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O cárcere em mim: diário de Clau Weiss
O cárcere em mim: diário de Clau Weiss
O cárcere em mim: diário de Clau Weiss
E-book152 páginas1 hora

O cárcere em mim: diário de Clau Weiss

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Sobre este e-book

Nas linhas e entrelinhas se vê registros de sentimentos. No desconhecido rumo de uma pandemia, relatos de preocupação, lembranças e ansiedades de uma pessoa com TDAH.
A mudança brusca da maneira de viver trouxe reflexões, resgate do passado, melancolia e alguns aprendizados. O freio na vida, sempre em constante movimento, trouxe dores profundas e confusão de pensamentos.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento6 de jun. de 2022
ISBN9786525415789
O cárcere em mim: diário de Clau Weiss

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    O cárcere em mim - Clau Weis

    Prefácio

    Todos nós em diversos momentos da vida, somos direto e indiretamente contagiados e transformados por conta daquilo que acontece ao nosso redor, e por vezes, com que acontece também um pouco mais longe, ou quem sabe numa página de livro, numa ligação, num outro click e até num outro aplicativo que nesse momento devem estar concluindo para jogar na massa, e assim sucessivamente.

    Com ela não foi, não é e não será diferente.

    Ela foi sim contagiada e transformada. E eu não falo de pandemia.

    O contato dela com esse nosso mundo causou em si, desde os seus primeiros meses de vida, uma transformação ímpar.

    Sabe aquelas perguntas que toda criança faz? Ela sempre foi além! Queria fazer todas as perguntas e mais um pouco. E queria todas as respostas.

    Ela não só foi transformada como também transformou, e até hoje, com maestria, transforma o mundo ao seu redor. Aquela menina inquieta e barulhenta de outrora, deu lugar à mulher ímpar que é hoje.

    E se você quer saber: Não! Ela não parou desde que balbuciava as primeiras palavras enquanto percorria a sala e a casa toda.

    Aquelas palavrinhas, que antes pronunciava deram lugar a alguns livros que publicou. Os cômodos que percorria, hoje viraram cidades cheias de prédios, prédios cheios de pessoas e pessoas cheias de vida.

    Por um momento, tudo parou.

    Fique em casa! Se distraia! Só não saia!

    Podia pedir tudo para ela... menos isso. E pediram...

    O passeio ao ar livre. As conversas com os amigos. Aquela pauta do próximo livro enquanto curtia um happy hour. N-Ã-O S-A-I-A D-E C-A-S-A.

    Como que em letras cintilantes, piscando sem parar, dizendo: É para você Clau. (Para quem a conhece, mantê-la trancada em casa, ou obriga-la a fazer algo é assinar um contrato de inimizade).

    Alguém vai dizer: Pior que é bem assim!

    Porém, contudo, entretanto, todavia, enquanto ela olhava o silêncio externo, dentro de si o barulho era constante. E que barulho! No mesmo ritmo, no mesmo tom! Os diálogos eram intermináveis. As páginas sempre em movimento. As ideias pedindo para saírem dali e quebrarem alguns protocolos. O silêncio seria um, talvez o primeiro, assim ela pensava...

    E assim foi. Entre um café, um vinho e um tim tim, começaram as primeiras vogais... consoantes... e alguns pontos: Seu diário estava pronto!

    O cárcere em mim é um convite ao agitado mundo intrínseco de Clau, que com seu modo peculiar de ver e viver a vida, relata de diversas maneiras o seu EU mais íntimo.

    Um EU habitado por algumas dores, muitas conquistas, e claro, com infinitas maneiras de olhar a vida ao seu entorno, e sempre, sempre cheia de dúvidas.

    Ela nos convida a enxergar o presente diário, sem nenhuma pretensão, quer somente dividir os seus intermináveis dias de pandemia, pelo qual o mundo inteiro também passou.

    Até breve. Até sempre!

    Fernando Silveira

    Poeta

    Futuro incerto

    20 de março de 2020

    Como será futuramente? Não saberia dizer. O que vejo agora me tira o sono. Muito me preocupa e nada posso fazer.

    Estamos diante de algo novo, por enquanto inexplicável. Uma coisa chamada pandemia se aproximou sem avisar, causada por um vírus vindo de tão longe. Até achei que nunca chegaria. No entanto, adentrou no país de malas prontas, causando histeria.

    Separa-nos das pessoas que amamos e nos distancia de lugares onde sempre estivemos.

    Sempre ouvi dizer que o mais importante é ter saúde, o resto a gente corre atrás. Muitas pessoas, nesse momento, só estão preocupadas com o emprego, com o crescimento do país, com os números. Não que isso não seja importante e necessário, mas onde fica a vida nessa história?

    E o cuidado com as pessoas que amamos?

    Onde fica a solidariedade?

    Onde fica o bom senso?

    Tempos difíceis virão. Daqui, dentro do meu casulo, eu vejo, sinto.

    25 de março de 2020

    Os dias se tornam, para mim, meio confusos. São tantas informações que ao invés de me manterem bem, deixam-me com medo. Às vezes, a esperança chega e com ela o dia parece melhorar. Noutros momentos ela se vai e novamente o medo permanece dentro de mim.

    A dúvida corrói os pensamentos positivos, tornando-os ferramentas que controlam meu cérebro de maneira ruim, podendo me adoecer antes mesmo do maldito vírus. Posso tentar me enganar, dizendo que está tudo bem ou vai ficar tudo bem; que passará rápido e sairei ilesa dessa situação, nada acontecerá se o tal monstro não bater à minha porta, nem passar tão perto do meu lado. Será? Saber disso é impossível. É apenas um desejo, porque acredito que, de uma maneira ou de outra, todos seremos atingidos.

    26 de março de 2020

    Alguns momentos começam a ser aterrorizantes. Existe algo pesado no ar. Não é à toa que esse maldito vírus, para muita gente, sufoca, privando a respiração. Muitos ainda não entenderam a seriedade da pandemia, mesmo vendo todos os dias os horrores causados pelo mundo; insistem, à revelia, fechar os olhos, talvez por defesa de si mesmos ou por uma irresponsável ousadia.

    13 de abril de 2020

    Sou muito agitada. Quando pequena não fazia ideia do porquê. Aliás, nunca parava para pensar sobre minhas maneiras, apenas, como toda criança, vivia feliz. Adulta descobri coisas que então fizeram sentido. Durante esse tempo aqui em quarentena, tem sido difícil conviver comigo mesma. Há um barulho insistente em mim e nunca cessa. Há uma pressa em viver como se o tempo fosse curto. Há em mim uma certeza e milhões de dúvidas. Sou capaz de desistir facilmente e ao mesmo tempo lutar intensamente por coisas insignificantes.

    Sofro em demasia, tudo em mim é energia intensa, mas ao mesmo tempo também me alegro com a mesma veemência.

    Enlevo-me com quase tudo: natureza, música, dança, amor, poesia, bons papos...

    Existe algo que me retém, mas também me puxa e freia; além disso, acelera meu viver.

    – Sempre foi assim – só que agora está bem mais acentuado.

    O que vai acontecer comigo nessa pandemia, não sei dizer. O medo ronda, o sentimento de pouca esperança não apazigua. No entanto, se o destino realmente existe, sei que ele já escreveu a minha história.

    27 de abril de 2020

    Durante esse tempo fico mal por estar bem. Sentimento um pouco atravessado.

    Tudo bem se eu me sentir bem?

    Tudo bem se eu tentar viver normal?

    O que é normal numa crise, no meio de uma pandemia?

    Tem dias que estou assim... como se não estivesse acontecendo nada. Eu no meu mundo, como sempre foi e por mais que eu quisesse ou fizesse, nunca mudou muita coisa.

    Lá no fundo consigo ver além de mim e sei que não está tudo bem. Sinto-me, então, egoísta agindo dessa forma, como se estivesse tudo normal.

    Às vezes me pego pensando que posso ser importante para o Criador, aí me sinto especial por isso. Repentinamente, porém digo a mim mesma que não deveria me sentir tão inabalável e convencida, então tudo muda, e esses sentimentos confusos fazem-me desabar. Pessoas estão morrendo, adoecendo; arrasadas e impotentes.

    Enquanto isso, fico aqui sem entender meus pensamentos. Entre risos e choros sigo esperando, rezando para que tudo acabe logo, pelo bem da minha mente.

    05 de maio de 2020

    Esse tempo tem me feito refletir sobre a vida. Tenho tantos sonhos, dos mais simples aos mais ousados e perigosos. E agora, nesse momento, mesmo que alguns não façam sentido, ainda assim, gostaria de realizá-los, vivê-los.

    Escondo-me deste vírus maldito. Coisa não muito difícil para mim, sei fazer isso bem, pois quando criança me escondia de situações e de pessoas as quais acreditava que pudessem me ferir.

    Gostaria de poder ver minha vida de outro ângulo, sair de mim e ver, ou que alguém me contasse. Talvez um olhar diferente me fizesse um ser pronto e acabado, então assim, quem sabe, não teria mais que viver tentando preencher o (sentimento de vazio que nunca cessa) e, ao mesmo tempo, tentando esvaziar a quantidade de coisas guardadas ao longo da vida.

    08 de maio de 2020

    Vejo as ruas cheias de pessoas e ouço nos noticiários pedidos para que fiquem em casa. O mundo todo pede, mas aqui vejo o contrário: pessoas idosas no supermercado, indo e vindo, passando em frente ao meu portão. Não sei o que ocorre. Com certeza não é falta de

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