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O Caderno Da Capa Vermelha
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E-book104 páginas1 hora

O Caderno Da Capa Vermelha

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Sobre este e-book

Este livro apresenta a história de alguém que vivenciou o que muitos chamam de “a doença do século”. Sendo uma autobiografia, a obra abrange diversos momentos da vida de Elaine Rodrigues, uma jovem mulher que, com cerca de 30 anos, no auge de uma vida aparentemente feliz e realizada – com um lar confortável, marido e filha e com uma profissão definida; viu-se assombrada por aquilo que nem mesmo ela julgava existir: a depressão. Em “O caderno da capa vermelha”, Elaine narra sua trajetória de luta para vencer uma dor que de forma crescente e inexplicável a corroia dia após dia, fazendo-a, inclusive, tentar por mais de uma vez tirar a própria vida. No entanto, embora esta seja uma história marcada pela dor e pelo sofrimento, é também uma história sobre a força da vida, sobre superação. Assim, a narrativa possibilita ao leitor muitas reflexões, principalmente pelo fato de ser contada a partir do ponto de vista do próprio depressivo. Mas também por que mostra que o fortalecimento dos laços com quem se ama – com a família e principalmente consigo mesma – e a ajuda profissional são imprescindíveis para a superação desta doença. Em resumo, o que os vinte instigantes capítulos desta obra mostram é que por mais temerosa que possa parecer a noite em que se vagueia, por mais infinito que possa parecer o poço no qual nós ou quem amamos tenhamos caído, há saída! Não é à toa que um dos mais importantes cientistas da atualidade, Steve Hawking, ao discursar em janeiro de 2016 no Royal Institute, em Londres, na Inglaterra, relacionou sua teoria dos buracos negros à depressão e concluiu: “se você sente como se estivesse em um buraco negro, não desista. Sempre existe uma forma de sair”.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de out. de 2016
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    O Caderno Da Capa Vermelha - Elaine Rodrigues

    O caderno da capa vermelha

    Florianópolis, 2016

    Em homenagem à memória de Mônica Rodrigues e Mauro Lúcio da Silva Xavier.

    A depressão é a imperfeição no amor. Para poder amar, temos que ser capazes de nos desesperarmos ante as perdas, e a depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, destrói o indivíduo e finalmente ofusca sua capacidade de dar ou receber afeição. Ela é a solidão dentro de nós que se torna manifesta e destrói não apenas a conexão com outros, mas também a capacidade de estar em paz consigo mesmo. [...]

    Adrew Solomon

    Introdução

    Embora sempre tenha ouvido falar a respeito, depressão era um assunto muito distante para mim.  Não tinha o conhecimento necessário e nem sabia direito do que se tratava. Se soubesse de alguém que havia sido acometido de depressão, logo pensava que isso era coisa de preguiçoso, que era falta do que fazer. Hoje, no entanto, percebo que eu reproduzia falas que, sendo comuns nos meios sociais em que eu vivia, eram, na verdade, fruto do desconhecimento acerca da doença. Nunca imaginei sentir na pele os resultados desse desconhecimento, que se materializavam – agora contra mim – cotidianamente em atos de preconceito. Nunca imaginei que estaria sendo eu a pessoa que estava com depressão.

    Ao contrário do que você pode estar pensando, sempre fui uma pessoa muito ativa. Não me permitia ficar triste por muito tempo. Sempre fui muito sonhadora. Acho que como a maioria das pessoas são. Idealizava algo e corria atrás. Era como respirar. Era algo que pulsava dentro de mim: a força da vida. Eu amava viver. Amava a vida. Queria aproveitar tudo que minha vida tinha para oferecer. Estudar, trabalhar, conhecer novos amigos, ir à praia e estar cercada de gente. Afinal, como pode alguém não gostar de viver? Essa pergunta eu mesma me responderia anos depois. E assim foi.

    Da mesma maneira que aquela vontade de viver pulsava dentro de mim, outra vontade também começou a pulsar. Ela começou despercebida, quase que camuflada: Apesar de toda essa vontade de vida, uma dor inexplicável se agigantava dentro de mim... Então concluí que a solução seria dar fim a minha própria vida.

    Queria uma forma de me anestesiar e não sentir aquilo, uma angústia que me corroia por dentro cotidianamente. Queria só respirar e estar em outro mundo, onde não sentisse aquilo. Queria voltar a sentir prazer nas coisas simples como sempre foi. Ansiava por estar em meio a muitas pessoas como sempre estive, mas alguma coisa tinha mudado em mim. Algo que era tão forte, tão forte, que muitas vezes não me permitia sair da cama. Eu estava anestesiada para a vida. Tinha morrido em vida e não tinha coragem de contar para ninguém a forma como eu planejava dar um fim a isso tudo.

    Foi buscando uma saída, então, que iniciei meus pensamentos suicidas. Como alguém entenderia que ao tentar me matar eu queria, na verdade, viver? Que não queria dar fim a minha vida, mas à dor que me acometia e incendiava meu ser a ponto de me fazer pensar em dar fim a mim mesma.

    Eu acho que contar o que se sente não é fácil para ninguém, ainda mais se tratando de um assunto tão complicado como esse, que ainda é um tabu em nossa sociedade. Assim, eu teria muitos motivos para não querer falar sobre isso. Posso querer me reservar e mesmo ter vergonha do que se passou. No entanto, penso nas inúmeras pessoas que também devem estar passando por isso – muitas que passaram, mas não sobreviveram. Ainda, penso nas pessoas que convivem com quem sofre dessa doença. Talvez até você que se interessou por essa história. Sim! Você! Afinal, com certeza, se você se interessou por essa história, deve conhecer alguém que passa pela depressão – ou que não tenha sobrevivido a ela. Talvez você mesmo lide diariamente com a doença e com o preconceito.

    Quero compartilhar um pouco da minha história e poder ajudá-lo, nem que seja um pouquinho. Acredito que isso é também uma forma de deixar de ser egoísta e dividir uma parte do que sei, do que aprendi, vivenciando esse assunto. Quem sabe assim possamos encontrar outra saída que não seja dando fim a própria vida.

    Na verdade, as primeiras pessoas que, mesmo sem saber, me motivaram a escrever isso, foram o Dr. Marcos de Noronha e a minha psicóloga Ângela. A cada sessão de terapia, eu entendia que poderia fazer mais por mim e pelos outros. Eles me fizeram sentir-se importante de verdade – e deu nisso aqui: O caderno da capa vermelha, que carinhosamente apresento ao leitor.

    Agradeço imensamente a cada pessoa que teve paciência comigo, inclusive meus amigos da terapia em grupo: a Heloísa, o Eduardo, a Andressa, o Maurício e todos os outros. Isso foi primordial para que eu superasse tudo isso. Afinal, a vida é como páginas de um livro. A gente lê e se sente parte dele. Imagina, sonha, torce. Eu me sinto parte da história de vida deles e eles também, com certeza, fazem parte do livro da minha vida.

    E agora, você leitor, também é parte da minha vida. Sinto-me imensamente honrada por isso. Não pense que só porque falo de depressão, você esteja participando da pior parte da minha vida. Aprendi muito passando por ela. Algum dia, vou entender por que passei por tanto sofrimento. Mas, se o motivo for para fazer as pessoas entenderem o que é e como se sente um deprimido, para compartilhar vivências com aqueles que passam por isso ou que têm algum amigo, familiar, colega de trabalho que passa por isso; eu já encontrei uma razão – e uma bela razão. Todos nós temos que encontrar uma razão para nossa existência. Continue procurando a sua. Por enquanto a minha tem sido escrever sobre esta parte da minha vida. E a sua? Qual será?

    Introdução

    Embora sempre tenha ouvido falar a respeito, depressão era um assunto muito distante para mim.  Não tinha o conhecimento necessário e nem sabia direito do que se tratava. Se soubesse de alguém que havia sido acometido de depressão, logo pensava que isso era coisa de preguiçoso, que era falta do que fazer. Hoje, no entanto, percebo que eu reproduzia falas que, sendo comuns nos meios sociais em que eu vivia, eram, na verdade, fruto do desconhecimento acerca da doença. Nunca imaginei sentir na pele os resultados desse desconhecimento, que se materializavam – agora contra mim – cotidianamente em atos de preconceito. Nunca imaginei que estaria sendo eu a pessoa que estava com depressão.

    Ao contrário do que você pode estar pensando, sempre fui uma pessoa muito ativa. Não me permitia ficar triste por muito tempo. Sempre fui muito sonhadora. Acho que como a maioria das pessoas são. Idealizava algo e corria atrás. Era como respirar. Era algo que pulsava dentro de mim: a força da vida. Eu amava viver. Amava a vida. Queria aproveitar tudo que minha vida tinha para oferecer. Estudar, trabalhar, conhecer novos amigos, ir à praia e estar cercada de gente. Afinal, como pode alguém não gostar de viver? Essa pergunta eu mesma me responderia anos depois. E assim foi.

    Da mesma maneira que aquela

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