e um pouco depois o Homo gautengensis (1,9 milhões de anos, África do Sul) e o Homo erectus (1,8 milhões de anos, áfrica oriental). Essas quatro espécies de seres humanos primitivos haviam surgido na África e começaram a fazer uso cada vez mais freqüente de 29

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões ferramentas de pedra lascada, e dessa forma, elas deram continuidade à Cultura Paleolítica.

    30

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões O surgimento do Gênero Homo

    A classificação biológica, ou taxonomia, é um sistema que agrupa os seres vivos em categorias, definidas de acordo com suas características em comum, bem como suas relações de parentesco evolutivo. O mais abrangente agrupamento da Classificação Taxonômica são os Reinos, que se dividem em: 1) Reino Animal, 2) Reino Vegetal, 3) Reino dos Fungos, 4) Reino Protista (organismos intermediários entre plantas e animais como amebas e algas) e, 5) Reino das Moneras (organismos unicelulares, como as bactérias). Logo abaixo dos Reinos, os seres vivos são agrupados por Filos, depois Classes, Ordens, Famílias, Gêneros e Espécies. A categoria básica é a Espécie, que é definida como sendo composta por membros semelhantes capazes de se reproduzir naturalmente e gerar descentes férteis.

    Pegando como exemplo a classificação taxonômica do Homem, a quem queremos elucidar as origens, temos: 1

    Reino

    Animalia

    2

    Filo

    Chordata

    3

    Classe

    Mammalia

    4

    Ordem

    Primates

    5

    Família

    Hominidae

    6

    Gênero

    Homo

    7

    Espécie

    sapiens

    Já vimos que o Reino Animal Surgiu por volta de 570

    milhões de anos atrás, a Classe dos Mamíferos há cerca de 135

    milhões de anos, a Ordem dos Primatas há cerca de 65

    milhões, a Família dos Hominídeos por volta dos 14 milhões de anos atrás e o Gênero Homo entre 2,5 e 2 milhões de anos 31

    A SAGA HUMANA, por Angelo Henrique Simões atrás. Considerando que animais pertencentes a uma mesma espécie são apenas aqueles capazes de acasalar entre si gerando descendentes férteis, consideremos o curioso caso do cruzamento entre duas espécies distintas: cavalos e jumentos.

    Ambos constituem duas espécies diferentes dentro de um mesmo gênero (ao qual pertence também a zebra). O fruto desse cruzamento é a mula, um animal incapaz de se reproduzir. Logo, não gera descendência.

    Cavalos e jumentos têm um ancestral comum e apresentam muitas semelhanças físicas, embora as mutações no DNA de uma espécie não poderão, dessa forma, ser transmitidas para outra. É importante destacar que todas as transições verificadas ao longo da cadeia evolucionária não acontecem de um dia para o outro, pelo contrário, elas levam muito tempo para se consolidarem, de maneira bastante lenta e gradual. Duas espécies distintas que tenham evoluído a partir de um mesmo ancestral, como é o caso de cavalos e jumentos, foram, num dado momento do passado, duas populações diferentes de uma mesma espécie, como é o caso das diferentes raças de cachorros que conhecemos hoje.

    No caso dos cachorros, embora os indivíduos possam parecer fisicamente bastante diferentes entre si, são todos membros de uma mesma espécie. Por maiores que sejam as aparentes diferenças físicas entre eles, os cães domésticos são capazes de se acasalar entre si gerando descendentes férteis.

    Suponha que vivessem na natureza, Dálmatas e Pastores Alemães, que sabidamente pertencem a uma mesma espécie.

    Estas duas diferentes populações de uma mesma espécie poderiam, com

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