Vozes Do Cerrado
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Pré-visualização do livro
Vozes Do Cerrado - Kiko Di Faria
Vozes do Cerrado
Kiko di Faria
Cartaz Editora
randt
Ficha Técnica
aria e Lilian B
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e Sales, Kiko di F
Texto: Kiko di F
e Texto: Jucelino d
Revisão d
e Sales
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Ilustração: Jucelino drandt
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Fotografia: Lilian B
e arquivo: acervo das c
Fotografias d
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Jucelino d
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Fátima L
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Diagramação:
eão, Eneida Figue
artaz Projetos Gráficos e Edit
Projeto Gráfico: Fátima L
C
ISBN 978-85-60443-04-8
Faria, Kiko di.
Vozes do Cerrado / Kiko di Faria.
Brasília: CARTAZ, 2009.
124p.il.
1. Literatura goiana - poesia. 2. História oral –
Chapada dos Veadeiros. 3. São João dÁliança –
história. 4. Meio ambiente e população.
I. Título
CDU: 82-94(817.32)
S:2
Sobre o autor
O autor dessa obra poética, Kiko di Faria,
poeta, escultor, político, autodidata, e, sobretudo, artista, nasceu Joaquim Teles
de Faria, no dia 30 de novembro, na pri-
mavera de 976, em São João d’Aliança
– GO. Filho de pessoas humildes e de
economia curta, soube reconhecer na
educação severa, aplicada e honesta dos pais, o caráter intrínseco de uma instru-
ção familiar e pedagógica com a qual se
formou como ser na escola prática
da
vida e, concomitantemente, aplicou essa
cosmovisão apreendida no discurso-rio
de seu existir no verso, reverso e universo de sua palavra literária. Cantador sui generis do liame cultural de seu povo – o ekos, as lendas, estórias, causos
– Kiko di Faria retraça no bojo de sua poética, de forma doce e fascinante, os traços transculturais – identidade, memória, vidas
– revelando como nesse tear da existência – mecanismo primitivo e por isso, lá onde se resguarda os traços da origem – se teceu as vozes do cerrado, a história de sua gente, nesse grande sertão
,
corredor da miséria
, serra dos quilombos
, conhecido eco-cul-turalmente como Chapada dos Veadeiros.
É nesse espaço etno-antropológico e geográfico que a poesia laica do bardo joanino se mimetiza: a força e a imagem semântica se conotam em versos singelos, simples e belos que expressam a dialética artística e artesanal do autor. Uma linguagem crua e direta, mas, em contrapartida, repleta de cordura e de signos que depo-sitam na alma do leitor o imaginário coletivo do Cerrado.
Com essa palavra literária, Kiko di Faria, o rapsodo joanino, miti-fica e transubstancia o sertão goiano como imagem multifaceta-da e heterogênea da brasilidade identitária de sua gente. Caráter da modernidade que se auto-encena, esse eterno retorno à gesta-
ção, a busca do homem pela sua origem está na base da ruptura do homem moderno. Sem romper com a tradição, e sim, reno-vando-a de forma surpreendente, Kiko di Faria transforma sua poesia na Arte de contar a cultura de seu povo, que nas palavras do autor desse livro é o liame que torna essa gente goiana porta-dora de uma identidade intrinsecamente sertaneja: sua face, sua memória, sua raiz e sua força
.
Jucelino di Salles
S:3
S:4
Apresentação
Não quero aqui lavrar a história como o dono da verdade. O
intuito dessa obra é centralizar e explicitar ao leitor a beleza, o encanto, a mística, a poética, os medos, os sonhos, os credos, as crendices e lendas de um povo simples e humilde, com sua vida fantasiosa e sofrida.
No período pré-bandeirante no Planalto Central, um grupo de desbravadores se instalou no nordeste de Goiás, onde hoje é São João dÁliança. Aqui formou-se um povo que é resultado da miscigenação entre poloneses e mineiros do século dezoito.
Tudo que aqui contém é fruto de pesquisas baseadas em conversas com os cidadãos mais velhos que descendem de um dos mais antigos personagens da região, o desbravador polonês Antonio Rebendoleng Szervinsk e sua esposa Ambilina. Adiciono à história ingredientes regionais que enriquecem o texto, confe-rindo-lhe um hilário caráter folclórico, recriando a história de um povo que é nada mais que minha família. O que é história se mistura com lendas, e a insuficiência de subsídios torna o apurar dos fatos uma utopia e o historiar científico um desafio impossível. Usando o sistema de rimas, que é próprio da região, rica em cantadores de modas, cantoris e catiras, narro em forma de versos a vida de um povo que é uma verdadeira poesia.
Quero de maneira despretensiosa, com a finalidade única de re-gistrar a cultura local e edificar a árvore genealógica da família, imortalizar, ou pelo menos prolongar a memória desse povo, de modo que a voraz mão do tempo não dê fim a todos esses séculos de sonhos e história.
Desfrutem bem o texto, e tenho certeza que irão se encontrar nessa história, onde o real e o fictício não se fazem distintos. A cultura de um povo é: sua face, sua memória, sua raiz e sua força.
Kiko di Faria
S2:5
6
Meu conto em forma de canto
É canto em forma de conto
Que vem contar como eu conto
O conto que me ensinaram
Não canto porque não canto
Não por não querer cantar
Mas pra vocês vou contar
O fato que me contaram
Nas terras