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Decifro-te E Devoro-me
Decifro-te E Devoro-me
Decifro-te E Devoro-me
E-book157 páginas54 minutos

Decifro-te E Devoro-me

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Sobre este e-book

O caminho era de pedra.No meio do caminho – de Corinto a Tebas – tinha uma esfinge.E a esfinge era uma pedra, era de pedra – mas era também de perda.Então, no meio do caminho de pedra tinha uma esfinge, que era de pedra, que era de perda para o povo de Tebas. O caminho podia ser para qualquer destino – simboliza a vida.Podia ser para Itabira.Se fosse para Itabira teria mais uma pedra (ou talvez mais duas) e estaria no meio da palavra que nomeia Itabira – Ita.No meio de ‘Ita-bira’ tinha uma pedra.E toda pedra é de terra – donde viemos e volveremos! No meio de apenas um caminho a esfinge finge tomar conta de todos os destinos, certa que está de sua plena onipotência e onisciência.Quem vai ao seu encontro fica mudo – estrangulado - ante o absurdo de seu enigma: “ Decifra-me ou devoro-te “.Propõe - na verdade impõe - esta charada como condição para livrar o peregrino do pior destino – a morte – e Tebas, da destruição. O peregrino caminha porque acredita que assim fugirá do seu destino – mas não sabia que este era exatamente e tão somente o caminhar; conquanto também se supunha onipresente e onisciente, não cogitava que nada estivesse alheio à sua vontade, desejos e desígnios. A pedra da esfinge faz-se pó, silica, quando é decifrada; imaginava-se imortalizada, sol, faraó, no entanto é devorada pelo peregrino, espelho da esfinge, que acreditando fugir da sua sina, nada mais fazia do que ir ao seu encontro.Para alcançar seu destino cometeu o maior dos desatinos: conhecer-se profundamente, conhecer o homem, o outrem como imagem e semelhança de si mesmo.E o seu destino era o encontro com o amor perfeito, aquele que não tem jeito nenhum de existir porque implica na renúncia completa de si em face de outrem. O amor perfeito é a morte do eu-peregrino por exigir sua total e incondicional abnegação.A mais próxima descrição do amor perfeito encontra-se na Bíblia, Corintos 13, de onde Édipo-pé-regrino foge para encontrar seu destino: devorar-se. Fica cego, fica só e vira pó – assim é quando se encontra o amor perfeito, do qual só se tem, na fantasia e na poesia, uma parca ideia do que seria. Já no mundo palpável o amor é impalpável e imperfeito; por isto não nos cansamos de buscá-lo dia após dia.O que move o homem é a ilusão de podê-lo alcançar ou senão, ao menos, de dele tentar, tentar e tentar aproximar-se.Senão, por que viver ?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de dez. de 2014
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    Decifro-te E Devoro-me - Rodrigo Prado Santiago

    Sumário

    EPÍGRAFE

    PREFÁCIO

    AGRADECIMENTOS

    Poesia - plenitude de paz e pranto

    Sentimento das palavras

    Fria decomposição em poesia das coisas indomáveis do mundo

    Eu-lírios, teus lírios, delírios

    Su-jeito ob-jeto

    País Dalí

    Vinho nosso

    In-contido

    Ciclotimia

    Homo sujiens

    Será ?

    Ju-piter Ssa-turno u-Ra-no

    Vida do morro de Drummond

    Decifro-te e devoro-me

    Cadeia alimentar

    Louco e feliz

    Natureza transformada

    Mais uma de Itabira

    Idade

    Artista

    Vida a dois em um

    Indiferença

    Onde vive o amor?

    Salto para queda

    Árabe ou judeu ou árabe e judeu ?

    Vontade de tudo poder

    Olhares jovens

    Estar ou não estar em si – eis a questão de ser

    Rezar e pecar

    Mensagem

    Soro filosófico

    Viver é sorrir

    Dor não poética

    Caminho desarticulado

    Amar - O2 - zonia

    Só com Deus para ser só

    Na medida do amor

    De-leite

    Alegria de criar

    Eloquência da carência

    Despedida

    Angústia

    AMORTE

    Escola boa sem bola

    Vontade das coisas do mundo

    A mãe da perfeição é fria

    Acróstico

    Intimidade com as palavras

    Licença poética

    Zen sem ser ninguém

    Deus existe

    Súplica da vontade

    Porto Firme

    Criogênese

    Recordar é viver

    Um alguém

    O preço de só existir

    Presente etéreo eterno

    Desaforismo

    Estio invernal

    Multi-verso

    Canto da noite

    Coma profundo - resgate de uma carótida atropelada

    Insônia

    Fronteira

    Uma pedra a meio caminho entre Buda e Drummond

    Logar-ritmo

    Cegaram a justiça

    POSFÁCIO

    SOBRE O AUTOR

    CRÉDITOS

    EPÍGRAFE

    Ter opiniões é estar vendido a si mesmo. Não ter opiniões é existir. Ter todas as opiniões é ser poeta.

    Fernando Pessoa

    PREFÁCIO

    A busca constante do melhor caminho através das inúmeras veredas que conduzem ao autoconhecimento confunde-se a tal ponto com a busca da melhor vereda através dos inúmeros caminhos possíveis de serem percorridos entre o nascimento de uma idéia e o seu falecimento no exato instante em que ela se transforma em palavras escritas pelas mãos do poeta, que, ao imprimir nas folhas em branco da vida real as tintas negras das palavras - já natimortas - oriundas da fantasia da imaginação, ele chega à conclusão de que jamais descobrirá o melhor caminho e, logo, de que jamais atingirá o autoconhecimento, porquanto conhecer-se significa morrer-se junto com as palavras que acabou de matar ao condená-las perpetuamente a vir à realidade de outros olhos, de outros sonhos e de outros sentimentos, que não lhe pertencem e aos quais também não alcança, perplexo, embora nunca canse de tentar, a cada dia, alcançar.

    O encontro de um caminho significa o sacrifício de vários e o encontro do eu significa o genocídio de muitos eus, às vezes meus, às vezes não.Mas, os caminhos não caminhados também levam a conhecer-se porque podem ter pegadas alheias.E como ser alheio ao que nos é alheio?O alheio está todo o tempo no meio do meu caminho!

    A poesia é a expressão da percepção da perplexidade do aprisionamento autoista, causado pela dislexia, na tentativa de conformação das ideias em palavras, que culmina na procura por uma forma concreta, definida e inteligível para algo que, intrinsecamente, não poderia ser dotado de apenas uma única forma, pois seria morta.

    As palavras, então, filhas da perplexidade incomunicável do eu - indeciso entre mil e uma ideias - são paridas em um parto distócico e doloroso, impregnando de sangue de tinta gráfica uma folha qualquer, respiram, ganham o mundo e libertam-no de sua prisão: o eu comunicou-se com o mundo, o autoista virou altruísta, e, quem sabe, artista?Mas, logo que respiram, as palavras matam o seu criador, infanticídio ao revés, mas matam de encantamento e matam de amor!

    E assim, neste paradoxo sem fim, no momento em que a ideia ganha sua única forma, nasce uma outra perplexidade: a de constatar que esta forma, que deveria ser a final, não pôs fim àquilo que deu azo à primeira e originária perplexidade.Como escolher um só caminho sem conhecer e percorrer sem fim, sem si, os inúmeros outros caminhos e cotejar a sua com as demais pegadas?

    Destarte, o eu somente encontra a sua forma quando volta a ficar perplexo novamente com o que lhe é alheio, induzindo-o a conhecer o outro como meio para se autoconhecer, a apropriar-se do outro como mecanismo de apropriar-se de si mesmo, sempre ficando em dúvidas se aquilo que pensa que é seria de fato o auto ou o outro.

    O eu só chega ao autoconhecimento quando conhece que jamais será possível alcançar o autoconhecimento - e ainda assim jamais

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