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Enigmas Do Amor
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Enigmas Do Amor
E-book238 páginas2 horas

Enigmas Do Amor

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Sobre este e-book

Emily Velasquez sonha em se casar. Ao aceitar o pedido do noivo, o estudante de gastronomia Andrew Schwan, ela evoca a fúria da mãe dele. Decidida a impedir o matrimônio a qualquer custo, Samantha Schwan, uma renomada escritora e megera, procura pela irmã desaparecida de Emily, na qual busca uma aliada. Em meio aos preparativos do casamento e em uma crise dos trinta anos, Emily tem de enfrentar as dúvidas sobre suas escolhas, que surgem quando seu caminho se cruza com o de Jack Adams.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de jan. de 2013
Enigmas Do Amor

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    Enigmas Do Amor - Léo Silva

    Enigmas do amor

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    Sob o céu de outono

    Entre anjos

    Passos na escuridão

    Um universo a mais

    Céu de inverno

    A soma das horas

    Léo Silva

    Enigmas do amor

    1ª Edição – 2017

    Copyright © 2017 by Léo Silva

    CC0

    Foto da capa em domínio público.

    Capa: Casal – Fonte: http://pixabay.com/

    O autor da imagem dedicou o trabalho ao domínio público, renunciando a todos os seus direitos sobre o trabalho, em todo o mundo, ao abrigo das leis de direito de autor e/ou de direitos conexos, na medida permitida por lei. Pode copiar, modificar, distribuir e executar o trabalho, mesmo para fins comerciais, tudo sem pedir autorização.

    Revisão e supervisão de texto

    Suély Gomes

    Silva, Léo.

    Enigmas do amor/Léo Silva. – 1.ed. – Bom Jesus do Itabapoana: 2017.

    p214.; 14,8 x 21 cm.

    ISBN: 978-85-923388-3-1

    1. Literatura brasileira. 2. Romance.

    Todos os direitos reservados (Lei 9.610/98). Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, por qualquer meio, eletrônico ou não, sem a autorização, por escrito, do autor. Os direitos morais do autor foram assegurados.

    Para Elisangela, com meu amor e admiração. Você os tem.

    Em especial para minha leitora preferencial, Mariana.

    A verdade, meu querido, é que a vida, o mundo dobra-se sempre às nossas decisões

    Lygia Fagundes Telles

    Deve-se estar sempre apaixonado. É a razão pela qual nunca nos devíamos casar.

    Oscar Wilde

    Capítulo 1 – Três meses

    Quando você cogita a possibilidade de aceitar o pedido de casamento de alguém, é porque, no seu íntimo, já aceitou. Mas fingir que ainda está em dúvida é um bom afago ao ego. Eu não tive essa dúvida, pensou Emily orgulhosamente. Nem por um segundo sequer.

    Mas agora todas as dúvidas pareciam ter convergido para aqueles arranjos de flores. Ela ponderou, por pelo menos quinze minutos, entre levar as rosas por metade do preço ou mudar sua decisão de última hora e ficar com os copos-de-leite. Ninguém mais quer rosas, e é por isso que estão tão baratas!

    Depois de muito refletir chegou à conclusão de que os copos-de-leite eram melhores, pelo menos para dar destaque aos arranjos. Que enchessem a igreja de rosas, se isso significasse menos gastos! Àquela altura Samantha já tinha, praticamente, criado raízes esperando-a. Tudo bem, Emily devia isso a ela. Mesmo sabendo que Samantha provavelmente não se deslocaria nem até a porta de sua casa se não fosse por um pedido do Andrew. Um pedido com aqueles olhos doces que derretem qualquer coração de mãe – mesmo os que parecem de pedra.

    Agora Samantha estava ali, observando-a escolher as flores e provavelmente torcendo para que ela escorregasse e caísse de cara no chão antes de alcançar Andrew ao entrar na igreja no dia se seu casamento...

    Era esquisito. Há menos de seis meses Andrew e Emily eram completos estranhos. Agora ela escolhia flores para se casar com ele.

    O melhor, porém, era não pensar muito nisso. Quantas pessoas namoravam e noivavam durante anos para depois entrar num casamento infeliz e torturante? Concluíra Emily, em seu íntimo – ainda que se esforçasse em não ter de admitir isso para ninguém – que se casar rápido não era sinal de desespero nenhum, muito pelo contrário, era sinal de segurança e de certeza.

    Isso não tinha nada de desespero.

    – Na sua idade eu já teria me preocupado há mais tempo – soltara Samantha numa das primeiras vezes que Andrew resolvera falar com a mãe sobre a possibilidade de se casar. Emily meio que se escondia na sombra dele.

    Ela disse isso olhando para Emily, com uma ferocidade latente no olhar. Era como se ela reprovasse aquele relacionamento por causa da idade da moça – apenas sete anos mais velha do que o filhinho de Samantha. Nada mais parecia contar para a donzela de ferro da literatura melodramática norte-americana.

    Samantha, como sempre, foi contra o filho se casar. Foi contra quando ele se alistou para servir no Afeganistão – tudo bem, nesse caso ela tinha razão de não apoiá-lo. Foi contra quando ele começou o curso de Gastronomia e foi terminantemente contra quando ele começou a namorar Emily – talvez mais ainda do que no caso do Afeganistão.

    Decidida, Emily assinou algumas folhas e, com os recibos em mãos, se aproximou de Samantha. Ambas se entreolharam rapidamente, e Emily não soube o que dizer.

    – Você poderia ter deixado tudo isso por conta de alguém que sabe o que está fazendo, Emily, mas não, tem sempre de pegar no volante das coisas – sussurrou Samantha, ajeitando o chapéu e se preparando para sair da floricultura.

    Emily apenas suspirou. Sabia que ela tinha razão, mas ao mesmo tempo sabia que precisava fazer algo para sentir que aquele casamento era seu, e não para alguém que ela já não sabia se conhecia ou conhecera num passado distante. Algo importante, e seu. Quando fechava os olhos, depois de um longo dia de planejamento e de preparações, quase podia se ver casada com Andrew.

    Queria ter a certeza de que era real e não um sonho bobo de um romance folhetinesco qualquer.

    Foi com essa estranha sensação no peito, como quando acreditamos que vamos explodir, mas terminamos por suportar – um pouco mais do que borboletas no estômago – que ela entrou no carro e deixou que Samantha a levasse para casa.

    Uma coisa tinha de admitir: Samantha a odiava, mas isso não significava que não poderiam, pelo menos, fingir suportar uma à outra. E isso poderia melhorar depois do casamento – quando ela percebesse que seu filhinho havia crescido e não necessitava mais de tamanha proteção ou cuidado. Pelo menos era nisso que Emily queria acreditar – do contrário, seu casamento com Andrew poderia ser também uma espécie de atestado de óbito a dois.

    – Sabe, querida... – ela usava o termo querida toda vez que desejava diminuir alguém. – Parece que o Andrew gosta mesmo de você. Eu achei que fosse apenas mais um namorico, você sabe como, ele já teve muitos...

    – Eu imagino, senhora Schwan, eu imagino.

    – Mas, tenho de admitir que ele jamais foi tão longe antes. Nem mesmo quando namorou uma princesa... – Ela virou o volante do carro com uma delicadeza lastimável. – Ele jamais cogitou se casar.

    Na verdade a moça que Andrew namorara não era uma princesa no sentido real da palavra, como aqueles nobres que ainda governam a Inglaterra. Estava mais para uma descendente de nobres que perderam tudo ainda durante a Revolução Francesa, mas que insistiam em afirmar que seus antepassados foram da realeza. De qualquer forma, aquele título fajuto enchera os olhos de Samantha até entornar.

    Emily ajeitava algumas sacolas sobre o banco traseiro. Não tenho nada de princesa, é o que quer dizer com esse lenga lenga, pensou. Está perdendo seu tempo. E numa época em que príncipes se casam com plebéias, não me parece lá essas coisas casar seu filho com alguém da realeza.

    – Talvez ele não tenha contado nada a você – disse a jovem, terminando o serviço e voltando a olhar para frente. – Pensou em fazer, Samantha, mas não disse.

    Samantha terminou outra curva e apoiou o cotovelo sobre o vão da janela. O carro seguia lentamente pela avenida.

    – Meu filho não esconde coisas de mim – pontuou, como que tocada em seu orgulho.

    – Não foi o que eu quis dizer.

    – Mas é o que pareceu.

    – Escute, Samantha, acho difícil que um homem conte para a mãe tudo o que passa em sua cabeça. É só isso. Não quis dizer que ele escondia coisas de você.

    Samantha riu baixinho.

    – Pensar em se casar e não me dizer nada, querida, é esconder algo sim! Mas você não é mãe, não entende isso... E se esperar demais nunca vai entender.

    Emily pensou em estender aquela conversa atravessada pelos próximos quarteirões até em casa, mas depois desistiu. Não valia a pena. Samantha jamais aceitaria que os homens têm seus segredos, e que alguns deles as mães simplesmente não podem saber. Essa é a regra do jogo – e a sogra, aparentemente, estava por fora dela há muito tempo.

    Quando já estava fora do carro, caminhando para entrar no prédio, Emily ouviu a voz atravessada da sogra persegui-la:

    – Ainda está em tempo – gritou a loura, saindo do carro e caminhando pela calçada.

    Emily parou e olhou para trás.

    – Pensei que já tivesse esquecido isso.

    – Vocês ainda são jovens... E mal se conhecem. Eu não estou dizendo que não gostaria disso – mentiu ela descaradamente. – Só que é muito cedo.

    – Eu não entendo, Samantha, porque temos de esperar se queremos tanto nos casar?

    – Vocês nem terminaram a faculdade ainda, Emily... E tem aquela proposta que eu fiz... Não seria fantástico?

    Era a terceira vez que Samantha tocava naquele assunto. Emily deixara mais do que claro nas duas primeiras vezes, de uma maneira educada, que não estava interessada em deixar Andrew e ir estudar na Inglaterra, ou em qualquer outro lugar do planeta ou do universo, não importava qual fosse a quantia oferecida por ela. Jamais se venderia de uma maneira tão suja.

    – Samantha...

    – Tudo bem, se você não quer aproveitar essa oportunidade, nem seguir meu conselho – ela voltou a caminhar para o carro. – Paciência então!

    Aquela foi a última vez que Emily ouviu uma proposta tão tentadora da sogra.

    Capítulo 2 – Traições

    Tudo o que Jack Adams queria, naquele momento, se resumia a um cigarro. Sabia que era um desejo horrível, e um vício deprimente. Mas não conseguia evitar, por mais que tentasse. Era a décima vez que consultava o maço amarrotado que insistia em manter no porta-luvas do carro, na esperança de não ter olhado direito, e ainda ter sobrado mais uma dose daquele veneno embrulhado em papel. Mas não havia nada.

    Recusava-se a abandonar seu posto por um maço de cigarros comprado numa loja de conveniências qualquer. O trabalho era mais importante do que aspirar fumaça venenosa.

    Jack Adams estava em frente ao Citadel Hotel, um hotel de duas estrelas com diárias que não passavam de duzentos dólares, mesmo nos quartos chamados ironicamente de suítes presidenciais – uma economia e tanto para quem precisava de uma noite de sono ou de sexo, que é o que mais acontecia ultimamente. A decadência do Citadel começou quando a própria cidade iniciou sua ruína, logo após a Grande Depressão. Naquela época, ao mesmo tempo em que pessoas eram despejadas de suas casas por não conseguirem arcar com suas hipotecas e fugiam para outros lugares, dezenas de novas pessoas chegavam à Big Apple à procura de sonhos que jamais se realizariam. Foi uma época de muitos garimpeiros e pouco ouro.

    Ele olhou com os binóculos para o singelo quarto de hotel. Os dois conversavam sobre a cama. O rapaz estava sentado na pontinha do colchão, de cabeça baixa, e a mulher deitada, com o edredom a cobrir os seios. Os negócios vão mal lá dentro do quarto, pensou. Pensou e riu, porque foi assim a semana toda. Ela sempre chegava naquele mesmo horário, e saía pouco antes do marido deixar o serviço. E sempre conversava com o garotão, apenas palavras. Nada mais. Nada que lhe garantisse uma boa gorjeta ao final do trabalhinho.

    Ia a pé – morava a duas quadras dali. Na volta sempre passava na padaria e comprava um sonho para o filho. Três vezes por semana. Jack tinha de reconhecer a devoção daquela mulher – quase digna de beatificação.

    Depois de conversarem muito ela deixava uma quantia sobre a mesa, e se despedia dando um beijo no rosto dele. Depois saía como se nada tivesse acontecido – se bem que realmente não acontecia muita coisa – e voltava para sua família, para seu marido e filho. Para a vida real.

    Jack apontou o microfone ultrassensível para a janela do quarto e esperou.

    – Eu preciso ir agora.

    – Quando voltaremos a nos ver novamente?

    – Eu não sei, meu marido anda meio...

    O garotão a envolveu num abraço macio.

    – Desconfiado?

    – Eu não sei se essa é a palavra certa... Acho que estranho soa melhor. Ele me enchia de perguntas, sabe, e de repente elas pararam. Como se ele esperasse por algo, sei lá...

    – Está tudo bem, eu aguardo seu telefonema.

    – Eu te amo.

    – Também te amo.

    Ela deixou-se envolver uma vez mais pelo abraço dele, e então saiu. Jack não esperou. Girou a chave e começou a se mover. Instantes depois a mulher estava na rua e o carro de Jack virava uma esquina.

    ***

    Aquele era seu trabalho desde que o pai falecera, há dois anos. Acordava às sete horas, abria a agência e aguardava a chegada dos clientes. E eles eram de todos os tipos. Mulheres preocupadas com os filhos e filhas, querendo saber por onde andavam, com quem, fazendo o que. Homens preocupados com as saidinhas das esposas, e com chifres que advinham de tais saídas. Pessoas que desejavam saber mais da pessoa com a qual se relacionavam, enfim, parecia ser um negócio lucrativo.

    Mas não era bem assim.

    Aquele cliente que o contratara para vigiar a mulher era o primeiro em três meses. Pagara quinhentos dólares adiantados para mostrar que confiava em Jack. Durante todo o tempo antes disso Jack abrira a agência de manhã e fechara à noite, geralmente depois das nove, sem ter conversado pelo menos com um cliente em potencial. Tempos difíceis.

    Quando o trabalho se tornava escasso daquele jeito a única renda que tinha vinha da escola de detetives, onde lecionava com um diploma falso, conseguido pelo pai. Tão logo Jack se mostrara interessado pela profissão – se é que poderia chamar assim – o pai fizera questão de graduá-lo. Aquele diploma comprado de um mexicano não significava nada, apenas o que Jack aprendera na prática tinha valor. E ele aprendera a ser um detetive de verdade, daqueles que não deixam um caso até resolvê-lo. Aprendera com o pai.

    Agora estava sozinho, tendo que cuidar do próprio traseiro. Tinha uma pilha de contas para pagar sobre a escrivaninha, uma secretária que vinha dia sim e dia não e uma ex-mulher que não saía de sua vida.

    Que vida, meu Deus, que vida!

    O telefone vibrou levemente sobre a mesa, com a intenção de cair no chão. Antes que o aparelho se espatifasse o detetive o agarrou, apertou a tecla que brilhava esverdeada e levou ao ouvido.

    – Jack falando.

    – Nosso filho está com aquele problema de novo, você teria um tempo para vir até aqui, Jack?

    – Também é bom falar com você, Christine... É claro que eu posso. Daqui a quinze minutos?

    Do outro lado a mulher suspirou.

    – Se puder chegar em dez.

    Ele não disse nada.

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