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Entre Anjos
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E-book180 páginas2 horas

Entre Anjos

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Sobre este e-book

Philip Stephanos é um jovem secundarista de QI assustadoramente alto cuja vida vira de pernas para o ar quando é obrigado a ministrar aulas extracurriculares para Joseph A. Carter, um sujeito mal encarado com fama de bad boy. Contudo, a convivência com Joseph – primeiramente por obrigação – vai fazendo nascer uma verdadeira amizade entre eles, a qual se torna ainda mais forte após a chegada de Jasmine, namorada de Joseph. Jasmine é leucêmica e praticamente não deixa o hospital. Em um plano ousado e sem pensar nas consequencias, os três mudam suas vidas para sempre.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de nov. de 2012
Entre Anjos

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    Entre Anjos - Léo Silva

    Entre anjos

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    Um universo a mais (Romance)

    Léo Silva

    Entre anjos

    1ª Edição – 2017

    Copyright © 2017 by Léo Silva

    Revisão e supervisão de texto

    Suély Gomes

    Silva, Léo.

    Entre anjos/Léo Silva. – 1.ed. – Bom Jesus do Itabapoana, 2017

    144p.; 14,8 x 21 cm.

    ISBN: 978-85-923388-2-4

    Todos os direitos reservados (Lei 9.610/98). Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, por qualquer meio, eletrônico ou não, sem a autorização, por escrito, do autor. Os direitos morais do autor foram assegurados.

    Esta é uma obra de ficção sem compromisso com a realidade. Todos os nomes, fatos, lugares e pessoas mencionados correspondem à imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência.

    Para Thiago.

    Por que em Ti, SENHOR, espero; Tu, Senhor, meu Deus, me ouvirás.

    Salmo 38:15

    Prólogo:

    2010 – Atlanta – EUA

    Deus não tem grandes planos para mim.

    Sei disso hoje mais do que julguei ser capaz de saber um dia. É com esse pensamento ridículo que percorro algumas ruas de Atlanta, caminhando. É muito cedo, e prefiro assim. Está bem quente, num daqueles dias de verão que o sol parece se aproximar mais da Terra.

    Insuportável até.

    Algumas coisas acontecem de maneira tão inexplicável que você fica sem saber pelo que lutar, se vale a pena lutar. É uma dúvida que não deveria existir na mente de ninguém.

    Mas isso não importa. Eu atravesso diversas esquinas, sentido o suor descer por meu rosto, empapando a camisa e me deixando insuportavelmente intragável – o que também não tem importância alguma. Não há ninguém para perceber que eu cheiro mal depois de me exercitar um pouco — sem saber o real motivo para fazer isso. Talvez para esquecer os problemas que tanto me atormentam, numa vã tentativa de reencontrar a felicidade há tanto perdida.

    Faz doze anos desde então, mas parece mais. Doze anos sem ver o sorriso de Jasmine, sem ouvir sua voz, e uma eternidade sem olhar nos olhos de Joseph.

    Estou perdido, eu sei.

    Cansado demais para continuar eu me sento num banco de uma praça qualquer. Há pombos voando, e a madrugada parece se abrir num véu cinza-enegrecido, para dar lugar à luz do sol nascente. Um sorriso discreto parece brotar do meu rosto. E é tudo o que posso querer para mim.

    Tudo.

    Logo as pessoas sairão de suas casas, e irão para o trabalho ou para a escola. À noite, quando enfim retornarem, encontrarão seus familiares e celebrarão a vida, em todas as suas nuances e intempéries. Eu estarei sozinho quando o dia terminar. Mais por vontade própria. Em parte por causa de algo que prefiro chamar de vontade de Deus.

    Assim continuarei a correr pela madrugada só para ver nascer o dia, até o momento em que a piedade e a compaixão fizerem de mim um ser humano que possa ser aceito no céu.

    Capítulo 1

    1993 – Manhattan – EUA

    — A senhora acha que eu vou para o céu?

    Helena preparava meu lanche. Era sempre assim. Quando eu acordava – geralmente às sete da manhã – ela já estava na cozinha. Sabia disso por causa do cheiro bom de bacon fresco na chapa que teimava em invadir meu quarto, e também pelos barulhos constantes de talheres caindo no chão. Isso acontecia mais quando ela estava muito nervosa.

    Ela parou de preparar o sanduíche e olhou detidamente para mim. Seus olhos verdes eram brilhantes e profundos, vívidos. Olhos de quem não tinha segredos, e de quem não os suportava também. Na verdade sempre soube disso – que ela detestava segredos – e ela igualmente nunca os teve para mim, e nem eu para ela. Foi uma espécie de pacto que fizemos: não permitiríamos que nada ficasse entre nós, nunca. Por mais que fosse difícil dizer algo, era preciso que se dissesse para mais tarde não nos arrependermos. Assim nada nos dividiria.

    — Por que está me perguntando isso agora? – sibilou ela.

    Eu não sabia exatamente porque esse fato, de repente, me intrigasse. A morte me atraía e, de certa forma, me encantava também. Mas eu sempre mantive esse tipo de indagação comigo, dentro da minha cabeça, e jamais havia perguntando qualquer coisa para ela. Não que não pudesse, ou não devesse. Longe disso. Poderia perguntar qualquer coisa, e sei que ela responderia se soubesse ou tivesse uma resposta.

    — Eu não sei – comecei a falar. Helena sempre prestava toda a atenção em mim enquanto conversávamos. Isso era típico dela. — Eu só quero saber o que a senhora acha, só isso – limitei-me a dizer, dando a entender que a resposta dela não teria muita importância.

    Ela sorriu. Sempre fazia isso quando sabia que eu estava tentando enrolá-la. E eu estava. A resposta dela era importante – na verdade tinha toda a importância para mim.       Os conselhos de Helena movimentavam meu mundo.

    — Não sei por qual motivo Deus impediria a entrada de um garoto tão doce e gentil quanto você no Reino dos Céus – respondeu ela, voltando aos afazeres.

    — Não sou tão doce assim – retruquei.

    — Acredite, Philip, se você não entrar, ninguém mais entra – disse ela sem se virar para mim.

    Eu acreditei em cada palavra. Não tínhamos segredos um para o outro. E se soubesse de algo ela me diria, com toda certeza.

    ***

    Estudar na Isaac Newton não é tão ruim assim. É como qualquer outra escola, só que temos menos alunos por turma – estudei em classes com no máximo oito deles durante os dois últimos anos da minha vida – e os horários são mais flexíveis. As atividades, de certo modo, também. Enquanto que, nas outras escolas, estuda-se basicamente Literatura Americana como componente indispensável, nós obrigatoriamente vemos Literatura Universal nos três anos do ginásio. Os outros vêem Geometria e Álgebra – nós estudamos Geometria Aplicada e Álgebra Avançada. E ainda devemos escolher a ênfase que desejamos dar ao nosso projeto de leitura – sim, nós apresentamos um projeto de leitura ao final de cada ano letivo. Nada convencional, eu sei.

    Helena me leva de carro até a esquina – por opção dela, por mim ela poderia me deixar na porta da escola – e então eu desço. Ela diz que isso é para o meu próprio bem. Aceno discretamente enquanto caminho e então vejo a grande placa que orna a entrada: Isaac Newton High School – Lar dos Superdotados.

    Não há muitas outras pessoas para me acompanharem enquanto caminho. Às vezes até mesmo acredito que seja melhor assim. A solidão parece confortar algumas pessoas, e por mais que eu deteste admitir, sou uma delas. Não que eu goste disso, mas é preciso reconhecer que a solidão, às vezes, é tudo o que temos.

    Entro na minha classe – Terceiro ano A –, numa das primeiras carteiras. Abro o caderno e começo a pensar no que os professores – a maioria deles portadora do título de Doutor – irá passar. Talvez algo que os demais estudantes do Ensino Médio jamais virão. Talvez algo que só se estude em cursos de especialização. Isso me encanta, me excita.

    Os demais alunos chegam aos poucos, até a classe alcançar a soma de seis cabeças. Todos aqui têm QI superior a cento e sessenta. Todos são aplicados e comportados. Quando o professor chega, notadamente o senhor Callton, estamos em silêncio e olhando detidamente para o quadro negro. Alguns já estão, inclusive, com o lápis na mão, esperando impacientemente pelo início da aula. Pela próxima matéria. Pela lição instigante que será escrita no quadro. Por algo de emocionante numa vida chata e enfadonha de nerds.

    Ele chega. Deposita a pasta preta sobre a mesa e retira alguns papéis de dentro dela. Já estamos acostumados com lição extra – até mesmo esperamos por ela – e então nos posicionamos, abrindo espaço na carteira, retirando livros e cadernos do caminho para que ele deposite as cinco folhas – com sorte oito – de exercícios diversos.

    Nesse dia, porém, o senhor Callton parou à frente da turma e ficou segurando as folhas, como se elas fossem parte do corpo dele, bem juntas a sua barriga volumosa. Ele olhou detidamente para cada um de nós, e então pareceu estacionar o olhar sobre mim, ou então no ruivinho que se senta três carteiras atrás – Matt Adams, um garoto magricela e falante.

    — Bom dia classe – disse ele com uma voz rouca, como o escapamento desregulado de caminhão velho.

    Todos respondemos em uníssono ao seu bom-dia, então ele olhou para as folhas e de volta para nós. O bigode do senhor Callton parecia dançar no rosto enquanto ele falava.

    — Hoje, estou aqui para propor uma atividade diferente. Como todos nós sabemos, a Isaac Newton é uma escola especial, para alunos especiais. Para mantermos nosso nível de ensino, porém, é preciso muito investimento. Há valores inimagináveis por detrás de nosso laboratório de primeira linha, nossas salas de informática e dos nossos professores mais do que preparados...

    Enquanto falava o senhor Callton olhava para cada um de nós. Os óculos de leitura pendiam de seu nariz, como um pêndulo, prestes a cair. De vez em quando ele os ajeitava, mas os óculos insistiam em descer, sempre parando na ponta.

    — Por isso, não achamos justo nem interessante usufruirmos de tudo isso sem ajudarmos quem tanto precisa de nós, quem tem menos do que nós. Neste semestre desenvolveremos um trabalho diferente, onde cada um de vocês irá acompanhar o desempenho de um aluno de outra escola, ajudando-o nos estudos e nos trabalhos...

    — De que alunos estamos falando exatamente? – perguntou Karina, antes que o senhor Callton pudesse terminar sua explanação.

    Ele fez uma cara de quem não gostou de ser interrompido.

    — Estamos falando de alunos com certas dificuldades de aprendizado, mas tenho certeza, mais do que absoluta de que vocês se sairão muito bem – disse ele enquanto começava a distribuir as folhas.

    As folhas eram fichas. Fichas com o nome e o histórico escolar de alunos de outras escolas. Isso incluía as detenções, se elas existissem é claro.

    Quando o senhor Callton chegou até mim só havia uma ficha. Ele me entregou o papel e bagunçou meu cabelo com a mão, num sorriso meio forçado.

    — Quero que leiam as fichas, vejam que dificuldades esses alunos apresentam e elaborem um plano de estudos. Vocês os acompanharão em aulas particulares, todas as quartas e sextas-feiras, por todo o próximo semestre, durante duas horas por tarde, no horário que desejarem – O senhor Callton parou novamente na frente da turma. – Todos eles tem professores especialistas acompanhando seus casos,

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