Imagens De Outra Vida.
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Imagens De Outra Vida. - Marcos Revolta Estevam
Imagens de outra vida
Marcos Revolta Estevam
Ficha catalográfica.
Título: Imagens de outra vida
Esta é uma obra produção independente.
Autor: Marcos Revolta Estevam
Capa: Marcos Revolta Estevam (Canva.com/pro)
Edição e Revisão: Marilane Pusvaskis
São Bernardo SP - Brasil
1ª edição, 2014
Certificado Digital de Direito Autoral
Número do registro:
141382000563067600
@Copyright de Marcos Revolta Estevam
Todos os direitos reservados
São Paulo, Brasil
Número: CBL-ISBN
978-65-00-29646-4
Dedicatória
Dedico este livro a minha esposa Marisa, pela paciência, pelo incentivo, pela ternura e por sua incessante palavra motivadora.
Também pelo carinho e emoção que demonstrou ao ler a minha simples obra, motivando-me a terminá-la e prosseguir criando outras.
Sumario
Prefacio: Imagens de outra vida.
Capítulo 1: Em uma colônia espiritual próxima da terra.
Capítulo 2: A Aurora da Jornada
Capítulo 3: Vislumbres do Ontem.
Capítulo 4: Luzes do Passado, Sombras do Presente
Capítulo 5: De volta novamente.
Capítulo 6: Novas Imagens.
Capítulo 7: Festa em família.
Capítulo 8: Tudo recomeça.
Capítulo 9: Outro dia.
Capítulo 10: Revelações.
Capítulo 11:Um caso intrigante.
Capítulo 12: Pesadelos que não cessam.
Capítulo 13: A despedida de Genaro.
Capítulo 14: Mais uma noite.
Capítulo 15: Resgatando o passado, resgatando vidas.
Capítulo 16: Fazendo tudo diferente.
Capítulo 17: Missão quase cumprida.
Capítulo 18: Missão cumprida.
Prefácio
A inspiração por trás de Imagens de outra vida
É com profunda gratidão que compartilho com você, estimado leitor, a jornada de criação que resultou no livro Imagens de outra vida
. Desde o momento em que as primeiras ideias começaram a se formar em minha mente até a conclusão desta obra, senti-me guiado por uma força maior, por amigos espirituais que me inspiraram a transmitir uma mensagem de significado profundo.
Ao longo de minha própria trajetória pessoal, deparei-me com momentos de reflexão sobre as escolhas que fiz e as consequências que delas advieram. A frase Ah, se eu pudesse voltar ao passado, efetuaria tudo diferente!
ecoava em meus pensamentos, assim como tenho certeza de que ressoa nos corações de muitos.
Foi essa inquietação interior que me impulsionou a explorar o tema da redenção e do poder transformador do amor e da consciência.
Mergulhei nas profundezas da alma humana, onde se encontram guardadas as memórias de vidas passadas e as conexões que transcendem o tempo presente.
Assim, surgiu Rafael, o personagem principal de Imagens de outra vida
. Sua história é um retrato da luta contra a tristeza, a pobreza e a rejeição, elementos que muitas vezes nos fazem questionar o propósito de nossa existência. Por meio de sonhos reveladores, Rafael descobre a relação íntima entre seu passado distante e os desafios que enfrenta no presente. Escrevi este livro com a intenção de despertar em cada leitor a compreensão de que nunca é tarde para mudar o rumo de sua própria história. Através da jornada de Rafael, espero que cada um encontre inspiração para abraçar o presente com coragem e sabedoria, compreendendo que nossas escolhas têm um impacto duradouro.
Imagens de outra vida
é uma obra que transcende as palavras impressas nas páginas. É um convite para mergulhar nas profundezas de sua própria alma, para confrontar suas próprias memórias e experiências passadas. É um chamado à reflexão sobre como podemos moldar um futuro mais gratificante mediante ações conscientes e amorosas.
Ao escrever este livro, abri meu coração e minha mente para os insights espirituais que fluíam em mim. Transmiti uma mensagem sublime sobre a vida, na esperança de tocar o âmago de cada leitor. Pois acredito que todos nós, em algum momento, nos questionamos sobre o propósito de nossas vidas e ansiaremos por uma segunda chance.
Convido você a se deixar envolver pela história de Rafael, a se emocionar com suas descobertas e a refletir sobre sua própria jornada.
Que Imagens de outra vida
seja uma luz a guiar seus passos, recordando-lhe que sempre há tempo para mudar, para oferecer amor e carinho, para abraçar a transformação que a vida nos oferece.
Agradeço por embarcar nesta jornada literária comigo. Que esta obra possa lhe trazer insights profundos, despertar sua imaginação e inspirá-lo a viver plenamente cada dia de sua existência.
Com carinho, Marcos Revolta Estevam.
Em uma colônia espiritual próxima da terra
O
s ventos do destino sopravam com uma intensidade desconcertante, tecendo fios invisíveis que ligavam minhas vidas passadas á presente.
Meu nome é Rafael e estou na iminência de embarcar em uma nova jornada, uma nova encarnação, mas desta vez, não como a última vez, onde as memórias dolorosas de uma vida anterior me assombraram.
Não é sobre a minha atual preparação para o retorno que desejo narrar agora, mas sim sobre minha última passagem pela terra. Há vinte e seis anos, eu estava no ventre de minha mãe prestes a nascer, mas meu nome ainda não era Rafael.
Eu retornava de uma encarnação anterior onde fui Alexandre Napoleão de Andrade
, um nome imponente, reminiscente de um grande líder.
No século XIX, fui um próspero industrial italiano do ramo têxtil. Parti aos sessenta e seis anos, mergulhado em um abismo de tristezas, ódio, admiração, amores e riquezas, deixando para trás uma vida repleta de contrastes.
Após uma longa estadia nas sombras, estava prestes a retornar para uma nova existência, porém, meu egoísmo e ganância me impediram de aceitar um recomeço sem as memórias da vida anterior.
O receio de perder a identidade que construí e as conquistas que alcançara era avassalador, um peso que comprimia meu peito e obscurecia meu discernimento.
Minha avareza, essa ânsia insaciável por acumular riquezas, cegava-me para a verdadeira essência da vida, como se cada existência fosse apenas uma oportunidade de acumular mais, em vez de uma jornada de redenção e renovação, uma chance de evoluir além das limitações do ego.
Foi então que o destino teceu sua trama…
A Aurora da Jornada
N
asci em São Paulo, no bairro do Bexiga, em janeiro de 1970, em uma família de imigrantes pobres. Meus pais, descendentes de colonos, haviam deixado para trás a vida rural em busca de melhores oportunidades na cidade grande.
Meu nome, Rafael, foi escolhido por minha mãe em homenagem a um personagem popular da época. Em nosso modesto lar dentro de um cortiço, o rádio era um luxo reservado a poucos. Dona Pepa, nossa vizinha, mantinha o aparelho ligado durante o dia, enquanto as mulheres da vizinhança se reuniam para lavar roupas no tanque comunitário.
Minha infância transcorria tranquilamente até meus sete anos. Eu brincava pelas ruas, sonhando em ser um craque do futebol, emular os feitos de Pelé e Garrincha. Nas tardes livres, depois da escola, ajudava a complementar a renda familiar vendendo biju (um biscoito doce, crocante e quebradiço feito com uma massa seca de polvilho ou de farinha de trigo) pelas ruas do bairro.
Tudo mudou em um dia fatídico. Enquanto vendia biju, deparei-me com um outdoor que exibia imagens de uma grande tecelagem, antes e depois. O fundador, retratado no anúncio, despertou em mim uma estranha familiaridade, como se o conhecesse de algum lugar. Desviei o olhar, mas a imagem persistia em minha mente, evocando memórias obscuras de um passado distante.
A partir daquele dia, algo mudou dentro de mim. A figura do fundador da tecelagem me assombrava, infiltrando-se em meus sonhos e perturbando meu sono.
Nunca passara por tais experiências. Via-me em uma casa muito luxuosa, era um palacete como aqueles que existiam antigamente na Avenida Paulista.
A professora de história já falava a respeito dos barões do café, que compravam esses palacetes luxuosos para quando viessem para a capital negociar suas safras e se instalar neles com todo luxo. Em meu sonho, andava por aquele palacete como se já o conhecesse.
Os empregados passavam por mim e me faziam reverência como se eu fosse alguém muito importante. Via em seus semblantes que tinham certo medo de mim.
A cada sonho, fatos novos surgiam. Acordava sempre assustado e não queria mais sonhar, mas não havia jeito. Desejava contar esses sonhos a minha mãe, mas ela era uma pessoa muito ocupada, tinha que cuidar da casa e fazer os bijus para que eu pudesse vendê-los nas ruas, e lavar roupas para fora.
Ela não conseguia dar muita atenção para mim, pelo menos era o que eu achava.
Apesar de ser minha mãe, não demonstrava muito carinho por mim. No entanto, ela se dava bem com meu irmão mais velho, parecia ter uma afeição profunda por ele. Às vezes eu tentava, em vão, falar com meu pai quando estava sóbrio e não brigava com todo mundo, mas ele vivia embriagado e parecia que odiava a sua existência.
Os dias foram se passando e nada mudava em minha vida.
Ao anoitecer, eu me deitei para descansar e tive o maldito sonho novamente. Era noite, eu descia de um carro antigo, parecia mais uma carruagem motorizada, no enorme quintal de um palacete cercado de um lindo jardim.
Dirigia-me à porta que fora aberta por um mordomo, entrava em uma luxuosa sala, entregava a cartola e a bengala que usava para ele, e ia até uma escadaria que me levava ao andar de cima onde ficavam os dormitórios.
Ao passar por um dos corredores, ouvi uma conversa que vinha de um dos quartos, parecia uma pequena discussão.
Curioso, entrei no quarto e vi uma mulher e um homem, e ela tentava detê-lo. Assim que me viu, esse homem gritou comigo, dizendo que eu o havia traído e apontou uma arma para mim.
Nesse momento, acordei assustado. Levantei correndo e fui até o quarto de minha mãe chorando. Preocupada comigo, no dia seguinte ela resolveu me levar a um médico particular do bairro, que atendendo a seu pedido, abriu uma exceção para me atender de graça, pois não tínhamos condições de pagar uma consulta. O médico me examinou e contei-lhe sobre meus sonhos.
Após conversar comigo, tentando entendê-los, disse à minha mãe que eu estava bem, apenas ficara impressionado com algo que acontecera comigo.
Ele sugeriu que eu tomasse um chá de erva-doce antes de deitar e disse que logo esqueceria aquilo tudo.
Minha mãe resolveu me levar até a igreja de Nossa Senhora de Achiotita, para falar com o capelão que se encontrava lá. Ele conversou comigo por um longo tempo, benzeu-me e deu-me um terço, dizendo para eu não mais me separar dele, e pediu que eu rezasse sempre antes de deitar, assim afastaria os sonhos perturbadores.
Realmente os sonhos cessaram por algum tempo, mas voltariam fortes e reveladores mais tarde.
No dia seguinte, minha mãe, que lavava roupa para fora para juntar um pouco de dinheiro e manter a casa, fora entregar a trouxa que havia lavado no dia anterior; me deixou cuidando de minha irmã do meio, que era cega, pois, por mais que já estivesse acostumada com a casa, sempre tropeçava nas coisas. Uma vez quase se queimou ao tentar fazer um chá. Ela também sofria constantemente de fortes dores de cabeça.
Meu pai trabalhava em um depósito no Mercado Municipal Central carregando os produtos dos caminhões para as barracas dos comerciantes, um trabalho honesto. O problema é que ele gastava todo o dinheiro com bebida antes de voltar para casa. Muitas vezes minha mãe, cansada, era obrigada a cuidar dele ou buscá-lo próximo de casa, caído na sarjeta.
Passaram-se vários dias de sono tranquilo até que tudo recomeçou. Meus sonhos davam continuidade ao pesadelo que me atormentava nas noites anteriores. O que estaria acontecendo comigo?
Se era apenas um sonho, por que eu acordava com a sensação de que não era? E por que eu sentia como se estivesse vivendo realmente aqueles momentos?
Vislumbres do Ontem
N
aquela noite, mergulhei em um sonho vívido e desconcertante. Envolto em uma aura de mistério, eu emergia do imponente palacete, adentrando o mesmo carro enquanto o motorista me cumprimentava com uma reverência respeitosa, dirigindo-se a mim como doutor Alexandre
. Por que me chamava assim? Era uma pergunta que ecoava em minha mente enquanto me afundava na ilusão onírica.
No sonho, eu experimentava a sensação de viajar de carro, algo que nunca havia feito em meus breves sete anos e meio de existência. Observava através da janela, absorvendo cada detalhe com uma mistura de fascínio e estranheza. As pessoas que cruzavam o meu campo de visão estavam vestidas peculiarmente, como se tivessem sido transportadas de um passado distante. Seus trajes lembravam aqueles dos avós de meus pais, como nos retratos antigos que minha mãe guardava com tanto carinho, lembranças congeladas em fotografias, testemunhas silenciosas do tempo que se esvaía.
Todas as pessoas ficavam olhando para o carro quando passava pelas ruas e pareciam espantadas com o veículo, afinal, era o único na cidade. Em meu sonho, não via o veículo por fora, apenas me via como um adulto dentro dele.
Percorremos uma grande avenida e fomos ao centro de São Paulo, próximo ao local onde meu pai trabalhava. Paramos e o motorista desceu, abriu a porta para mim, eu desci e me virei para apanhar a bengala que deixara no banco e, agora, pude ver o veículo por fora. Era lindo, todo preto com detalhes de madeira nas portas, por isso que todos olhavam admirados.
Entrei em um lindo prédio com acabamento em mármore, o mesmo material que revestia todas as colunas. Sei o que é mármore porque eu acompanhava minha mãe quando levava as roupas lavadas para uma de suas clientes, cuja casa possuía o mesmo acabamento.
Entramos em um elevador, aqueles que não têm porta e sim uma grade que se puxa para fechar quando se entra nele.
Fomos até o oitavo andar. Desci em uma larga recepção.
Ao fundo havia uma grande mesa e lá se sentava uma linda moça chamada Camila. Como sei?
Estava escrito em uma placa em cima da mesa.
Havia também grandes poltronas almofadadas, pareciam ser confortáveis.
Gostaria de ter uma dessas para me deitar no único quarto onde durmo eu e meus dois irmãos.
A moça levantou-se e foi em minha direção, apanhou meu chapéu, o casaco que estava em minhas costas e me deu bom dia
.
Entrei por uma porta que ficava atrás da mesa da moça.
Na sala havia uma mesa maior ainda e nela uma placa onde estava escrito Alexandre Napoleão de Andrade - Presidente
.
Afinal, quem era esse Alexandre? Será que em meu sonho eu estava sendo confundido com ele? Isso não importava, estar ali era bom, nunca tivera oportunidade de entrar em um lugar com tanta riqueza.
Quem sabe um dia serei rico e poderei dar uma condição melhor para a minha família.
A moça entrou na sala e fechou a porta, disse que eu tinha uma reunião na fábrica para acertar a compra