Destroços: Eu e o Mundo
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Sobre este e-book
Já pensou se o mundo que você conhece desmoronasse sobre sua cabeça? E se você, tentando compreendê-lo, dividisse-o em pequenos fragmentos e percebesse que ele não passa de um amontoado de destroços, e pior, você se encontra desesperadamente preso em meio a eles? E se, tal qual esse mundo, você também não passasse de um mosaico em frangalhos, estando preso dentro de si mesmo?
Destroços – eu e o mundo é o resultado da dolorosa (e necessária) jornada pela busca do eu. É o estudo de todo esse processo de dissecação do mundo, sob diversos ângulos e perspectivas, a fim de compreendê-lo, tentando encontrar-se; de perceber a realidade, buscar a verdade e onde o eu se encaixa nela. É o encontro derradeiro com a essência, a visualização do indecifrável traduzida em palavras. É desnudar-se em frente à própria alma, esse encontro definitivo que jamais pode ser protelado para a eternidade.
Ler esta obra é embarcar na jornada do autoconhecimento, é abrir-se para analisar e refletir sob novas perspectivas. É permitir encontrar-se, frente a frente, com a sua própria essência. Embarque nessa sofrida e difícil, porém magnífica é imprescindível jornada rumo à verdade.
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Destroços - Amanda Falcão Almeida
Antes de mais nada...
Carta ao leitor
Querido leitor,
Não me permito chamá-lo de amigo
a essa altura do campeonato (pelo menos não enquanto você não iniciar a jornada por estas páginas). Você me conhecerá melhor ao longo deste livro, e eu realmente espero que essa viagem seja proveitosa de algum modo e que este seja o início de uma memorável amizade.
Não sei se é o seu caso, mas eu sou uma leitora ávida. Sempre me pegava perguntando a mim mesma quem eram as pessoas do outro lado das páginas. Isso inclui os personagens, que, obviamente, têm a função de cativar o leitor, e também a mente por trás de cada uma dessas personalidades do mundo paralelo dos livros.
E eu me fascinei por essas possibilidades. Afinal, ler (e escrever) é uma chance rara de representar um personagem, de viver uma história inteiramente sob a perspectiva do outro, e deixar-se levar pelas emoções e pensamentos, encantar-se com a personalidade de cada personagem.
Porém minha história com a escrita é um pouco diferente. Afinal, certamente há, entre os escritores que eu, que você, que o mundo admira, quem tomou o caminho inverso, como eu: o da interiorização. A escrita é, antes de mais nada, uma poderosa aliada no caminho do autoconhecimento.
Encontrar o próprio lugar no mundo é uma necessidade do ser humano, principalmente de qualquer pessoa que já se questionou sobre o propósito da vida, de as coisas serem como são, e, sobretudo, da própria existência. E mais ainda de quem, assim como eu, ainda é uma alma perdida
, alguém que ainda não conseguiu formular suas respostas de modo satisfatório à sua curiosidade.
Este livro é resultado de uma parte do meu processo de questionamento. Perceba que eu procuro respostas nos mais diversos locais, dos mais diversos modos: na natureza, em Deus, nas minhas raízes e, logicamente, dentro de mim. Eu uso variadas ferramentas, algumas inusitadas — os sentidos, a intuição, a percepção, a empatia e, principalmente, a imaginação. No final, as minhas inquietações não foram satisfeitas, mas isso não importa tanto assim.
Foi um grande prazer ter tomado parte dessa longa e deliciosa jornada introspectiva, tão necessária em tantas medidas que eu pude trilhar com o máximo de honestidade, talvez não do jeito exato que eu gostaria, mas da maneira precisa como deveria ser. E não importa se eu ainda não me encontrei no mundo ou se cheguei à conclusão de que eu não pertenço a lugar nenhum, pois grande parte das pessoas mais extraordinárias que eu conheço também não têm suas respostas, ainda que tenham vivido por muito mais tempo do que eu.
Sei que é extremamente pretensioso eu desejar o mesmo a você, quando estiver lendo as minhas conclusões. Primeiro, isso é impossível. Afinal, você é um ser humano completamente diferente de mim, as suas inspirações podem ser outras, suas preocupações, questionamentos e angústias, do mesmo modo, possivelmente são distintas.
Seria de uma arrogância desmedida da minha parte escrever algo com essa finalidade, embora eu realmente acredite que nenhum escritor escreva qualquer letra que seja sem querer acrescentar algo para o leitor, pois isso tornaria o seu trabalho vazio, e seus textos poderiam muito bem serem resumidos em linhas em branco.
Mas se eu conseguir levá-lo a se questionar sobre alguma coisa, se eu despertar em seu coração alguma emoção ou pensamento relevante que, de fato, tenha algo a acrescentar (ainda que não necessariamente seja agradável, pois esse processo é, na realidade, extremamente doloroso); se eu despertar em seus lábios um sorriso que seja, ou, melhor ainda, se eu, de alguma forma, contribuir para o seu crescimento no caminho da evolução pessoal ou do autoconhecimento, eu já estarei imensamente feliz e realizada no meu esforço que apenas revela o quão insignificante meu ego é realmente.
Só tenho um pedido a fazer, antes de você prosseguir nas páginas e iniciar a sua leitura: é que você leia com o mesmo carinho que eu escrevi. Não peço que dissipe todas as suas impressões iniciais, se anule em nome de um simples livro, mas que você se permita absorver, abstrair-se, viajar e questionar-se de todos os modos e em todos os pontos e, sobretudo, tocar-se.
Que você, ao final dessas páginas, possa entender a dimensão do milagre da vida, pois, na verdade, tudo é milagre. Que possa se encantar com o canto dos pássaros, com o farfalhar da brisa tocando suavemente as folhas das árvores, com o frescor da madrugada e com o brilho da lua. Que também possa surpreender-se e apaixonar-se com a dimensão infinita e complexa do universo que é você, que sou eu e cada um de nós — e que consiga efetivamente mergulhar dentro de si, aceitando toda a sua luz e toda a sua escuridão.
Boa leitura! Espero que, ao me conhecer, quando encontrar a versão mais crua e sombria de mim, mas também a mais alegre e suave, eu realmente tenha conseguido criar uma conexão com você, a ponto de me dirigir a você, efetivamente, como um amigo leitor.
Prefácio
A razão de ser deste livro
Destroços
Reúno os meus destroços,
Meus pedaços,
Partidos pela vida.
Reconstruo-me.
Tento me encaixar,
Procurando pelo meu lugar.
Tudo isso para perceber
Que eu não me encaixo em lugar nenhum.
Eu não pertenço a lugar nenhum.
Pertenço apenas a mim.
Pertenço apenas a Deus.
Reúno meus destroços.
Destruo-os.
Reconstruo-os.
Reordeno-os.
Tentando em vão me encontrar.
Tudo isso para perceber
Que já sou.
Sou completa,
Ainda que em frangalhos.
Sou destruída,
Ainda que inteira.
Sou um paradoxo.
Sou um pleonasmo.
Sou uma consonância.
Sou uma dissonância.
Sou.
Quem sabe eu não seja mais
Do que um simples destroço,
Tentando encontrar o seu lugar no Universo.
Um universo tão gigantesco
Que não passa de um amontoado de destroços.
MUNDO > EU
À inspiração,
À efemeridade,
Ao Universo.
A-Deus.
Um sonho chamado Brasil
Se eu tivesse mil vidas, mil vezes seria brasileira, pois eu amo essa terra chamada Brasil. E esse amor transcende em muito a minha alma, transcende em muito o meu ser.
Eu sou completamente apaixonada pela minha terra, pela minha gente, pela minha cultura, pela minha Pátria.
Adoro este solo sagrado, de tantos tipos e cores, desde os mais pobres aos mais férteis. Esse solo que pode ser