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O solitário do universo
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E-book311 páginas4 horas

O solitário do universo

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Sobre este e-book

Depois de se afastar de sua missão divina, Luciano Rübinger, a reencarnação do Apóstolo Simão, precisa passar vinte e uma noites em uma ilha, sendo visitado por Jesus de Nazaré e reaprendendo todas as verdades cristãs, tirando a venda que cobre os olhos da humanidade do século 21, impedindo-a de enxergar que as verdades de Jesus foram deturpadas por falsos profetas.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento21 de mar. de 2022
ISBN9786525410975
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    O solitário do universo - Luciano Rübinger

    Prefácio

    A caminhada foi longa e cheia de sacrifícios. Foi necessário te conduzir por sete iniciações, peregrinar pela Kabala do Cristo Jesus, buscar conhecimentos nos registros Akáshicos... Aí, então, o discípulo agigantou-se e eu, com toda humildade, entrego a ti o meu Báculo de Mestre, sabendo de antemão que sempre honraria este meu ponto de equilíbrio.

    Paz a sua alma possuída pelos anjos da sabedoria.

    Fernando Santana Rubinger.

    Era o ano de 1962, em uma pacata cidade do interior mineiro. Eu estava com dez anos e era o filho caçula da nossa numerosa família. O meu pai era espiritualista, pesquisador de fenômenos paranormais, praticante de regressões a vidas passadas, ufólogo e colaborador do General Uchoa.

    Nós éramos inseparáveis e tínhamos o apelido de Tico e Teco, os dois esquilos da Disney. O meu pai, além de maluco total, tinha um coração maravilhoso. Era caridoso e totalmente desapegado das coisas materiais. Se passássemos na rua e ele encontrasse um mendigo com frio, tirava o seu paletó e vestia o pobre coitado. Certa vez, estávamos andando pela cidade e havia um mendigo sentado na calçada, encostado na parede, com uma imensa ferida na perna. O meu pai foi até uma farmácia e comprou os medicamentos fiado, porque ele ganhava apenas um salário para sustentar nove filhos legítimos e mais os doze que adotara; éramos ao todo vinte e um, mas além de pobre ele era muito responsável e cumpria sempre seus compromissos. Eu sentei na beirada da calçada e fiquei observando meu pai curar a ferida do mendigo. Nesse momento, senti uma emoção inexplicável e comecei a chorar, o meu pai então perguntou-me:

    — Por que você está chorando? Está doendo em você?

    — Não sinto dor, não, pai, é que até hoje eu só vi duas pessoas curarem as pessoas, o senhor e Jesus de Nazaré, em Jerusalém!

    — Santo Deus de misericórdia! O que você está me dizendo é muito sério!

    — É sério, pai, eu não sei o porquê, mas eu sempre me lembro de Jesus, todas as vezes que vou dormir, sempre sonho que estou junto com Ele, em Jerusalém.

    — Chegando lá em casa eu quero saber dessa história, eu bem que já andava desconfiado que você não é nada normal. É o velho ditado: Filho de peixe, peixinho é.

    — Nossa, pai! Será que eu vou ser um maluco, pirado, igual ao senhor?

    — Ponha maluquice nisso, filho, o louco aqui ainda vai ser seu discípulo!

    Voltamos para casa. Meu pai havia cumprido mais uma das suas caridades. À noite, enquanto minha mãe e minhas irmãs ouviam novela no rádio, eu e o papai sentamos na varanda, e então perguntei-lhe:

    — Pai, por que eu sonho tanto com Jesus e nos meus sonhos as cenas que eu vejo não são iguais às que as igrejas pregam?

    — Você está me dizendo que você vê tudo diferente?

    — Sim, pai, não tem nada a ver com o que dizem.

    — Interessante, esses seus sonhos. Pode ser uma viagem astral ou uma regressão a vidas passadas espontâneas, isso é perfeitamente normal. Como você se sente ao acordar dos seus sonhos?

    — Eu me sinto bem, não tenho medo, eu até gosto de sonhar com Jesus, mas nos meus sonhos eu sou velho, diferente, mas eu sei que sou eu.

    — Filho, você se importaria se eu lhe submetesse a uma regressão a vidas passadas?

    — Mas isso vai doer?

    — Não! Vai ser igual sonhar, como se você estivesse vivendo em qualquer lugar no passado. É simples: eu vou apenas harmonizar o seu corpo e, depois de relaxado, as cenas que você vivenciou aparecerão em sua mente, como se fosse um filme.

    Por meio de dezenas de regressões, nós descobrimos que eu havia sido Simão, o mais novo apóstolo de Jesus àquela época. Meu pai descobrira também que eu havia reencarnado, isto é, havia voltado a pedido da hierarquia superior para o restabelecimento das verdades integrais de Jesus de Nazaré. Desvendamos toda a trajetória de Jesus, o seu nascimento, a sua infância, a sua adolescência, seu estágio dos 7 aos 14 anos nas comunidades essênias, sua ida para a Índia, China e o Tibet, sua volta a Jerusalém, o mistério da sua crucificação, uma incrível trama armada, para que Jesus escapasse com vida e pudesse voltar para a Índia, China e o Tibet.

    A minha infância e parte da minha adolescência foram todas direcionadas para o que a hierarquia superior chamava de Missão das Missões. Já era de meu conhecimento que todos os apóstolos estavam encarnados, eu só não sabia onde encontrá-los.

    Aos 14 anos recebi um golpe fatal: o meu pai desencarnou, voltando para as comunidades superiores. Eu não poderia contar nada a ninguém, teria que submeter-me a um silêncio profundo, para não ser ridicularizado pelos hipócritas que se julgavam representantes de Deus. O tempo passara, eu me tornara um adulto, totalmente desvirtuado da minha missão. Eu lutava para me desvincular do passado que me atormentava a todo instante. Prometi a mim mesmo que o esqueceria — teria que ser uma pessoa normal, entrar para o mundo do preestabelecido. Todas as cenas vivas de Jerusalém saltavam em minha mente, dividindo a minha personalidade, e eu vivia duas vidas em uma. A hierarquia superior mantinha-se em silêncio e na grande expectativa de que eu assumisse a Missão das Missões. Apesar da minha convicção de que eu realmente ainda era um apóstolo de Jesus, eu me opunha e fazia um grande esforço para ser um ser humano comum.

    Eu já estava com meus vinte anos. Trabalhava em uma estatal que fazia estradas de rodagem. Aprendi ali a arte de projetar. Essa profissão me fascinava, pois era uma arte de criar e vencer desafios. Até então, nunca mais havia feito regressões a vidas passadas. Nesse intervalo de tempo, ficaram apenas as lembranças da minha calada infância. Eu permanecia alheio a tudo, em silêncio absoluto.

    Meu velho e bom pai soube, com maestria, ensinar-me a sabedoria do silêncio. Numa bela noite, estava deitado no meu quarto, em um acampamento. Nesse quarto moravam eu e mais três pessoas. Os três já dormiam, descansando de um dia puxado de trabalho. Deitado em minha cama, não conseguia dormir, talvez pelos roncos sonoros dos meus colegas. Levantei-me, acendi a luz, peguei um cigarro e deitei-me novamente.

    De repente, escutei um estalo. Uma faísca incandescente correu pelo quarto e explodiu sem barulho ao lado da minha cama. Um brilho incandescente iluminou as paredes.. Assustado, olhei para os meus colegas, mas eles estavam dormindo. Virei-me para levantar e ali, ao lado da minha cama, estava o meu pai, suspenso no ar. Fiquei paralisado. Ele olhava-me com um sorriso amável e seu semblante era de pura paz. Tentei gritar ou falar, mas suas mãos cobriram os meus lábios. E, telepaticamente, disse-me:

    — Lembra-se, filho, que lhe disse que, quando eu voltasse para as comunidades superiores, você poderia encontrar-me onde houvesse um riacho, árvores e pássaros?

    — Sim, eu havia me esquecido.

    — Então, filho meu amado, sempre que quiser falar-me, procure a natureza, porque ali estarei à sua espera para vos alertar.

    Sem dizer mais nada, meu velho e bondoso pai desapareceu da maneira que havia chegado. Permaneci sentado e olhei se os meus colegas continuavam dormindo. Um frio correu pela minha espinha e perguntei a mim mesmo:

    — Será, meu Deus, que estou tendo alucinações? Será que vai começar tudo de novo?

    Os dias que se sucederam foram relutantes, até que, no domingo de folga, resolvi tirar essa história a limpo. Perto do acampamento, havia um riacho que corria entre várias rochas de difícil acesso. Rumei para lá. O céu estava claro, e o sol se fazia forte. Chegando àquele lugar, sentei-me em uma das rochas e assim pude apreciar aqueles microcosmos. Uma luminosidade apareceu entre as folhagens e então perguntei:

    — Pai, o senhor está aí?

    — Sim, venha até aqui, pois este é um processo de projeção astral. Não podemos projetá-lo no claro, pois dificulta a visão carnal.

    Meu pai tinha razão. A sua imagem era muito sutil, totalmente transparente e, ao sol, não dava para percebê-lo. A comunicação não era direta e, sim, telepática. Então perguntei-lhe:

    — Por que o senhor me abandonou tão cedo?

    — Você mesmo, filho, disse-me que teria de cumprir os seus débitos das vidas pretéritas, lembra-se?

    — Sim, eu me lembro. Mas sua vida não tem nada a ver com meus débitos cármicos, não é mesmo?

    — Claro que não! Mas eu também já havia cumprido a minha missão. Ainda restavam alguns anos ao seu lado, mas a hierarquia superior achou por bem antecipar o meu tempo.

    — Mas eles não podiam fazer isso!

    — Sim, filho, eles não podem nunca interferir em nosso tempo, desde que esse tempo seja preestabelecido dentro da missão de cada um. Se terminarmos a nossa missão dentro do tempo biológico humano, podem. Entendeu?

    — Sim, mas eu não me conformo!

    — Veja bem, eu estou nessa sacrificante projeção para que você entenda tudo e não vacile mais em suas revoltas. Lembre-se, a hierarquia superior não o obrigou a encarnar. Você se ofereceu em holocausto para restabelecer as verdades. Portanto, filho, vou lhe explicar mais uma vez. O resto do meu tempo biológico poderia ser mais desastroso para você e para a Missão das Missões. Eu poderia, com o meu excesso de amor e a proteção comum de um pai carnal, interferir em seus débitos cármicos. Estando ao meu lado e sabendo da sua missão, eu a tornaria muito fácil para você e, talvez, até precoce a missão que nosso mestre nos confiou. Você me disse tantas vezes que o nosso Pai não concede privilégios e agora você os quer?

    — Sim, pai, o senhor tem razão. E quanto às minhas regressões a vidas passadas e viagens astrais? Eu não as faço mais. Por mais que eu tente, eu não consigo.

    — Não se preocupe, a missão é assim mesmo. A primeira parte já passou, agora é o ajuste cármico, os encontros e desencontros. Pagarás ceitil por ceitil e quando terminar o acerto de contas, começará novamente a segunda parte. Não se preocupe agora com os mortos, pois, como você mesmo disse, dos mortos cuidam os mortos e dos vivos cuidam os vivos. Portanto, da espiritualidade cuidamos todos nós, e da vida material cuidem vocês. Deixo-lhe a minha paz, não lhe deixo a paz deste mundo, mas sim a paz das comunidades superiores.

    Ele se foi como uma luz que se apaga. Sentei-me novamente na pedra e coloquei os pés nas águas do riacho. Minhas lágrimas se mesclavam com a correnteza. Os lambaris beliscavam os meus pés, querendo acordar-me, enquanto eu refletia sobre tudo aquilo.

    Ao voltar para o acampamento, passei ao lado de uma pequena lagoa. A água estava completamente parada. Olhando aquela água, pensei comigo: no universo nada está inerte, tudo se movimenta numa sincronia perfeita. Assim, peguei uma pedra e arremessei-a ao centro da lagoa. Quando a pedra atingiu a água, o seu impacto provocou vários anéis de ondas, partindo do ponto de impacto e expandindo em círculos perfeitos até atingir as margens. Os anéis de ondas eram milimetricamente perfeitos, mas tão perfeitos, que olhei para o céu e disse:

    — Obrigado, Pai Amado, pela vossa infinita sabedoria e que se cumpra em mim os vossos desígnios, a vossa sacrossanta vontade.

    Os anos foram passando; a cerveja, o cigarro, as festas, as orgias, os assédios dos irmãos das trevas, os amores corruptos, a inveja, o ciúme e a disputa pelo pão nosso de cada dia já prenunciavam as cobranças cármicas. E tome sofrimento! O menino puro, o pequeno apóstolo acabou. Nada mais dele havia naquele adulto. Meu espírito já era corrupto e cheio da lógica humana.

    Em 1980, eu era um bom projetista, de uma das maiores empresas de construção do país, com sede em Belo Horizonte. Certa manhã, estava em minha mesa especial para projetos. Nesse dia, eu estava projetando os métodos construtivos para o metrô de São Paulo. O nome São Paulo me incomodava e me chamava a atenção. Foi-me dando uma sonolência e uns arrepios no corpo. Começaram então a aparecer na mente as lembranças da minha infância em que tantas vezes, por meio de regressões, eu me encontrara com o apóstolo Paulo, em Jerusalém.

    Levantei-me, entrei na sala do meu chefe e disse-lhe que precisava ir ao banco, mas seria apenas por meia hora. Ele autorizou. Peguei o carro, fui ao banco, saquei o dinheiro, passei em um posto de gasolina e enchi o tanque. Sentia no meu corpo uma espécie de dormência e uma forte pressão nos ouvidos. Naquele momento, iniciava-se o maior acontecimento que um ser humano poderia presenciar e que mudaria radicalmente toda a minha vida.

    Dirigindo como um autômato, tomei a direção da BR-040. O carro deveria estar no piloto automático. Eu dirigia como um robô, não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Depois de percorrer trezentos e cinquenta quilômetros, cheguei à cidade de Pirapora, às margens do rio São Francisco. Desci do carro e fui até às margens daquele imenso rio. Ao lavar o rosto com suas águas cristalinas, veio à minha mente a lembrança do doce João Batista, quando ele nos batizou no rio Jordão. Saindo dali, fui a um barzinho coberto com folhas de coqueiro, pedi uma cerveja com surubim frito e fiquei tentando descobrir mais um enigma, porque a minha vida por si só já era uma grande incógnita.

    Passado algum tempo, observei dois senhores me olhando. Deviam estar procurando alguém com o meu perfil. Aquilo já estava me incomodando. Chamei o garçom e perguntei-lhe se conhecia aqueles homens. Disse-me que eram pessoas ótimas, de bem, e faziam parte de um grupo espiritualista. Pensei logo comigo: isto não está me cheirando bem, do jeito que sou azarado... vai sobrar para mim. Os dois senhores aproximaram-se da minha mesa e, educadamente, perguntaram-me se poderiam conversar comigo. Disse-lhes que sim e puxei as cadeiras para que se sentassem. O mais velho foi logo dizendo:

    — Nós sabemos que você não é daqui pela sua cor, porque aqui somos bem queimados de sol. Você veio de onde?

    — Eu moro em Belo Horizonte. – Os dois se entreolharam.

    — Sabe, seu moço, vamos direto ao assunto. O meu amigo aqui é vidente, tem esse dom de enxergar além da matéria.

    — Sim! — respondi-lhe. – Eu sei como isso funciona, mas e daí?

    — Nós estávamos ali, observando você, e esse meu amigo viu uma marca, ou melhor, o símbolo de um peixe em sua testa. Segundo ele, este símbolo era usado pelos apóstolos que foram iniciados pelos essênios àquela época.

    Eu estava perplexo, estático e mudo, simplesmente não podia acreditar.

    — Mas eu nunca vi este símbolo na minha testa – disse-lhes.

    — Você não viu porque não é vidente, e, para vê-lo, somente um vidente muito bom consegue. Mas este símbolo não está impresso na sua pele, está em seu espírito, eu também estou vendo a sua chama iniciática em seu chacra principal.

    — Sim, eu entendi! Eu quero saber o que os senhores querem comigo.

    — Nós o estávamos procurando, aliás, nós o encontramos, Simão!

    — Mas o meu nome é Luciano, não sou o Simão.

    — Nós queremos dizer que encontramos o Luciano que foi o apóstolo Simão em Jerusalém. Não temos dúvidas, temos todas as evidências.

    — Como vocês podem ter tanta certeza, se esse segredo somente eu e o meu pai sabíamos?

    — Eu lhe disse, se quiser uma prova, venha conosco e mostraremos.

    Acompanhei-os até uma casa que servia para reuniões espiritualistas. Chegando lá, pediram-me que esperasse até que me mostrassem as tais provas. Alguns minutos depois, chegaram com algumas fitas, gravador e papel.

    — Aqui está uma mensagem do Espírito de Verdade, o Paráclito, o porta-voz de Jesus de Nazaré. Leia você mesmo. Ela foi psicografada ontem.

    Eu não podia acreditar, mas era verdade. A mensagem, ou a psicografia, dizia o seguinte:

    Venho nesta noite, para trazer-vos a paz duradoura das comunidades superiores do nosso Pai e a certeza em vossos corações. Filhos meus amados, amados filhos meus, venho para anunciar a todos vós que amanhã chegará aqui no meio de vós, um de vossos irmãos que perdido está, que desgarrado se encontra da missão que a ele foi designada pelo nosso Pai de bondade. Missão essa que seria restabelecer todas as verdades integrais do Nazareno, o Galileu bendito.

    Falo-vos do apóstolo Simão, uma das pérolas do nosso Pai, que reencarnou novamente neste vosso mundo e que passa pela conturbação desta vossa sociedade inconsequente. Identificai o Simão amado por meio da marca indelével em sua fronte, o símbolo do peixe que era o símbolo usado pelos essênios daquela época, e a chama iniciática em seu chacra principal.

    Peça ao Simão amado para que permaneça em uma ilha do vosso rio por trinta dias e trinta noites do vosso tempo. Esse é o desejo do nosso mestre Jesus de Nazaré, o solitário do universo, que quer se comunicar com o seu apóstolo Simão, para o restabelecimento de todas as suas verdades integrais, deturpadas por milênios. Transmita ao Simão amado que é de suma importância para o Messias bendito, esse reencontro nesta ilha para tirar o Messias da solidão. Transmita ao filho amado que não será obrigado a fazê-lo, temos que respeitar o livre-arbítrio de cada um.

    Deixo-vos a minha paz, a paz verdadeira do nosso Pai, e que Ele possa, na sua bondade infinita, recompensar a todos vós.

    Fiquei ali, com um nó na garganta e os olhos repletos de lágrimas. Os dois senhores perguntaram-me:

    — E então, Simão, vai submeter-se ao pedido do Messias?

    — Isto é uma loucura! Como posso ficar em uma ilha deserta por trinta dias? E o meu emprego? Não! Não estou preparado, nem de corpo nem de alma. Eu sinto muito, já sofri demais em toda minha infância e adolescência. Prometi a mim mesmo esquecer toda essa paranoia.

    — Simão, o nosso dever foi encontrá-lo. Não podemos obrigá-lo a ir, porque também respeitamos o livre-arbítrio — disse-me o mais velho.

    — Eu sei, mas eu não posso arrebentar de novo a minha vida, sofri muito para conseguir esse emprego. Vocês me perdoem, mas estou voltando para Belo Horizonte.

    Despedi-me dos senhores, entrei em meu carro e peguei o caminho de volta. Andei uns 20 quilômetros e parei em um posto de gasolina para abastecer. Ao encostar-me na bomba, procurei a minha carteira e não a encontrei. Eu devia tê-la perdido no barzinho ou na casa espiritual. Retornei à cidade, passei no barzinho, e lá ela não estava. Voltei até a casa espiritual para tentar encontrá-la. Quando entrei na sala, havia várias pessoas reunidas. Eram médiuns de incorporação, seres harmonizados que recebiam espíritos da alta hierarquia para transmitirem suas mensagens. Eu não podia interrompê-los enquanto transmitiam as mensagens. Sentei-me em um dos bancos e fiquei esperando o fim da reunião. Minha pobre vida, naquele instante, estava prestes a virar de cabeça para baixo, pois um dos médiuns recebeu novamente o Espírito de Verdade, que dizia assim:

    — Pai amado, Pai de misericórdia e justiça, Pai de infinita bondade, dai-me a sua magnitude, onipresença e vossa sabedoria para que possamos, Pai, cumprir a vossa determinação e os vossos desígnios.

    "Filhos meus, amados e abnegados, venho nesta noite para dizer a cada um de vós que abençoados sejam por toda a eternidade todos aqueles que com muito sacrifício levam adiante as suas missões; missões essas que foram pedidas por vós mesmos nas comunidades superiores.

    "Filhos meus, amados, hoje esteve aqui entre vós, Simão, amado do nosso Pai. A hierarquia superior se encontrava em júbilo, o Messias bendito se encontrava jubiloso, na expectativa do seu apóstolo querido aceitar reencontrar-se com o Nazareno naquela ilha. Filhos meus, amados, pela verdade e somente pela verdade vos digo que todos nós da hierarquia superior neste instante nos encontramos apreensivos, em tristeza profunda. O Jesus de Nazaré se encontra desolado e triste, por se sentir o grande solitário do universo, longe do seu irmão, o Simão amado, que prometeu ao Messias restabelecer as suas verdades. Filhos meus, amados, não podeis todos vós imaginar a profunda tristeza em que se encontra o Messias de Deus. O restabelecimento das verdades integrais depende exclusivamente dos seus apóstolos, que por amor e determinação do nosso Pai, aceitaram a grande missão de reencarnarem novamente neste planeta denso, para o sacrifício pedido pelo Galileu bendito e abençoado. A hierarquia superior não pode intervir nos acontecimentos, porque respeitamos o livre-arbítrio de cada um. Mas pela verdade vos digo que Simão amado, mesmo não aceitando continuar na missão, será abençoado pelo nosso Pai, porque o nosso Pai é o próprio perdão absoluto e sabe da fraqueza da carne.

    Fiqueis, pois, na paz dos mundos mais superiores, que o nosso Pai de bondade possa recompensar a cada um de vós.

    Terminada a reunião, eu estava novamente em prantos. As pessoas ali presentes confortavam-me. Os dois senhores abraçaram-me, com lágrimas nos olhos sem dizerem uma palavra sequer. E naquele silêncio profundo, apenas se ouviam os meus soluços e o pingar das minhas lágrimas. Naquele momento, eu sabia que a minha pequenina vida já não seria a mesma. Eu mentalmente pedia ao meu Pai Criador que daquele momento em diante tivesse misericórdia do meu pequeno ser.

    Tomei ciência dos procedimentos que deveria aplicar na ilha. Emprestaram-me um barco, barraca, artigos de pesca, lona e utensílios domésticos. Fiz uma compra para um mês no supermercado. Estava tudo pronto. Partimos pela manhã, andamos uns trinta quilômetros por uma estrada de terra e, ao chegarmos no local, descarregamos as tralhas, colocamos tudo no barco e rumamos até a ilha. Montamos a barraca, jirau, barraca para a cozinha, uma mesa portátil e duas cadeiras. A ilha não era grande, tinha algumas vegetações, areia e rocha. Tudo pronto, os dois senhores me passaram as últimas recomendações. Antes de retornarem, disse-lhes:

    — Podem avisar à hierarquia superior e a Jesus de Nazaré que já estou à sua espera.

    O mais velho respondeu-me:

    — Não é preciso, Simão. Se você fosse um bom vidente, já veria aqui em toda a ilha, todos os guardiões do espaço, todos os cavaleiros de proteção e as turbinas etéricas de desintegração das energias negativas.

    — Nossa! Para que tudo isso? — perguntei-lhe, assustado.

    — O Messias Nazareno não pode se projetar em espírito se o ambiente estiver impregnado, carregado de energias negativas e a atmosfera densa. É necessária uma assepsia do ambiente para torná-lo mais puro. O mais importante são os guardiões do espaço, que estarão por vinte e quatro horas lhe protegendo das investidas dos cavaleiros do apocalipse, dos irmãos das trevas que com toda certeza não querem que esse reencontro se realize, para o restabelecimento das verdades integrais. Eles não querem o esclarecimento da humanidade.

    — Agora o que é que você me diz disso? Será que esses caras das trevas não vão burlar a segurança e ficar aqui me enchendo o saco?

    — Não! Não terão a menor chance! Você não pode ver, mas eles já cobriram toda a ilha com uma espécie de rede magnética etérica. É um tipo de campo de força impenetrável. Pode ficar tranquilo, eles não terão a menor chance, é como se fosse uma teia de aranha onde se prendem os insetos. Depois dos espíritos das trevas se prenderem, os guardiões do espaço os levam.

    Levei os dois até à margem do rio, voltei para a ilha e sentei-me na areia para refletir um pouco sobre tudo aquilo. A noite chegara. O céu estava limpo, dava para contar todas as estrelas. Uma brisa leve e fria levava consigo o calor daquele sertão mineiro. Fiquei ali, sentado, por um bom tempo, relembrando toda a minha infância e adolescência ao lado do meu pai, as regressões a vidas passadas, as viagens astrais e as doces lembranças de Jerusalém.

    Preparei-me para dormir a minha primeira noite naquela ilha. Eu sabia que as nove primeiras noites seriam para que os médicos siderais implantassem em todo o meu corpo físico e etérico as placas de precisão iniciáticas. Fariam uma verdadeira assepsia e desintoxicação nos meus plexos. Eu teria de me tornar novamente puro e digno para receber o

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